Riot Girl escrita por Imortalssss


Capítulo 5
Capítulo 5




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               Nina

No caminho para casa meus pais perguntaram como foi meu primeiro dia de aula e eu aproveitei para lhes informar que iria sair com o time da natação hoje a noite. Ficaram felizes por eu já ter me enturmado e confessaram que estavam preocupados quanto a eu me encaixar em uma escola nova. Assim que cheguei em casa fui escolher a roupa que iria sair com Marina. Mandei uma mensagem para ela confirmando a localização da minha casa e ela respondeu com uns olhinhos revirando. Não aguentei a gargalhada. Escolhi uma camiseta preta e uma calça jeans branca e iria com uma camisa de flanela xadrez. Passei uma maquiagem bem leve, olhei para o relógio e ainda faltavam 15 min para o horário que marcamos. Desci as escadas e fui ver o que minha mãe estava fazendo. Meu pai havia ido para o restaurante.

— Nossa, você está muito linda filha. – mamãe disse como sempre. Se eu usasse um saco na cabeça mamãe continuaria falando o mesmo.

— Eu to é desarrumada, não faço ideia pra onde to indo. – falei beijando seu rosto.

A campainha tocou e mamãe foi na frente atender enquanto eu a seguia. Assim que mamãe abriu a porta me surpreendi com uma Marina de short curto e uma regata meio rasgada. Ela estava muito linda, de alguma forma ela conseguiu com a maquiagem realçar mais ainda seus olhos verdes.

— Olá. – mamãe a cumprimentou com um abraço animado. – Me chamo Helena e você?

— Marina. – ela disse rindo do jeito de mamãe. – A mocinha tem hora pra voltar? – ela perguntou piscando pra mim.

— Não, mas viva por favor. – mamãe disse e Marina continuava rindo.

— Não se preocupe. Vou levar e trazê-la em segurança. – falou em tom de promessa e foi minha vez de rir.

— Chega. Vamo logo. – falei batendo no ombro de Marina.

— Vão com Deus, meninas. – mamãe disse fechando a porta na nossa cara. Revirei os olhos e fui em direção ao carro de Marina.

— Não tinha como deixar mais claro que é sapatão não? – ela perguntou pegando minha camisa de flanela.

— Sai, idiota. – falei, mas ri. – Você está linda.

— Você também. – falou me olhando séria e depois olhou para minha boca, igual ela fez no banheiro. Mas logo ela parou e entrou no carro.

— Para onde vamos? – perguntei.

— Comprar bebidas. Depois vamos para casa de uma menina do time que mora sozinha. – falou sorrindo. Acho que ela estava feliz por ter conseguido ser capitã ou por planejar algo pra essa noite com a Vanessa, tem nem como eu saber.

— Vanessa vai, né? -perguntei e ela bufou me surpreendendo.

— Olha, ela é minha ex, eu não gosto de falar dela, então por favor, evita. – ela disse visivelmente irritada. Nada me irritava mais que alguém falando desse jeito comigo. Por isso decidi ficar quieta pelo resto do caminho. Assim que chegamos no supermercado para comprar as bebidas ela percebeu que eu estava muito calada. – Desculpa.

— Tudo bem. – falei saindo do carro. Andei para a escada rolante e fui na frente. Não olhava para ela e nem queria. – Vai levar o que?

— Eu já pedi desculpa. Não posso fazer mais nada. Elas pediram seis vodkas, quatro caixinhas de cervejas, e três cocas. – falou e eu assenti. Mesmo achando muita bebida não discuti. Ajudei ela a pegar as coisas e fomos ao caixa. – Ah Lara... – ela suspirou assim que viu que eu realmente não estava falando com ela. O jeito que ela sussurrou meu nome me deu um leve arrepio, mas eu não expressei. Guardamos as bebidas no carro e fomos a tal casa da menina. – É a casa de Nina. – falou por fim assim que entramos em um condomínio fechado.

Uma das ultimas casas da rua principal do condomínio havia um globo de luz indicando que era ali que estava acontecendo a reunião do time. Eu sabia que iria me sentir desconfortável. Não sei nem o motivo de ter vindo. Marina tocou a campainha enquanto eu tirava as bebidas do carro e uma Nina com calça jeans preta e com uma camiseta azul marinho simples abriu. Ela não usava maquiagem e tampouco parece ter se arrumado tanto, como sempre ela parecia não se importar e um tanto quanto distraída.

— Deixa eu te ajudar. – falou ignorando completamente a presença de Marina e voltando a atenção para mim.

— Obrigada. – falei mais por educação do que por simpatia.

Entrei na casa junto com as duas. Nunca havia entrado em uma mansão tão grande quanto àquela. Tudo ali dentro era luxuoso, mas ao mesmo tempo tudo muito impessoal. Não tinha personalidade. Poderia muito bem ser uma casa sem residentes.

