Imagine - SUPERNATURAL escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 14
Deanmon Winchester




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Michigan

Oito meses depois

Já haviam se passado oito meses desde que você e Dean descobriram ser companheiros, e ao contrário do que Sam pensava, vocês realmente estavam juntos até então. Demoravam a se ver, mas ainda sim ficavam juntos. Você não era uma mulher que dependia de homem algum para sobreviver – o que rendeu alguma discussão com ele, que insistia que você largasse a escola de Ballet e morasse com eles no Bunker. Mas não, decididamente você não queria ser como sua tataravó que desistiu de sua vida para ficar debaixo da asa do companheiro. E olhe que ele nem era quem tinha poderes de proteção da relação. Não, aos poucos você ia se mudando para o Kansas, abrindo sua própria escola lá, para evitar viagens exaustivas para seu namorado – e semanas de preocupação sem poder conferir seu corpo a procura de machucados.

Aquela seria a última vez que teriam de ir a Michigan pegar um novo carregamento com suas coisas. Era definitivo agora: você moraria a poucos quilômetros de distância dele – Por mais que Dean preferisse a poucos centímetros. Ele mesmo estava surpreendido com a intensidade de seus sentimentos por você, nunca pensou que fosse capaz de nutrir algo tão forte e desesperado por alguém em sua vida, ainda mais por uma criatura. Aqueles com certeza foram os melhores oito meses de sua vida, sempre que chegava em sua casa esquecia completamente de todos os problemas, restando apenas todo o amor e segurança que você poderia dar.

Foram, porque ele havia escolhido justo aquele momento para te dizer que ficaria fora por muito mais tempo dessa vez.

—Você realmente acha que Crowley vai te ajudar com Caim? – Você perguntou enquanto colocava as últimas caixas no banco de trás do Impala.

—Ele quer tanto isso quanto eu, S/n.

—Você sabe que não confio nele.

—E muito menos eu, mas é.... necessário. Olha só, eu prometo que vou tomar cuidado e volto o quanto antes para te ajudar com a casa. – Ele fazia carinhos em seu rosto, tentando inutilmente te acalmar.

Você sabia que não tinha como confiar ou ficar calma quando Crowley estava envolvido e não apenas por ele ser um demônio. Ninguém sabia, mas no momento em que vocês se conheceram Crowley havia tentado algo, o que insultava o seu compromisso e condição mágica. Ele evaporou após receber um rosnado e perceber que talvez os Winchester's estivessem protegidos até demais agora.

Um mês se passou e Dean não voltou e nem respondia suas ligações, te deixando angustiada. Castiel e Sam sempre iam te visitar, não queriam te deixar sozinha para evitar que algo acontecesse, como você tentar encontrá-lo sozinha. E foi justamente em uma sexta feira pela manhã que Sam teve uma pista de onde Dean se encontrava, ligando para Castiel e tentando te manter longe.

—S/N, NÃO! Nós não sabemos como ele está, você pode acabar se machucando!

—Sam, ele é meu companheiro e eu não vou conseguir relaxar sem ver como ele está!

—Ele é meu irmão, não....

—S/n, você fica. – Castiel surgiu em meio a discussão de vocês, sendo bem claro quanto a sua posição.

—Mas...

—Espere aqui até nós voltarmos com ele, eu prometo que vamos trazê-lo em segurança para você. Você só não pode se arriscar.

—Falando desse jeito até parece que sabem de alguma coisa...

—Só o fato dele não atender o telefone já é alguma coisa.

Você de fato ficou em sua casa por pelo menos meia hora, até decidir que já havia distância o suficiente entre você e o Impala. Aquela com certeza seria a atitude mais ousada da sua vida, se arriscar pela ligação veela. Você rapidamente entrou no seu carro e acompanhando pelo GPS do celular, conseguiu encontrar a localização de Sam, seguindo-o.

***

Era cair da noite quando Sam finalmente estacionou em frente a um hotel barato de meio de estrada.

—Isso não é tão incomum. -Castiel foi direto.

—O que me preocupa é o que está lá dentro, não aqui fora. – Sam confessou se dirigindo pelo longo corredor até a última porta, respirando fundo antes de arrombar a maçaneta, entrando com tudo no quarto. – Mas o que...? Dean?!

