Love, Albus. escrita por dracromalfoy


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Fazia tempo que queria escrever sobre eles, então aí está.
Espero que gostem ♥



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Existia, para Albus Potter, uma linha imaginária que separava o momento em que você olhava para uma pessoa pela primeira vez e o momento em que você, definitivamente, se apaixonava por ela. Quando o garoto olhou para Scorpius Malfoy pela primeiríssima vez, tudo que ele viu foi um amontoado de cabelos loiros devidamente penteados, uma pele pálida como cal e um carranca mal humorada.

Como se algo o atingisse de prontidão, ele percebeu que Scorpius, na verdade, era muito mais que aquilo. Ele era uma luz que trazia alegria até mesmo nos dias escuros de chuva e solidão, ele era aquela força avassaladora da natureza que fazia questão de testar a fé de todos os descrentes, ele era apenas ele, mas no final, ele era tudo.

Ele era lindo quando usava o cachecol engomado todo torto no longo pescoço pálido, quando colocava luvas grossas e se empacotava em suas roupas caras e aconchegantes, que não o livravam, de forma alguma, do frio estridente. Era ainda mais maravilhoso quando sorria mostrando todos os seus dentes perfeitamente alinhados, sem perceber que aquele simples gesto seria capaz de aquecer o coração de Albus por décadas a fio, não restava dúvidas. Por Deus, como ele era lindo quando jogava o pescoço para trás ao rir de qualquer coisa besta dita. Ele ria, o tempo todo. Para Scorpius, não havia tempo ruim, não havia tristeza capaz de acabar com seu alto astral, com sua perfeição ou com o som extremamente extraordinário que era a sua risada.

Tudo isso, precisou de alguns dias para ser notado por Albus, porém, foram alguns anos para entender realmente o que estava acontecendo, porque admiração é algo comum para todo mundo, mas entre os dois, aquilo era muito mais. Albus admirava Scorpius, mas o sentimento predominante era outro. E como demorou para que ele descobrisse!

Scorpius era o melhor amigo de Albus desde os onze anos e a amizade deles era bela e sincera. Aos dezoito anos, eles não esperavam que algo ou alguém no mundo fosse capaz de mudar o sentimento construído através dos anos. Eram Scorpius e Albus. Albus e Scorpius. Nada mudaria aquilo. Nem mesmo as brigas que tiveram no decorrer dos anos, às vezes por coisas pequenas, outras por menores ainda. Nunca era sério, porque um não era capaz de machucar o outro, um não era capaz de machucar o outro, pelo menos não se soubessem que o estavam fazendo, não na intenção de realmente o fazer.

Não se podia negar o talento que Scorpius tinha de fazer Albus feliz o tempo todo – ou pelo menos minimamente alegre em seus piores dias. Porque Scorpius era, indubitavelmente, a fonte da mais pura alegria para o moreno. A gravidade não era tão forte quanto a força que o garoto tinha de fazer com que Albus saísse do canto em que estivesse para encontrá-lo. Ele era simplesmente tudo. Tudo.

Era incrível, até mesmo, a forma simples como ele agia e mesmo assim conquistava todo mundo. Scorpius nunca precisou de muito para tornar-se adorado por todas as pessoas. Ele nunca bebeu uma gota de álcool para conseguir interagir com estranhos, nunca provou nenhum tipo de droga para provar-se para outras pessoas, nunca ficou com centenas de garotas para tornar-se popular. Ele nem mesmo precisava! Scorpius era um atrativo natural, seu carisma, sua simpatia e sua bondade atraíam as pessoas por si só. Ele era bom demais para o mundo.

Albus Potter sempre soube que, mesmo em um milhão de anos, ele continuaria a achar Scorpius Malfoy a pessoa mais inacreditavelmente perfeita no mundo, e ele fazia toda questão de demonstrar aquilo, fazia questão que o amigo soubesse o quanto era querido, o quanto era amado. Eram amigos, afinal.

“Seu pai não gosta de mim” disse Scorpius num certo dia, arrumando os cabelos em frente ao grande espelho do seu quarto antes de saírem juntos. “Nem o seu tio Ron.”

