Bonequinha de Luxo GMW escrita por A louca dos crossovers


Capítulo 1
Conhecendo Miss Metthews




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Março de 1962

O taxista achou muito estranho quando, às oito da manhã, uma moça em um vestido de noite pediu para ir até a Tiffany's. Ele achou que ela provavelmente estava voltando de alguma dessas festas modernas malucas em que as pessoas festejavam até o amanhecer.
A moça em questão era Riley Metthews, e não estava voltando de nenhuma festa. Apenas gostava de se arrumar.
Riley desceu em frente à Tiffany's, tomou seu café e comeu seu croaissant tranquilamente, admirando a vitrine. Tudo parecia muito melhor na joalheria. Mas como tudo que é bom dura pouco, a jovem logo acabou de comer e retornou ao seu apartamento no Greenwich Village.
Um carro chique estava estacionado na porta de seu edifício, e um homem de terno caro saiu de lá quando a viu. Segui-a até a porta do prédio e a chamou:
— Ei, boneca, espere! Boneca, o que houve? Você foi ao toalete ontem à noite e nunca mais te vi!
— Ah, é mesmo, Harry? — Disse a moça, desinteressada, enquanto tocava o interfone do terceiro andar.
Como sempre, a moça havia esquecido as chaves. Sua opção era, então, tocar o interfone de Sr. Yogi, o vizinho baixinho que sempre jurava chamar a polícia da próxima vez que Riley o incomodasse. O homem abriu a porta, ainda de roupão e olhou por cima do parapeito para a porta de entrada.
— Harry era o outro, boneca! — O homem começou a ficar irritado — Eu sou Sid. Sid Arbuck, você gostou de mim, lembra?
— Miss Metthews! — Sr. Yogi gritou, irritado — Se você me perturbar novamente, eu juro que chamo a polícia!
— Boneca, vamos lá! — Sid insistiu, enquanto Riley fechava a porta do apartamento em cima dele — Você gostou de mim! Eu sou alguém de quem se goste! Sou magro, te dei cinquenta dólares para o toalete, e ainda paguei a conta de cinco dos seus amigos, que nunca tinha visto antes! E ainda por cima para aquela sua amiga, que parece... que parece... que parece que gosta de mulheres!

Riley abriu uma fresta da porta e gritou para ele:

— Nunca mais fale de Maya desse jeito! - E bateu com a bolsa em seu rosto.

— Parem com isso! — Gritou o vizinho, nervoso — Eu preciso descansar! Eu trabalho! — Sid desistiu e foi embora — Miss Metthews, eu vou chamar a policia! O departamento de drogas!

— Ora, Sr. Yogi, querido, se o senhor não ficar zangado, te deixo tirar as fotos que tanto quer. — Disse Riley, abrindo novamente a porta do apartamento.
— Quando? 
— Um dia desses... — Ela respondeu, entrando novamente em seu apartamento. Sr. Yogi grunhiu e bateu a porta.

