Imagine - SUPERNATURAL escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 11
Crowley


Notas iniciais do capítulo

a música --> https://www.youtube.com/watch?v=Zokn4WDPcHE (Rave in the Grave)



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Los Angeles

Los Angeles conseguia ser um verdadeiro inferno no verão, até mesmo Crowley podia afirmar isso. Não apenas pelo calor, mas também pela absurda quantidade de visitantes – fosse para turismo, fosse em busca de seguir seu sonho de ser uma estrela. Não que ele reclamasse disso, muito pelo contrário. Justamente nessa época era quando ele conseguia ainda mais pactos, por vezes até mesmo sendo o funcionário do mês devido sua magnificência no trabalho. Mas em contrapartida.... Também era no verão quando tinha de voltar mais uma vez a terra firme para buscar as almas. Não que ele tivesse de fazer o trabalho sujo, por Lúcifer, não! Mas alguém tinha que controlar o cão do inferno para que não fizesse um estrago ainda maior e denunciasse a existência do sobrenatural.

Crowley decididamente odiava o verão. Ele se sentia quase um humano por passar tampo tempo fora do seu Inferno, mas sim naquela cidade. Hoje com certeza não seria uma noite diferente das outras. Pela manhã, ele havia conseguido pelo menos quatro almas, garantindo sua volta em cinco anos. As coisas não variavam muito: ser bem-sucedido, voltar a fama, que seu filme novo tivesse sucesso... Bobagens na opinião dele. Sua função era apenas realizar pactos, não ser sincero e dizer que de que adiantaria ter o sucesso se em cinco anos você perderia tudo de forma trágica e dolorosa?

Era anoitecer quando ele voltou ao Inferno para buscar o cão do Inferno para apenas mais um trabalho. Seu destino era no Estúdio C, próximo ao Hollywood Boulevard. Não havia muito tempo em que havia feito um pacto para ser um Diretor de sucesso, e hoje havia chegado o grande dia. Crowley chegou no lugar ao cair da noite, deparando-se com o local ainda cheio.

—Acalme-se, Lindinha. Temos muitas testemunhas por enquanto. – Crowley acalmava o cão, pedindo para que parasse de rosnar tanto. – Mas o quê...?

O demônio estava indignado, os seus acordos costumavam dar muito certo, então porque raios aquela música estúpida saía de onde sua vítima estava?!

“Noite passada um anjo veio para me dizer

Estou triste que sua avó tenha se partido

Mas agora, minha avó deu uma Rave

Minha avó deu uma Rave

Uma Rave em seu túmulo”

—Esses humanos idiotas realmente acham que as coisas são assim?! Eu não acredito que esse imbecil perdeu seus anos promovendo bandas góticas que nem estão mais na moda! Lindinha, acho que não vou me importar de acabar com isso logo.

Transtornado, Crowley marchou até a entrada do estúdio, petrificando-se ao ouvir mais um pedaço da letra e quase chorando de tanto horror.

“Vovó não sabia quando ela partiria

E agora, tive toda a explicação

Porque agora, minha avó deu uma Rave

Minha avó deu uma Rave

Uma Rave em seu túmulo”

Ele nem queria se aproximar, sabendo que ficaria ainda mais indignado com tamanho absurdo, mas sua curiosidade era mais forte. As vezes parecia que ele gostava de sofrer – não era à toa que vivia no Inferno. Porém, assim que se aproximou o suficiente para enxergar o que estava acontecendo, perdeu todas as palavras de sua boca. Podia até ser mais uma banda gótica, mas você com certeza se destacava. Crowley estava completamente sem fôlego ao perceber que você – com seus cabelos negros presos em um coque, maquiagem pesada, um vestido curto e rodado preto acompanhado de longas botas pretas – subia sensualmente numa longa mesa de jantar rodeada de... zumbis? Enquanto cantava e dançava. Você olhava diretamente para a câmera, seduzindo até mesmo naquela situação. Não demorou muito tempo para que a cena acabasse e você tivesse que passar para o chão, numa coreografia repleta de mortos-vivos (com sua avó de fundo).

Crowley tinha a noção de que você era só mais uma cantora, mas não teve como não imaginar ele como o Rei do Inferno e você como sua Dama. Aquilo seria demais, você parecia tão perfeita e cruel para o cargo. Só ele mesmo sabia o quão forte era sua vontade de te jogar nos ombros e levá-la consigo, mas era impossível.

Demorou cerca de mais uma hora e meia até que tudo estivesse terminado e ele finalmente pudesse agir. Talvez Crowley passasse a odiar menos os verões hollywoodianos, na espera que você um dia o chamasse para fazer um pacto e ele enfim tivesse a permissão de carregá-la consigo para o Inferno. Enquanto isso não acontecia, ele se contentaria em acompanhar seu trabalho de perto, sequer se assustando quando notícias sobre um evento sobrenatural na gravação do seu videoclipe se espalharam, dividindo opiniões sobre você ser amaldiçoada ou até mesmo que o diretor estivesse fazendo Raves em seu túmulo. O que Crowley podia garantir que não estava, mas, se tinha uma coisa que ele poderia concordar com sua música, era que “ A única coisa que a vida nunca te conta, é o que acontecesse depois.”

Seria apenas uma questão de tempo para que ele conseguisse o que queria.

Ou não.


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