Dynasty escrita por Alianovna


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Feliz aniversário Tatyyy ♥ Espero que goste do mimo, porque deu trabalho juntar duas coisas que eu sei que você ama, #paz



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757674/chapter/1

Onde... estou...?

Sussurro mais para mim mesma do que para qualquer um que pudesse estar ali comigo. O chão, um tanto lamacento, está coberto de folhas. Consigo senti-las sob meus dedos, apesar de meu corpo estar um tanto dormente. Minha cabeça lateja, como se houvesse batido-a em algum lugar, mas não há sangue ao meu redor. Tento abrir meus olhos, mas a claridade do lugar machuca-os e volto a fechá-los. Tento novamente, dessa vez mais devagar para que consiga me acostumar com a luz.

Que estranho, hmm... não recordo-me de como cheguei aqui...

Olho ao redor. Estou cercada de árvores, árvores que nunca vi na vida. Será que fui drogada e sequestraram-me? Temo pelo pior, minha virtude... Não sinto dor alguma, então relaxo. Mas quando olho para meu corpo a procura de marcas, uma surpresa: estou diferente... meu cabelo está... branco?! E minhas roupas... Não entendo... estou vestindo roupas que sequer pensaria em vestir. Para ser mais específica, um corselet roxo, do qual nunca vi igual em nenhum reino que estive, uma saia minúscula colada em minha pele e grandes meias que cobrem minhas pernas até metade de minhas coxas. Nem mesmo as cortesãs mais ousadas vestem-se deste modo... O que será de minha reputação quando virem-me vestida com isto?

Quem teve a audácia de vestir-me deste modo?! Quem quer que seja, pagará com a vida! A primeira coisa que farei quando retornar ao castelo será exigir a cabeça de quem fez isto comigo!

Levanto-me, indignada com minha situação e limpo minhas roupas, se é que devo chamá-las de minhas. Mas, algo estava errado. Não consigo controlar meu próprio corpo, minhas pernas movem-se contra minha vontade. Eu corro, confusa por não saber onde estou e mais confusa ainda por ouvir um nome desconhecido sendo chamado por mim, e pelo meu tom de voz, eu estava desesperada para encontrar o dono de tal nome.

— Zed?

Um alívio percorre meu corpo quando, ao longe, vejo um homem numa armadura. Contudo, meu alívio não dura muito tempo. Vejo o homem cair de joelhos e, posteriormente, estabanar-se no chão. Sinto um mal estar instantâneo.

— ZED!

Numa primeira impressão, não vejo razões para tal reação, afinal é um completo desconhecido. Entretanto, engulo meu ego ao ver que sua armadura estava completamente danificada. Céus. O sangue escorria por sua máscara, que partiu ao meio devido à enorme rachadura. Minha visão torna-se embaçada, estou chorando. Minhas pernas movem-se mais rápido, apesar de saber que chegar mais rápido até tal homem não o salvaria, de qualquer maneira.

— Não... Não, não, não, não, não, NÃO!

Eu imploro enquanto corro até ele. Meu grito ecoa pela floresta, liberando um pulso de energia negra que balança as árvores mais próximas, assim que caio de joelhos ao lado do corpo do cavalheiro. A este ponto, eu já não entendo mais nada do que está acontecendo. Tornei-me mera observadora de minhas próprias ações.

— Zed! Resista, por favor... Eu vou te levar de volta pra fortaleza e... - As palavras saíam de minha boca mas não era eu quem diziam-nas. - Eu posso te curar... Por favor, você vai ficar bem...

Lágrimas rolavam pelo meu rosto sem que pudesse controlá-las. Mal podia ver o rosto do homem logo abaixo do meu. Minhas mãos quentes e trêmulas seguram sua face pálida.

Sabe-se lá o que aconteceu a este homem, mas que Deus tenha piedade de vossa alma...

Os olhos de Zed fixam-se nos meus. Eles são vermelhos como sangue e isso atrai-me de uma maneira que não consigo explicar. Sua mão toca minha face, seus dedos estão sujos, porém não me importo. Levo minha mão esquerda até a mão dele, segurando-a contra minha pele, como se fosse a última vez que sentiria aquilo. Este pensamento corrói-me por dentro numa dor inexplicável. Minhas lágrimas, por um momento controladas, voltam a cair em seu rosto.

— Não, não vou. - Ele tinha lágrimas nos olhos e balançava a cabeça, negando. Respirava fundo, com dificuldade. Céus.

