As palavras ficaram presas em minha garganta. A aflição e ansiedade faziam meus joelhos tremerem. Eles queriam ceder, se ajoelhar, reverenciar e humilhar para a figura diante de mim, mas eu não o fiz. Eu estava tentando tomar coragem há tanto tempo que qualquer coisa que ele dissesse, estaria pronta para ouvir e aceitar a realidade.

A turma de basquete parecia ter começado o treino mais cedo do que o habitual, os gritos e xingamentos abafando minha coragem hesitante e desesperada; meus pensamentos de derrota. Foi o mais perto que cheguei de correr e deixar a ideia de lado. Imbecis, tinham que estragar meu momento com toda aquela barulheira? Abri um sorriso para o nada.  

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Ah, eu... – me senti sem graça demais para pensar numa desculpa plausível. – Esses caras do basquete são uns idiotas, não é?

As duas sobrancelhas se juntaram. Meu olhar foi parar para a bola de basquete descansando em sua mão direita e quis me enterrar no chão.

— Ahn...

— Tem razão, somos um bando de idiotas. – um sorriso de canto apareceu em seu rosto. Não estava sentindo minha respiração. – Eu tenho que ir agora, mas... posso? – balançou a caixa de tomates que eu havia comprado na noite anterior, e que acabou fazendo parte da minha declaração tosca.

— Claro, eu sei que gosta muito deles. – sorri, tentando agir naturalmente. Tão naturalmente quanto uma vítima de infarto.

— Ok. – arregalei os olhos ao sentir uma mão em meu ombro. Ele havia deixado a bola cair. – Mesmo sendo idiotas, queria poder te ver no próximo treino.

Quando Sasuke foi embora – deixando uma trilha de garotas apaixonadas pousando ao redor, reparei na bola caída ao chão. Ao pegá-la, notei uma pequena etiqueta impressa e bem visível.

“Favor devolver a S.Uchiha”

Sorri, tomando o caminho para o laboratório. Precisaria me apressar para assistir os próximos treinos de basquete da turma.