Total Eclipse of the Heart escrita por Ellen Freitas


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal!! Noite de Arrow e noite de atualização por aqui!!

Estou amando a recepção que você estão dando à fic, me deixam tão feliz!! E sabe o que mais me deixa feliz? Favoritações, como a da Gesiele Gisa!! Valeu mesmo, mermã!!

Nesse capítulo vamos começar a saber que consequências sobrenaturais o eclipse trouxe na vida dos nossos amados cirurgiões. Espero que gostem. Boa leitura!! Até as notas finais!! Bjs*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757940/chapter/3

Once upon a time there was light in my life.
But now there's only love in the dark.
Nothing I can say.
A total eclipse of the heart.

.

Felicity até pensou em resistir, ela queria resistir, mas sentir a boca dele novamente em contato com a dela foi como se todo aquele ódio se tornasse o amor que ela reprimiu por tanto tempo. Mas que droga!, ela pensava enquanto os dois ainda se agarravam no telhado vazio, debaixo do ápice do eclipse total do sol, que agora deixava tudo na mais absoluta escuridão.

Então algo estranho aconteceu.

Um vento forte, gelado e inexplicável para um céu sem nuvens envolveu os dois, e foi o suficiente para despertá-la do que estavam fazendo e o empurrar para longe, lhe dando um belo de um tapa na cara.

― Mais um dedo em mim e não há acordo que ainda me faça continuar nesse hospital! ― a loira bradou nervosa.

― Fê! ― Oliver correu atrás dela, que já voltava para dentro do hospital pelas escadas, já que não tinha nem paciência de esperar o elevador ao lado dele.

― Nada de "Fê" pro meu lado, Oliver! Como disse, você é problema. Um traidor, mentiroso patológico e sem noção. ― Apontou os indicadores para ele, então virou as costas, voltando a descer.

― Você também me beijou, garota! ― ele acusou de volta. ― Você ainda sente, admita! Agora só está mentindo pra si mesma.

― Honestamente? Não importa o que eu sinto ― retrucou, parando para encará-lo. Depois daquele beijo, não adiantava negar. ― Mas eu mereço bem mais do que você tem a oferecer, então, não! Não daremos outra chance, não daremos certo. Vamos fazer logo a droga dessa cirurgia e eu me livro de você pra sempre.

Oliver jamais admitiria para qualquer pessoa como aquilo o magoou. Estava mais claro do que nunca que ele ainda amava a sua loirinha encrenqueira, e ouvir cada uma daquelas palavras, doía em seu coração. Uma coisa era ela o odiar e querer distância. Ele nem a culpava, tinha feito a garota sofrer mais de uma vez por estar assustado por ter se apaixonado por ela. Mas agora ouvi-la admitir que tinha sentimentos por ele, e mesmo assim não querer ir adiante, o fazia se sentir a pior das criaturas.

― Tem razão, vamos fazer logo isso e eu me livro de você! ― ele respondeu apenas para não sair por baixo, escondendo a amargura que sentia.

Ambos chegaram ao mesmo tempo no andar dos quartos onde ficaram os pacientes das clínicas médicas, mas algo parecia muito diferente. Não somente as pessoas, funcionários e pacientes, mas o clima geral em si. Mais obscuro, mais pesado. Mas nenhum dos dois costumava frequentar muito aquele andar, então apenas seguiram para o elevador mais próximo.

― Deseja alguma coisa, senhora? ― Uma enfermeira perguntou hesitante à Felicity, que franziu o cenho com estranheza.

― Não, obrigada ― negou educadamente para a jovem e desconhecida mulher, que pareceu se sentir muito aliviada em não ter recebido uma bronca. Estranho.

Daí eles se direcionaram ao quarto de Sara, passando por uma sequência de estranhezas. Todos absolutamente ignoravam a presença de Oliver, enquanto Felicity era tratada com extrema educação e até um pouco de temor. Sem contar o fato de que, ao chegarem ao destino, não encontraram Sara em lugar nenhum.