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Farkle Minkus desembarcou de seu táxi, um pouco nervoso. O apartamento para o qual ia se mudar não era nada do que tinha imaginado por todos esses anos. 
Porém, com sua decisão de não administrar a empresa do pai, Sr. Minkus decidira que não iria o ajudar financeiramente e que o filho só teria acesso à fortuna da família quando o magnata morresse. A única opção de Farkle foi retomar a carreira de escritor, e alugar um pequeno apartamento no Greenwich Village, com o pouco dinheiro que ainda recebia com a publicação de seu livro.
A responsável por fazer tudo isso ser possível era Isadora Smackle, a chefe de uma das maiores editoras de Nova York. Deixando o eufemismo de lado, ela e Farkle tinham um caso. Se encontravam toda semana, e ela saía enquanto ele estava dormindo. Sempre deixava 300 dólares na cômoda.
Fora Smackle quem arranjara o apartamento para ele, e o decorara completamente antes dele se mudar. 
Assim que tentou abrir porta do prédio, Farkle percebeu que a imobiliária tinha lhe fornecido a chave errada. Ele, portanto, tocou no apartamento do andar de baixo, cuja placa abaixo do interfone informava ser de Miss Riley Metthews.
— Com licença, — Ele disse, assim que uma voz sonolenta atendeu — Eu sou o novo vizinho do segundo andar. Acabei de me mudar, e acho que a imobiliária me deu a chave errada. Acho que me deram duas chaves do terraço, de modo que não posso abrir a porta de baixo. Será que a senhorita poderia abrir a porta para mim?
— O quê? — Ela perguntou, com a mesma voz arrastada — Desculpe, me distraí. O senhor é o novo morador do andar de cima. Do que precisa, mesmo?
"É uma garota muito distraída" pensou Farkle "Não ouviu metade do que disse."
— Me deram a chave de cima, de modo que não posso abrir a porta de baixo. Será que a senhorita poderia me deixar entrar? — Repetiu, tomando coragem para fazer mais uma pergunta — E, se não for incômodo, me deixar usar seu telefone, pois o meu ainda não foi instalado.
— Ah, claro. — Ela respondeu, educadamente — Pode entrar.
A porta se abriu e ele entrou. Se dirigiu até o único apartamento do primeiro andar, onde uma jovem o estava esperando, vestida apenas com uma camisola.
— Olá, eu sou Farkle. — Ele se apresentou, estendendo a mão.
— Farkle? — Ela franziu a testa — Como Farkle Minkus? 
— Sim, o próprio. — Ele respondeu, corando um pouco — Imagino que ficou sabendo sobre... A história do meu pai.
— Ah, é claro que sei! Sei tudo sobre pessoas ricas, querido! Entre, entre!
Ela deu passo para o lado, e ele entrou.
— O telefone está... — Ela apontou para uma mesa de centro em frente ao sofá, mas depois percebeu que o telefone não estava lá — Ou costumava estar... Ah, sim! Agora me lembro! — Abriu uma mala no canto da sala e tirou de lá o telefone — Maya não parava de me ligar ontem à noite, mas eu não queria atender, então coloquei-o na mala para abafar o som.
Colocou o telefone de volta na mesa. Farkle ligou para Smackle e disse apenas alguma palavras: "Já cheguei no apartamento. Adeus." Assim que percebeu que ele havia terminado a ligação, Riley recomeçou a falar como se nunca houvesse parado.
— Maya é minha melhor amiga, sabe? Adoro-a, mas às vezes é um pouco superprotetora. Ontem à noite, disse que o homem com quem fui pra casa não era um bom tipo, então brigamos. Ela vive pensando que sabe o que melhor para mim, mas não sabe! Eu sei! Enfim, imagino que tenha se arrependido, pois não parou de me ligar ontem à noite. Não vou perdoa-lá até que ela venha aqui, pedir desculpas pessoalmente. 
O modo como Riley falava rápido e emendava um assunto no outro fez Farkle ter um pouco de vertigem. Ela mal o conhecia, e já havia contado toda sua relação com a melhor amiga. Era uma garota estranha.
De repente, um gato laranja pulou no ombro de Farkle, com um miado. Depois, passou para uma prateleira quase vazia ao lado dele.
— Qual é o nome dele? — Perguntou o jovem.
— Ah, ele não tem nome. — Respondeu Riley, enquanto pegava o gato no colo — Somos dois pobres sem nome... Do jeito que estou, não tenho direito lhe dar um nome. Não pertencemos um ao outro, somos livres... Apenas nos encontramos um dia, no rio. 
"É uma garota estranha e dramática", pensou Farkle.
— Mora aqui há muito tempo? — Perguntou Farkle, desesperado para falar de algo normal.
— Cerca de um ano. — Respondeu — Esse não é meu lugar. Mas, algum dia, eu vou encontrar um lugar meu... Eu não sei onde é, mas sei como se parece.
— E como se parece? — Perguntou ele.
— Como a Tiffany's. — Ela respondeu, enquanto colocava um pouco de leite em uma taça.
— Tiffany's, a joalheria?
— Sim, é um lugar tão lindo, nada de mal pode acontecer na Tiffany's... Se algum dia eu achar um lugar como aquele, bem... Compraria alguns móveis e daria um nome para o gato.
— É... Uma meta interessante. — Respondeu Farkle, depois fez um comentário casual — Hoje é quinta-feira, tomara que entreguem as revistas no endereço certo...
— Hoje é quinta-feira? — Ela pulou do sofá e correu para o quarto — Não pode ser, é horrível demais!
— O que há de tão horrível nas quintas-feiras?
— Oh, nada! Só que nunca me lembro quando elas chegam! — A essa altura, ele já tinha a seguido até o quarto e sentado em sua cama — Geralmente, às quintas eu não vou pra cama... Bem, pelo menos não para dormir, porque porque tenho que estar em Sing-Sing às dez, porque o almoço é às onze. Já pensou, almoçar às onze?
— Sing-Sing?
— Sim, eu sempre achei um nome muito idiota para uma prisão, parece até nome de teatro lírico!
— E, desculpe me intrometer, mas o que vai fazer lá?

— Vou visitar Sammy. - Ela disse, em um tom casual.

— Sammy Tomato? O grande traficante?