“É claro que meu pai gosta de você, Scorp” contradisse o moreno, bebendo da imagem do loiro admirando-se no espelho. “Tio Ron odeia o seu pai, é diferente.”

“Ele me olha esquisito toda vez que me vê” e então riu, virando-se para Albus sem tirar o sorriso dos lábios finos e levemente rachados pelo frio. “Rose também me odeia, ela faz questão de me dizer toda vez. É adorável, na verdade.”

“Rose não gosta nem de si mesma.”

E era verdade. Rose Granger-Weasley era a personificação de mau humor e, por Deus, ela era totalmente o oposto do seu pai, embora Albus tenha certeza que ela seja apenas uma versão mais intensa da sua mãe, Hermione. Albus amava a prima, é claro.

“Estou pronto, Potter. Hora de ir.”

Os dois amigos, naquele dia em específico, tinham uma festa para ir. Na verdade, Scorpius tinha. Ele acabara de ser aprovado na faculdade – havia duas semanas que estava atendendo à universidade – porém a festa dos calouros era naquele dia. O loiro fez questão que o melhor amigo fosse, principalmente porque muitos outros conhecidos estariam lá. Quer dizer, era uma faculdade muito famosa, não apenas pelo seu método de ensino super renomado e bem visto em toda Europa, mas também por suas grandiosas festas que recebiam calouros e qualquer outra pessoa que estivesse à fim de investir na faculdade gastando suas libras com bebida alcoólica de má qualidade.

Albus sentiu-se relativamente contente quando soube que seu irmão James, sua prima Rose e seu amigo Teddy Lupin também iriam. Pelo menos dessa forma, ele teria companhia caso Scorpius ficasse demasiadamente ocupado dando atenção aos seus novos companheiros de classe.

“Da pra acreditar que estou na universidade? Eu sempre quis ser médico como meu pai, mas nunca imaginei que realmente...”

“É claro que você imaginou, Scorp” Albus disse, tirando uma risada deliciosa de Scorpius. Sim, ele sempre soube.

Foi durante a festa que Albus descobriu mais uma coisa que ele amava em Scorpius: a forma como ele, e apenas ele, conseguia fazer com que Albus dançasse qualquer música que fosse, desinibido, sem medo de se divertir. Ele era, sim, um péssimo dançarino, mas o loiro gostava de vê-lo se divertir, de vê-lo feliz e sorrindo, não importava se ele dançava bem, importava que, quando estava mexendo-se totalmente fora do ritmo, ele estava alegre. E Scorpius também estava, até mais do que o próprio Albus. Ele sabia que, sem o melhor amigo, a universidade seria apenas mais uma fase – com quem ele iria surtar ao receber a notícia? – e tudo na vida dele não teria graça sem Albus.

“Tá vendo como você um ótimo dançarino!” zombou Scorpius, segurando a mão do amigo e girando o corpo dele e depois colando ao seu. “Eu não seria seu amigo se você não fosse um dançarino nato.”

“Sempre soube que sua amizade era de puro interesse” zombou Albus, arrancando uma risada do amigo. “Danço bem melhor que você, Malfoy.”

Quando sentaram-se todos numa mesa em conjunto para comer e beber, Albus sentiu-se longe demais do calor de Scorpius, que sentava do outro lado da mesa – a única cadeira disponível. Entretanto, a distância não era nada. Num momento, ele estava conversando com seu irmão, no outro, ele encarava o amigo esperando que ele o encarasse de volta. Era sempre assim.

Até que um rapaz começou a rodear Scorpius. Ele estava muito claramente bêbado, falando algo que Albus não era capaz de ouvir devido a música demasiadamente alta, mas era perceptível a forma como o garoto desgostava da situação. Scorpius revirava os olhos de forma quase divertida. Quando o olhar dos dois se encontrou, Scorpius abriu um sorriso e fez uma careta, fazendo Albus rir. Era tão automático sorrir ao passo que o loiro fazia qualquer coisa. Era como uma reflexo.

