Pensamentos escrita por MJthequeen


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Só algo pequeno e simples que pensei nessa manhã.
Se passa antes do filme animado Jovens Titãs vs Liga da Justiça, NÃO é do universo do desenho.
Obrigada por ler ♥

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757423/chapter/1

Pensamentos

Capítulo Único

— Então... Você lê mentes? Legal.

A garota finalmente abriu um de seus olhos, o direito, e deixou de levitar para cima e para baixo. Seu rosto, no entanto, continuava impassível.

— Eu não leio mentes. – Foi tudo o que ela disse, num tom monótono. Seu olho direito se fechou outra vez e Mutano, franzindo a testa, não conseguiu tirar os olhos dela.

— Ah. Foi mal.

— Tudo bem.

E então o silêncio reinou, como se nunca tivesse sido interrompido antes. Mutano cruzou os braços e tentou se acomodar no sofá da sala de estar. Ainda era estranho estar em um lugar tão confortável e moderno quanto essa torre – desde que seus pais morreram, há muito tempo, ele cresceu num laboratório, tentando ser entendido. Até a Liga da Justiça – a própria – intervir à seu favor e perguntá-lo se ele queria ajudar o mundo.

Estelar, a líder dos Jovens Titãs, tinha sido gentil quando ele chegara. Ela não parava de sorrir, mas isso ficava bem em seu rosto laranja tamaraneano. Mutano tinha sido incapaz de não desviar os olhos para o corpo dela e corar enormemente, mas, se a alienígena percebeu, nada disse. Ela continua gentil e calma como se nada pudesse afetar seu temperamento, mesmo quando ele atacou toda a comida da geladeira na forma de gorila. Era um pouco como ter uma irmã mais velha despreocupada.

Besouro Azul, o outro menino do time, Mutano ainda não tinha conhecido muito bem. Ele parecia legal, no entanto. Tinha um sotaque carregado no inglês e ainda deixava escapulir um ou outro hermano, mas parecia um adolescente de 15 anos tão normal quanto o próprio Mutano. É claro que, no caso, um deles era verde, e o outro tinha um dispositivo alienígena implantado na coluna. É, normal.

E então vinha a garota, Ravena. Besouro Azul era Jaime, e logo Mutano pediu para o amigo chamá-lo por Gar. Estelar preferia ser chamada de Kori – curto para Koriand’r, seu nome real. Ravena, no entanto, era  Ravena. Seu nome real era Ravena, e seu nome de herói era Ravena. Kori a chamava de Rae delicadamente, mas Garfield não sabia se ele poderia fazê-lo, também, e a garota não lhe dava nenhuma pista.

Se ambos, Jaime e Kori, eram legais e sorriam sempre, Ravena era a gótica rabugenta que todo bom grupo precisa. Ela cumprimentou Mutano, quando ele chegou, educadamente, mas não disse mais nada desde então. O menino tinha jogado videogame com Jaime durante a semana e a chamou para participar ou pelo menos assistir, mas ela recusou e se teletransportou Deus sabe para onde. Jaime murmurou que Ravena era sempre assim, mas que ela era legal, no que Mutano só pôde responder com “uhum”, por que ainda estava tentando absorver que ela conseguia se teletransportar. Cara!

Desde então, duas semanas, os poucos treinos não tinham deixado claro para Garfield que tipo de poderes ela tinha. Parecia imprudente incomodar Estelar com uma pergunta dessas, então ele resolveu não fazê-lo. Azul, por sua vez, tinha tão pouca ideia quanto ele – Jaime tinha chegado há só 1 mês. Agora, no entanto, Mutano se arrependia de não ter questionado Kori sobre.

Porque, hm, era a primeira vez que ficava completamente sozinho com alguém do time na Torre, e era justamente com Ravena.