A cena com certeza era impactante: ao entrar, encontraram Dean no meio da cama, sem camisa, no meio de duas mulheres seminuas. Ele beijava a boca de uma enquanto a outra mordiscava o seu pescoço. Estavam tão absortos que sequer perceberam a porta ser arrombada, apenas se separando quando Sam o chamou. As garotas se assustaram e tentaram se esconder debaixo do lençol, mas Dean não. Ele apenas se virou para o irmão com a sobrancelha arqueada, logo mudando para um sorriso sarcástico.

—Sam! Não pensei que gostasse de observar o seu irmão em ação.

—Dean, o que está acontecendo aqui?

—Você não vê? Eu estava prestes a me divertir com..... Qual é o nome de vocês mesmo?

—Dean, como pode fazer isso com S/n? – Castiel estava horrorizado.

—Quem é S/n? – Uma das garotas perguntou com tom acusatório.

—Minha ex-namorada. – Ele disse sério. – Ela vai se acostumar com a ideia.

—Dean, ela pode morrer por isso! – Sam estava preocupado em como daria a notícia a ela, ele havia prometido que traia Dean em segurança...

—Ela não seria a única, Sammy. – E com isso, Dean piscou seus olhos, revelando fendas negras, características de um demônio.

—Ele... está possuído?

—Eu te garanto que não, Alce. – Crowley sabia aparecer nos momentos mais inoportunos, mas em especial nessa noite por sentir que algo grande aconteceria, ainda mais por sentir sua presença de longe.

—Você quem fez isso, Crowley?!

—O esquilo fez isso consigo mesmo ao aceitar a marca de Caim, eu apenas o ajudei a sobreviver. E te garanto que ele está muito melhor assim.

Como se para concordar, Dean soltou uma risada alta, olhando para a morena ao seu lado e acariciando sua perna.

—Sem preocupações, sem ter que dar explicações. Com certeza, tudo o que eu sempre pedi.

Você chegou a tempo no quarto apenas para ouvir aquela última frase, ficando ainda mais furiosa do que já estava.

—Então é isso o que você acha, Dean? – Sua voz saiu raivosa, assustando a todos no ambiente.

—S/n?! Eu falei para você...

—Você acha mesmo que eu ia perder isso com meus próprios olhos, Samuel? – Um brilho tomou conta de seus olhos claros. – Eu não sei o que você estava pensando, Dean, que poderia desaparecer e achar que eu simplesmente teria que aprender a lidar com isso?! – Castiel te segurou pelo braço, te impedindo de chegar até a cama.

—Caso você não se lembre, nós somos companheiros, o que sim, te obriga a me dar uma satisfação do seu sumiço e do...  PORQUE VOCE ESTÁ NUMA CAMA COM DUAS VADIAS?!I – Somente naquele momento você percebeu a situação por completo, já que apenas tinha pego a parte sobre não ter preocupações. – DEAN WINCHESTER, É MELHOR VOCÊ OLHAR PARA MIM ENQUANTO EU FALO COM VOCÊ!

Dean em momento algum te encarou, desviava o olhar para todos os cantos afim de te evitar.

—Eu não consigo.

—O que?

—Você.... Você é pura demais para mim, S/n. Te olhar.... dói. – Seu tom era baixo, quase ressentido.

—Do que está falando? – Você ameaçou se aproximar mais.

—Castiel! – Sam alertou o anjo para te impedir mais uma vez.

—Eu nunca me misturaria com você, S/n, não mais. – Ele te encarou com muito esforço, exibindo seus olhos negros e um sorriso sarcástico.

—O QUE VOCÊ FEZ?! – O grito foi dirigido para Crowley que se divertia com toda a situação.

—O que ele queria. – Era óbvio que ele pioraria a situação o máximo possível.

—Como eu disse, você vai ter que aprender a lidar com isso. Qualquer tipo de ligação, relacionamento ou o que é que você achasse que tínhamos acabou no momento em que me juntei a ele. Não vai ser você quem vai me impedir de cumprir minha tarefa, você é pura demais, nunca compreenderia. - Dean tinha um enorme sorriso no rosto, ainda com seus olhos negros, olhando bem no fundo da sua alma.

—O-o.... – Suas pernas começavam a fraquejar.

—Eu estou me recusando a ser seu companheiro por mais um minuto sequer, S/n. – Ele riu ao final, te vendo se soltar bruscamente de Castiel e correr para fora do Hotel.

