In Love With a Ghost escrita por Natur Elv
Eu estava me sentindo para baixo, então encontrei um mago legal
Parte 2
Os primeiros segundos que vieram, só não se foram em completo e absoluto silêncio porque, apesar de não estar chovendo naquele lugar, uma brisa leve fazia as incontáveis folhas chacoalharem.
Olhos castanhos e arregalados me encaravam por detrás das lentes do óculos e quando eu me movi e abri a boca para dizer algo, ele se mexeu atrapalhado, afastando-se de mim, indo mais para a outra extremidade do banco, que na verdade sequer era comprido demais. Havia um caderno que ele agora abraçava junto ao peito e eu olhei de seus braços que protegiam o objeto para seu rosto ainda assustado e mudo e apenas após alguns segundos percebi que eu mesmo sorria.
Então observei suas sobrancelhas tão escuras quanto a densa sombra que as árvores produziam juntas. Lambi os lábios, "É você! Eu não acredito."
Ele apertou o caderno um pouco mais contra o próprio corpo e só aí percebi que as palavras que me deixaram eram russas e, pela expressão confusa no rosto dele, resolvi mudar para o inglês.
"Desculpe," falei "você entende o que digo? Não quero assustá-lo. Não foi minha intenção vir parar aqui."
Ele não respondeu de imediato, apenas continuou a me encarar. Mordi meu lábio e então suspirei, pronto para voltar a falar (talvez ele não entendesse inglês...), mas – finalmente, e como se lesse minha mente – ele foi mais rápido:
"Eu entendo." Ele falou em inglês e eu não pude evitar o novo sorriso em meu rosto.
"Meu nome é Victor." Estiquei minha mão para cumprimentá-lo, esperando que ele fizesse o mesmo. E ele o fez, depois de encará-la por um segundo ou dois.
"Yuuri," disse.
Seu olhar deixou o meu e eu o segui quando novamente traços confusos tocaram seu rosto: ele encarava o guarda-chuva.
"Ah," falei "estava chovendo onde eu estava." Balancei o guarda-chuva à minha frente, a fim de me livrar um pouco da água, e então o fechei. "Em São Petersburgo. Eu moro lá." Expliquei. "Onde é aqui? Como disse, não vim para cá propositalmente. As sementes me trouxeram- ah!" Saltei. "Você entende, certo, sobre as sementes?"
Os traços confusos não deixavam seu rosto jovem e eu comecei a me preocupar sobre estar falando mais do que deveria e ter feito alguma besteira. E se ele apenas era um humano comum e nossos encontros tinham sido completa coincidência e ele era simplesmente muito bom em sair rápido dos lugares? Mas... não tinha como... sim?
Observei-o comprimir os lábios por um segundo antes de sua voz alcançar meus ouvidos. "Você está no Japão." Ele informou, e então, parecendo menos confiante, completou: "E... sim... eu entendo."
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!