Red Ridding Hood- Depois do fim escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 3
Perguntas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758164/chapter/3

P.O.V. Henry.

Ravenna tem muitos livros, desenhos, coisas que imagino ela tenha coletado ao longo de sua vida. Ainda é difícil crer que essa moça que parece ser mais nova do que eu tenha milênios de idade. 

Ela é incrivelmente inteligente, perspicaz e uma ótima cozinheira. A sopa está ótima, tem cenouras, batatas, até mesmo frango.

Olhando para Ravenna e seu rosto angelical, seus olhos verdes como esmeraldas, a tes branca como a neve, lábios vermelhos como o sangue e os sedosos e longos cabelos negros como as asas de um corvo, a doçura nos olhos dela, a beleza... ela me lembra de Valerie.

Quando penso no que os meus superiores me ensinaram sobre as bruxas, sobre as marcas de bruxa. Sobre como elas são velhas, feias... e se for bem o contrário? E se as bruxas, as reais bruxas foram belas? Mas, não belas como uma mulher comum. Não, e elas forem mais belas do que as mulheres comuns?

Todo este tempo estivemos procurando por verrugas, narizes grandes demais, membros defeituosos quando deveríamos procurar por beleza e não feiura.

—O que está olhando? Sua mãe não lhe ensinou que não é educado encarar?

—Minha mãe morreu no meu parto.

—Oh, eu sinto muito.

Falou a bruxa com sincero pesar.

—Eu sinto muito se a ofendi, apenas que... a senhorita é tão bela. Ninguém é tão belo assim. Todas as bruxas são belas como você?

Ravenna sorriu. E respondeu:

—Não.

Então ela continuou falando e aos poucos seu sorriso foi morrendo:

—E bela? O que significa? O que isso diz sobre alguém? O que ser belo por fora tem a ver com ser belo por dentro? Nada. O que ser bonita tem a ver com ser gentil, ou amável, ou carinhosa, ou carinhoso? Nada. O que o exterior de alguém diz sobre o quanta compaixão, amorosidade tem dentro dela? Nada. 

Meu Deus! Ela é tão... profunda. Não como as outras damas com quem já me deparei Ravenna é profunda, incrivelmente inteligente. A inteligência dela me assusta. Me mostra o quão ignorante eu sou.

—A sopa está boa?

—Sim.

Nós jantamos em silêncio. Quando de repente, todas as velas da casa se acendem sozinhas.

—Você fez isso?

—De certa forma. Isso significa que vem gente ai.

Então a bruxa pegou um ramo de uma planta e amarrou a outra planta.

—Isso é camomila, salvia e sândalo. Amarre tudo junto e acenda. Se a fumaça que sair for branca então tudo está bem, se for vermelha vá com cautela, mas se for preta? Então você está encrencado.

Assim que ela acendeu a fumaça que saiu foi negra como fumaça de carvão.

—Isso é ruim não é?

—Sim. Tem um feitiço em andamento e com certeza não é magia branca. E esse é um dos grandes. Para causar um estrago assim é necessário geralmente mais de uma bruxa, mas se a bruxa for poderosa o suficiente e estiver enfurecida o bastante então... é possível. Mas, fazer um feitiço desta magnitude sozinha? Se uma bruxa fez isso sozinha então ela com certeza morreu.

Então os caçadores de bruxas a pegaram.

—Mas, se ela tivesse sido pega fariam uma execução pública.

Ravenna riu.

—Oh, Henry até a magia tem seus limites. O corpo humano tem seus limites, uma bruxa por mais poderosa que seja só pode canalizar uma certa quantidade de Poder. Se ela canaliza demais, ela morre. O corpo não aguenta conter a energia e a bruxa acaba se destruindo. O feitiço, a energia a destrói de dentro para fora.

Eu não sabia disso.

—Então uma bruxa pode se matar fazendo um feitiço?