Uma raiva surgiu em seu íntimo, como ele podia ter feito uma coisa dessas com você? Ele sabia que o assunto era sério e agora ousava brincar com sua vida? Você teria avançado em cima dele, mas Crowley certamente te mataria sem pestanejar. E além do mais, toda aquela situação despertou em você algo que a muito estava adormecido: sua verdadeira forma veela. Suas costas ardiam e você corria aos tropeços, tentando inutilmente se manter em pé tempo o suficiente para voar para longe dali, mas com certeza você não iria muito longe daquele jeito.

—Dean, não precisa ser assim, nós podemos....

—Melhor vocês desistirem da ideia de cura, rapazes. Ele já é meu. – Crowley afirmou com escárnio, arremessando Sam e Castiel para fora do quarto em seguida.

Eles até tentaram socar a porta algumas vezes, mas de nada adiantou. Estavam tão atônitos que até se esqueceram que você os tinha seguido, apenas lembrando de sua presença ao chegarem perto do carro e encontrarem uma figura escura apoiada entre o capô e indo em direção ao chão.

—Mas o quê...? – Sam já havia puxado sua arma quando Castiel percebeu o que era.

—S/N! – Correndo para impedir que caísse no chão.

Isso é ela?! – Sam estava espantado se aproximando quando Castiel conseguiu afastar as asas negras que escondiam seu rosto propositalmente.

—S/n, está tudo bem? – o anjo ignorou o comentário de Sam, se concentrando em você, que tentava a todo custo não cair no chão.

—Eu... eu não sei. – Sua voz saiu mais grossa do que o normal, deixando Sam em estado de alerta. Até então você tinha o cuidado de se esconder do moreno.

—S/n, eu posso te ver? – Ele perguntou com cuidado.

—Sam, não acho que....

—Não quero que me veja assim.

—São pelas asas? Eu meio que já estou vendo isso... – Sam ia com calma, estava preocupado com seu estado... alterado.

Você lentamente se virou para ele, encarando seus olhos com toda a mágoa que estava sentindo no momento. Quando Dean deixou claro que não pretendia mais ser seu companheiro algo grande dentro de você se quebrou, permitindo que o descontrole batesse e você tivesse sua verdadeira forma revelada. Aquilo doía muito, não só a transformação como também a rejeição. Você sinceramente não sabia como ainda se mantinha de pé, mesmo apenas querendo cair e fechar os olhos para a dor passar.

Quando você se virou para ele, viu o espanto passar pelo seu rosto. Sam não estava nada preparado para sua mudança: garras no lugar das unhas, voz encorpada, presas no lugar dos caninos e olhos completamente negros – iguais aos de Dean. Você não gostou nada daquele olhar assustado e com raiva, silvou para ele, exibindo ainda mais suas presas.

—Vai querer me matar agora que não sou mais nada para o seu irmão? – Você se apertava mais em Castiel, arranhando um pouco o carro.

—S/n, eu nunca....

—Porque se você não fizer esse favor, eu mesma vou. – Sua expressão começava a se retorcer, tendo sua respiração entrecortada.

Você soltou um suspiro, apoiando o braço em seu peito e o apertando.

—SAM, OS OUVIDOS! – Castiel conseguiu alertar segundos antes de um grito agudo sair da sua garganta, arrancando algumas lágrimas.

—Ela começou a se lamentar. Sam, ela não vai aguentar muito tempo!

—Ela está morrendo?

Desesperados, somente tiveram uma ideia após você cair na inconsciência, tendo um pouco de sangue saindo de seus olhos, nariz e boca.

—O quarto de Dean! Sam, não vou poder ir com você, mas me encontre no Bunker. Ela precisa ficar lá

E num piscar de olhos Castiel desapareceu, te carregando em seus braços. No segundo seguinte ele estava te colocando na cama arrumada de Dean, no bunker. Você podia estar desacordada, mas no instante em que sentiu o seu cheiro, soltou um ronronado alto e se agarrou ao travesseiro dele, tendo algumas das suas características se retraindo. Não demorou muito tempo para as asas desaparecerem, junto das garras. Castiel levou o tempo que esperava por Sam chegar as Kansas cuidando de você, limpando o sangue que escorreu pelo seu rosto, te acalmando quando chorava silenciosamente. Havia até mesmo dado uma camiseta dele para você cheirar.