― Aleluia, alguém conhecido! ― a loira exclamou ao ver Thea recostada em um dos balcões, quase dormindo em cima das pranchetas de prontuários. ― O que diabos aconteceu com esse hospital na última meia hora?

A caçula Queen tinha grandes e escuras olheiras, e os olhos cansados bem vermelhos quase mortos, mas esses cresceram um par ao ver seu irmão ao lado de Felicity.

― Ok, isso é estranho. Por que a senhora ‘tá falando comigo e por que ele ‘tá aqui?

― Ficou maluca, Thea? Ela é tua amiga e eu trabalho aqui! ― Oliver retrucou sem paciência. ― Agora me diz onde está Sara Lance, tinha outro cara no quarto dela.

― Sara Lance? ― Thea arregalou se possível ainda mais seus grandes olhos verdes. ― Isso não tem graça, Ollie. Nem Laurel vai gostar da brincadeira. ― A menção do nome da obstetra fez o sangue de ambos ferver.

― Aquela maluca já espalhou pelo hospital a ideia mais maluca ainda de termos um filho?

― O qu... Vocês estão bem? ― Thea entendia cada vez menos as perguntas do irmão e da chefe, então resolveu apenas responder tudo. Ela não fazia ideia o que seu irmão fazia por ali, mas tudo que ela não queria era ser alvo do próximo ataque de fúria de Felicity.

― Thea, onde está Sara? ― Felicity respirou fundo, puxando paciência ela não sabia de onde.

― Sara Lance está morta, doutora.

― O quê? ― os dois cirurgiões gritaram em uníssono.

― O que deixamos passar, Felicity? ― Oliver questionava à colega e si mesmo. ― Ela estava bem para aguentar a cirurgia. Onde está o prontuário?

― Já levaram o corpo pro necrotério? Precisamos falar com a família para realizar alguns exames pós-morte. Isso não foi normal, o que ela teve? Parada cardíaca, embolia pulmonar? ― Foi a vez de uma desesperada Felicity se direcionar à Thea.

― Responde, criatura! ― Oliver exigiu, estalando os dedos na frente dos olhos da irmã.

― Sara teve uma parada e morreu na mesa de cirurgia, na mão de vocês dois ― explicou. ― É sério, vocês estão me assustando.

― Nós não a operamos, só vamos fazer isso daqui há meia hora ― Felicity atestou olhando seu velho relógio de pulso.

― Desculpe, doutora, mas vocês a operaram há anos. ― Os dois não poderiam estar mais chocados. ― Tem certeza que não prefere falar disso na sua sala?

― Minha sala? Que sala? Eu não tenho uma sala.

― Claro que tem.

― Não, eu não tenho.

Oliver resolveu mudar de estratégia. As respostas de Thea eram estranhas, mas pela cara da sua irmã, as perguntas pareciam ser ainda mais.

― Ok, Speedy, nos leve para a sala dela.

― Na verdade... ― começou hesitante. ― Você não pode ficar aqui, Ollie.

― Ele não sai daqui enquanto não resolvermos essa confusão da Sara. Onde está John Diggle nessa zona?

― O doutor Diggle também não trabalha mais aqui.

― Só vamos pra “sua sala” ― Oliver cochichou a Felicity. ― Talvez lá tenha alguma pista dessa confusão toda.

A surpresa deles só se ampliou quando a tal sala, na verdade era a sala de Dig, mas na porta estava escrito para qualquer um que tivesse dúvidas:

“Felicity Smoak-Palmer, MD.

Chefe de Cirurgia”

― Acho que vou desmaiar ― Felicity sentiu seu mundo girar. Desde quando ela tinha um sobrenome a mais? E sobre esse cargo que ela não lembrava de ter assumido?

― De onde você tirou um Palmer? ― Oliver questionou tentando conter sua irritação.

Um bip insistente começou a soar, e logo Thea olhou para o pequeno aparelho eletrônico preso à sua cintura.

― Eu tenho que ir. ― Era só impressão de Oliver ou sua irmã estava com medo de contradizer Felicity? Ao contrário do que a Queen achou, Felicity apenas concordou com um aceno de cabeça e Thea saiu rápido dali.

