Era quase 9 horas da manhã e eles ainda estavam em casa.

Kay não sabia exatamente o que havia atrasado-os, e embora não tivesse nenhum compromisso inadiável no trabalho, ela não gostava de chegar atrasada e isso estava tirando um pouco sua paciência.

— O que você ainda ta fazendo aí? — Ela gritou impaciente pra porta do quarto, onde seu namorado estava, e ele então saiu com seu típico olhar assustado.

— Nada, só estava pegando algo, querida. — Ele respondeu com bom humor e quase a beijou, mas ela desviou.

— Agora? Não podia ser depois? — Ela fingiu ainda mau humor.

— Eu acho que não. — Ele respondeu depois de arquear as sobrancelhas.

Ela o olhou com desconfiança da cabeça aos pés. Não havia nada de estranho nele, ela sabia, mas ainda sentia que havia algo ali.

Ela o conhecia melhor do que ninguém, mas percebeu que não tinha tempo pra discussão, e sabia que quando ele tivesse pronto pra falar, ou quando pudesse, ele falaria, pois ele era especialista em falar sempre demais.

— Então vamos. Não quero Deakins reclamando do nosso horário.

Eles bateram a porta do apartamento e foram ao trabalho.

***

Eles foram almoçar fora.

Não havia nada além de papelada no escritório, então eles puderam ter um almoço em paz e no horário certo. Cam havia insistido a ela para que eles fossem num restaurante no bairro vizinho.

Kay não estava cansada, e com tanta insistência do seu namorado, eles acabaram indo.

No caminho, ela sentiu que ele estava nervoso, e ao parar no sinal, decidiu interrogá-lo.

— Você vai me dizer o que tá deixando você nervoso? Ainda tem medo de andar comigo dirigindo? — Ela disse com um pouco de humor, querendo quebrar o gelo.

Funcionou pois ele riu e depois colocou a mão sob a mão dela que estava na marcha do carro e a olhou nos olhos.

—  Claro que não, querida. Você sabe que uma das coisas que eu amo em você é esse seu espírito Velozes e Furiosos. É só que… — Ele começou, mas me interrompeu olhando pra frente. — O sinal abriu.

O sinal havia abrido mesmo.

Ela riu do comentário Velozes e Furiosos, lembrando da primeira vez que ela dirigiu com ele quando estavam perseguindo um cara russo, e continuaram a viagem e logo chegaram onde queriam.

Cam relaxou mais quando chegaram então Kay pensou que talvez fosse apenas fome, apesar de notar que havia algo de diferente nele desde a hora que eles acordaram.

Eles fizeram seus pedidos e comeram conversando algumas amenidades, até que Cam ficou sério e olhou pra ela.

— Quero te mostrar um truque de mágica novo. — Ele disse um pouco animado, com aquele seu sorriso que reluzia e iluminava seu olhar, como uma criança que vai mostrar seu novo truque aos seus pais.

— Era por isso que você estava nervoso? — Ela perguntou com um pouco de deboche.

Tinha horas que ela pensava que estava namorando uma criança. Cam era por vezes tão ingênuo e tão apaixonado por sua mágica que quase sempre parecia uma criança, sempre encantado pelas coisas que descobria e coisas novas que vivenciava.

Mas ela também sabia que era isso que havia feito ela se apaixonar por ele. Sua ingenuidade num mundo tão pesado, sangrento e doentio era o que ela precisava muitas vezes. O que havia feito ela se aproximar dele e ter ficado ali. Já sua paixão por mágica, por incrível que pareça, era o que unia eles.

Mágica era o trabalho dele, a paixão dele, assim como FBI era a dela. Então, por mais bobo que fosse, ela entendia a paixão dele, assim como ele entendia que por mais perigoso que o FBI fosse, era o que ela amava fazer.

Ele riu dessa vez com deboche.

— Calma.  — Ele disse e juntou seus dedos e o esticou como quem fosse começar a fazer algo. — É algo simples, mas espero que você goste.

— Ok. — Kay afirmou e apoiou seu queixo em suas mãos, observando o que vinha a seguir.

Ela adorava assisti-lo.

Já havia feito isso antes, mas sempre ficava admirada com sua concentração e seus traços. Sua sobrancelha, testas se mexendo enquanto ele se concentrava no seu ilusionismo. Ela só não esperava que ele fizesse o que ele fez naquele momento.

Antes, havia apenas um guardanapo vermelho das mãos dele, e segundo depois, havia uma linda caixa vermelha de veludo com uma aliança dentro, juntamente com um sorriso e um par de olhos azúis suplicante pela resposta de uma pergunta que ainda nem havia sido feita.

— Então, — ele começou enquanto se ajoelhava no meio do restaurante. — você ainda casar com esse ilusionista que promete te fazer muito feliz, Kay Daniels?

Antes que ele pudesse dizer mais algo, ela o respondeu com um beijo. Sua cabeça só pensava “é claro que sim, seu idiota” enquanto eles se beijavam e após se afastarem. Ela o olhou no olhos, passou a ponta da língua nos lábios superiores e depois sorriu um sorriso pra ele que só o fez pensar “é assim que eu quero te fazer feliz por toda vida.

Então ela tirou a aliança da caixa, colocou seus dedos e pôs a mãos com o novo acessório na altura do ombro, exibindo pra ele.

— Eu até pensei em dizer sim. — Ela começou e depois parou quando ele a olhou assustado, então ela sorriu e continuou. — mas acho que dizer Ta-Da soa muito melhor pra nós dois, não?

Dessa vez foi ele que correspondeu com um beijo.

O beijo mais alegre que ele já tinha dado até o momento.