O Luau escrita por Mikasa10


Capítulo 1
Capítulo Único




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— Sofia, você tem que sair um pouco. Respirar para variar, só fica enfiada nesse quarto e não conhece o mundo. – disse Amanda, minha melhor amiga. Conhecemo-nos já havia dois anos, desde quando se iniciara a faculdade e éramos calouras. Ela era minha companheira, sempre estudamos juntas na casa uma da outra. E esse era um dos momentos.

— Ah Amanda para de drama. Eu estou muito bem no meu cantinho. – Falei sorrindo, não é como se não quisesse, mas sentia incomodada com a ideia de sair para festa ou qualquer coisa do tipo. Ela era caseira, e gostava realmente de ficar em seu quarto.

—Tô falando sério amiga, me diz quando foi a última vez que você beijou? – ela estava me provocando. – Deixa eu pensar, ah, você nunca beijou. Como assim Sofia, você tem 19 anos e até agora não deu um selinho se quer.

—Hahaha, que engraçado. – falei sarcasticamente. – E desde quando isso é importante? – falei corada. Perguntei isso, mas na realidade estava louca para perder o BV.

— Desde sempre. – Amanda respondeu. – Não é que seja importante, mas é uma coisa... como posso explicar... é algo muito bom de se fazer e fica melhor quando acontece com a pessoa que você gosta, acho que não expliquei certo. – ela pensou por mais um momento. – te causa uma sensação maravilhosa, de querer mais e mais. Enfim, seu primeiro beijo será inesquecível e já tá mais que na hora dele acontecer.

—Acho que você tem razão. – admiti. – Mas até hoje não apareceu ninguém de que gostasse de mim. – desabafei.

—Sofia, você quer que ele simplesmente apareça na sua frente como um passe de mágica? – Amanda disse ironicamente. – Hello? O mundo não é assim amiga, você tem que correr atrás. Deixa eu te falar a real, o príncipe não irá vim bater a porta do seu quarto e implorar pelo seu beijo. Você tem que sair e se mostrar para o mundo, para que assim alguém perceba sua existência. Virei até filósofa depois dessa. – ela começou a gargalhar sozinha. É louca mesmo.

— Vamos dizer que tudo o que você disse, tenha realmente um sentido. – disse levantando uma sobrancelha. – Como vou perder o BV sabichona?

— Você vai me acompanhar no luau. – ela abriu um tremendo sorriso.

— Não acredito que aquele discurso todo era só pra te acompanhar no luau. – falei com desdém.

— Ah Sofia, vamos, vai ser super, mega, ultra divertido. Fiquei sabendo que vai ter vários gatinhos. Já conferi quem confirmou presença no facebook. Comigo a coisa não é mole não. – ela riu novamente e dessa vez não resisti e caí na gargalhada também.

— Sua louca. Mas entendi, quando será? – me interessei pelo evento. Apesar de não gostar, queria dar uma chance para o mundo, talvez ele não seja tão ruim assim.

— Final de semana. Tem roupa pra ir? – ela me encarou. – Esquece que eu te perguntei isso, claro que não tem. Vamos sair para o centro e procurar alguma coisa para você vestir.

— Sim senhora. – estava ansiosa para ver o que isso ia virar.

4 dias depois. Sábado. Dia do luau.

Senti a brisa tocar meu rosto, a noite estava gelada. Mas era um vento gostoso, fazia lhe cosquinhas. Estava animada e ansiosa, seu coração palpitava que nem um passarinho aprendendo a voar. Observou ao redor ao sair do carro, viu o mar pertinho e estava lindo, o azul brilhante, refletindo a luz das estrelas e da lua. “Vamos Sofi, você consegue sobreviver a essa noite. Fighting.” Com o pensamento sentiu encorajada, mas ainda com calafrios na espinha.

— Sofia, toma aqui seu ingresso. – disse Amanda entregando em suas mãos. Ela me encarou – Está bem amiga?

— Estou sim Amanda, só um pouco nervosa.

— Que isso linda! Você está incrível, uma dica, só se divirta. Curta a vida, escute a música e dance o máximo que puder. – ela sabia ser motivadora quando queria.

— Não saia de perto de mim. – mesmo que fosse só uma festa, ela não estava acostumada.