— Zed? - Minha voz soou incrédula. Ele parecia ter desistido de si mesmo. E eu compreendia, dada a situação dele, mas parece que meu outro eu não.

— Syndra... você deve se vingar daqueles que te fizeram sofrer. - As palavras saíam com esforço de sua boca. Senti meu corpo enrijecer e minhas sobrancelhas contraírem-se. - Não vou poder mais protegê-la, mas sei que consegue fazer isso sozinha.

COMO VOCÊ SABE MEU NOME? POR QUE EU NÃO TE CONHEÇO? QUEM É VO-cê? O quê...

Dentro do meu peito eu gritava, mas nada do que dizia saía de minha boca. Como este homem que nunca vi na vida parece ser tão íntimo a ponto de fazer-me sentir tal dor? Minha mão esquerda estava incontrolável, tocava sua face, passava a mão por seu cabelo preto e apoiava-me no chão em completo desespero.

— Nã-nã-nã-nã-nã-não. - Até minhas palavras parecem trêmulas, eu não consigo aceitar tanto quanto não consigo entender. - Nós podemos passar por isso, nós... eu posso c-

Calei-me ao ve-lô fechar os olhos e virar o rosto, sofrendo com a dor dos ferimentos.

— Não. - Ele disse seco e convicto. - Não mais. Eu sei o que isso causa em você. - Zed balançava a cabeça de um lado para o outro, como se buscasse sentido nas palavras que dizia. - Por favor, não deixe que a Ordem das Sombras se dissolva... - Balanço minha cabeça, negando tudo o que está acontecendo, ao mesmo tempo em que concordo com suas palavras. - Cuide para que saibam que não morri em vão e que não desistam do nosso objetivo por conta disso. - Sua respiração torna-se mais pesada a cada frase que diz. - Me prometa que não vai deixá-los até que eles se tornem estáveis sem mim, ou que Kinkou seja destruída.

Remexo-me com o desconforto que suas palavras me causam. Respiro fundo, percebendo que o ar faltava-me nos pulmões. Meus dedos pressionam mais sua pele, não estou pronta.

Por favor, não me deixe...

— Por favor, Zed - Puxo o ar mais uma vez, sinto minha garganta seca ser cortada por pequenas partículas de poeira. - Não me deixe...

Ele ignora minha súplica. Meu corpo fica pesado e não consigo mais apoiar-me em minha mão, debruço sobre o corpo de Zed. Minha mão circunda o contorno de seu rosto, numa tentativa inútil de impedir que ele se vá.

— Me prometa. Prometa que não vai deixá-los.

Zed encara-me esperando por minhas palavras para poder, finalmente, descansar. Hesito. Desvio o olhar para tentar segurar, mas num impulso, digo o que ele finalmente quer escutar.

— Eu prometo.

Volto a observá-lo. Odiaria olhar-me no espelho agora e ver que estou esbanjando minha vulnerabilidade para um completo desconhecido, mas não consigo evitar. Sinto-me completamente conectada a ele. Estou perdida em meus pensamentos, não ouço o que ele diz e logo me arrependo de deixar meu orgulho vir à tona num momento como este. Zed encara o céu, neste momento tenho certeza que ele é a coisa mais linda que já vi.

— ...que você me trouxe... - Ele me olha, eu sorrio nervosa e fecho os olhos.

Por favor...

Quando os abro novamente, vejo seus olhos rolarem, mas logo as orbes rubis voltam a me encarar. Suspiro brevemente, aliviada, de certa forma. Entretanto, ver o esforço que ele faz para continuar comigo, faz-me sentir extremamente impotente e egoísta.

— Você me ouviu? Deve colocar todos nessa terra de joelhos.

— Não posso. - Minha voz soa mais chorosa do que achei que estivesse. - Não sem você, eu não consigo. - Volto a chorar, sou uma menina indefesa.

— Você estava quase lá quando nos conhecemos. - Ele sorri de leve, tenho mais vontade de gritar de desespero.

Seus olhos se fecham. Observo-o esperando que volte, porém nada. Nada. Abro minha boca, mas não sai som algum. Meu olho direito pisca incontrolavelmente. Uma dor terrível apodera-se de meu peito e não consigo respirar. Tudo o que consigo fazer é apertar a gola de sua camisa e afundar meu rosto em seu pescoço para chorar histericamente.

