2018

—Okay, é isso – Yoongi disse quando esvaziou a última caixa e virou para Jin, que estava ocupado ajeitando os diversos bonecos que o filho colecionava em uma prateleira mais alta. O mais velho se lembrada de arrumar o estúdio do marido alguns anos antes, e havia certa nostalgia em fazê-lo de novo, mas também havia um tom amargo dessa vez. Seu garotinho estava crescido, já com um emprego certo na mesma empresa que o pai e um debut se aproximando. Jin sorriu se afastando da prateleira.

—Você e Namjoon são mesmo muito parecidos – falou soltando uma risadinha – Até os mesmo bonecos tem.

—Ele que me imitou, eu comecei a colecionar primeiro! – o mais novo disse rindo. – Obrigado por ter vindo me ajudar.

—Não foi nada – Jin olhou em volta, vendo cada coisinha em seu lugar, o teclado já instalado em seu suporte novo e um caderno aberto, só esperando que Yoongi o preenchesse de músicas. – Você ainda tem isso.

O caderno não era qualquer um comprado em um mercadinho qualquer. Anos atrás, logo depois de Yoongi ter sido adotado, Jin fez um curso de artesanato, onde aprendera a fazer cadernos à mão. Aquele caderno que Yoongi tinha perto do piano era o que Jin tinha feita para ele. Nunca tinha sido usado e o mais velho até pensou que já não existia, mas lá estava ele.

—Claro que tenho afinal você o fez pra mim – o garoto disse se aproximando de Jin – Hyung, eu preciso te falar uma coisa.

—Não ouse me fazer chorar, Kim Yoongi!

—Não, é só... – o mais novo riu nervoso – Eu sei que parece que eu não me importo com você, ou que eu não gosto de você tanto quanto gosto do Namjoon-ssi, mas não é isso. Eu só... Eu não sei conversar sobre arte e culinária e as coisas que você gosta como o Kookie sabe...

—Yoon, eu não acredito – o mais velho o olhou chocado. – Por favor, eu sei que você tem mais facilidade em falar com o Nam, e isso nunca foi um problema.

—Mas... Às vezes parece, não é?

—Não, Yoon. Você e Namjoon só têm mais assunto para conversar, não tem nada de errado nisso – Jin deu um sorriso doce, recebendo o garoto nos braços. – Eu só quero que saiba o quanto eu me orgulho de ter você como meu filho, e é muito, muito mesmo.

—Eu... Obrigado. Por ter cuidado de mim naquela noite. Por ter lutado por mim, mesmo eu sendo todo errado. – Yoongi disse baixinho, sentindo os braços de Jin o apertarem mais.

—Aish, por que esse tom de despedida? Você ainda mora comigo! – o mais velho exclamou brincando.

—Eu sei! Mas vai ser diferente agora, pai. Eu não vou passar tanto tempo em casa, e ano que vem começo a faculdade.

—Nem me fale disso, eu não acredito que meu primogênito já vai para a faculdade. Estou ficando velho mesmo! – Jin soltou um muxoxo tentando esconder o quanto ficara feliz em ouvir Yoongi o chamar de pai. Esses momentos eram raros e muito valiosos.

—Tão velho que nem quis comemorar o próprio aniversário, não é? – Yoon riu e viu a porta do seu novo estúdio se abrir, seus irmãos entrando lentamente e cantando parabéns para o pai.

Hoseok vinha na frente com o bolo, logo atrás vinha Jungkook de mãos dadas com os gêmeos, e fechando o grupo vinha Namjoon, que puxava o pequeno coral. Ao fim da canção, Jin estava radiante, literalmente. De alguma maneira, Namjoon via Jin emitir a sua luz própria, uma luz doce e acolhedora, que te fazia querer ficar por perto pelo tempo que poderia. Essa luz atraíra Namjoon muito tempo atrás, e cada um dos filhos também desfrutava dessa mesma luz. Era incrível.

—Faz um pedido, appa – Jungkook exclamou enquanto o mais velho assoprava as velas. Dessa vez, Jin não pediu por muito, tinha tudo ali, naquele quarto: Um esposo e cinco filhos, uma família, sua família.

Jin não poderia estar mais feliz.

~~*~~

2028

—Taehyung, amor, a sua camiseta tá ao contrário – Jin riu e começou a ajeitar a camiseta do filho agora de treze anos – Pronto. Você pode chamar o Jungkookie pra mim?

—O Hobi hyung chega quando? – perguntou pela décima vez naquela manhã.

—Ele já deve estar chegando, filho. Chama o Kookie, por favor? – o mais velho insistiu um pouquinho e Taehyung deu seu característico sorriso quadrado, indo rapidamente procurar o irmão mais velho. Enquanto isso, Namjoon chegou em casa e foi recebido por Jimin, que mesmo crescido ainda esperava a chegada do pai todos os dias.

—Olha que bonito que você está, Jiminie! – exclamou abraçando o garotinho, que tinha se arrumado impecavelmente naquele dia. – Posso saber pra que tudo isso?

—Yoongi hyung e Hobi hyung vem visitar, appa! – o garoto sorriu, puxando o pai até a cozinha, onde Jin terminava os preparativos para o almoço – Pai, o appa chegou.

—Obrigado por avisar, Jiminie – o mais velho sorriu se aproximando dos dois, mas parou encarando a camiseta do filho – Essa foi a camiseta que Holland te deu, não foi?

O rapazinho assentiu orgulhoso e saiu da cozinha logo após isso, indo conferir alguma coisa na casa.

—Jiminie realmente tem um crush no Holland – Namjoon disse rindo – Temos que avisar o Yoon, pensa se o irmão rouba o marido dele?