— Tá bom, mas você que vai se perder de mim – ela sorriu maliciosamente. – alguém vai te chamar pra dançar, tenho certeza, afinal quem ajudou a escolher esse vestido?  Foi eu mesma. Eu confio no meu taco. – ela gargalhou.

Realmente o vestido era magnífico, seda branco com as alças caindo sobre os ombros. Apertava levemente sua fina cintura e a definindo e se soltava nas suas coxas, um pouco acima do joelho. E também usava uma coroa com flores brancas e rosas. Seu cabelo castanho se soltava em cachos naturais até a cintura. Estava linda, tinha que admitir, Amanda sabe o que faz.

— Vamos entrar. – ela foi na frente e eu a segui.

Entregamos os ingressos e entramos. Avistamos perto do bar algumas colegas da faculdade. E nos juntamos a elas. A música estava bem alta, eletrônica, mas nada incomodante, pelo contrário já estava sentindo no ritmo. Estava mexendo um pouco o corpo, não queria dançar loucamente, pois isso já passava do seu limite de vergonha em público.

 Todos estavam bem arrumados, observou alguns casais, turminhas de amigos. Estavam dançando, bebendo e conversando. E se distraiu quando ouviu risadas, vinham de uma rodinha de garotos que estava perto do nosso grupo. Esses estavam se divertindo. Sorri pra mim mesma. Estava se sentindo mais a vontade. Analisou por um momento e meus olhos encontraram um imenso ônix que por segundos hipnotizei e me perdi.

O menino era lindo, tinha cabelos negros e bagunçados, alguns fios caíam em sua testa. Era alto e vestia camisa branca e short preto. E segurava um copo na sua mão. Corei no momento e desviei o olhar. Ele estava me olhando também. Tentei entrar no meio da conversa das meninas para fingir que não estava prestando atenção nele. Estava com muita vergonha. “Ele é muito lindo para querer alguma coisa comigo. Ah Sofia, para com esse péssimo hábito de se inferiorizar”. Eu mesma me repreendia às vezes, pois achava que não boa o suficiente. Era só uma paranoia.

— Ei aquele não é o Jared? – Amanda olhou justamente para aquela rodinha que estava evitando. – Jared! – ela chegou perto de um menino loirinho da roda. – Ah você não disse que vinha.

— Oii Amanda. – ele a abraçou. – Então decidi de última hora, uns amigos me arrastaram. – Ele riu. – Além disso, mereço um descanso. A semana de provas me destruiu, precisava relaxar. - Eu conhecia Jared, era vizinho da Amanda e fazia outro no curso na faculdade. Eles se davam muito bem e eu sabia que minha amiga tinha uma quedinha por ele. – Ah oii Sofia, tudo bem? – ele me cumprimentou também.

—Tô sim, e você? – respondi.

— Nossa não acredito que você veio Sofia. Sempre quietinha por isso não se pode duvidar das pessoas. – ele sorriu. – está gata demais.

— Jared! Para de assanhar para cima da Sofi. – ela deu um leve empurrão nos seus ombros brincando.

— O que? Tá com ciúmes? – ele alargou o sorriso. – Você está maravilhosa Amanda.

— Chato. – e eles continuaram conversando animadamente e eu senti novamente um olhar sobre mim. Era o menino. Corei. Elas estavam praticamente dentro da rodinha deles. Me senti um pouco deslocada.

— Amiga, vou no banheiro. – precisava achar uma forma de fugir. Não sabia como lidar.

— Eu vou com você. – ela disse, mas percebi que queria continuar conversando com o Jared. Afinal, ele era seu crush.

— Não, eu vou rapidão. Já volto. Não se preocupe. – sorri para ela.

— Lucas, acompanha ela. – Jared apontou justamente para o menino misterioso. – Opa já ia me esquecendo. Sofia esse é Lucas. Lucas essa é Sofia. – percebe se que Jared estava um pouco alterado. – Aproveita e traz outra vodka para nossa mesa.

Meu mundo virou de cabeça para baixo.

— Acha que sou o quê seu capacho? – Lucas falou rindo. – Mas acompanho ela sim. – ele sorriu.

— Não precisa mesmo. – eu falei olhando para baixo.

— Eu vou no banheiro também. Sem problemas. – e ele puxou a frente. “Respira.”

E segui o menino misterioso.

                Com a música alta, o pessoal estava dançando e dificultou um pouco nossa passagem. E então alguém entrou na minha frente.