Jaime ainda precisava terminar de trazer suas muitas coisas para a Torre e se despedir dos pais mais uma vez, que não deixavam de ligar para ele nem por um minuto. Kori, por sua vez, tinha saído com roupas de verão, sorrindo e dizendo que precisava encontrar um velho amigo – antes de fazê-lo, perguntou para Mutano e Ravena se eles se importariam, mas, mesmo se o fizessem, não lhe diriam, pois a líder sorria de orelha a orelha tão honestamente que seria um crime estragar sua felicidade.

Então sobraram os dois.

Mutano foi logo para a sala de estar e Ravena já estava lá. Ela abriu um dos olhos quando ele chegou, mas nada disse. Algo lhe dizia que ela só não tinha ido embora para não parecer grossa. Flutuava tranquilamente, com as mãos em pinça sobre os joelhos, o capuz cobrindo sua cabeça. Ela era pálida, magra e coberta de energia negra; Mutano se perguntava como seu cabelo deveria parecer. Mesmo com o rosto coberto de sombras, parecia bonita, apesar das olheiras roxas sob os olhos.

Sua primeira tentativa de puxar assunto tinha falhado miseravelmente.

Ele se remexe, tentando controlar os impulsos de falar novamente. Sempre tinha sido falante demais, mas os cientistas que pesquisavam seu caso eram divertidos o suficiente para rirem com ele – a maioria era antigos amigos de seus pais e Mutano não os odiava nem nada parecido. Enfim, tinha se acostumado a não ficar em silêncio por muito tempo. Mas não parecia que ela queria conversar e incomodá-la só o faria ser desagradável. Garfield troca o canal, se remexendo no sofá mais de novo e pensando que deveria assistir o episódio da temporada nova da sua série, ou talvez o novo jogo de basquete que passaria dali uns 10 minutos, quem sabe não daria para bater o recorde naquele game do...

Ravena deixa de flutuar para levar a mão até a testa, gemendo baixinho. Garfield arregala os olhos, surpreso.

— Ei, tá tudo bem?

— Sim, eu só... – Ela tenta. Devagar, suas pernas encontram o sofá e ela está sentada sobre ele, já sem flutuar. E então abre os olhos, olhando-o um pouco confusa. – Você pensa tão alto.

Mutano arregala os olhos, piscando sem parar ao encará-la.

— O quê...? Mas você disse que não lia mentes! Você lê mentes?! Cara! Isso é tão legal. Aquele dia, quando você se transportou, eu pensei “nossa, queria ter os poderes dela”. Não, pera ai, você já sabia disso né, claro. Hehehe, eu bem que ia gostar de ler mentes. Mas algumas vezes deve ser estranho, não é? Quando alguém pensa algo que...

— Por favor. – Ela o interrompe, o tom de voz um pouco mais bravo dessa vez. Ergueu a mão na altura dos olhos dele, para pará-lo. – Você fala muito rápido.

Mutano abre a boca em “o”, olhando para a mãozinha pequena e feminina na frente do seu rosto. Pode sentir suas bochechas verdes um pouco mais quentes, agora.

— Ah. Desculpa.

Ravena acena a cabeça, como se dissesse que tudo bem.

— Eu não leio pensamentos – explica, alguns segundos depois. Mutano a ouve atentamente, feliz de estar conversando de novo. – Eu... os sinto – murmura, olhando para cima para procurar uma explicação que ele pudesse entender. Mutano franze o cenho. – Como vibrações.

Hm... Ele pensa nisso por um momento. Então sorri, animado. 

— Continua sendo muito maneiro.

O rosto bravo dela parece desmanchar quando a garota solta uma respiração como uma risada leve. Mutano quase arregala os olhos outra vez, porque ela riu, realmente riu! Antes que pudesse fazê-lo, no entanto, ela continua, no seu tom de voz arrastado e pouco feminino:

— Na maioria das vezes, é difícil traduzi-los e eu acabo por entendê-los como sentimentos. Quanto mais vibram, mais sei que a pessoa está animada; quando menos, é porque estão chateadas com algo – diz, brevemente. Mutano consegue entender, mas não imagina como isso realmente deve funcionar. Quando ele se transforma em um animal, sente-se tão normal quanto está se sentindo agora. – Mas você. Pensa. Alto. Demais.

