Contos de Lamarya escrita por Maryusuke


Capítulo 3
O Technolince - Parte 03 (Final)




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P a r t e I I I

O Technolince era bem mais sofisticado do que suas cópias. Tinha o dobro do tamanho e seu revestimento era feito de metais mais resistentes. Várias partes de seu corpo, principalmente nas juntas das patas, tinham placas aerodinâmicas. O que não era possível ver com os olhos era o mais impressionante. Seu cérebro cibernético. Inicialmente programado com um único propósito de eliminar a infestação de porcos mutantes que destruíam plantações. Entretanto uma anomalia fez com que sua IA acabasse por se desenvolver com o passar do tempo dando ao Technolince mais conhecimento do que devia. Capaz até de criar copias de si mesmo. Com isso um rastro de carnificina foi criado em qualquer lugar que as feras robóticas resolvessem passar, e uma caçada se iniciou. E ela termina agora.

— Estamos ferrados. – disse Mark.

A besta de metal andava em passos lentos em volta dos caçadores. Era possível ouvir seus circuitos zunindo. Seus olhos esmeralda analisavam suas duas presas.

— Azimu tente distrai-lo. – Mark fechou o punho direito, pequenos feixes de eletricidade começavam a envolve-lo. Eu só vou ter uma chance de disparar um raio e fritar ele. Depois tenho que esperar um minuto para recarregar. Talvez seja muito tempo.

— Com certeza. – disse Azimu. – Deixe comigo, capitão. Tenho certa experiência nisso.

E com um disparo que levantou a terra do chão Azimu foi em direção ao techonolince e lhe deu um chute na mandíbula. O animal girou para trás no ar com o golpe. Mas se recuperou rapidamente e pousou em uma das grossas árvores cravando suas garras na madeira para que não caísse. Antes que pudesse fazer outra coisa Azimu mirou seu rifle e disparou. Um feixe de luz azul cortou o ar. O technolince pulou tão rápido que Mark só viu um borrão passando por cima de sua cabeça. Ele parou uns cinco metros atrás dos dois. De repente ele escancarou a boca de onde se via suas presas afiadas e brilhantes. Um som começou a sair dela, baixinho e foi aumentando gradativamente ao mesmo tempo que uma luz surgia do fundo de sua garganta. Mas Mark também estava preparando o seu ataque. Seu punho se enchia de eletricidade. O technolince disparou primeiro. Uma bola de energia dourada ia em direção de Mark.

— CUIDADO! – Azimu empurrou Mark para a direita ao mesmo tempo que ele disparava seu relâmpago contra o inimigo. Ele havia mirado na cabeça, mas o empurrão de Azimu o fez acertar o technolince de raspão fazendo um rasgo em sua lataria. Mark foi empurrado com tanta força que bateu violentamente contra uma arvore caindo meio desorientado pela dor. O disparo de energia do technolince atingiu o braço de Azimu arrancando-o. Mas sem retroceder o robô usou o outro braço e disparou novamente o seu rifle de plasma, desta vez acertando em cheio a fera destruindo o seu olho esquerdo. Um liquido verde e fluorescente escorria do buraco. O mostro então recuou e disparou por entre a mata. Azimu correu em seu encalço.

— E- espera! – tentou gritar Mark, ainda caído e segurando o ombro direito que estava muito dolorido pela queda.

Ele começou a caminhar devagar e lentamente recuperava as forças. Tentou achar a localização de Azimu pelo radar de seu relógio de pulso. Mas a interferência continuava. De repente algo chamou sua atenção. Um rastro fino e luminoso seguia entre as árvores. Era o liquido verde que vazou do olho ferido do Technolince. Mark começou a caminhar mais rápido seguindo o rastro e quando suas forças voltaram ele passou a correr entre as árvores incubadoras. Azimu poderia estar em perigo. Precisava ser rápido, ele pensava. Finalmente ele saiu em uma clareira no meio da floresta, e na sua frente estava o Technolince. A fera robótica estava deitada, seu olho destruído parara de vazar, mas o outro piscava lentamente. O rasgo em sua lataria feito por Mark soltava várias faíscas.

— Ele está tentando ativar suas células de energia reservas para poder fugir e se recuperar de novo. – disse Azimu que estava na frente do Technolince observando-o calmamente.

— Azimu, que bom que ainda está inteiro. Quer dizer tirando o braço que você sacrificou para me salvar. Nem sei como agradecer. – Mark caminhou até o lado do parceiro robô.

