2011

Nervoso.

Não, mais que isso. A beira de um ataque de pânico.

Era como eu me sentia agora, vendo Jin abrir seu sorriso lindo e ouvir a gargalhada escandalosa dele correr pelo seu apartamento. Eu automaticamente sorri, sabendo que para outros aquela risada era esquisita e motivo de deboche, mas para mim, era a risada mais linda do mundo.

Jin era todo lindo.

Ele sempre fora. De todas as obras de arte que eu vira depois de começar a andar com Jin, ele era a maior. Tudo nele era perfeito, sem exceção nenhuma, e essa perfeição fazia com que eu explodisse em sentimentos inexplicáveis quando ele estava perto de mim. Não importava se estávamos de terno, visitando alguma exposição importante ou com roupas largas, jogados no sofá como estávamos hoje, Kim Seokjin era lindo em todos os momentos.

—Namjoon-ssi? Você viajou muito, amor – ele me chamou delicadamente, me trazendo de volta a realidade.

—Desculpe, babe, eu ando muito distraído – acaricio sua coxa, que está jogada em cima de minhas pernas, já que nós dois estávamos um de frente para o outro. Ele inclinou sua cabeça e deu uma risada pequena.

—Sim, eu percebi. O que te incomoda, Joonie?

Essa era a minha deixa. O homem da minha vida estava na minha frente, eu tinha uma caixinha no bolso e meu coração batia a cada segundo mais apaixonado por ele. Mas mesmo sabendo que ele diria sim, eu tinha medo. Nossa sociedade não era a mais acolhedora e pouco se ouvia de casais como nós. Eu temia que ele tivesse medo demais e não quisesse lutar por nós. Eu estava disposto a correr todos os riscos por nós, porém Jin já sofrera demais nas mãos de quem julgava nosso amor.

Mas com ele tão adoravelmente me encarando, não pude evitar me sentir extremamente corajoso. Então saí do sofá, me ajoelhei na sua frente e peguei sua mão.

—Jin, amor, eu pensei mil vezes no que iria falar nesse momento, mas nenhuma delas, nenhumas das vezes que eu ensaiei isso me preparou o suficiente. Sério, olha pra mim – ri, vendo seu rosto bonito com uma expressão chocada – Eu estou uma bagunça porque você me deixa assim, uma completa bagunça de emoções e pensamentos e curiosidades e... Tudo. Jin, você é meu tudo. Todo meu futuro, todas as vezes que eu penso nele ou que você me pergunta sobre ele... Você está lá. Nós dois, juntos. Eu não me vejo sem você, nunca mais.

Levei minha mão livre ao bolso do meu moletom, onde a caixa de veludo estava. A puxei e deixei na altura dos olhos de Jin, que chorava abertamente agora. Fiz a façanha de abrir a caixinha com uma mão só e, vendo os olhos que eu tanto amava me encarando, perguntei:

—Kim Seokjin, meu Jin, meu amor... Você aceita se casar comigo?

~~*~~

Jin quis se casar na primavera, e eu, como o noivo bobo que era, aceitei, o que fez nós dois corrermos para acertar todos os detalhes. E agora, eu estava parado me encarando no espelho. Eu iria me casar.

Nosso casamento aconteceria ao ar livre, no jardim enfeitado de uma casa no lago. A construção antiga já tinha abrigado vários casamentos, e assim que vimos o lugar, decidimos que seria ali que casaríamos. A cerimônia seria apenas uma pompa para nossas famílias e amigos, mas não deixava de ser especial.

Olhei pela janela do meu quarto, vendo as cadeiras sendo lentamente preenchidas por pessoas que nos ajudaram a criar nossa história. As flores de cerejeira tinham desabrochado na madrugada anterior e agora enfeitavam as árvores. Exatamente por isso que Jin quis se casar na primavera, para ter aquela flor especificamente presente no nosso casamento.

Ele não poderia estar mais certo.

Sorri para o meu reflexo, alisando o terno antes de sair do quarto. Desci as escadas até o hall de entrada, cuja porta estava fechada, e fiquei parado ali, conversando com a planejadora do casamento, apenas esperando que Jin descesse as escadas.

E a espera valeu a pena.

O terno de Jin era preto, a camiseta branca e os cabelos rosa. Ele estava perfeito. Não havia como descrever melhor o jeito que ele parecia flutuar ao descer as escadas, um sorriso delicado em seu rosto.

Merda, eu estava tão apaixonado.

—Você está tão lindo babe – disse para ele quando Jin chegou perto de mim. Nossas mãos se uniram em um movimento automático, e eu beijei as mãos de meu futuro marido.

—Eu digo o mesmo... Você realmente fica lindo de preto! – ele respondeu timidamente, e a planejadora pediu para que nos arrumássemos para a entrada. Eu olhei para Jin mais uma vez e sorri. Em alguns minutos seriamos casados.

Então a nossa música começou a tocar, a porta foi aberta e nós demos nosso primeiro passo ao futuro.