— Eii gracinha? Tá afim de passar um tempinho comigo? – Era um homem bêbado e parecia bem mais velho. Fiquei com medo.

— Er... não, eu estou com minha amiga. – tentei achar uma passagem para fugir, mas estava cheio de gente para tudo que olhasse. E de repente comecei a sentir um pânico.

— Ela não vai se importar. – e ele ia encostar sua mão em meu rosto, mas parou no meio do caminho, pois foi interceptada pelo amigo de Jared.

— Ah você estava aqui. – e segurou minha mão. – vamos.

— Quem você pensa que é? – o bêbado questionou.

 Ele pensou um pouquinho. – Um conhecido?

— Vê se não atrapalha. – o bêbado ia me tocar novamente. Mas antes que isso acontecesse. Lucas segurou a mão dele e apertou fortemente.

— Olha aqui cara, para com isso. Vai achar alguém que realmente queira ficar com você. Ela não quer e pronto. – Lucas ficou sério.

— E- eu estou com ele. – uni forças e segurei novamente a mão de Lucas.

Vi um sorriso de relance se formando no rosto de Lucas. Mas não quis encarar para confirmar, estava muito envergonhada com o que estava acontecendo.

— Aff, porque não disse logo. – e o bêbado saiu cambaleando.

— Então vamos. – Dessa vez ele puxou a frente segurando minha mão. Estava quente, talvez seja a adrenalina que estava sentindo.

Fomos para os sanitários e tinha uma fila enorme. Parece que todo mundo resolveu ir naquela mesma hora.

— Parece que vai demorar. Você está apertada?

— Não... na verdade só queria deixar minha amiga conversando com o Jared.- “E fugir de você” mas deixei essa parte de fora.

— Sério? Ela é bem sortuda por ter uma amiga como você, está disposta a ficar sozinha por ela?

— Sim. – concordei. – Ela já me ajudou muito, achei que dessa vez seria bom eu ajudá-la também. – sorri. Isso era verdade. Amanda sempre esteve com ela em todos os momentos. Fazia só alguns anos que havia a conhecido, mas era uma amiga que ia levar para sempre. Apesar das loucuras daquela doida, ela só queria encontrar alguém, assim como eu...

— Eu tô de boa. – Ele coçou a nuca. – Posso ficar com você se não se importar. – ele corou.

Sem querer acabei descobrindo que o menino misterioso, na verdade era um menino doce. Meu coração bateu forte. Isso é totalmente loucura, eu só conversei com ele por 2 minutos e de repente uma luz iluminou a escuridão do meu coração. Não é amor, porque não acontece tão rápido. Mas não posso negar, o frio começou a passar.

Eu ia retrucar, mas pensei em dar uma chance para vida.

— Tudo bem. – Sorri para esse completo lindo e fofo estranho.

— Você é linda. – Dessa vez o coração de Sofia parou por um momento. Aquele elogiou veio de repente, como uma flecha de amor atingindo seu coração. “Ok, talvez eu tenha exagerado com o pensamento”. Ele corou. – Quer dizer, me desculpe por falar assim. É porque me encantei pelo seu sorriso. E acabei falando sem pensar.

— O-obrigada. – gaguejei involuntariamente. Devia estar parecendo um pimentão naquela hora. – Agradeço também por me salvar daquele homem. Ele estava.... me incomodando.

— Ao seu dispor. – ele sorriu. – Deve ser duro ter que lidar com todos esses marmanjos que dão em cima de você, inclusive eu.

— Por que você diz isso? – perguntei. Corei com a indireta no final. Na verdade as pessoas não se insinuam para cima de mim. Talvez por que eu não saia muito. E não vejo muita razão, me vejo como uma garota normal, nada de espetacular.

— Porque você é muito linda Sofia. – meu nome saindo da boca de Lucas foi como uma canção para meus ouvidos. Coração disparou. – Sério que você duvida disso? – ele perguntou.

— Não, er... quer dizer. Só não estou acostumada com pessoas me elogiando. – fiquei meio sem jeito. Não sei como agir em situações assim. Talvez seja porque eu nunca tenha passado por uma situação assim.

— Então, te achei linda desde momento em que te vi àquela hora. – Ele começou a caminhar na gélida areia. – Vamos procurar um lugar para sentar, pode ser? – Assenti e inesperadamente a mão de Lucas encontrou a sua. – Para que você não se perca de novo. – ele sorriu. E começamos a caminhar.

