Faces do Amor escrita por San Costa


Capítulo 17
Calmaria antes da tormenta




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Loma

Damen e eu adentramos a floresta em um silencio incomodo, minha cabeça dava voltas e meu inconsciente não reconhecia o homem que caminhava na minha frente. Damen parou e me encarou, eu o olhava mais não o via, procurava qualquer coisa do velho Damen no vampiro a minha frente, procurava uma única semelhança com o amor da minha vida.

-Loma diz alguma coisa. – Damen pediu se aproximando de mim, instintivamente dei dois passos pra trás. Ele levantou a mão com a palma virada pra mim, num símbolo clássico de que não faria nada.

-Eu não tenho nada a falar... Que eu me lembre foi você quem pediu pra falar comigo. – Minha voz saiu afiada e até eu me assustei com a fúria nela. Seu cheiro me incomodava um pouco e seus olhos me causavam arrepio, eu amava seus lindos olhos azuis, tão profundos.

A floresta estava silenciosa, as grandes arvores impediam a chuva que caia nos atingir, eu não conseguia acreditar que Damen tinha feito isso, não o meu Damen.

-O que você quer falar? – Perguntei, tentando controlar meu tom.

-Eu te amo Loma, e isso nunca vai mudar. – Eu o olhei por algum tempo, era como se eu não entendesse o sentido de suas palavras.

-Tudo mudou Damen, você não vê...

-Não. – Ele me interrompeu, dando outro passo em minha direção, recuei novamente, meu peito acelerou, mas não do jeito que eu esperava. Pude ver a dor cruzar seus olhos.

-Vai direto ao ponto Damen. – Eu estava aterrorizada.

-Eu quero você, tudo o que eu fiz foi por você, eu te amo e quero viver com você eternamente.

-Eu não sou eterna. – O lembrei.

-Você pode ser. – Neguei com a cabeça. De todas as coisas que haviam mudado, tinha algo que eu não consegui identificar. Damen novamente veio em minha direção, ele passou a mão levemente pelo meu rosto, parte de mim quis tira-la dali, porem outra parte a reconheceu. – Você também me ama. – Ele sussurrou, seu hálito doce e frio fez cócegas no meu rosto, meus sentimentos estavam conflitantes, eu não sabia exatamente o que eu estava sentindo. Damen acabou com a distancia entre nós vagarosamente e tocou seus lábios nos meus. Repulsa e desejo cresceram dentro de mim, uma de suas mãos tocou minha cintura mandando um arrepio por todo meu corpo.

Damen

Tudo o que eu tinha feito tinha um motivo, Loma. Eu a amava mais que tudo, e uma vida somente era pouco pra viver esse amor. Eu nunca entendi a Lynnda não querer a imortalidade, enquanto eu a desejava tanto. Loma não precisava morrer nunca, nós poderíamos viver felizes por toda eternidade.

Enquanto caminhávamos floresta a dentro eu repetia pra mim mesmo que tudo que eu havia feito, era certo. Mas quando ela se afastou de mim senti uma dor, diferente de todas que eu vivi nos últimos dias, me cortar por dentro. Pela terceira vez me aproximei e ela não recuou, fui ousado ao dizer:

-Você também me ama. – Ela não negou, seu corpo quente estava tão próximo do meu, sei cheiro pra mim era esplêndido, ela era a mulher da minha eternidade. Lembrando sempre de ser cuidado, me aproximei. Toquei nossos lábios e uma emoção diferente me dominou, era mais forte que tudo. Desejo pulsou em cada fibra do meu corpo imortal. O beijo se tornou feroz e em questão de segundos nos livramos de nossas roupas, e nos amamos.

Minha Loma, seu corpo suada descansava sobre meu peito, tracei delicadamente suas costas e a vi abrir os olhos. Ela me olhou e eu não vi o que eu esperava, de um pulo ela levantou e pegou suas roupas.

-Amor... Eu estava confuso, todo o desejo havia sumido e eu não reconhecia aquela Loma a minha frente, ela me interrompeu.

-Isso foi um erro... Eu vou embora.

-Como assim um erro, Loma. – Minha voz saiu em um rosnado alto, e uma fúria tomou conta de mim, como assim ela achava que o que fizemos era um erro? Nós nos amávamos, ela era minha. Loma deu passo pra trás.

-Não me siga. – Ela gritou e logo um enorme lobo estava na minha frente, Loma recuou enrugando o nariz, e eu senti outra vez fúria e dor, meu cheiro a incomodava. Ela virou e correu, eu poderia a seguir, mas naquele momento eu não tinha forças pra isso.