~~*~~

A cerimônia passou em um borrão e não é necessário dizer que os votos de Jin me fizeram chorar. Não que os meus tivessem um efeito muito diferente nele, já que ao final da noite os dois tinham chorado tudo o que podiam, e agora estávamos no carro, eu dirigindo e ele dormindo ao meu lado. Não iríamos longe, na verdade queríamos apenas uma noite na praia, e depois voltar para o apartamento de Jin, que tinha virado nosso, se enrolar em cobertas e ficar abraçados até o amanhecer.

Okay, talvez com mais algumas coisas incluídas no meio.

Nada em nós dois era convencional, porque nossa lua de mel seria? Viajar no meio da noite até a praia mais próxima era muito mais nosso jeito do que alguma viagem para o exterior, e aquilo era exatamente o que eu queria. Um momento apenas com ele, com meu esposo.

Não foi difícil encontrar lugar para estacionar uma vez que chegamos à praia, pois realmente era madrugada. Assim que estacionei, me virei para acordar Jin, mesmo com pena de desfazer seu rosto tranquilo.

—Jin hyung, amor, chegamos – o acordei delicadamente, e ele se espreguiçou se enrolando mais ainda na manta que trazia.

—De quem foi a ideia de viajar a essa hora? – perguntou manhoso.

—Se eu não estou enganado, foi sua.

—Ideia idiota – ele murmurou antes de sair do carro. Eu o acompanhei, trancando o veículo logo em seguida, antes de segurar a mão de meu esposo e caminharmos até a beira da praia. – Eu tive muita sorte.

—Ah é? E por quê?

—Nenhuma pessoa sã concordaria em viajar para uma praia de madrugada pra comemorar a lua de mel.

—Está dizendo que eu sou doido?

—Sim. – ele riu, me abraçando. Eu era uns bons centímetros mais alto que ele, o que fazia com que Jin sempre tivesse seu rosto na curva do meu pescoço. – Eu achei alguém tão doido quanto eu, e ele me ama tanto...

—É? Como você tem certeza disso? – questionei provocativo.

—Ele casou comigo. E aceitou vir a uma praia no meio da noite só porque eu queria fazer nossas juras de amor embaixo da lua, como o grande bobão romântico que eu sou.

—Pode até ser um bobão romântico, mas é o meu bobão romântico. – beijei seus cabelos, observando a lua, que tinha aparecido detrás das nuvens. – Qual é a sua jura de amor, Jinnie?

—Na verdade, eu quero fazer um pedido a você – ele se virou para me encarar e eu não pude me impedir de admirá-lo. Na luz da lua, Jin ficava ainda mais bonito – Promete que daqui a dez anos ainda vai me amar?

—Não só daqui a dez anos, amor, mas também daqui a vinte anos, trinta anos, quarenta anos. Eu vou te amar pra sempre, Jin hyung.

—Eu vou cobrar! – exclamou, e então me beijou.

~~*~~

Seis anos depois

Fora um dia complicado.  Yoongi estava extremamente recluso e na defensiva, o que fazia com que brigas acontecessem entre ele e Hoseok, que se emburrou. Isso fazia com que os três mais novos ficassem agitados, já que era muito estranho não ter Yoongi perto deles e ver Hoseok bravo. Para completar, o single de Namjoon tinha sido vazado, o fazendo ter que ficar até tarde na empresa tentando resolver todo o problema que isso traria. Quando chegou em casa, ajudou Jin a resolver tudo principalmente com Yoongi, já que os dois eram mais próximos.

No fim do dia, perto das oito da noite, Yoongi se desculpou com Hoseok, que aceitou as desculpas, e todos os garotos estavam bem. Foram dormir resolvidos, deixando os pais finalmente descansarem, um nos braços do outro.

—E então? O que decidiram? – Jin pediu fazendo carinho no cabelo do esposo. Cuidar de Namjoon era uma terapia para o mais velho.

—Não decidimos. Eu só saí de lá porque precisava de você... – o homem confidenciou completamente entregue aos carinhos do marido.

—É bom saber que eu te acalmo, amor – Jin plantou um beijo no cabelo do marido. – Você ainda vai me amar daqui a dez anos?

Namjoon sorriu, mostrando as covinhas que Jin tanto amava. Aquela frase sempre voltava depois de um dia difícil para os dois. Era o jeito deles de lembrarem a paixão adolescente que tiveram e que ainda tinham, e a maneira que encontraram para não deixar aquele amor tão bonito morrer.

—Não só daqui a dez anos, Jinnie – o mais alto beijou esposo – Eu te amarei para sempre.

—Eu vou cobrar!

“É uma noite linda, nós estamos procurando algo idiota para fazer. Hey baby, eu acho que quero casar com você. São seus olhos lindos ou essa dança contagiante? Quem se importa baby? Eu acho que quero casar com você”.

Marry You – Bruno Mars