Riot Girl escrita por Imortalssss


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

A foto de como os personagens são mais ou menos era pra ser postada desde o primeiro capítulo, mas esqueci. Espero que gostem



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Lara

Maria e Guilherme assim que acabaram o almoço foram para o estacionamento onde Luan estava. Bruno os acompanhou e eu fiquei sozinha esperando Marina terminar. Ela estava mais calada do que de costume. Não conversou durante o almoço e tampouco me olhava. Acho que exagerei nas brincadeiras.

— Eu tava brincando. Desculpa. – falei tentando puxar conversa.

— Tudo bem. – ela disse sem me olhar ainda. – Eu não vou para o estacionamento. Pode ir lá com eles. Geralmente quando ta desocupado algum banco na pracinha do lado do estacionamento eles ficam por lá.

— Por que não vai? Ninguém vai te agarrar. Estávamos brincando. – falei estranhando a reação dela. – Você vai para onde?

— Dormir na sala de descanso. Cansada. – falou fazendo massagem na cabeça.

— Eu vou também. Nem sabia que tinha sala de descanso aqui. – falei animada e ela revirou os olhos com minha empolgação. Era muito fofa, ela vivia fazendo isso.

— Tem sim. Mas quase ninguém vai pra lá. Precisa fazer silêncio e de fato descansar e esse povo não sabe o que significa silêncio.

— Melhor ainda. – falei olhando-a com segundas intenções e ela pelo visto não entendeu ou ignorou.

Seguimos em silêncio. A sala ficava no quinto andar. De longe era meu andar preferido daquele colégio. Todo de vidro dava uma bela vista para a cidade de São Paulo. No final do corredor vi um espaço com dezenas de puffs imensos. De fato não havia ninguém.

— Onde está a pessoa que fiscaliza se está sendo feito silêncio? – perguntei não vendo ninguém.

— Ela fica dentro daquela sala pra dar privacidade aos alunos. Quando o barulho é tanto que ela consegue escutar da sala dela, ela vem colocar panos quentes. Existem mais três salas como esta. No terceiro e no primeiro andar. Mas essa é mina preferida por conta da vista. – falou e eu concordei. Era muito legal ali. Os puffs eram redondos e gigantescos, cabiam nós duas juntas sem nem nos apertarmos, tinha aproximadamente um metro e meio de diâmetro. Pegamos duas almofadas e deitamos uma olhando para outra. – Você é lésbica? Ou bi? – perguntou e eu só consegui rir da sua inocência perguntando aquilo.

— Não tenho tanta experiencia pra saber. – falei sincera. – Mas não me limito. Fico quando tenho vontade. E você?

— Namorei uma menina por onze meses. Não gosto de homens. Isso eu sei. – ela disse e eu fiquei boquiaberta. – Surpresa? É, você acha que eu não tenho atitude nem admiro você ta surpresa.

— Eu tava brincando. – falei e percebi que a dor de cabeça dela continuava por ela ficar fazendo massagem nas têmporas. Por isso afastei suas mãos e continuei a massagem para ela que sorriu de olho fechado. – Teu celular não para de vibrar, é algum contatinho? – perguntei rindo.

— Deixa eu ver. – disse ela pegando o celular. – Os meninos no grupo perguntando se a gente ta transando. – falou rindo e mandando um monte de dedos do meio. Olhei meu celular e era exatamente isso que eles falavam.

— Deus me livre, mas quem me dera. – falei rindo e ela bateu no meu braço me lembrando da massagem em sua cabeça. Silenciamos nossos celulares e eu continuei a fazer massagem. Ate que começou a ficar desconfortável pra mim.

— Deixa eu deitar na tua barriga que é mais fácil. – ela disse já virando de costa e deitando no meu colo. Na verdade era mais fácil ela virar de costa, mas eu que não iria reclamar. A massagem passou a ser apenas um cafuné e ela estava muito quieta, aposto que estava dormindo, até a hora que ela virou de frente pra mim e deitou na minha barriga me olhando. – Que atividades complementares você fazer? – perguntou.

— Natação, culinária e alemão. E você?

— Natação, coral e agricultura. Que bom que vamos nadar juntas. Devo me preocupar? – perguntou.

— Por que se preocuparia? – perguntei rindo.

— Fui a capitã do time ano passado, mas porque a Nina não estava aqui. Agora que ela tá acho difícil alguém vencer ela. – falou meio triste.

— A capitã é a mais rápida não a mais apta a liderar? – perguntei zombando da forma como era escolhida a capitã.

— Sim. Mas tanto faz. A Nina é a melhor em tudo que faz até em liderar. – falou um pouco mais triste.

— Ela não parece ser boa em conviver com as pessoas. Logo que cheguei ela foi uma idiota com a recepcionista da secretaria. Depois tratou com arrogância o pessoal da sala. – falei dando de ombros.