― Quem diabos é Palmer? ― Oliver perdia cada vez mais a paciência ao perguntar.

― Podemos focar no mais importante? ― Felicity também não estava com essa calma toda e seu colega médico não estava ajudando. ― Como eu virei chefe e você e Dig foram demitidos?

― Se você é chefe, deve ter acesso ao sistema. Pelo jeito que minha irmã ficou, acho que tem a ver com Sara.

― Tem razão. ― Felicity entrou na sala e foi direto para a mesa, já ligando e começando a vasculhar no sistema do hospital. Oliver começou a rir do nada, e ela ergueu a cabeça para ele. ― Qual a graça, palhaço?

― Só foi preciso uma confusão sobrenatural pra você concordar comigo.

― Pare de rir como uma hiena, seja útil e procure algo naqueles armários, faz favor.

Um olhar mais detalhado ao redor, já pôde mostrar a Oliver que aquela poderia ser a sala de qualquer um, menos de Felicity. Era tudo tão escuro, impessoal, super metódico e organizado. Ela não era assim, nunca foi. Nos meses que namoraram, ele se surpreendia diariamente com a garota de inteligência extrema, super talentosa para o ramo cirúrgico, era um completo desastre em caminhar de saltos altos ou falar frases sucintas. Era fato que ela havia mudado bastante, mas não o suficiente para ser a dona daquele ambiente que mais parecia uma sala de interrogatório do que a gerência de cirurgia. Felicity era uma força viva, feliz e radiante, não uma cirurgiã obscura.

― Não encontrei nada.

― Eu sim ― ela refutou, o chamando para se aproximar dela no computador. ― Achei o prontuário eletrônico de Sara, tudo bate com o que Thea disse. Fizemos a cirurgia como você sugeriu, mas ela morreu na mesa. Houve uma hemorragia intensa, não pudemos conter, então uma parada cardíaca irreversível.

― Me diz se eu estou ficando louco ou esquecido, mas não fiz isso. Nem você.

― Você não sabe realmente o pior de tudo. Isso foi há exatos cinco anos, Ollie.

― Isso não pode ser verdade.

― Acho que agora sim vou vomitar! ― Felicity afirmou com a mão no estômago, buscando apoio na mesa.

― Ok, temos que ser racionais aqui. Qual a possibilidade de tudo isso ser uma pegadinha? Uma brincadeira sem graça dos nossos amigos? Speedy tem dessas loucuras.

― Não, espera! Thea me falou algo mais cedo, sobre lendas antigas do eclipse. Como ele pode alterar o tempo e espaço.

― Fala sério, Felicity! ― Oliver gargalhou, mesmo não achando graça nenhuma naquela loucura. ― Lendas antigas? Eclipse solar? Prefiro ficar com a possibilidade da pegadinha.

― Temos que procurar alguém que pode nos ajudar. ― Ela já começou a abter nos bolsos do jaleco. ― Vou ligar pro Tommy.

― Deus me livre, prefiro ir atrás da minha irmã maluca! Esse cara me odeia, vai mentir só pra me irritar.

― Ele não mentiria para mim ― negou, desistindo de achar seu telefone naquele momento. ― Mas se faz tanta questão, vamos atrás do John. Ele estava com a gente na aprovação da cirurgia, deve saber mais sobre isso.

― Ok. ― E os dois seguiram para onde John Diggle morava com sua esposa Lyla, com a solução mais razoável que encontraram.

.⁠⁠⁠⁠

—-*||*||*--

.

― Deixa que eu bato.

― Não, eu bato. ― Os dois disputavam infantilmente na porta dos Diggle.

― Lyla é minha amiga.

― Claro que não, ela é mais minha amiga.

― Vocês já se pegaram, eu não chamaria isso de "amizade".

― Ela tem ciúmes de você com John, também não é amizade pra mim.

― Seu idiota, isso não é verdade!