—Como você é bobo, amor – Jin riu – Jimin ama o Holland sim, mas ele ama mais o relacionamento dos dois. É um shipper louco.

—Verdade. Acha que dá tempo de um banho antes que eles estejam aqui?

—Se você for rápido, dá – e o rapper saiu correndo, o que fez o outro rir. Anos se passavam e Namjoon era a mesma criança. Jungkook finalmente apareceu agora no auge dos seus dezessete anos e passou a ajudar o pai na cozinha. Em alguns minutos, Namjoon tinha saído do banho, os gêmeos tinham brigado por uma coisa qualquer e Yoongi e Hoseok tinham chegado.

—Yoongi hyung! – Jimin gritou correndo para abraçar os mais velhos – Hobi hyung!

Taehyung correu também, fazendo aquilo se tornar um abraço em grupo, já que Jungkook não resistiu e entrou também. Mesmo não querendo demonstrar, ele sentia muita falta dos irmãos.

—Achei que Holland vinha junto – Jin comentou quando se separou do abraço dado no filho mais velho – Essa cor fica bonita em você.

—Do-Yun estava meio doente, ele quis ficar em casa – o rapaz explicou com os olhos brilhando de orgulho ao mencionar o filho. Arrumou os fios que estavam novamente pintados de verde menta e abraçou Jimin novamente.

—Como foi a viagem? – Namjoon perguntou para Hoseok, que tinha os cabelos num vermelho bonito.

—Tranquila. Quase não tem movimento nessa época do ano, é estranho – respondeu enquanto abraçava os pais. – Appa, você fez o meu bulgogi?

—E eu lá consigo dizer não pra você, Hobi? – o mais velho disse rindo – Está quase pronto, venha ver.

—Jungkookie, você disse que queria mostrar algo para mim – Yoongi lembrou, olhando para o garoto.

—Jungkookie hyung escreveu uma música – Jimin, que tinha se agarrado a Yoongi como um bebê coala, disse rapidamente.

—Yah, era surpresa, tampinha! – Jungkook exclamou, batendo de brincadeira no irmão.

—Não bate no Jimin hyung, Kookie! – Taehyung veio ao auxílio do irmão gêmeo, e qualquer coisa que aquele garoto pedisse, o outro faria.

—Que seja. Vem hyung, deixa em te mostrar.

Em pouco tempo, a casa estava tomada pelo barulho dos cinco irmãos interagindo não tão calmamente assim. Eles podiam ser unidos, mas ainda eram irmãos. Antes do almoço, conseguiram criar uma briga entre Yoongi e Hoseok porque, segundo o mais novo dos dois, com o cabelo verde Yoongi parecia ainda mais com uma tartaruga, sem contar as inúmeras vezes que Jungkook implicou com a altura de Jimin, o que realmente irritava o garoto, causando pequenas discussões entre Jimin, Jungkook, Taehyung e Yoongi. A casa nunca tinha visto tanta confusão em muito tempo, e por várias vezes os pais não se meteram até serem chamados na briga, e isso não ajudava em nada, porque enquanto Jin dava uma resposta diplomática, Namjoon colocava lenha na fogueira provocando os dois lados do embate. Realmente uma criança.

—Sabe que eu realmente senti falta disso – Hobi falou ao final do almoço, e todos olharam para ele. – Essa confusão, o barulho todo, tudo. O que faz da gente os Kim.

—Não era você que queria sair de casa o mais rápido possível? – Yoongi provocou novamente.

—Era, mas como eu tava errado – o garoto de cabelos vermelhos olhou ao redor de si, para os irmãos e para os pais – Eu tenho muito orgulho de ser dessa família.

—Todos nós temos – Jungkook disse, olhando para os pais – Obrigado. Por nos dar essa família meio amalucada, meio idiota, muito barulhenta que eu amo.

—Aish, hoje é dia de fazer o Jin chorar? – o mais velho perguntou indignado, se encolhendo contra o esposo, ouvindo as risadas dos filhos.

—Acho que hoje é o daí que a gente parou pra pensar, pai – Yoongi se pronunciou – Porque Hobi e eu já saímos de casa, Kookie ano que vem entra na faculdade, os gêmeos já não são aqueles bebês que nós conhecemos.

—Eu sei, estamos ficando velhos – Namjoon disse em tom de brincadeira. Tinha acabado de completar seus 37 anos e Jin estava perto dos seus 39.

—Não é isso, pai – Hoseok riu – Acho que o que queremos dizer é obrigado.

—É... Se não fosse por vocês, só Deus sabe onde eu estaria agora – Yoongi concordou.

—Eu definitivamente não seria assim – Hoseok complementou.

—E eu provavelmente teria largado a arte. – Jungkook murmurou.

—Taehyung e eu nem teríamos nascido – Jimin falou e o irmão concordou.

—É, definitivamente um obrigado – Jin riu, olhando para sua família emocionado. – Mas vocês têm é que agradecer a sua tia Lalisa e as batalhas de rap, se não nós também não estaríamos aqui.

—Nem Yoongi hyung e Holland – Taehyung lembrou, já que o irmão também tinha encontrado o esposo em uma batalha de rap.

—Batalhas de rap unindo famílias desde 2007 – Jimin comentou, recebendo risadas de todos os outros.

—Obrigado – Jin disse baixinho – Por serem nossos, por ser nossa família.

“Mesmo se essa estrada for distante e perigosa, você vai estar comigo? Mesmo quando eu cair e me machucar você vai estar comigo? Eu nunca ando sozinho, você e eu, se estivermos juntos, podemos sorrir”

You Never Walk Alone - BTS