Adotada! escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 10
Fuga




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Conforme combinado, André a esperava na esquina. Sem dizer palavra, Bia montou na garupa da motocicleta, e foram para o baile. Dançaram bastante, apesar das roupas dela pouco apropriadas. Logo estava em um cantinho escuro, sentindo as mãos de André sobre seu corpo. Pensou: o momento é esse.

— André, queria falar uma coisa...

— Qual é o papo, novinha?

— Sobre aquilo que nós já falamos...

— O que?

— Da gente morar junto...

— Hum...

Sentiu os lábios dele sugando com mais força seus seios. Ele não dizia nada, mas Bia pressentia estar no caminho certo.

— Fazer o seguinte, vamos lá em casa fazer um amorzinho gostoso? Aí você já fica conhecendo...

Logo Bia estava de volta à garupa da motocicleta, descabelada e roupas em desalinho. Circularam por entre vielas escuras, até chegar aos pés de uma favela. A casa dele era feita da metade de um velho sobrado ao qual fora acrescentado um puxadinho. Bia não gostou do cheiro misturado de cigarro e panelas por lavar, mas estava decidida. André quase a jogou sobre a cama, e arrancou suas roupas. Bia agarrou com força o tronco robusto do rapaz, até quase cravar suas unhas, e rolaram na cama feito dois animais. O hálito dele não era nada agradável, mas o suor dele tinha um odor que Bia achou másculo. Sentiu-se penetrada, e quase rasgada, ele era um tanto bruto, mas Bia pensou, era assim que agiam os homens de verdade. Depois, ofegante, ele acendeu o cigarro, sentou na beirada da cama e falou sem olhar para ela:

— Vai ficar morando comigo! Agora é a minha mulher!

Bia gostou do ar decidido dele. Também fumou um cigarro, e logo estavam ressonando. Quando Bia acordou na manhã seguinte, ele não estava em casa. Levantou-se e deu uma olhada, impressionada com a bagunça. Mas ela não estava acostumada a arrumar a casa? Disposta a causar uma boa impressão, pôs-se ao serviço. Não encontrou material de limpeza, só uma vassoura. Impressionou-se com a quantidade de lixo e com as caixas fechadas e objetos estranhos que encontrava. Estava com fome, mas na geladeira de porta azul enferrujada só havia uma lata de cerveja e uma mortadela velha.

Desligou o celular sem nem olhar as mensagens da mãe, haviam-lhe dito que celulares podiam ser rastreados, e ela ia comprar o um novo assim que ganhasse algum dinheiro. Como? Bem, isso ela ia pensar depois. O que importava, agora, era que tinha conseguido o seu objetivo. Pensou por um instante na mãe, no pessoal da igreja, na conversa que tivera com dona Maria Lúcia, e afastou esses pensamentos com um repelão. André com certeza era capaz de sustenta-la. A fome aumentou, mas ela não se animava a comer aquela mortadela que parecia estragada.

André chegou de repente, trazendo uns sanduíches da rua. Não lhe deu um beijo, nem demonstrou reparar na arrumação que ela fizera, mas foi direto tirar a roupa e ficar só de cuecas. Enquanto comiam, falava ao celular algumas coisas cifradas. Bia olhava pela janela, mas não conseguia identificar onde estava, só via a favela lá no alto do morro e a rua que abrigava uma antiga vila operária.

André jogou-a novamente na cama, querendo mais sexo. Foram interrompidos pela chegada de uns amigos, e André sentou-se para falar com eles, sem se preocupar em apresentar-lhes Bia. Ela ficou no canto, tentando entender a linguagem cifrada que eles usavam em meio a risadas e bravatas. Pela janela, via pessoas indo e voltando da favela


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