Oliver e Felicity ainda discutiam quando a porta se abriu. Lyla usava terninho e parecia ter acabado de chegar do trabalho. Ela era uma das advogadas criminais com vários sucessos no currículo e que estava ficando conhecida pela cidade.

― O que os dois filhos da mãe fazem na minha porta?

― Viu, ela não gosta de nenhum de nós ― Oliver sussurrou para a colega, que lhe deu uma cotovelada nas costelas.

― John está? ― a loira abriu seu melhor sorriso de comercial de pasta de dentes e cara que Oliver fez não foi muito diferente, mas nada disso serviu para apaziguar a raiva de Lyla.

― Não, e mesmo que estivesse, manteria os dois bem longe do meu marido!

― Lyla, querida... ― A advogada lançou um olhar de repreensão para o cirurgião. ― Senhora Diggle. O assunto é urgente e não encontramos John no hospital.

― Graças a vocês, ele não põe mais os pés lá e teve a carreira destruída. Então se era só isso... ― Ela já ia fechando a porta, quando Oliver a impediu, espalmando a mão no objeto.

― Lyla, por favor...

― Já disse não, Queen!

― Meu amor ― a voz de Diggle soou atrás dos dois. ― Nada de enxotar meus amigos, já conversamos sobre isso.

Havia um claro tom de brincadeira e simpatia da voz do homem, mas, de algum modo, ele parecia diferente para os dois visitantes. No mínimo uns dez anos mais velho do que essa manhã.

― E achei que morreria sem ver essa dupla junta de novo. Como vão?

― Confusa.

― Curioso ― responderam juntos.

― Ok, sentimentos diferentes, pra variar. ― O moreno brincou.

― Precisamos saber o que aconteceu na cirurgia de Sara, Dig. Entramos nesse universo paralelo e não sabemos como paramos cinco anos em um futuro que eu sou chefe de cirurgia e Oliver é um desempregado.

― Ok, primeiro de tudo, ninguém disse que estou desempregado.

― Até onde sei, você está ― Diggle completou quase no automático, o que arrancou uma carranca de Oliver. ― Primeiro, não vamos ficar conversando na calçada. Querem entrar?

― Tem certeza que Lyla não vai atirar na gente?

― Ela só está sendo protetora. Entrem.

Os três só deram alguns passos para dentro da bonita casa de classe média, quando Diggle foi engolfado pelo que Oliver chamou mentalmente de "família comercial de margarina". Uma menininha de uns cinco anos, mais um menino um pouco mais novo correram ao encontro do pai. Até um Golden Retrivier se juntou a eles, dando latidos alegres e abanando o rabo, enquanto Diggle abraçava e beijava as crianças e acarinhava a cabeça do cachorro.

Era bonito, Oliver não poderia negar, mas ele se achava incapaz de ter aquilo algum dia. Diggle era paciente, cuidadoso e gentil, características que ninguém nunca atribuiu a ele.

― Crianças, cumprimentem os amigos do papai, Felicity e Oliver.

― Oi ― os dois soaram em uníssono, mas logo o mais novo começou a dar pulos animados no lugar e a mais velha a arrastar o pai para dentro.

― Eu fiz um desenho pro senhor, pai.

― Vamo andar de bicicleta, papai?

― Ele vai ver o meu desenho primeiro, JJ, eu já pedi. ― O garotinho começou a fazer um biquinho de choro, quando Dig pegou ambos no colo.

― É o seguinte, meus amores: papai tem que conversar com os amigos dele. ― Com isso, a menina começou a se juntar ao irmão em uma careta de desgosto. ― Mas, eu prometo que depois do jantar, vamos ao parque tomar um sorvete, pode ser? ― As crianças mudaram o humor completamente e assentiram felizes. ― Ótimo, agora vão tomar banho pro jantar, ainda estão com o uniforme da escola!

― Você é muito bom nisso, Diggle. Incrível é a gente nem saber que você os tinha ― o loiro comentou impressionado.

― Ollie quer dicas, já logo logo vem um bebê Lance-Queen por aí. ― Dig franziu o cenho estranhando a frase. Como assim "vem um bebê?"