—Como ela está? – Sam conseguiu chegar ao Bunker em tempo recorde, preocupado em ter de enterrar um corpo.

—Mal. Consegui que voltasse a forma humana, mas ela está quebrada. Eu avisei a ele que isso poderia acontecer, mas ele me ouviu? – Castiel sentia um pouco de culpa por não ter acompanhado Dean, além de se sentir impotente perante a sua provável extinção.

—Acha que ela pode morrer?

—Ela está morrendo, Sam. Lá no hotel, ela tinha começado uma parada cardiorrespiratória, que consegui controlar quando deixei bem próxima do cheiro dele. Eu não sei quanto tempo ela vai aguentar. Se não conseguirmos trazê-lo de volta logo...

—Podemos perder os dois.

***

Já haviam se passado dois meses desde que você fora rejeitada, e para a surpresa de todos, ainda estava viva, mas ainda preocupava Castiel. Desde aquela noite você quase não tinha aberto os olhos, permanecendo na inconsciência a maior parte do tempo. Você simplesmente não suportava a realidade de saber que seu companheiro tinha a rejeitado e virado um demônio. Dormir era a melhor opção, mas o cheiro infelizmente estava se esgotando. Castiel temia que quando se acabasse tudo viesse abaixo, inclusive com você, enquanto Sam se mantinha confiante de sua recuperação.

Em seus sonhos, tudo se mantinha como deveria ser, Dean ainda te amava e vocês estavam juntos. Mas uma noite, aquela noite, você escutou um som incomum no quarto, um grito muito abafado que te fez acordar quase imediatamente de seu sono. Com uma longa fungada, sua pele se eriçou e seus ouvidos se aguçaram. Num pulo, você sentiu suas presas descerem, seus olhos se escurecerem e com uma força sobre-humana, você quebrou a maçaneta do quarto de Dean, assustando Castiel que estava para entrar no quarto.

—S/n? O que faz fora da...?

CADÊ ELE, CASTIEL?! – Suas mãos o puxaram pelo sobretudo, deixando-o levemente assustado com a grossura de sua voz e olhos arregalados.

Ele teve de usar sua força angelical para te controlar naquele momento.

—No porão, com Sam. Mas antes que tente ir até lá recomendo que se acalme um pouco. Sam está lá tentando trazer ele de volta para você, para gente.

—A quanto tempo?

—Há uns três dias, mas até agora nada.

—Eu quem vou trazê-lo de volta, Castiel. Eu tenho que fazer isso....

—Você tem uma hora para se acalmar antes que o sangue tenha que ser aplicado de novo.

—Mas quem falou em sangue?

Castiel entendeu na mesma hora o que você pretendia, torcendo para que desse certo e não perdesse nenhum dos dois.

—Uma hora, S/n.

***

Dentro daquele tempo, você tomou banho, se acalmou, ficou ansiosa e teve o coração acelerado quando Sam te viu e te abraçou por finalmente estar acordada. Você estava prestes a sair do quarto quando notou um pequeno embrulho escondido embaixo do travesseiro. Relutante, você o abriu, soltando um rosnado de raiva na mesma hora ao perceber o pequeno anel dourado na caixinha de veludo.

“-Eu estou me recusando a ser seu companheiro por mais um minuto sequer, S/n.”

Com um rosnado de puro ódio você saiu pisando duro pelo corredor, empurrando Sam que tentou te impedir de ir até o porão.

—S/n, é melhor... – Você jogou a caixinha em seu peito, silvando de raiva e voltando ao seu caminho.

Com um estrondo, você abriu as portas do porão, cheirando o ambiente e se deleitando com o aroma mais forte de Dean. Aquilo te relaxou o suficiente para se aproximar devagar de sua cela, entrando e se deparando com ele amarrado a uma cadeira repleta de símbolos.

—Ainda está viva? Pensei que tivesse morrido naquela noite mesmo.

—Sou mais forte do que você pensa. – Você se aproximava lentamente, como uma predadora.

—Que pena, pensei que tivesse me livrado do peso que você me traz.

—Se a sua intenção é me atingir, sinto lhe informar que não vai conseguir.

—Vai me dizer que você também veio aqui querendo me trazer de volta? Qual a parte do estou melhor assim que vocês não entenderam?! – Dean fez força contra as amarras, tentando ser amedrontador.