— Oh sim, é o que os tablóides dizem. Mas, posso te garantir, ele é o velhinho mais querido que alguém poderia conhecer. Se não fosse pelos dentes de ouro, pareceria um monge.

Farkle duvidava de que um traficante internacional mundialmente conhecido pudesse, de alguma forma, lembrar um monge, mas não quis discutir. A moça parecia realmente acreditar no que dizia.

— E o que vai fazer lá?

— Bem, algum tempo atrás, o advogado dele, Mr. Shaugnessy, disse que ele estava procurando uma moça bonita para ir lhe visitar de vez em quando.  Não que eu ache que ele é um advogado de verdade, porque não tem escritório e sempre quer me encontrar em uma lanchonete, mas ele paga duzentos dólares, então eu vou. Ele queria me dar só cem, mas eu disse que todo bom cavalheiro dá cinquenta dólares para uma dama ir ao toalete, e eu peço também o dinheiro do táxi, o que dá cem dólares por cada encontro.

— E você só vai lá e visita Sammy?

— Bem, eu também transmito a previsão do tempo para o advogado, para que ele saiba que estive lá.

— Previsão do tempo? - Farkle estava achando tudo aquilo muito estranho.

— Sim, como "está chovendo em Fresno" ou " está nublado erm Mônaco", esse tipo de coisa.

Fakle não pode concluir seus pensamentos, porque, de repente, uma moça loira entrou pela janela do quarto, sem a menor cerimônia. A mulher entrou completamente no cômodo e limpou a poeira da roupa. Quando olhou ao redor, finalmente pareceu perceber a presença de Farkle. Ela, então, levantou as sobrancelhas, surpresa.

— Ah, me desculpe... - Voltou seu olhar para Riley - Não sabia que tinha visitas, Riles.

— Não se preocupe, Peaches. Ele não é um "rato", é só meu vizinho!

A garota relaxou os ombros. Ela, ao contrário de Riley, usava os cabelos soltos e calças. Sua blusa branca solta estava suja de tinta, e ela exalava um cheiro de tinta de parede e cigarros. Farkle sentiu certa afinidade com ela rapidamente, principalmente por ser diferente de todas as garotas da "Alta Sociedade" com as quais ele convivia.

— Certo... - Estendeu a mão para Farkle - Maya Hart.

O homem apertou sua mão.

— Farkle Minkus.

A garota, Maya, levantou as sobrancelhas, achando o nome do garoto estranho, mas não disse nada.

— Não se incomode com a entrada repentina - Disse ela - É um hábito meu. Mas só com Riley, é claro.

Farkle assentiu, ainda um pouco atordoado.

— Veio pedir desculpas, Peaches? - Interveio Riley - Por que, se veio, fale logo, porque tenho de ir visitar Sammy.

Maya pareceu um pouco contrariada.

— É, me desculpe - Disse, por fim, sem parecer muito arrependida - Eu estava errada.

— Ótimo. Já que estamos resolvidas, Farkle, querido, você poderia pegar esses sapatos embaixo da cama?

O homem obedeceu, pegando o par de saltos pretos embaixo da cama e entregando à garota. Riley entrou no closet e fechou a porta. Enquanto ela se vestia, Maya se sentou na cama, ao lado de Farkle.

— Ela uma coisa, não é? - Perguntou Maya.

— Com certeza. - Respondeu Farkle, sem muita certeza do que ela queria dizer - Você não se importa que ela vá visitar um traficante sozinha?

— Não se preocupe - Ela disse, não exatamente respondendo a pergunta - Cuidamos uma da outra há muito tempo.

Poucos minutos depois, os três saíram. Quando estavam na porta, um táxi parou na porta do prédio, e Isadora Smackle saiu do carro.

— Farkle, querido! - Deu um beijo no rosto do rapaz - Espero que a imobiliária não tenha te dado as chaves erradas, hein?

— Na verdade, eles deram. Mas a Srta. Metthews - indicou Riley com um gesto -Foi muito gentil e me deixou entrar. Riley, essa é minha decoradora, Isadora Smackle.

Riley, que havia tirado os óculos escuros para dar uma melhor olhada em Smackle (o que foi um gesto um pouco indiscreto), sorriu.

— Ah, sim, prazer em conhecê-la - Smackle mal olhou para ela - Mas vamos entrando, querido. Tomei a liberdade de decorar tudo por mim mesma, mas se você não gostar, podemos tirar tudo e refazer.

Smackle puxou-o pelo braço, de volta ao prédio, e os dois entraram. Maya e Riley partiram no mesmo táxi em que Isadora havia chegado.

E foi assim que Farkle conheceu as duas garotas que mudariam sua vida.

 


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