Venha, menina, não esperes pelo amanhã. Ninguém sabe o que tempo pode te aprontar. Cada novo dia é uma chance de tudo desmoronar. Aproveita que o medo fugiu ao ver tua coragem. Não há porquê adiar.

Descansa dessas noites ruins, dos pesadelos que não te deixam dormir, do cansaço de quem perdeu o sossego. Dê-me tua mão, permita-me trazer-te mais perto. Não te preocupes, meus olhos não estão abertos. Não julgo, não opino nem penso. A tua decisão, compreendo.

Não te acanhes com o que dizem, sou afetuosa com toda a gente. Meus braços receberam muitos, eles saberão te consolar. Meu colo é um lago profundo, cabe nele tudo que for do teu querer. Pode diminuir o teu fardo, pode te livrar do passado, as marcas e a fúria, as dores e o sonhos quebrados.

Abandona essa longa batalha, que também é vitória saber quando desistir. Nem tudo se alcança, é preciso distinguir. Não há motivo para vergonha, o fracasso tem outro nome. O que te ofereço, pura e simples, é a chance de se livrar dos homens.