In My Dreams escrita por KSDissidia


Capítulo 4
Entre ilusão e realidade


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^



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Mina enlaçou a cintura fina com ambos os braços e a puxou para mais perto de si. Encostou a cabeça em seu ombro, suspirando ao fitar o pôr-do-sol.

 

— Alguma coisa te incomoda? Parece inquieta.

 

A garota virou o rosto alguns centímetros, tentando encontrar os olhos de Mina, mas foi impedida de se mover muito mais pelo queixo apoiado em seu ombro. Elas estavam de volta ao campo de flores, sentadas abaixo da sakura. Mina estava atrás da menina e a tinha entre os braços, em uma “prisão” demasiadamente confortável. Nenhuma das duas tinha pretensões de sair daquele aconchego tão cedo.

 

— A vida real me incomoda... Já sentiu como se as coisas começassem a acontecer de uma vez e você está perdendo o controle?

 

Mina afastou o rosto alguns centímetros para poder falar e a garota aproveitou a chance para virar-se. Levantou uma das mãos e tocou o rosto preocupado da outra, em uma carícia gentil.

 

— É muito importante para você manter o controle de tudo?

— Eu sinto como se não pudesse me mover quando não sou capaz de planejar meus próximos passos. Tenho medo demais para andar no escuro.

— Mina, a parte mais interessante da vida é o fato de que ela é imprevisível. Se você se restringir tanto, não vai aproveitar o melhor dela.

— Você fala como se tivesse muita experiência de vida. - Mina riu e apertou o abraço. - Mas parece mais nova que eu.

— Idade nem sempre é sinônimo de experiência. - A garota sorriu, enigmática, e Mina a fitou.

— Eu gosto de imaginar que em algum lugar, lá fora, você é como eu. - Deixou escapar, e viu a testa da menina à sua frente franzir. Ela ficava fofa com aquela expressão.

— Como você em que sentido?

— Você está fazendo perguntas demais hoje. Achei que tinha respostas para tudo.

 

Mina riu dos olhos semicerrados em sua direção.

 

— Ninguém tem respostas para tudo e eu sou uma pessoa como outra qualquer.

— É mesmo? - O tom de voz era curioso. - Eu gosto de imaginar que você é como eu... Apenas uma garota tentando levar a vida calmamente e de algum jeito acabou perdida nesses sonhos com uma estranha. Parando para pensar nisso... Não é estranho se sentir tão confortável com alguém que nunca viu na vida?

 

Agora a menina riu abertamente, jogando a cabeça para trás. O som era melodioso aos ouvidos de Mina e ela sorriu apenas por ouvir aquela risada.

 

— Meio tarde para se preocupar com isso, não acha?

— Antes tarde do que nunca.

 

A garota fitou Mina com um meio-sorriso no rosto e inclinou-se para frente, até que sua boca estivesse a centímetros do ouvido dela.

 

— Talvez nós não sejamos desconhecidas.

 

Mina afastou-se em um sobressalto, o susto estampado por todo o seu rosto.

 

— O que quer dizer com isso?

 

A garota apenas levantou-se e começou a caminhar a passos lentos em direção ao horizonte. Mina também se levantou e foi em seu encalço.

 

— Não vai me responder?

— Prefiro que você descubra na hora certa.

— Pode... Me dizer seu nome?

 

Parou alguns passos atrás ao fazer a pergunta, tinha medo da resposta que receberia. Viu a silhueta à sua frente parar também e virar-se, o sorriso de volta ao rosto.

 

— Também é um segredo, minha bailarina.

 

***

 

— Mina!

 

Mina abriu os olhos. Era Sana, mais uma vez. Ela estava criando alguma espécie de hábito?

 

— Oi, Sana.

— Desculpe, eu não queria acordar você. - Sana pareceu sem graça frente ao tom de voz duro de Mina.

— Está tudo bem. - Mina sentou-se na cama, esfregando os olhos e suavizando a voz e a expressão. - Que horas são?

— Dez da noite. Eu te acordei porque você não fez a lição de casa e nem tomou banho, achei que não seria legal te deixar dormir até amanhã de manhã nessas condições...

 

Mina suspirou. Ela estava desregulando completamente o seu relógio biológico e tinha consciência disso.

 

— Obrigada, Sana. Sei que tenho te preocupado nos últimos dias.

 

Sana franziu a testa.

 

— Você sabe, é? Achei que estivesse distraída demais para notar alguma coisa.

— Não está totalmente errada. - Mina riu, sem humor.

— Eu sei que está acontecendo algo, cheguei a cogitar hipersonia. Mas não acho que seja o caso. - Sana estreitou os olhos. - Você vai me dizer o que está acontecendo?

— Me acharia louca se eu contasse,

— Bom, eu não estou te achando muito normal nesse momento.

 

Mina riu e levantou-se.

 

— Prometo que te conto quando me sentir mais confortável sobre o assunto. - E tiver certeza de que você não vai me mandar a um psiquiatra.

— Sei. Eu não vou me esquecer dessa conversa, Miyoui.

— Eu sei que não.

— Você ainda precisa me contar porque chegou daquele jeito. Ou não se sente confortável também? - Ironizou. Mina fez careta, esse recurso de linguagem não era muito característico de Sana.