No momento em que Albus olhou novamente, sentiu seu coração parar por alguns segundos, sua garganta se fechou e ele sentiu-se contraindo os pulsos. A boca de Scorpius – aquela maldita boca – estava colada à boca de Rose, e ele sentia que poderia gritar, berrar, chorar. Não entendia o motivo, não entendia por que daquelas reações, mas ele sentia. Principalmente ódio de si mesmo por sentir tais coisas. Rose nem mesmo gostava de Scorpius! Não tanto quanto Albus, não o bastante.

Ele queria chorar, porque, até então, não imaginava que poderia estar – realmente, completamente, totalmente – apaixonado pelo seu melhor amigo.

“Ele é um grandíssimo idiota, Albus” começou Scorpius enquanto os dois seguiam seus caminhos para casa, após o fim da festa. Era correto dizer que, de todas pessoas que lá estiveram, os dois foram os únicos que realmente não colocaram uma gota de álcool na boca. “Ficava perguntando para todo mundo quem era gay, e esse tipo de coisa. Quer dizer, não é como se as pessoas devessem dizer especificamente para ele sobre suas orientações sexuais. Ele é uma grande idiota.”

“E você, para provar algo para ele, beijou minha prima” alfinetou Albus, amargurado. Só de pensar na cena do loiro beijando Rose, ele sentia que poderia vomitar.

“Não, Albus Potter, eu não preciso provar nada para ele. Beijei Rose porque quis, porque tive vontade.” E lá se ia a teoria de Albus de que nada poderia ficar pior. “Por que está com essa cara de poucos amigos?”

“Primeiro, eu tenho você como amigos apenas; segundo, Rose nem mesmo gosta de você.”

Scorpius o encarou ofendido, com a boca semi aberta, parando no meio da rua. “O que deu em você?”

“Eu estou mentindo?”

“É claro que ela gosta de mim, Albus, minimamente, mas gosta de mim.”

“Tudo bem, então” Albus voltou a andar, mas parou novamente quando viu que Scorpius não o acompanhava mais. “Vai ficar parado aí até um carro te atropelar?”

Scorpius lançou um de seus sorrisos sarcásticos, aquele que se curvava para o canto e fazia um arrepio percorrer toda sua espinha. Sim, aquele sorriso que ele tentava fingir que não amava, que não o deixava tonto. “Você está triste porque não beijou ninguém, mocinho?”

“Sinceramente, Scorp, olhe para a minha cara de que-” porém a frase nunca veio a terminar, pois segundos depois a boca de Scorpius estava na de Albus, tomando seus lábios com vontade, sentindo-os levemente antes de percorrer a língua por toda aquela extensão de pele sensível. Albus entreabriu os lábios dando total acesso para Scorpius, que o beijou mais intensamente. Não havia tempo para sentir-se surpreso – não quando a boca de Scorpius era deliciosa e senti-la era como um paraíso não explorado, ou quando as mãos do mais alto apertavam a cintura de Albus por cima do seu casaco e fazia-o arrepiar-se mais ainda.

Albus entendia que era viciado no beijo de Scorpius antes mesmo de prová-lo, e, por Deus, ele jurava que poderia fazer aquilo pela vida toda, pois nunca enjoaria.

Quando as bocas se desgrudaram, Scorpius encarou a vermelhidão que o pedaço de pele se encontrava e sorriu, afastando-se apenas um pouco do outro, colocando suas mãos no seu rosto. “Está vendo, Albus, não tem problema nenhum em sentir vontade. O problema está quando você permanece com ela, mesmo quando tem a chance de não o fazer.”

Dessa vez era definitivo: Albus queria gritar, porém, de felicidade.

Albus Potter nunca foi tão seguro quanto Scorpius Malfoy. O segundo sempre tivera convicção de si mesmo, sempre fora confiante de suas crenças, suas ambições e, principalmente, a respeito de si mesmo. Quem conhecia Scorpius sabia que, em sua vida, não havia espaço para dúvidas ou para medos ou inseguranças. Porém, tratando-se de Albus, sempre havia uma exceção.