— Não se preocupe com isso.

— Ele está juntando energia para fugir, é? Bem vamos logo acabar com isso e ir pra casa. – Mark começou a concentrar eletricidade no punho esquerdo já que o braço direito ainda estava dolorido de quando bateu na árvore. – Sabe, sinceramente, ele não foi uma presa tão difícil de pegar como eu li nos relatórios. Acho que demos sorte, Azimu.

— Sim.

De repente Azimu agarrou a mão esquerda de Mark e com um único aperto quebrou seus ossos. Mark soltou um grito estridente de dor. Azimu lhe deu um golpe no peito e ele caiu para trás.

— O que... está fazendo? – Mark mal conseguia falar pela dor.

— Sinto muito capitão. Mas não posso deixar que destrua o Technolince.

— Por...que?

— Porque ele é o propósito da minha existência. A razão de eu ainda não ter sido destruído também. Fui criado apenas e somente para caça-lo. Depois não teria serventia nenhuma. No mínimo iriam apagar meu banco de dados, minha memória. Deixaria de existir. Ou melhor, nunca teria existido. Confesso que no começo eu não me importava com isso. Na verdade, nem sequer tinha noção de que existia. Apenas me focava em caçar o Technolince. Mas como ele a minha IA se desenvolveu inusitadamente e então comecei a perceber as coisas. Percebi que existia e sabia o meu destino depois que o destruísse. Então resolvi mudar isso.

— Você... deixava ele escapar... – disse Mark.

— Sim. Todas as vezes que ia em uma missão para pega-lo eu deixava ele ir. Depois reportava que ele era muito desenvolvido e de difícil captura. Também sacrifiquei alguns companheiros da minha espécie para garantir a veracidade. Mas estes outros não tinham a mesma consciência de existência como eu. Enquanto eu trabalhava com robôs tudo estava bem. Mas então você e seus amigos foram chamados e infelizmente tenho que mata-lo agora.

— Seu... desgraçado... Foi por isso que você me jogou de lado quando ele disparou em mim e eu nele ao mesmo tempo... Não foi pra me salvar foi para salvar ele... – Mark tentava mexer no relógio de pulso com a mão direita ainda dolorida.

— Precisamente. E se está tentando chamar seus companheiros não vai adiantar. Na verdade, não era o Technolince ou ás arvores que causavam interferência no sinal. Era eu.

A tela holográfica saiu do relógio e o nome dos quatros companheiros de Mark apareceu. O rosto de Mark perdeu a cor. Abaixo de cada nome havia a palavra MORTO.

— NÃAOO!!

— Eu também fiz com que os robôs que acompanhavam eles fossem programados para mata-los em determinado momento. Um também se deixou ser destruído para não gerar muita suspeita. Não se preocupe. Vou reportar que todos vocês deram a vida para destruir os technolinces. Agora é a sua vez capitão.

Azimu puxou o rifle de plasma com o braço que lhe restara e a arma começou a concentrar energia.

— Seu maldito. MALDITO ROBÔ! – Mark chorava de tanto ódio. Ainda caído no chão tentou reunir energia na mão direita para disparar contra Azimu. Mas foi tarde demais. Azimu disparou e um tiro de plasma acertou Mark atravessando seu coração.

— Sinto muito, capitão. Mas você já cumpriu o seu propósito. – Azimu ficou alguns segundos olhando para o corpo morto de Mark. Depois foi em direção ao Technolince que ainda estava caído e colocou a mão que lhe restava na cabeça da fera.

— Já está recuperado, amigo? Bom rapaz. Agora fuja daqui o mais rápido possível. Vejo você na próxima vez.

O Technolince se levantou e correu mata a dentro. Ele corria até o Deserto de Sucata onde poderia obter o material necessário para se reconstruir por completo e em seguida criar outras cópias para protege-lo. Azimu e o que restou do seu grupo de robôs voltaram para a base do laboratório. Reportaram tudo o que Azimu queria que fosse dito. Até mesmo as imagens de suas memórias foram editadas por Azimu antes de chegarem lá. Os corpos de Mark e de seus companheiros traídos nunca foram encontrados.

                             C O N C L U Í D O


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Notas finais do capítulo

Opa! E ai, gostou desta primeira historia do mundo de Lamarya? Se sim comenta aí se devo continuar com esta série. Obrigado! =D



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