― Felicity, apenas esqueça isso, pode ser? Estamos aqui por motivos bem mais bizarros do que seus ciúmes.

― Eu não tenho ciúmes de gente doida, ainda mais daquela lá.

― Ok, os dois! Já chega! Eu quase senti saudades de falar isso ― John comentou rindo para si mesmo. ― Qual o problema?

― As coisas estão ficando loucas do hospital, Dig. Você não trabalha mais lá, eu também não, Felicity é a chefe. O que diabos aconteceu?

― Isso sem falar o fato de termos perdido uma paciente na mesa de cirurgia sem ao menos lembrar de ter chegado lá ― Oliver sequer esperou Diggle responder as perguntas da colega, e já começou a colocar suas próprias dúvidas na mesa.

― Vocês estão mesmo falando sério? ― John fechou o sorriso.

― Claro! ― Felicity afirmou convicta. ― Por que você não é mais nosso chefe?

― Ah, ok. ― O moreno friccionou as mãos. ― Preciso perguntar: qual a última coisa que vocês se lembram?

― Bom, eu e Oliver estávamos no telhado na hora do eclipse.

― No telhado? Fazendo o quê? ― A inocente e inesperada pergunta pegou Felicity de surpresa e a fez corar, lembrando o que ela e seu colega babaca estavam fazendo no telhado na hora citada.

― Mãos passeando nos corpos alheios, saliva sendo trocada, mas esse não é o ponto aqui, Dig ― Oliver respondeu sem o mínio pudor. ― A coisa é que quando voltamos tudo estava diferente.

― Oh, nossa! Vocês não lembram de nada depois do fim do eclipse?

― A gente desceu e tudo tinha mudado. E segundo o calendário, cinco anos passaram.

― Parece que vocês perderam cinco anos de memória. Sofreram algum trauma, alguma queda?

― Fora o trauma da língua dele na minha boca de novo? ― Felicity sussurrou para apenas Oliver ouvir.

― Não, não sofremos ― ele ignorou o comentário. ― Na real, precisamos saber o que aconteceu naquela tarde.

― Ok, não tem um modo fácil de dizer isso ― Diggle começou com cautela. ―  Aquele foi um dia difícil, muito difícil. Vocês seguiram com o plano da cirurgia, só que as coisas se complicaram. De algum modo, estavam sem sintonia, e discutiram durante todo o procedimento, ambos disputando quem era o melhor. E como já sabem, a senhorita Lance perdeu a vida naquela sala. ― Felicity não pôde conter as lágrimas em seus olhos e até Oliver estava bem afetado com o relato do amigo.

― Fui demitido por isso?

― Não, eu fui ― Dig atestou. ― Eu era o chefe, vocês eram minha responsabilidade, eu autorizei o procedimento.

― Lyla disse que arruinamos sua carreira. É verdade?

― Apenas digamos que ficou complicado arrumar um emprego na área cirúrgica depois disso. ― Agora ambos entendiam o comportamento da não-tão-pacífica senhora Diggle. ― Mas não se preocupem, trabalho numa clínica filantrópica, tem sido bom. De todos, eu acho que foi o que fiquei melhor.

― Como assim "de todos"?

― Lembram do baile beneficente daquela noite? Tommy fez um escândalo e perdeu o emprego. Ele e Sara na verdade estava começando um relacionamento que ninguém sabia. Ele tomou um porre e acabou sofrendo um acidente. O hospital ficou de luto por uma semana.

Felicity piscou uma dezena de vezes antes de voltar a chorar, dessa vez com mais intensidade. Seu amigo, seu melhor amigo estava morto! Oliver envolveu o braço em torno dela a abraçando com força e a consolando.

― Eu e Felicity. O que aconteceu com a gente? ― Oliver questionou depois de dar um tempo para Felicity absorver a morte de Tommy. Até ele que não gostava muito do médico estava abalado com a notícia tão repentina, e ele não podia sequer imaginar como a colega estava se sentindo no momento.