E, na vida de Albus, tudo sempre girou em torno da insegurança: o filho do meio que não alcançava nem metade do que James Sirius Potter era, o que repetira na escola, o que não passara na universidade, o que não tivera sua primeira namorada aos quinze anos. Sua vida era, basicamente, ser o filho dos Potter – oh, não! Não o James, o mais novo, sim, o desajeitado – e como ele gostaria de poder mostrar um pouquinho das suas qualidades, as quais apenas Scorpius parecia enxergar. Porque, sinceramente, até mesmo sua irmã caçula, Lily, era mais prendada que ele, como era possível? Porém Scorpius nunca vira as coisas daquela maneira, para ele, Albus era excepcional da sua maneira, era único.

Claro que, para ajudar, Albus também seria o filho que se apaixonaria por um garoto – seu melhor amigo! – e é claro que ele também seria o garoto que não conseguiria nunca confessar que sentia tais coisas. Então quando o assunto “beijo” não voltou a surgir nas conversas entre Albus e Scorpius, ele apenas deduziu que aquilo fora para Scorpius apenas mais uma de suas vontades.

Não poderia estar mais errado.

Toda a segurança e confiança do Malfoy foi-se por água abaixo depois daquele dia. Ele sentia que tinha cometido um erro, que tinha errado feio com seu melhor amigo e que, este, jamais aceitaria tamanha inconveniência. Albus não falou mais sobre aquilo, então ele apenas deduziu que fora um erro e deus graças à qualquer divindade por aquilo não mudar nada na amizade deles – mesmo que, no fundo, ele quisesse que as coisas mudassem.

Albus, por sua vez, tentava todos os dias criar coragem para contar para o melhor amigo o que sentira por tanto tempo, o que escondera de si mesmo. Todos os dias, ele falhava. Encontrava Scorpius e fingia que nada estava acontecendo no meio daquele furacão de sentimentos e decepções. A cada dia ele esperava ansiosamente que Scorpius o beijasse novamente, mas isso não aconteceu.

Não quando ele começou a namorar Rose Granger-Weasley.

Foi naquele dia que os sentimentos de Albus bagunçaram-se ainda mais. Ele jurou por Deus que se tivesse a chance, iria confessar seu amor pelo melhor amigo, mas como poderia fazê-lo? Como iria fazer aquilo quando sabia que Rose estava apaixonada? Quando sabia que eles estavam felizes e que todos seus amigos apoiavam o namoro?

O medo era o maior inimigo de Albus e de qualquer outro ser humano que tivesse o amor na sua frente, mas tinha medo demais de encará-lo. Albus amava Scorpius e todos seus detalhes, mas tinha medo desse sentimento.

Amava o seu cabelo de um loiro tão claro, os fios macios e bem penteados que se arrepiavam quando o garoto saía do banho. Amava sua pele pálida que cheirava tão bem, que era tão deliciosa ao simples toque. Era completamente apaixonado pelos seus olhos grandes e azuis e que tinha pequenos riscos pretos em sua íris. Seu olhar acompanhava o seu sorriso no quesito perfeição, seus lábios eram tão bem feitos, eram avermelhados, destacando-se do restante de pele branca. Albus podia enxergá-lo perfeitamente em seus devaneios, em seus sonhos, em seus pensamentos mais secretos.

Albus amava Scorpius.

Ele o amou quando se falaram pela primeira vez, quando tiveram a primeira conversa verdadeira, quando passaram a brincar juntos... Amou Scorpius ainda mais quando passaram a se ver todos os dias, quando foram para o Ensino Médio juntos, quando beijaram uma garota pela primeira vez. Amou o loiro quando fizeram sua primeira viagem juntos, quando fizeram planos juntos, quando Scorpius foi até sua casa apenas para contar que iria para a faculdade – antes mesmo de contar para o próprio pai.

Albus definitivamente amou Scorpius quando se beijaram pela primeira e última vez. Amou, secretamente, quando o amigo começou a namorar Rose e continuou o amando quando o relacionamento durou um ano, dois anos, três anos...

E ainda amou, quando, certo dia, recebeu o convite do casamento dos dois, quando foi convidado para ser padrinho.

Albus Potter amou Scorpius Malfoy.

Verdadeiramente.

Intensamente.

Todos os dias da sua vida.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram, por favor, comentem. Se não gostaram, comentem também para eu saber o que precisa ser melhorado ♥



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