— Se ela quisesse, ela seria, eu te garanto. Ela é boa em absolutamente tudo. Melhor que todos. Parece que nem é humana. – falou e senti uma mágoa na voz dela.

— Me conta a história de vocês. – falei rindo mas de fato querendo saber o motivo da voz ferida.

— Ela ficou com uma menina que eu queria ficar no final do primeiro ano. – disse desconfortável. – A que tentou suicídio. Ela só saía com ela porque sabia que eu também queria. Ela é assim. Gosta de se provar a melhor sem se importar com quem atinge.

— Caraca. – falei de boca aberta. – Que idiota! – falei indignada. – Essa bobagem fez uma menina tentar se matar... Se ela tivesse com você não seria tratada que nem troféu.

— Não, eu acredito que a Nina passou a ter sentimentos por ela. Mas como eu disse, términos são normais. Não se pode responsabilizar inteiramente ela. E nem garantir que comigo teria sido diferente. Tem mais a ver com a pessoa, com a cabeça dela do que com as pessoas de fora. – falou pensativa.

— Mesmo assim. Essa menina não parece ser... certa. – falei ainda indignada.

— Por que não fala de você em vez de falar sobre pessoas que não são certas? – perguntou rindo. – Por que veio de Campinas?

— Meu pai abriu uma filial de um de seus restaurantes aqui, mas ele acabou tomando grande rumos aqui e era preferível vir pra São Paulo do que em Campinas onde o restaurante é mais tranquilo. – falei lembrando de como amava Campinas.

— Bom que é perto. Qualquer fim de semana pode dar um pulo lá pra visitar as iludidas que deixou a ver navios. – falou rindo.

— Olha, me respeita garota. – falei também rindo. – Até tinha uma menina que saíamos lá. Mas eram dates bem aleatórios.

— Eu não saio com ninguém desde que terminei ano passado com a Vanessa. – ela disse pensativa. – Sou muito sem atitude. – falou lembrando do que eu tinha falado no refeitório sobre ela.

— Eu já disse que tava brincando. Vai ficar se doendo por causa disso agora? - perguntei e ela só fez que sim com a cabeça de um jeito muito fofo. – E por que não prova que tem atitude? – provoquei.

— Não devo nada a ninguém não amor. – falou rindo. – Apesar de saber bem o que você quer, eu não estou preparada pra outra ainda.

Refletindo bem ela estava certa, eu acabei de chegar, ela mal me conhece, eu mal a conheço, isso tinha tudo pra dar errado. Mas brincar e provocar ela não fazia mal a ninguém.

— Você está certa. Por que você e Maria são irmãs e estão na mesma série? – perguntei repentinamente, pois só agora me atentei para esse detalhe.

— Não sou filha da mãe dela. Nosso pai se relacionou com a minha mãe mesmo estando com a mãe dela na época. – falou dando de ombros como se não fosse importante. Ela estava de olhos fechados com a cabeça deitada na minha barriga um pouco abaixo dos meus seios enquanto eu fazia cafuné nela. Era muito estranho como de um dia que eu jurava que iria entrar calada e sair muda ter conhecido essas pessoas incríveis e já estar praticamente num relacionamento sério com alguém. Obvio que não é sério. Sempre fui assim, brinco, brinco, flerto, mas nunca namorei na vida, na hora pra se ter uma atitude eu fujo. Marina é linda, o cabelo dela meio ruivo, os olhos verdes, o jeito fofo quando fica envergonhada. Mas ainda assim uma pessoa que acabei de conhecer.

— Mano. Mentira que vocês tão nesse nível já. – Luan chegou praticamente gritando. Automaticamente olhei para Marina para ver se ela tinha acordado, ainda bem que não tinha.

— Silêncio. Ela ta dormindo. – falei sussurrando e todos riram.

— Bonito ela protegendo a namorada. – Bruno disse puxando dois puffs. Deu um para Guilherme e Maria e no outro deitou com Luan.

— Qual tuas intenções com minha irmãzinha? – Maria perguntou me olhando séria mas não sustentando muito e rindo logo em seguida.

— Eu pretendo dar uns pegas nela e depois vou embora pra Campinas. Só vim mesmo pra iludir as menininhas da capital. – falei rindo e todos riram.  

— Estamos de olho. – Guilherme disse. – Minha cunhadinha merece o melhor.

— Já repararam que todos formamos casais agora? - Luan disse batendo palminhas animado.

— Para, doido. – falei o repreendendo. – Não temos nada e ela também não quer ter nada sério por um tempo. Então parem de ficar forçando. Vai ver ela nem gostou de mim. – depois de ter falado que não tava preparada para “outra” eu só conseguia imaginar que ela de fato não queria nada comigo.


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