― Depois da cirurgia, os dois seriam demitidos junto comigo, mas você, Oliver, convenceu a todos que a culpa havia sido sua e apenas sua. Não havia motivos para Felicity sair também, então ela continuou no hospital e foi crescendo. Soube que foi escolhida pro meu antigo cargo ano passado, a mais jovem da história. Só tem um porém ― o moreno parou e ficou tempo demais em silêncio.

― Fala, Diggle! ― ela exigiu.

― Ouvi dizer que você lidera aquele hospital com mão de ferro. É rígida, mal-humorada e exigente, uma terrorista, como chamam. Eu não acreditei, é claro, até quando tive que levar JJ lá, que estava doente. Nos encontramos nos corredores, você estava mais fria que o gelo.

― Eu?

― E eu? ― Oliver quis saber.

― A última vez que te vi, foi no funeral de Tommy. E, apesar de tudo, vocês dois fizeram outro escândalo por lá. Parece que o jogo da culpa é o preferido dos dois.

― Ollie... ― Felicity choramingou. ― E se isso for tudo verdade? Se essa realidade paralela for agora a nossa realidade?

― Fica calma, ok? ― ele tentou tranquilizá-la, emoldurando seu rosto com as mãos e lhe olhando fundo nos olhos, os polegares fazendo círculos carinhosos na bochecha dela. ― Vamos resolver isso.

― Um conselho ― a fala de Diggle quebrou o contato visual que durou bem mais do que o normal, mas bem menos do que eles realmente queriam. ― Vão pra casa, durmam um pouco, relaxem. As memórias de vocês vão voltar aos poucos, então poderão lidar melhor com isso.

― Eu me recuso a me conformar com uma vida em que eu sou uma chefe babaca e meu melhor amigo está morto!

― Fê... Vamos resolver ― Oliver repetiu. ― Mas ainda precisamos saber mais sobre como acabamos desse jeito.

― Tem razão. ― Ela enxugou as lágrimas que ainda desciam e respirou fundo. ― Obrigada, John. E desculpa.

― É, cara, valeu. ― Os homens trocaram um aperto de mão caloroso.

― Espero que consigam resolver essa confusão. ― Os dois assentiram e já iam saindo quando o moreno os chamou. ― E eu fico feliz de ver os dois pelo menos concordando um pouco. Até onde eu sei, foi a falta de sintonia de vocês que nos colocou nessa bagunça em primeiro lugar. ― Ninguém falou mais nada, mas era exatamente isso que Oliver e Felicity estavam pensando.

.⁠⁠⁠⁠

—-*||*||*--

.

― Uau! ― a loira exclamou impressionada olhando para o gigante arranha-céu localizado no centro da cidade. ― Eu moro aqui? No prédio mais caro da cidade?

― Você é a chefe agora, claro que teria se mudado daquele apartamentozinho no subúrbio.

― Não despreze meu quarto-sala. Anos atrás, você vivia mais lá do que na sua casa ― rebateu.

― Não saíamos do quarto, o tamanho do seu apartamento realmente não fazia diferença. Ok, preciso confessar... ― começou como se fosse fazer algum comunicado solene. ― Também morro de saudades dos domingos nus.

― Só cala a boca, Queen! ― ela tentou soltar apenas a bronca, mas um pequeno sorriso acabou escapando junto, o que não passou despercebido de Oliver, mas ele resolveu não comentar dessa vez.

― Você deu sorte que seus vizinhos tinham seu endereço atual, Felicity.

― Realmente. Agora só preciso ter uma cara de pau o suficiente para perguntar pro meu porteiro qual o número do meu apartamento. A gente se fala, Oliver.

― Espera. ― Ele a deteve segurando-a pelo cotovelo. ― Estive pensando numa coisa que John disse. Sobre nós termos começado isso.

― Sim, com a cirurgia de Sara ― ela concordou.

― Não, bem antes. Tudo começou no telhado.

― E?

― Não vê? Tudo começou com um beijo, Fê. Talvez um beijo resolva. ― A Smoak até tentou ficar com raiva, mas apenas conseguiu gargalhar. E muito.