Ouço passos rápidos ao longe, meu subconsciente alerta-me sobre a ameaça, contudo eu não tenho forças para levantar, imagine para defender-me. Levanto minha cabeça para ver quem estava ali. Não reconheço as vestimentas, mas tenho a sensação de familiaridade. Instintivamente, abraço a cabeça de Zed e aperto-o contra meu bursto, na intenção de protegê-lo. Eles permaneciam parados, a uma distância relativamente segura, talvez incrédulos com a cena. A mulher de verde foi a primeira a fazer qualquer movimento. Ela guardou as armas e abaixou a máscara, revelando o rosto com a expressão séria. Não reconheço-a. O homem ao lado parecia hesitante, mas logo fez o mesmo que a companheira e os dois começam a caminhar em minha direção.

Esse rosto... é tão familiar, mas... não consigo lembrar.

— Syndra...? - A morena sussurra, chamando-me. Eu tremo com o toque dela em meu pulso. Observo o rosto dela meticulosamente, seus olhos também eram vermelhos, mas eram foscos. Aperto o cabelo de Zed, incomodada com a semelhança. - Venha.

Levanto meu olhar para a figura familiar que estava atrás da morena, pois sei que ela não falava comigo. Ele se agacha ao meu lado e retira Zed de meus braços com cuidado. Sinto como se algo fosse brutalmente arrancado de meu peito. Sou puxada para os braços da mulher sentada ao meu lado, não tenho forças para contestar. É uma cena lastimável. Estou completamente destroçada nos braços dela, apenas observando Zed ser levado para longe de mim sem que possa fazer nada para impedir.

Por favor, diga-me que tudo isto não passa de um pesadelo...

 

 

É só um pesadelo...

 

 

Só mais um...

 

Vossa Alteza?— Sinto meus braços serem apertados com firmeza. - Alteza?!

Abro os olhos assustada e rapidamente reconheço a pessoa que segura meus braços com força, sacudindo-me. Perco meu fôlego, parece que acabei de correr em volta do castelo. O sonho foi intenso.

— Onde estou? - Pergunto para ter certeza de que aquilo é real e nada do que vi há poucos minutos atrás realmente aconteceu.

— Em vosso quarto, Alteza. - A mulher me fita com uma expressão de dúvida em seu rosto. Sorrio devido a tal ironia. Mal sabe ela que estou tão confusa quanto. - Estavas chorando e dizendo coisas estranhas...

— Obrigada, Anya. - Ignoro-a completamente.

Ela me solta, entendendo o recado, e deixa um bandeja com pães, frutas e uma taça com suco sobre meu colo e logo dispenso, avisando que estou sem fome. Assim que a mulher retira-se de meu quarto, sento-me na cama e respiro descompassadamente, deixando com que todo o sufoco que passei esvaia-se de meu corpo. Noto também meu longo cabelo castanho escuro, não sinto-os tão familiares quanto antes.

— Nada daquilo foi real. Nada daquilo foi real. Nada daquilo foi real.

Repito essa frase quando esforço-me para levantar. Não demora muito para duas camareiras e outras criadas invadir meus aposentos. As camareiras cumprimentam-me curvando a cabeça e passam por mim para chegar até minha cama. As outras criadas formam uma fila em minha frente e reverenciam-me para então começarem a vestir-me. São quatro no total, duas para as roupas e duas para o cabelo. Alguns minutos passam e estou pronta. Olho-me no espelho e sorrio com o resultado. A blusa branca de gola alta e mangas longas faz um contraste com o pequeno decote, algo que me agrada. A saia bege rendada e o cinto de diamantes combinam perfeitamente com a tiara de ouro branco que uso. Por fim, meu cabelo está preso na frente em finas tranças de modo que mostre claramente meu rosto e os brincos de pedraria branca, e solto atrás, realçando a delicadeza do visual.

— Alteza!

Ouço uma voz familiar chamar-me no corredor assim que as portas de meus aposentos são abertas, entretanto, ignoro-a e passo por ela caminhando plenamente. Não queria conversar com ninguém no momento. A pessoa me toca, inevitavelmente olho-a com desgosto, mas repreendo meu gesto ao dar de cara com minha prima, Karma.

— Er... - Sorrio nervosa, Karma parece ignorar e prossegue com sua rara animação, por assim dizer.

— Não diga que esqueceu que sua coroação é amanhã. - Ela me olha com reprovação e eu não posso fazer nada além de concordar e suspirar. Esqueci-me disso. - Ah, que isso Syndra. Logo você que é tão preocupada com tudo a todo momento, que precisa estar sob controle de tudo.

