A filha de Pã escrita por Cor das palavras


Capítulo 11
Percy é uma coisinha bonita




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Alice Klirónomos

 

Percy é definitivamente uma coisinha bonita. Os olhos verdes mar brilham de diversão e felicidade ao encontrar com Jason, o semideus que fica aqui no acampamento meio-sangue. Os garotos se cumprimentam e depois viram para o publico, e começam a falar conosco.

 

— E aí? — São as primeiras palavras de Percy para todo mundo, o que agita grande parte dos veteranos a responderem com um: "Beleza?", "Como tem sido na Nova Roma?" e vários outros cumprimentos. — Jason me chamou porque ele queria ser chutado na bunda hoje.

 

— Percy! — Uma loira de olhos acidentados gritou, um olhar de reprovação estampado no rosto.

 

— Quer dizer... Jason me chamou para que eu pudesse ganhar dele — Se corrigiu, exibindo um sorriso amarelo, arrancando risadas da plateia. Quer dizer, eu riria até mesmo da pior piada que esse menino fizesse, o que parece que ele faz com frequencia.

 

Jason, que observava tudo com um olhar divertido, respondeu:

 

— Tá tudo bem, Annabeth. Ele está certo, a diferença é que eu que vou acabar com ele.

 

— Continue sonhando, menino voador — Percy retrucou.

 

Toda essa interação deles estava sendo super interessante para mim, tanto que eu até esqueci da existência da cria de Ares aqui do meu lado. Quer dizer, esqueci por um tempo, já que ele fez questão de ser notado exagerando em um bocejo barulhento.

 

Olhei para ele com uma cara antipática. 

 

— O que? — Me perguntou, se fazendo de desentendido. — Eu vim aqui para ver dois caras se matando, não conversando como se fosse uma reunião entre amigos.

 

— Você é insuportável — Fiz questão de falar.

 

— Você é insuportável — Repetiu, fazendo uma voz fina para me imitar. Suspirei pesadamente voltando a prestar atenção nos dois espadachins.

 

Esse tempo que fiquei interagindo com La Rue serviu para que os dois terminassem o papo e começassem de fato com a apresentação. Eles tinham agora espadas empunhadas, que eu não faço ideia de onde saíram. 

 

Percy tomou a iniciativa de ataque, levando a espada de encontro com Jason que já se encontrava em posição de defesa esperando pelo golpe. A força do impacto das duas armas causou um barulho estridente, me fazendo ansiar ainda mais pelo desenvolvimento da luta.

 

Jason agora, preparado para ser o próximo a atacar, desferia a longa lâmina rapidamente alternando entre golpe, defesa, golpe, defesa. Os pés deles dançavam enquanto eram firmados no chão e passeavam pelo espaço disponível em busca de uma brecha qualquer do lado do adversário.

 

Os dois lutavam majestosamente e eu realmente não poderia dizer quem seria o ganhador. Inclusive, apesar da camaradagem trocada pelos dois no início da luta, ambos estavam agora com os rostos contorcidos de esforço, sem aceitar que poderiam ser o perdedor. A tensão no ar era palpável, assim como a competitividade. Arrisco dizer que até o vento sentiu o teor da luta, já que algumas rajadas bagunçavam meu cabelo.

 

— Quem você acha que vai ganhar? — Perguntei debilmente para Gabriel que assistia a tudo tão fascinado quanto eu.

 

— Jason — Me respondeu, sem tirar os olhos da luta.

 

— Por que? — Questionei, saindo em defesa da minha nova paixonite. 

 

— Ta sentindo esse vento? Jason é filho de Zeus, não acho que o Percy possa barrar isso.

 

— Percy é filho de quem? 

 

— Poseidon. 

 

— Caramba. E eles realmente colocaram os dois para lutarem juntos? — Apontei o óbvio. Ou essa gente era retardada ou eles realmente gostavam de uma boa briga,

 

— Não se atenha aos detalhes — Um garoto que estava sentado do meu lado esquerdo se intrometeu. Acho que ele é do chalé 9. — Annabeth, a namorada do Percy, é de Atena.

 

— Nem ferrando! — Exclamei, passada. 