Leah

Dias antes

A dor de se sentir só

A alegria de ter alguém

Um único objetivo

Ser feliz

Eu estava feliz e tinha medo, pois sabia como era ser feliz e perder tudo de repente. Sentei-me olhando para o espelho, quantas mudanças em minha vida. Eu sonhava em ter minha casa, meus filhos e então o destino me tirou tudo, meu amor, alguns anos depois meu pai e então eu me tornei loba e acabou todas as chances de ser mãe, construir uma família. Eu mudei por fora cortei o cabelo, mudei meu estilo de roupa, por dentro me tornei amarga, rancorosa e triste. Os anos passaram e então ele nasceu, trazendo vida pro meu coração. Johan foi a criança mais esperta que eu já vi, um menino arteiro e brincalhão, um adolescente festeiro e galante e é um homem esplêndido, lindo e perfeito. Agora eu mudei novamente, por fora deixei o cabelo crescer novamente, voltei a me cuidar, por dentro me sinto feliz, completa e amada. Mas temo ser tão feliz, toda essa paz me lembra a calmaria antes da tormenta.

Ouvi o toque do meu celular.

-Alo?

-Leah?

-Sim. Quem fala?

-Oi, é a Karla.

-Olá Karla, tudo bom?

-Tudo... Eu to ligando pra avisar que na próxima semana é a prova final e você tem que fazê-la.

-Ah... Ok, obrigada Karla.

Desliguei o celular e sentei-me, havia me esquecido da faculdade, estava tão envolvida em meu mundo, mas eu não poderia largar tudo no ultimo momento.

Os dias passavam tranqüilos, ia praticamente todos os dias na casa das meninas, os garotos, tirando o Ever, estavam em um acampamento e Loma estava estranha. Ela ficou ainda mais preocupada quando Ever voltou e Damen não.

***

-Leah vem ver isso. – Minha mãe chamou da sala. Desci e fui até onde ela estava, ela estava vendo uma noticia no jornal e eu logo fiquei estacada no lugar.

“Mais um misterioso corpo aparece em Port. Angeles.” Dizia o jornalista. Não foi preciso muito para eu saber que do que se tratava.

-Leah? – Minha mãe gritou enquanto eu corria porta a fora. Antes que eu entrasse na floresta ouvi Johan me chamando.

-Você viu o jornal? – Ele perguntou antes de chegar até mim, afirmei com a cabeça, ele me envolveu em um abraço e depois me deu um selinho rápido, estava tão tenso quanto eu. –O que faremos?

-O que Sam disse?

-Meus pais não estão, foram pra Seatles com minha irmã.

-Ok. Seth também não esta, eles foram pra corrida.

-Então os Cullen também devem ter ido.

-Com certeza... Vamos falar com a Loma, o Alec e o pessoal talvez eles possam nos ajudar.

-Você acha que são vampiros? Sabe o que esta fazendo isso em Port. Angeles.

-Com certeza.

Transformamos-nos e rapidamente chegamos na casa dos meninos, todos acabaram concordando conosco que certamente havia um vampiro em Port. Angeles. Ever e Alec resolveram ir olhar a região e eu achei estranho eles não aceitarem nossa ajuda.

-Acho melhor avisarmos o Jake. – Falei algum tempo depois que eles saíram.

-Vamos esperar eles voltarem pra sabermos se tem alguma novidade. – Johan falou acariciando minha mão, eu estava ansiosa e não gostava de ficar parada esperando. Levantei e caminhei de um a lado a outro da sala.

-Leah. Calma amor. – Johan pediu, algo me estava errado e não era só as mortes relatadas na TV. Esperamos até que os meninos voltassem e então eu senti todos os meus instintos gritarem dentro de mim. O vento trouxe o cheiro de Alec e Ever até nós e junto com ele um cheiro estranho, um vampiro com certeza, mas quem? Johan e eu saímos juntos porta a fora e vimos Alec vindo em nossa direção.

-Quem é o estranho? – Perguntei. Dei um passo atrás e Johan instintivamente se posicionou parcialmente na minha frente.

- Um momento Leah... Por favor – pediu Alec.

- É um vampiro... Um estranho vampiro – comentou Johan. E realmente ele era diferente e ao mesmo tempo parecia tão familiar.

- Ouçam... É muito importante... Há algum tempo atrás, Damen veio até mim preocupado com a relação dele com Loma... Ele temia envelhecer e morrer e perder Loma para sempre... Então me pediu para se tornar um imortal. – Um arrepio percorreu todo meu corpo, ele não seria louco pra fazer isso.

- Alec? – chamou Marcya e seu rosto tinha a sombra do medo.