― De todas suas cantadas, pode marcar essa como a pior de todas, Queen.

― Estou falando sério aqui!

― Oliver Queen, não vou beijar você com a desculpa de consertar o tempo-espaço e ressuscitar duas pessoas! Eu, hein, tem cada uma!

― Eu acho que vale a tentativa. ― Um sorriso malicioso desenhou-se nos lábios dele. ― Não te arrancaria um pedaço.

― E eu acho que você não poderia ser mais safado. Dá licença.

― Só um beijo, ok? ― Ele começou a segui-la pelo saguão do prédio. ― Já trocamos milhares, o último um pouco mais cedo. Admita que quer!

― Admito que quero me ver livre de você.

Em apenas dois passos, ela o alcançou, e já uniu os lábios, segurando firme a gola da jaqueta do médico. Sim, seus beijos tranquilos também eram tão bons quanto ela lembrava. Ele até tentou prolongar o contato, mas logo os dois foram interrompidos por um grito.

― Felicity!

O homem parado na calçada com uma pasta executiva em mãos era um total estranho para Oliver, mas bem conhecido de Felicity. Ray Palmer, o empresário que ela havia dispensado no dia anterior ao eclipse.

Espera, Palmer? Ela tinha casado com ele?

― Mas que diabos?

― Eu posso explicar ― ela falou a primeira coisa que lhe veio à mente, surpreendendo o tal "marido" e irritando Oliver.

― Você não precisa explicar nada, Felicity! Deixa esse cara aí, vamos pra minha casa. ― Oliver novamente segurou no braço dela, a fazendo caminhar com ele em direção à saída.

― Eu não vou a lugar nenhum com você, Queen! Acho que casei com esse cara. ― A última frase saiu sussurrada, mais como uma explicação.

― Pior ainda! ― ele retrucou emburrado e voltou a arrastá-la para fora.

― Deixa que com o Ray eu me resolvo. ― Felicity tirou a mão dele do braço dela. ― Você, vai pra sua casa e qualquer coisa, me liga.

Depois da saída a contragosto, com murmúrios de “pode ser um serial killer” de Oliver, os outros dois subiram em silêncio para o apartamento, sob os olhares curiosos de todos ao redor. Quando as portas do apartamento de fecharam, a reação de Ray não pôde ser mais surpreendente para Felicity, quando seu cônjuge começou a rir, muito e alto.

― Não estou entendendo.

― Ah, vai me dizer que minha performance de marido ciumento não convenceu? ― Encenou drama com uma mão no peito, arrancando o terno e a gravata.

― Você estava fingindo?

― 'Tá maluca, Fel? Claro que sim, esse é nosso combinado. Eu tolero suas infidelidades e você é minha linda e bem-sucedida esposa que sabe apoiar e esconder bem minhas preferências.

O homem já saiu arrancando o que restava de suas roupas ainda na sala, enquanto se dirigia ao local que ela supôs ser o quarto.

― Ei! Como assim, preferências? ― Felicity o seguiu, mas virou de costas quando viu que ele já estava sem roupa alguma, procurando uma toalha no closet. ― Mas, gente, custa se cobrir?!

― Aliás, quem é o seu amigo, será que ele não toparia um menàge a trois? ― Ray soou realmente animado apenas em lembrar, ignorando o incômodo da esposa. ― Se você quiser, não precisa nem participar, minha flor.

Foi como se uma lâmpada se acendesse, e ela entendeu. Ela era uma adúltera, seu marido era gay, e pra completar, tinha ficado afim de Oliver! Esse mundo não tinha como ser mais maluco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Genty, que babadooo!!

Oliver e Felicity se viram nesse universo, cinco anos depois, com as coisas bem ferrada e estranhas!! Será que tem conserto? Próximo capítulo saberemos sobre o que mais mudou na vida deles, principalmente na de Oliver.

Vocês não perdem por esperar!! Ansiosos? Eu estou!!
Até os reviews.. Bjs*