Ela me provoca, eu endireito minha postura e aperto minhas mãos logo abaixo dos meus seios. Não demonstro o quanto, de verdade, fiquei afetada com a frase. Um simples pesadelo fez-me esquecer do dia mais importante da minha vida, o que está acontecendo?

— Tive uma péssima noite de sono, só isso. - Justifico, apesar de não precisar, pois 1) eu devo estar com olheiras enormes e 2) não me explico para ninguém. - Enfim, não importa. Quem terei de cumprimentar hoje?

— Lorde Kusho de Hirana e seus dois filhos.

Arqueio a sobrancelha direita. Dois? Jurava que esse velho só tinha um filho de tanto que ele vive falando sobre o quanto Shen é um bom homem e, por conseguinte, um bom pretendente. Arfo num tom de risada e vejo Karma observar-me tentando decifrar o que pensei.

— Shen e...?

— Não sei dizer, Alteza. Não sabia que Kusho tinha outro filho. Parece que ele não deve ser um bom pretendente. - Ela ri e eu pisco pra ela. Minha prima desfaz sua risada calma num sorriso gentil.

Continuamos caminhando pelo salão principal do castelo, a sala do trono. Observo vários serventes aprontando a decoração e quando passo por eles, os que me notam reverenciam ou curvam a cabeça para demonstrar respeito. As várias flores dão a impressão de uma garota ingênua que está prestes a entrar num ninho de cobras, num jogo onde um passo errado pode custar-lhe a cabeça. Mas não é bem assim: minha vantagem é fazer-lhes pensar que sou controlável.

— Karma, foi você que escolheu as flores? - Pergunto retoricamente, afinal flor-de-lótus é uma das marcas de minha prima. Não são minhas flores favoritas, mas não me importo.

— Não gostou? - Ela mantinha a expressão serena, neutra. Não parecia estar importando-se se agrada meus gostos ou não.

— Você sabe que não me importo com isso.

Paro em frente a porta principal e aguardo os guardas abrirem-na. Logo os raios de sol refletem em minha vestimenta branca e no ouro da tiara que uso. Sinto-me uma verdadeira rainha. Karma estava parada ao meu lado, num vestido verde liso de seda. Apesar de ser uma princesa, ela nunca gostou de esbanjar sua riqueza. Eu admiro isso nela.

— Venha. - Estendo a mão direita para a morena ao meu lado e levanto minha saia para descer a pequena escadaria de mármore. - Vamos aproveitar o dia antes que comece o teatro de ser gentil com homens que mal esperam para sugar todo o meu poder e roubar minha coroa. - Sorrio para ela.

Karma estranhou minha atitude repentina, entretanto não negou. Corremos pelo longo campo esverdeado, como quando éramos crianças e não precisávamos preocupar-nos com os deveres da corte. Nossos cabelos balançavam com o vento e riamos com os quase-tombos que levamos.

— Há quanto tempo não fazíamos isso. - Ela sorri para mim e curva-se, demonstrando o cansaço.

Não estou muito atrás neste quesito. Respiro fundo para recuperar meu fôlego enquanto abano-me com minhas mãos. Duas mechas teimosas soltam de meu penteado bagunçado e minha prima aproxima-se para arrumá-lo. Por fim, retribuo o gesto com um sorriso gentil, contudo, o singelo momento de paz não durou muito, pois fomos interrompidas pelo som de trompetes.

— Infe-

— Syndra! Comporte-se! - Karma puxa meu braço e arruma minha postura, parece minha mãe. Reviro os olhos.

Voltamos por uma pequena trilha de pedras, caminhando como duas damas normalmente fazem. Vejo uma carruagem ao longe, provavelmente o tão esperado Lorde Kusho. Os conselheiros de meu pai diziam-no que a melhor opção para mim era Shen. O rei concordava, claro, devido ao histórico impecável do aprendiz de Kusho. Quase impressionou-me.

Não somente nós, como também boa parte da corte está na frente do castelo, esperando pela carruagem.

— Por que tudo isso, Karma? - Sussurro para ela, discretamente.

— Todos estão animados para ver a reação de Vossa Alteza ao receber seu futuro marido. - Ela sorri em desgosto por mim. Agradeço-a mentalmente.