—Não, Dean. Eu vim fazer o que já devia ter feito a muito tempo.

—Me largar?

Seu sorriso morreu quando você se aproximou ainda mais, sentando-se em seu colo na cadeira, piscando e deixando seus olhos negros como os que ele mostrava, sorrindo e deixando suas presas crescerem, além das garras estarem de fora. Você viu em seus olhos Dean ter um pouco de medo de você, mas não se importava nenhum pouco.

—Não é só você que pode mudar, Deanmon...— Você sussurrou enquanto cheirava seu pescoço, se deliciando com a fonte do aroma e causando desconforto a ele.

—Do que me chamou?

—Deanmon, porque é isso o que você é., mas não por muito tempo....

Vocês se encararam e após você soltar um silvo alto, mergulhou a cabeça em seu pescoço dando a primeira mordida, que fez o loiro dar um grito bem mais alto do que com o sangue.

—SAI DE CIMA DE MIM!

—SÓ QUANDO VOCÊ VOLTAR!

Com um pouco de dificuldade você conseguiu tirar as presas dele sem tirar sangue, mordendo o seu ombro em seguida. Dean se remexia, tentava se soltar a todo custo, mas nada adiantava. Em situações normais a marcação não doeria nenhum pouco, pelo contrário, seria excitante. Mas o contato do veneno puro de uma veela com o sangue de demônio desencadeava uma reação bem dolorosa. Demônios poderiam ser fortes, mas a veela era indefinidamente mais poderosa, o que acabava por substituir a toxina em seu sangue. Resumindo: o veneno veela estava purificando Dean, trazendo de volta a sua humanidade.

Método bem mais eficaz e bem mais doloroso que a aplicação de sangue.

Os gritos que Dean dava ecoavam por todo o Bunker, apavorando Sam e Castiel que estavam na sala.

—O que ela está fazendo? - Sam tinha o rosto horrorizado pela forma que o irmão berrava.

—As presas. – Foi o que Castiel se limitou a dizer.

Neste meio tempo você já tinha dado pelo menos mais três mordidas, parando para respirar um pouco. Ejetar o veneno te desgastava, mas você não daria o braço a torcer. Ou Dean melhorava agora ou não. Respirando com muito dificuldade, você olhou no fundo daqueles olhos de demônio, usando as garras para arranhar sua nuca- onde você segurava com força. Embora exaustos, a surpresa veio com força ao sentir a boca de Dean chocar contra a sua violentamente, a procura de um beijo desesperado. Ele não podia se mexer, deixando todo o trabalho para você – mas não que se importasse. Por alguns momentos você chegou a se esquecer da situação em que estavam entregando-se por completo, esfregando-se com força contra o seu colo quando sentiu que...

—Você está excitado? – Sua voz mostrava o quanto estava confusa com toda a situação.

Dean não respondeu nada, apenas abaixou os olhos completamente pretos para que você não visse a lágrima solitária escorrer. Você imediatamente puxou seu cabelo para trás, colocando-o cara a cara, silvando de indignação ao entender tudo.

—Você mentiu quando disse que doía olhar para mim. Você disse que eu era pura demais, mas olha só quem está excitado?

—Isso é só a minha vontade de te corromper.

A mordida que você deu em seu lábio era carregada de veneno e mágoa, fazendo até você soltar algumas lágrimas desta vez. A cada nova mordida que você dava, era claramente perceptível o quão fraco Dean ficava chegando ao ponto da inconsciência. Com uma última dose de veneno e um beijo em seus lábios, você se retirou da cela, em êxtase pela quantidade de sangue que teve contato, mas ao mesmo tempo exausta e faminta.

Tropeçando um pouco, você chegou até a cozinha sem maiores preocupações. Sua respiração ainda estava espaçada, mas dessa vez vinha acompanhada por uma sensação de leveza. Sam respirou aliviado ao te ver de pé, sem a aparência sofrida.

—Você está bem? – Ele perguntou abraçado a você.

—Só preciso comer.

—Eu fiz um pouco de salada mais cedo, se você quiser...

—Sam, por mais que eu aprecie comida saudável, eu preciso de algo mais calórico agora. Essa noite foi.... Cansativa. – Você suspirou, se jogando na cadeira mais próxima.

—Coxas de frango para o café da manhã então?

—Se você não se importar.

—O que aconteceu lá dentro? – Castiel estava sentado à sua frente tentando compreender o que você tinha feito.