Era 1h da manhã. A festa ainda estava no seu auge, todos dançando com uma barulheira sem fim. E eu estava num conto de fadas, segurando a mão de um completo estranho, cujo nome é apenas o que sei. Avistei Amanda no meio da multidão, com surpresa, vi que ela tinha se dado bem, pois estava beijando Jared. Dei pulos de felicidades na minha mente, ela merecia.

— Você quer ir para fora? Aqui dentro está meio agitado. – ele me encarou, e novamente encontrei seus olhos. Ele parecia um príncipe. “Para de se iludir Sofia”. “Não crie expectativas.” – Ou você quer ficar aqui?

— Não, vamos sair. Estou sentindo sufocada.

— É pra já. – fomos em direção à saída, como estávamos com a pulseira do luau não havia problema sair da festa e voltar depois. Logo que saímos, senti um vento gélido tocar minha pele. Estremeci levemente.

Fomos nos sentar na areia de frente para o mar. Era inevitável não ouvir o som da festa, mas estava baixo e abafado. A lua iluminava fortemente no céu.

— Você tem quantos anos? – puxei assunto. Aplausos para Sofia.

— Quantos anos pareço ter? – ele encostou as mãos para trás se apoiando na areia. Tinha um sorriso brincalhão no rosto.

— Eu digo que você tem 21. – encarei com um olhar pensativo.

— Errou. Tenho 17. – fiquei surpresa com a revelação. E então começou a gargalhar. – Desculpe, estou brincando, tenho 20. – dei um leve empurrão no seu ombro brincando. - Você passou raspando. – e comecei a rir junto com ele. - Eu chuto que você seja mais nova. Talvez 19. – ele levantou a sobrancelha, como se questionasse.

— É, você acertou. – revirei os olhos e fingi indignação.

— Você veio com sua amiga? – Lucas perguntou.

— Sim. A última vez que vi, ela estava “atracada” com seu amigo Jared. – sorri ao lembrar.

— Parece que eles estão se divertindo. – ele me olhou. E eu corei. – Posso confessar uma coisa para você?

— Pode, o que é? – encarei com curiosidade.

— Estou morrendo de vontade de beijar você. – segui seu olhar, e percebi que estavam olhando meus lábios. “Morri.”

Ele se aproximou do meu rosto e veio devagar. Com cautela, estava pedindo permissão. E como resposta, fechei os olhos. E pela primeira vez senti meus lábios sendo pressionados, senti a maciez dos seus lábios. Com um selinho, me senti nas nuvens. Sua mão veio parar na minha nuca me acariciando. Sua língua pediu passagem, e eu dei. A partir daí foi uma dança, os movimentos que ele fazia eu imitava. Foi suave, puro e doce. Estava sonhando. Nada podia estar mais perfeito como o primeiro beijo a luz do luar.

Nos separamos e encaramos por um breve momento. Sorri bobamente.

— O que foi? O que acha tão engraçado? – ele sorriu.

— Nada. – disfarcei. Ele continuava com olhar de interesse. – Você vai rir.

— Meu Deus, não me deixa curioso. Me fala. Prometo não rir. – ele é tão fofo.

— Esse foi.... meu primeiro beijo. – encarei o mar com a afirmação. E olhei de relance para seu rosto.

Ele pareceu chocado, mas depois sua expressão se amenizou e voltou para típico sorriso doce.

— Então serei lembrado pelo resto da sua vida?

— Bem provável. – afirmei, mal contendo o sorriso pelo comentário de Lucas. - Vai ser você que contarei para meus netos de como foi meu primeiro beijo.

— Me conte como você narrará essa história. Estou bastante ansioso para saber o que achou. – ele esperou minha resposta.

— Hm.... A vovó teve seu primeiro beijo no luau. – ouvi a risada de Lucas. – Foi com um menino muito bonito e fofo. Ele foi gentil e atencioso. Senti meu coração explodir pela primeira vez.

— Sofia, posso te beijar de novo? Acho que você me viciou. – Ele corou.

— Pode sim. – Sorri. Talvez eu que tenha me viciado em seus lábios.

Amanda estava certa, meu primeiro beijo foi inesquecível e provavelmente quero repeti-lo um milhão de vezes. Afinal, amar não é tão ruim assim.


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