Estou parada em frente a um longo tapete vermelho, apenas esperando meus convidados descerem da carruagem para recebê-los como uma perfeita anfitriã. Junto minhas mãos abaixo de meu busto, como sempre fazia quando tentava não perder a calma. Minha prima percebe meu gesto e põe a mão esquerda em minhas costas para tranquilizar-me e dar um pequeno empurrão, fazendo com que eu me mova. Sei que ela está atrás de mim, mas em devido momento, sinto-me sozinha novamente. Karma está parada no meio do percurso e não devo dar-me o luxo de olhar para trás. Paro a poucos metros da carruagem e solto o ar que não percebi que prendia há tempos. Por que estou nervosa? Sorrio sem graça e não me dou conta de que Lorde Kusho já está parado em minha frente cumprimentando-me até que ouço sua voz.

— Alteza! É uma honra estar aqui como vosso convidado de honra em uma ocasião tão especial. - O Lorde segura minha mão com gentileza e dou o sorriso mais natural que consigo.

— Ah, por favor. - Arfo em tom de brincadeira. - Você sabe que não precisa disso tudo, é sempre um prazer tê-lo aqui na corte.

Ele ri brevemente e vira-se, ficando ao meu lado. Sinto sua mão em minhas costas, conduzindo-me como Karma fez anteriormente. O primeiro a sair da carruagem é Shen, Kusho sussurrou em meu ombro para que não houvesse enganos indesejados. Encaro seus olhos e perco a respiração.

Eu sabia que conhecia aquele rosto. Era você. Mas... por quê? Por que aquelas vestimentas, por que tudo aquilo? O que aquele sonho quis dizer...?

Shen é um homem muito sério, ele não diz uma palavra, nem mesmo sobre minha expressão de espanto. Apenas permanece observando cada detalhe do meu rosto. Colo os lábios e respiro novamente. Vejo um sorriso no canto de seus lábios e pressiono as mãos contra meu corpo.

— Shen, cumprimente a moça. Mostre o respeito que nós temos com a coroa há gerações.

Levanto minha destra, insinuando que não é necessário, mas o rapaz insiste em fazê-lo. Ele segura minha mão e beija-a com cordialidade. Fico surpresa, confesso.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Alteza. Meu pai não mentiu sobre sua beleza, estou impressionado.

Shen solta minha mão e levo-a até meu decote, envergonhada com a ousadia. Volto a olhá-lo e ele parece satisfeito com o efeito que causara em mim. Pigarreio e encosto no braço de Lorde Kusho.

— Desça daí, venha conhecer a princesa. - Ele dizia enquanto caminhava até a carruagem, levemente irritado pela rebeldia do jovem.

Ouço alguns xingamentos e sinto uma leve vontade de rir, entretanto, repreendo-me assim que noto o olhar de Shen sobre mim. Recomponho-me quando Kusho dá espaço para que seu outro filho desça da carruagem. Seu cabelo é de um tom loiro quase branco. Por um momento lembro-me do sonho onde meu cabelo era apenas um pouco mais claro que o dele. Suspiro e balanço a cabeça para livrar-me desse pensamento, mas quando ele me olha, eu travo. Os olhos vermelhos com aquele brilho tão forte quanto no sonho. Ele parece estar tão surpreso quanto eu.

Alteza? 

É a mesma voz. Não é possível. Respiro fundo e conto até três na minha mente, várias vezes.

1. 2. 3. 1. 2. 3. 1. 2. 3.

— Sim? - Volto à realidade e sorrio sem graça. - Desculpe-me, mas não sei o seu nome.

Desvio meu olhar para Lorde Kusho por um instante e ele parece tão sem graça quanto eu. Volto a fitar as orbes cor de rubi. Não sei quanto tempo estive fora de órbita, mas agora percebo que seguro uma de suas mãos entre as minhas. Shen observa tal gesto com desgosto.

— Zed, Alteza.

Aperto sua mão. Uma lágrima solitária corre por minha bochecha. Zed parece entender o que está acontecendo e pergunto-me se ele teve o mesmo sonho estranho que tive.

— Só Syndra. - Abro um sorriso sincero.

Não há justificativa para tal reação. Oficialmente, eu nunca havia visto este homem na vida. A única coisa que carrego em meu peito é a certeza de conhecê-lo há mais tempo que minha própria existência e que não posso deixá-lo partir novamente.

Ele seca a lágrima que corre por minha bochecha e eu sussurro no tom mais baixo que consigo.

Você voltou pra mim...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Talvez algum dia na minha vida eu possa fazer a versão dele, mas certamente não será agora rs

Beijinhos :***



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dynasty" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.