— Eu vou tomar um banho e preparar o jantar, então nós conversamos, certo?

— O jantar já está pronto. São dez da noite, Mina. Dez e alguma coisa, agora.

— Você cozinhou? - Mina arregalou os olhos e Sana deu um suspirou pesadamente.

— Eu comprei.

 

Mina respirou aliviada.

 

***

 

As duas estavam sentadas à mesa da cozinha. Já haviam jantado e as louças utilizadas estavam sobre a mesa, haviam sido apenas empurradas.

 

— Você já pode começar. - Sana apoiou o rosto sobre os braços. Mina umedeceu os lábios com a ponta da língua, o que evidenciava para a melhor amiga o quão nervosa ela estava.

— Eu não sei como colocar isso. - Abaixou a cabeça, frustrada.

— Em palavras?

— Sana!

— Eu conheço você e sei que está complicando algo que na verdade deve ser absurdamente simples, Miyoui.

— Para de me chamar pelo sobrenome... - Resmungou.

— Mina. - Sana chamou, séria.

— Minha professora me contou sobre uma seletiva que a Companhia está promovendo por todas as filiais ao redor do mundo. - Mina respirou fundo. - Eles querem apresentar uma peça em Londres com apenas alunos dessas filiais... E ela quer que eu participe dessa seleção.

 

O silêncio perdurou por cerca de um minuto no ambiente.

 

— Viu? Não doeu. - Sana sorriu, mas Mina ainda estava nervosa.

— Sana, isso é sério!

— Eu sei que sim, Minari. Você disse, ainda hoje, que teremos um futuro brilhante não é? O seu está começando agora. Por que está tão nervosa?

 

Sana apoiou o cotovelo sobre a mesa e o queixo sobre o punho fechado, encarando Mina com olhos curiosos.

 

— Eu não sei... Alguma coisa me diz que essa apresentação vai me mudar de alguma forma.

— Você é sensível demais, Mina. Vai mudar pra pior?

— Não sei dizer.

 

Um silêncio pesado tomou conta do ambiente frente à última frase.

 

***

 

Momo brincava com o cabelo colorido de Dahyun, deitada em seu colo. Sana lia concentrada um livro de romance e Mina revisava a matéria dada na aula anterior. Matemática nunca fora exatamente seu forte, então se empenhava mais na disciplina. Sana resolveu que naquele dia deveriam sair da sala na hora do almoço e arrastou todas para o telhado, um lugar relativamente calmo. Ele não ficava exatamente vazio, mas poucas pessoas gostavam de lá e ele era grande o suficiente para que pudessem ter privacidade em suas conversas.

 

— Momoring, como está indo os ensaios para sua apresentação de dança? Está perto, não é?

 

Dahyun quebrou o silêncio que dominava o grupo e Mina ergueu os olhos das anotações. Havia se esquecido daquilo. Momo suspirou dramaticamente.

 

— Estão indo bem. Mas cansativas como sempre... Você parou de ir me ver, Dahyunnie ~

 

Dahyun riu.

 

— Eu estou estudando, Momo. Você também deveria estar.

— Eu quero uma carreira na dança, então é nisso que estou focando. - Momo levantou-se do colo de Dahyun e sentou-se, mantendo a coluna reta. - Eu não sou tão desmotivada quanto vocês pensam, sabe. Estou realmente me empenhando nisso.

— MOMORING! MOMORING!

 

Dahyun e Sana sorriram e ergueram os polegares para Momo, começando uma espécie de fanchant estranho com o apelido da garota. Mina observava aquilo quieta e com a cabeça ligeiramente inclinada.

Repentinamente o fanchant foi substituído por Sana fazendo uma voz que na teoria deveria ser fofa, mas aterrorizava as três garotas. Momo se jogou sobre ela na tentativa de fazê-la parar, o que resultou nas duas rolando pelo chão e de alguma forma aquilo virou uma guerra de cócegas. Momo rolou até parar sobre Sana, atacando a menina sem piedade. Dahyun apenas gargalhava, fazendo-se de surda aos pedidos desesperados de ajuda de Sana. Era impossível livrar-se de Momo sozinha.

Mina recostou-se na parede e deixou o caderno de lado, sorrindo ao observar as três amigas.

Dahyun levantou-se e jogou-se por cima de Momo, arrancando gritos de surpresa das duas e risadas altas depois. Sana sentou-se, sorrindo, sentindo Momo abraçar seu pescoço de um lado e Dahyun do outro.

 

— Ei, Minari?

— Hm? - O sorriso não havia deixado seu rosto ainda. Fazia tempo que não tinham um momento descontraído como aquele, e a visão das brincadeiras infantis fez o coração de Mina se encher de uma nostalgia que pensava ainda ser nova demais para sentir.

— Não importa o que vai acontecer conosco no futuro... A melhor parte da nossa realidade é o fato de que sempre estaremos juntas. Todas nós.

 

Os olhos de Mina se encheram de lágrimas e ela abaixou a cabeça para disfarçar, acenando timidamente. Mas o sorriso que jamais diminuía indicava que ela estava apenas feliz, feliz demais.

 

A realidade também tinha um lado bom.

 

***


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Notas finais do capítulo

:)



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