 

— Minha irmã costuma falar que ele era judiado por ela. Loirinha osso duro de roer. — Falou La Rue. 

 

Voltando a prestar atenção no duelo la na frente, me deparei com os dois lutando na força do ódio. Arrisco dizer inclusive que existe grandes probabilidades deles se matarem. Quíron, que assistia a toda luta de trás por causa do grande corpo também percebeu isso e resolveu interferir. Atravessou o espaço trotando cuidadosamente por entre os campistas, que se afastavam cautelosos dos cascos do centauro.

 

— Isso foi o suficiente por hoje, obrigada pela participação, Percy — Quíron falou, calmamente. O comentário, porém, não surtiu nenhum efeito e os dois semideuses continuaram lutando como se suas vidas dependessem disso.

 

— Percy e Jason... — Quíron tentou novamente, com o tom de voz um pouco mais alto dessa vez.

 

— PERCY E JASON — Ele berrou. Ambos pararam, suor escorrendo por todo seus corpos com um brilho de competitividade cintilando nos olhos dos dois. — Isso é o suficiente por hoje. Agora está na hora de vocês chamarem alguém da plateia para participar.

 

Ambos assentiram, olhando para baixo. Devo admitir que a situação era cômica. 

 

— Eu... hm.. Espero que vocês tenham gostado da nossa... demostração. — Jason falou aparentando estar sem graça com a mão pousada no pescoço. Os campistas que assistiam, porém, não perdoaram a vergonha do instrutor e começaram a rir.

 

Percy, que apesar de já parecer menos irritado ainda exibia uma pequena linha de expressão na testa. 

 

— Eu vou escolher um de vocês e Jason vai escolher o outro. Os escolhidos devem tentar utilizar as técnicas que mostramos aqui hoje.

 

— Quais técnicas? — Um garoto de Hermes berrou — Lutar para matar até ninguém ganhar e os dois oponentes quase morrerem de exaustão? — Todos os campistas riram, o que deixou Jason ainda mais sem graça. Percy por outro lado, parecia até achar graça da situação. 

 

— Não façam isso em casa crianças. — O filho de Poseidon disse, com um sorrisinho no rosto. Pelos deuses como ele é lindo. — Vamos logo com isso, vou escolher o meu pupilo. Você aí! — Ele disse apontando para uma garota  que estava sentada lá na frente. — Você é filha de quem? 

 

— Nice — Ela respondeu, com um rosto determinado. Percy sorriu com a resposta, provavelmente pensando quão interessante esse duelo poderia ser, independente do outro oponente.

 

— Jason? — Ele perguntou, esperando que o colega escolhesse o outro adversário. O filho de Zeus apontou para um garotinho de pelo o menos uns 11, pequenininho.

 

O garotinho, ao olhar para a cara da filha de Nice, logo fez que não com a cabeça, não aparentando estar interessado em ir contra uma semideusa tão competitiva.

 

— Okayy — Jason disse — Voluntários? 

 

Várias mãos subiram ao mesmo tempo. Jason que estava esquadrinhando todos aqueles que estavam com o braço erguido já parecia ter escolhido quem seria o adversário. La Rue sorriu como o gato de Cheshire ao se levantar e caminhar em direção a sua oponente.

 

— Pobre garotinha — O garoto ao meu lado lamentou. Eu apenas ri em resposta. Isso seria bem interessante.

 

— Qual seu nome? — Perguntei a ele 

 

— John. Você é a brasileira, Alice, né?

 

— Isso aí — Eu concordei — Aposto duas dracmas que a cria de Ares vence.

 

— Você tem duas dracmas? — Ele me perguntou, me encarando com olhos divertidos. 

 

— Não, por isso mesmo. To a fim de ganhar um dinheirinho. — Falei sorrindo. Era mais que óbvio que a menina de Nice não tinha chances contra o La Rue.

 

— E eu não to a fim de perder o que eu tenho, obrigada. — Ele finalizou, rindo, voltando a olhar para frente. 

 

Voltei a prestar atenção na luta também, levemente decepcionada por não ter conseguido a aposta.

 

Ambos tinham agora espadas em suas mãos, quase preparados para começar a luta. Eles se encaravam com um olhar irritado, o que com certeza trazia ainda mais interesse para todos os semideuses que assistiam a tudo. 