- Há quase uma semana atrás eu o transformei em um vampiro – disse Alec sem pestanejar. Pude sentir todo meu corpo tremer e um rosnado baixo saiu da boca de Johan.

- Você fez o quê? – disse Lynnda com a voz falha.

- Você sabe que isso é proibido, Volturi... – rugiu Johan. Seu corpo também tremia muito, Alec não tinha esse direito, o direito de tirar uma vida e isso acabava com nosso trato.

- Foi uma decisão dele...

- Não funciona desse jeito, Alec – Falei em um rosnado. – Não aqui e não em nosso território.

- Ele não foi transformado aqui, Leah... – respondeu Alec – Eu o levei até um local distante ao norte do Canadá, próximo à passagem para o Alasca e Alec ficou lá todo este tempo anestesiado pelo meu dom. – Isso não faria diferença, ele havia o transformado e nós sabíamos. Mesmo Alec e Damen sendo nossos amigos no momento isso não importava.

- Isso explica o seu sumiço ontem? – quis saber Marcya.

- Sim, eu o encontrava para caçar, para ele ir se acostumando ao sangue humano e...

- Onde ele está? – perguntou Loma interrompendo.

- Ever... – chamou Alec – Pode trazê-lo.

E então eles apareceram, Damen vinha a frente e Ever meio que o empurrava, ele estava ensopado, com as roupas rasgadas, sua pele branca faziam com que seus olhos, vermelho intenso, se destacasse. Minha respiração ficou presa na garganta, seu cheiro me fez torcer o nariz

- O que você fez? – disse Lynnda em estado de choque. Ela estava visivelmente desesperada. Então eu lembrei do telejornal, do vampiro recém nascido.

- Foi ele quem atacou as pessoas? – Perguntei inesperadamente, todos me olharam por um segundo antes que Ever respondesse.

- Não. Nós não sabemos o que atacou aqueles humanos, se tivesse sido Damen eles seriam vampiros agora... Ou teriam morrido muito antes, Damen ficou isolado todo este tempo no Canadá e até mesmo agora está sob o efeito do poder de Alec.

- Você sabia este tempo todo... – Marcya acusou o irmão. – Você leu a mente de Alec e de Damen e sabia que isso ia acontecer e mesmo assim não nos contou? – Ela estava indignada, e eu também, como Ever pode ser cumprisse disso tudo, como Alec aceitou isso pra começo de conversa. Damen era uma criança perto deles e não tinha idéia do que estava fazendo.

- A decisão foi minha – disse Damen em alto e bom tom – Eu convenci Alec a fazer isso e convenci Ever de não contar a ninguém, não os culpem por me acobertarem porque eles fizeram apenas o que achavam certo. Eu estou ciente de minhas responsabilidades. – Sua voz era melodiosa.

- Você foi irresponsável, Damen – disse Johan – Em todos os aspectos possíveis, as matilhas não ficarão felizes com isso. Nem com você e nem com Alec que já era tido como um antigo inimigo. – Johan estava certo, agora mesmo eu mantia em mente que eles eram nossos amigos pra não acabar com isso eu mesmo, será difícil controlar a matilha quando souberem de tudo.

- Eu posso falar com você? – pediu Damen ignorando Johan e se dirigindo até Loma – Por favor? Eu continuo sendo eu mesmo e meu amor por você é igual a quando eu ainda era humano.

- Eu não ouço o seu coração – disse Loma tocando o peito de Damen com a mão – Seus olhos não são os mesmo e sua pele é fria como gelo... Terá a sua alma, Damen, também permanecido inalterada?

Mas, mesmo assim, eles caminharam para dentro da floresta para conversar. Eu nunca vi um imprinting acabar, mas seria impossível Loma continuar a amá-lo, seria ir contra o que ela é.

- Alec... Eu quero falar com você... Agora – disse Marcya puxando Alec para o interior da casa...

- Nós vamos falar com Seth e avisar que há mais um vampiro por aqui... Um recém-nascido... Espero que isso não cause problemas... – Falei me dirigindo ao outro lado da floresta, mas mesmo antes de proferir as palavras eu sabia que era mentira, isso causaria problemas só não sabia qual a gravidade deles.

Não existe coisa pior do que estar com o destino de alguém em suas mãos. Damen havia errado em querer ser um monstro, Alec havia errado em aceitar ajudá-lo e Ever havia errado em guardar esse segredo, o que era certo fazer agora? Uma escolha errada que pode destruir muitas pessoas ao mesmo tempo. 


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Notas finais do capítulo

Capitulo escrito por Sandry