— Tem um isopor la no fundo. Podemos levar para lá. É onde as outras estão. – Nina disse nos indicando o caminho para uma porta na cozinha que levava ao quintal. Lá estava todo o time de natação feminino do colégio. Metade das meninas estavam dentro da piscina enquanto a outra metade bebia e comia ao redor da piscina. Deixamos as bebidas no isopor e Nina falou o que tinha para comer. Eu agradeci enquanto Marina permanecia calada. Aparentemente as duas se toleravam, mas não ficavam com falsidades o que era até legal.

— Vem. Vou te apresentar. – Marina disse me guiando até perto da piscina onde a maioria das meninas estavam. – Oi. – ela cumprimentou e todas prestaram atenção. – Lara é aluna nova no colégio e também nova participante no time. – falou e algumas meninas me cumprimentaram de longe. Vanessa já estava lá só que dentro da piscina, só de sutiã e calcinha, como a maioria estava. Acho que assim como eu ninguém sabia que teria banho de piscina. – Com o tempo tu vai conhecendo as meninas, elas são legais. – falou tirando seu tênis e eu fiz o mesmo.

— Má, parabéns. – uma menina que eu ainda não conhecia e nem estava hoje a tarde abraçou Marina. – Não pude ir hoje, cheguei de viagem no meio da tarde. – ela disse.

— Tudo bem, Laís. Muito obrigada. – Marina falou.

— Olá. Me chamo Láis. Seja bem-vinda. – falou sentando ao meu lado. – Quer algo pra comer? Beber?

— Tem hambúrguer pronto será? – perguntei. Nina estava na churrasqueira assando hambúrgueres e o cheiro tava tão bom que me deu até fome.

— Vou lá ver. – ela falou se levantando.

— Rápida. – Marina falou rindo se levantando. – Vou te dá privacidade. – assim que ela se levantou, tirou a camisa e se jogou na agua. Ela estava só de short e o sutiã de renda preto, eu não conseguia parar de olhar e parece que a desgraçada percebia porque ficava rindo e piscando para mim.

— Ta apaixonada é? – Laís perguntou voltando com quatro hambúrgueres e duas cervejas.

— Oi. Obrigada. – falei e voltei minha atenção para ela.

Durante a conversa com Laís descobri que ela era do segundo ano, estava no time de natação desde o primeiro ano do ensino médio. Ela era muito lega, conversamos sobre tudo um pouco, natação, música, séries, filmes. Até mesmo descobri que ela não estava numa situação boa com o namorado que tivera que se mudar para Campinas recentemente. Rimos da coincidência por ser exatamente o contrário de mim. Tentei consolá-la mas não deu muito certo e nós apenas rimos continuando comendo nosso hambúrguer e tomando a cerveja. Olhei para Marina de relance que estava brincando na piscina com as meninas ao mesmo tempo que bebia numa garrafa de vodka, pura, e parecia bem bêbada já.

— Ela sempre é assim. – Laís disse. – Muito centrada, mas de vez em quando dá a louca.

— E a Vanessa? Elas duas? Por que terminaram? – perguntei sem conter minha curiosidade.

— Então, você ta apaixonadinha mesma? – Laís falou brincando com uma risadinha irônica. – Até onde eu sei a Marina terminou com a Vanessa por ela ser muito ciumenta, mas as duas de vez em quando estão juntas. Aparentemente terminaram o namoro sério pra ficar nesse chove não molha. Mas pelo jeito que a Marina mesmo bêbada vive olhando pra cá, acho que ela também te quer. – falou ainda com a risadinha irônica.

— Não vou me meter nessa confusão – falei dando um gole na minha cerveja. Eu já estava começando a ficar tonta por isso iria parar de beber.

— Eu também não me meteria. – Laís disse. – Quer dançar?

— Não sou muito boa em danças. Mas vai lá. – falei apontando para a pista de dança onde algumas meninas dançavam animadas.

— Bora. – ela disse me puxando ignorando completamente minha resposta.

Assim que chegamos na pista ela começou a se movimentar no ritmo da musica e me estimular a fazer o mesmo. Quando vi já estava dançando funk, uma coisa que nunca imaginei na vida. Foi bom ter dançado com a Laís até o momento que vi as meninas murmurando e olhando para piscina. Olhei para onde elas olhavam e vi Marina beijando Vanessa num amasso super quente no canto da piscina, virei de costa para aquela cena e fui andando em direção a churrasqueira. Laís me acompanhou e nós sentamos em umas cadeiras pra tomar sol ali.

— Sinto muito. – ela disse e eu sorri como se não me importasse. E não me importo. Só não sei porque me incomoda tanto aquele beijo.

— Eu to bem. – falei olhando para o céu estrelado. Laís era uma companhia muito boa, nem o silencio com ela era incomodo.


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