 

— Qual o nome da garota? — Eu perguntei, não conseguindo controlar a minha língua. Se tem alguém perto de mim, eu vou simplesmente chegar e conversar com a pessoa.

 

— Brittainy. 

 

E finalmente eles começaram. Gabriel não foi misericordioso e logo nas primeiras duas estocadas de espada desarmou a menina e apontou a espada para sua garganta. O ódio estampado na cara dela deixava mais que claro que a luta não ficaria assim. Tenho quase certeza que não é permitido que façam isso, mas ela simplesente foi, catou a espada de volta e se lançou para cima dele.

 

La Rue se defendeu bem, atirando sua própria espada contra a dela com força, a desequilibrando. Ela porém não se deixou abalar, recuperou rapidamente o equilíbrio perdido e continuou a atacar e esquivar, tendo uma certa dificuldade em sair ilesa dos golpes que seu oponente desferia com tanta precisão.

 

— Eu aceito a aposta, essa garota luta muito. — John disse, virando para mim. — Boa sorte para conseguir as duas dracmas para me dar assim que isso acabar.

 

— Só nos seus sonhos — Eu disse enquanto apertava a mão dele e dava uma risada sarcástica.

 

A luta estava realmente interessante e dava para ver que todos estavam divididos, sem ter certeza sobre quem seria o ganhador. Tenho que confessar que apesar de ficar muito feliz do La Rue ganhar por causa das duas dracmas garantidas, me deixar ainda mais feliz a possibilidade de, caso ele vença, poder o desafiar e chutar aquela bunda arrogante. Isso estava com certeza me fazendo torcer ainda mais para ele.

 

Ele plantou as duas pernas no chão e absorveu mais um impacto que a espada de Brittainy causou contra a dele. Apesar de ser bem esquentadinho, dava para ver que não estava irritado. Na verdade ele parecia estar se divertindo muito com toda a situação com a certeza de que não existia nem a mera possibilidade de perder.

 

Ainda super concentrada na luta e prestando muita atenção na forma como seu punho ficava firme ao redor do cabo da espada, a arma perfeitamente balanceada para seu peso, nem percebi que tinha alguém atrás de mim até que tocaram meu ombro.

 

Olhei para trás e me deparei com um pequeno sátiro. Ele devia ter pelo o menos uns 24 anos e parecia meio fascinado e meio assustado de falar comigo. Abaixou um pouco a cabeça para poder  ser escutado. A posição me permitiu ver os pequenos chifres que começavam a nascer em sua cabeça. 

 

— Será que você pode vir comigo por um momento? — Ele perguntou, falando bem baixo. Tenho certeza de que ele não estava nem um pouco a fim de chamar atenção, principalmente por causa da cena com o senhor D. que tinha acontecido hoje mais cedo. 

 

— Eu acho que não — respondi, meu tom de voz igual ao dele. A verdade é que eu queria sim poder acompanhar ele e responder todas as suas perguntas. Os sátiros não são idiotas e sabem muito bem o cheiro que sentiram mais cedo, e tenho certeza que não se contentaram com a resposta de meia tigela dada por Dionísio.

 

— Por favor, é importante. — Ele retrucou, me olhando com olhinhos brilhantes, quase implorando.

 

— Eu realmente não posso, sinto muito — Respondi, logo depois me lembrando que eu não podia dar essa esperança a eles e muito menos deixá-los pensar que eu era alguma coisa. — E eu não sei o que vocês viram em mim mais cedo. Não tenho ideia do que estavam falando.

 

— Olha, eu preciso que você venha comigo. Senhor D. vai ficar tão irritado  se  descobrir que eu vi atrás de você — Ele pareceu estremecer só de pensar nessa mera possibilidade — Não precisa fingir nada disso, e nem adianta, já que a gente sabe muito bem muitas coisas que você está tentando esconder. E é realmente importante, eu... - Ele pensou por um segundo antes de olhar no fundo dos meus olhos e falar: 

 

— É sobre o níma elpídas.

 

Eu levantei e o segui, sem olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

Mil desculpas pela demoraaaaa
beijos nos cores de vocês



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