—Pode. E não é bonito, é doloroso, sangrento. Você fala de magia como se fosse algo não deste mundo, mas está errado. A magia está a sua volta, está dentro de você o tempo todo. Está no ar que respira, no fogo que te aquece, na água que bebe, na comida que come, está dentro de você. Me diga, quando conhece alguém e algo dentro de você, nas suas entranhas te diz que aquela pessoa não é o que parece. Te diz para ter cuidado, até mesmo para se afastar. Já sentiu isso?

Sim já. É claro.

—É claro que já. As bruxas chamam isso de intuição. É algo primitivo, inexplicável, divino. É a sua intuição que te mantém fora de encrenca, te mantém vivo.

Estou com a espada em punho.

—Largue esta espada. Não vai te ajudar em nada. Não se pode quebrar um feitiço com uma espada. E para quebrar precisamos saber qual é o encantamento porque sem ele, não adianta nada.

Foi então que me ocorreu. Eu sempre fui ensinado que se matar a bruxa, você quebra qualquer feitiço que ela tenha realizado. Mas, se a bruxa que fez isso já estiver morta... isso significa...

—Que estávamos errados.

—Bem, isso não é algo que se ouça todo dia. Um caçador de bruxas que tem a humildade de admitir seus erros.

—Eu sempre fui ensinado de que se matar a bruxa... você acaba com...

—Os feitiços que ela fez? Nem de longe. Bom, ás vezes sim, mas a maioria das vezes... matar a bruxa está longe de ser o bastante para quebrar qualquer feitiço que ela tenha lançado. Uma bruxa tem um tempo de vida limitado, mas um encantamento? Pode durar por eras. 

Tentando saber mais sobre Valerie eu contei que vim de Daggorhorn, falei sobre o lobo, sobre os ataques sob os aldeões.

—Essa é a sua versão da história. Imagino que a dele seja diferente, afinal a coisa com os lobisomens é que eles são seres territoriais. Muito provavelmente, o lobo morava lá antes do vilarejo ser construído, mas os mortais invadiram as terras deles. Forçando-os a se esconder.

—Forçando-os? Plural? Há mais de um?

—Lobisomens são mais parecidos com os humanos do que você pensa. Eles são seres sociais, gostam de grupos, são literalmente mais fortes quando tem uma matilha. E um lobo solitário não vive uma vida plena. Ele sempre anseia por outros, em matilhas eles são mais felizes, mais fortes. Lobos solitários são amargurados. Geralmente se tornam vingativos, mais agressivos. Não há garantia de que há uma matilha no seu vilarejo, mas há uma grande probabilidade. Agora, vamos dormir. 

—Tem uma ameaça lá fora. Um feitiço e você quer dormir?!

P.O.V. Ravenna.

Depois de explicar para o caçador tapado que há poderosos feitiços de proteção ao redor de minha casa que repelem magia negra e que sozinha e sem acesso ao feitiço que foi usado eu não posso desfazê-lo, convenci-o a dormir. Nos deitamos e eu peguei no sono rapidamente.

P.O.V. Henry.

Esperei até ter certeza de que Ravenna estava adormecida e silenciosamente sai de minha cama. Comecei a tentar procurar no meio daqueles livros uma maneira de deter o tal encantamento que ameaça a segurança deste Reino, porém... a maioria dos livros estavam escritos em línguas que eu desconheço.

Nos livros junto aos escritos há desenhos. De planetas, alguns da lua em suas diversas fazes, desenhos de árvores, plantas, facas, até mesmo joias. Como anéis, colares. 

Objetos enfeitiçados?! Eu nunca realmente pensei nesta possibilidade.

De repente, ouço trovões. O céu começa a fechar e apesar das nuvens serem negras, o céu parece estar vermelho. Olhando pela janela eu posso ver a tempestade se formando ao nosso redor e a fumaça negra das ervas que Ravenna acendeu torna o cenário ainda mais aterrorizante. 

Peguei o ramo de ervas, joguei no chão e pisei em cima até apagar. Mas, não parou a tempestade o que significa que o que quer que Ravenna tenha feito com as ervas não é responsável por esta calamidade. 

E quando a chuva começou a cair eu não podia ficar mais horrorizado porque o que estava caindo do céu não era água. Era...

—Sangue.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Red Ridding Hood- Depois do fim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.