—Eu peguei ele na mentira. Ele sofreu, desmaiou e provavelmente não vai acordar por um bom tempo.

—Quanto tempo?

—Não sei dizer ao certo. Mas com certeza vai doer.

Você se recusou a comer as coxas na frente de Sam quando ele as trouxe. Porém ele estava irredutível.

—S/n, eu já te vi como você é, não precisa se preocupar com as aparências.

—Se você diz... – seus olhos se escureceram ao mirar aquele balde de frango, atacando-o como um animal sem piedade. Aquela com certeza não era a S/n que adorava salada, era a veela faminta.

Após comer, você se jogou no sofá, permanecendo lá desacordada pelas próximas horas, se recuperando do esforço. Não muito tempo depois do seu café da manhã, Sam e Castiel haviam ido conferir o estado de Dean, ficando chocados com a quantidade de marcas de mordidas espalhadas por todo o seu dorso e lábios.

—Isso não vai sair tão cedo.

—Duvido que ela deixe ele se curar. Com certeza vai fazê-lo repensar antes de fazer alguma besteira de novo.

Com cuidado, eles o moveram até seu quarto, deixando o mais confortável possível para as próximas horas. E que horas foram aquelas. Após muita lamentação e sofrimento, Dean estava finalmente limpo e acordado. Ele havia tido tempo o suficiente para tomar banho e comer alguma coisa enquanto você ainda dormia. Quando se levantou, quis estar o mais apresentável possível para encará-lo de frente.

—Tudo bem? – Você estava escorada no batente de sua porta, encarando Dean jogado na cama de forma relaxada. Ele tentou se erguer para te olhar, mas apenas ocasionou mais um espasmo doloroso em seu corpo. – Eu não me movimentaria se fosse você, tem muito veneno nas suas veias ainda.

—Eu.... Eu não sei o que dizer, S/n. Eu... quase te matei. – Ele estava bastante ressentido de toda a situação, quase com lágrimas nos olhos.

—É, não fez mais do que o seu trabalho.

—Eu disse coisas horríveis que... que....

—Que não tinham um pingo de verdade. Eu sei, Dean.

—Aquilo.... Aquela era realmente você? – Ele se referia a criatura de dentes afiados.

—E olha que você nem viu tudo a mostra. – Você rolou seus olhos diante a pergunta idiota. – É claro que era, sou eu, Dean. Eu te trouxe de volta, então talvez um obrigado seja muito bem-vindo.

—Mas você me marcou para isso, justamente o que não queria fazer.

—Olha só, se você vier com esse papinho furado de sacrifício para cima de mim eu juro que vou rosnar para você.

—Mas...

—Mas nada! Você sabe muito bem o que eu acho sobre o seu complexo de super-herói, mas mesmo assim não faz nada a respeito, mas quando sou eu a fazer uma escolha difícil e me sacrificar, você vem querendo se intrometer e colocar alguma coisa para se separar de mim? Não, Dean. Isso não é para o meu bem. Eu fiz isso, quis fazer isso para a sobrevivência de nós dois. Eu não fiquei dois meses inconsciente para no final ser rejeitada de novo.

—É só você ver o quanto eu já te fiz sofrer, S/n! Eu quase te matei!

—E eu te trouxe de volta! Isso não conta muita coisa?

—Você não sabe o quanto sou grato, mas...

—Sem mas. Você vai ficar quieto, de boca fechada esperando a dor passar para aí então eu te provar como está errado.

—Não pode fazer nada até então?

—Deitar do seu lado, só isso. Vai aliviar um pouco. – Você se aninhou ao seu lado, de forma que não o machucasse muito.

—Não sei o que eu seria sem você, S/n.

—Provavelmente Deanmon ainda. E só para constar, eu nunca acreditei na sua história de ser pura demais para um demônio.

—Eu sei – ele disse em meio a um suspiro. – Eu nunca me perdoaria por te arrastar para o meio daquilo. Mas pelo menos eu tentei te deixar longe.

—Você nunca vai consegui me deixar longe, Dean Winchester. Eu sou sua companheira.

Em meio a confissões, vocês acabaram adormecendo, melhorando o mal-estar de Dean em 110% durante a noite. Um rosnado foi ouvido hora mais tarde, mas ninguém nunca soube dizer de que lado da cama veio.


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