Mutano franze os lábios, incapaz de reconhecer o tom de voz dela. Parece como se o culpasse, mas, ao mesmo tempo, é curioso. Como se ela não gostasse da sensação, mas quisesse saber como ele faz isso. O garoto leva uma das mãos até a nuca, constrangido.

— Foi sem querer. Eu... hã... não queria atrapalhá-la.

Ravena o observa em silêncio por um instante e Garfield não é capaz de aguentar por muito tempo, preferindo dar uma olhada na TV. Os lábios dela se juntam e Ravena se acomoda melhor no sofá, como se a sensação de estar realmente sentada lhe fosse estranha.  

— Não é culpa sua. Não é como se escolhêssemos esse tipo de coisa.

Mutano tem a sensação de que ela está falando sobre si mesma e se vira, juntando as sobrancelhas.

— Não, sério. Isso não iria funcionar se eu ficasse na sua cabeça e interrompesse seja lá o que você está fazendo – diz, gesticulando para quando ela estava flutuando. Ravena arqueia uma das sobrancelhas, mas ele pode ver o esforço sobre o lábio superior dela, controlando um risinho, e isso o faz sorrir.

— Meditando.

— Era o que eu dizer. Meditando. Isso não iria funcionar se eu ficasse na sua cabeça e interrompe...

— “Isso”? – Ravena o corta, delicadamente.

Mutano pisca por um momento, sentindo as bochechas quentes outra vez.

— Hã... Você sabe... amizade, eu acho...?

— Ah. Eu acho – ela concorda, num murmúrio.

— É por isso que estamos aqui.

— Não estamos aqui para salvar a cidade? – Levanta a sobrancelha outra vez, um to que de humor em sua voz. Mutano se pergunta se é a décima vez que ele enrubesce; fala sério.

— É! É, isso também. Quer dizer, isso principalmente. Você tem razão. Nós somos os heróis, eu acho. Não, nós somos os heróis. É, isso. – Mutano junta as sobrancelhas, tentando fechar a boca. – Ah, cara. Você entendeu.

— Entendi. – Ravena concorda, bom humor transbordando da sua voz. Seus lábios até se curvam para cima. Mutano sorri para ela, feliz deles terem desenvolvido algo que parecia com uma conversa. Então, antes que ele possa dizer mais alguma coisa, Ravena leva as mãos até o capuz e o puxa para trás. Seus olhos são de um roxo profundo, exatamente como o cabelo curto, que não vai além do seu queixo. Ah, ela é bonita. Definitivamente, muito bonita. A boca de Garfield se fecha na hora, sem ter ideia do que dizer. – Rachel.

—... O quê? – Mutano se inclina para frente, sem entender. Ela sorri de canto, os lábios quase liláses, pálidos como sua pele clara.

— Imaginou que eu não tinha um nome. Você pode me chamar de Rachel. Ou de Rae, como a Kori faz. Eu não me importo com nenhum dos dois.

Mutano coça a bochecha, outra vez envergonhado.

— Cara, eu realmente penso alto demais. Foi mal.

Ravena... Rachel; não, Rae. Rae sorri de canto, levantando o capuz para cobrir a cabeça mais uma vez, voltando a esconder seu rosto com muita graça.

— Não. Na verdade, você simplesmente disse em voz alta. – Mutano reflete sobre isso por um momento; ele realmente tinha uma mania de murmurar as coisas que pensava, sem querer. Pelo menos ela não tinha se sentido ofendida. Uma risadinha escapa dos lábios de Rae quando ela volta a flutuar, fechando os olhos. – Ah, e obrigada.

— Pelo quê?

— Pensou que eu era bonita. Muito bonita. Foi legal da sua parte.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*dsclp os erros eu n curto revisar*

Espero q tenham gostado kkk obg por ler ♥
Um beijo ;D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pensamentos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.