Losing Control escrita por havilliard


Capítulo 1
End


Notas iniciais do capítulo

Essa história é algo totalmente novo para mim. Escrevi quando estava fora de mim, e gostei demais.

Só um aviso prévio: alguns acontecimentos na one-shot são verídicos, mas isso não significa que tudo que está escrito aí é realidade. Pode ser pra alguém em algum lugar, ou até mesmo para você, leitor(a), mas não é a minha.

Espero de coração que gostem e sintam o que senti ao esrever ♥



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Era tarde da noite quando ela bateu à porta com força. Sabia que ele estaria sozinho em casa, então não se preocupou com a possibilidade da mãe dele abrir a porta.

Não sabia o que a tinha levado até lá, mas não se importava; ela queria ir, de qualquer forma.

Já faziam três semanas que Elliot Barnes havia terminado com Olive, com a desculpa de que não podia manter o namoro pois os problemas o estavam sufocando. Olive concordou deliberadamente, apenas por também estar passando por uma semana difícil e não sabia o que dizer para que ele mudasse de ideia, e então, eles terminaram.

Duas semanas depois, quando achou que ia sufocar com a própria dor, Olive decidiu falar com Elliot novamente. As indiretas enviadas (e provavelmente não recebidas) não eram o bastante; ela queria entender. Queria que ele olhasse nos olhos dela e dissesse que não a amava. Queria que ele afirmasse sem tremer a voz que nada foi real e que tudo o que ele falou era mentira.

Estava desesperada. Nunca pensou que o amaria com tanta intensidade. Só havia amado desse jeito uma pessoa, e essa mesma pessoa rejeitou seu amor pelos mesmos motivos que Elliot a estava rejeitando. Não suportaria passar por isso novamente.

Quando finalmente o confrontou e disse o que estava sentindo e pensando, Elliot apenas disse que o melhor para ambos era que ela o esquecesse.

Olly: Mas eu amo você, Ellis. Isso não é suficiente?

Elliot: Eu não mereço o seu amor, Olly. E você não merece alguém como eu. Você só vai se machucar se ficar comigo, e isso é a última coisa que eu quero.

Olive tentou argumentar, mas ele a ignorou.

Ela esperou alguma resposta, mas quando ficou claro que ele não a responderia, ela perdeu seu controle em um momento de total loucura: pegou o primeiro ônibus da rodoviária até Kingsley e viajou somente com as roupas do corpo.

A cidade era pequena, e com apenas algumas perguntas, conseguiu encontrar o endereço de Elliot.

— ELLIOT!!!! — Olive gritou, batendo na porta novamente, desta vez, com mais força.

Pouco tempo depois, a porta se abriu com violência, revelando o garoto de cabelos desgrenhados e sem camisa. Ele não estava com uma expressão muito boa, e era óbvio que ela o acordara.

— Mas que… — ele começou, mas se interrompeu assim que viu quem estava parado à porta, do lado de fora. Ele riu de modo incrédulo e passou as duas mãos pelo rosto até os cabelos, os bagunçando ainda mais. — Certo, eu vou voltar pra minha cama agora, já que eu estou claramente sonhando. — falou, ainda encarando a menina.

— Eu estou aqui, Elliot. Estou aqui de verdade. — Olive respondeu o olhando com atenção.

Enquanto viajava, pensou em mil coisas que diria a ele. Mas agora que estava em sua frente, não sabia nem por onde começar. Perdera toda a coragem.

Parecendo desperto, Elliot segurou o braço de Olive e a puxou para dentro de casa, ainda tentando entender como ela estava ali e porquê.

— Olive, o que está fazendo aqui? — perguntou sem soltá-la. Temia que ela desaparecesse e tudo fosse fruto de sua imaginação.

Talvez ele tivesse exagerado na maconha, desta vez.

— É a primeira vez que nos vemos e isso é tudo o que tem para me dizer?

— Desculpe… é só que… — ele soltou o braço de Olive e apalpou o rosto dela.

Passou as mãos por seus cabelos encaracolados, torneando os dedos com os cachos. Lineou seu rosto com o polegar, tocando principalmente seus lábios. Ela era real e estava realmente ali. Em sua casa.

Mas por quê?

— Como você está aqui, Olly?

— Eu vim de ônibus.

— Com quem?

— Sozinha.

Elliot a encarou preocupado.

— Alguém sabe que está aqui?

Ela nem precisou responder. Ele sabia que não.

Suspirou e cruzou os braços.

— Olive, tem noção do que fez? Do perigo que em que se colocou? — questionou, um pouco irritado. Como ela pôde viajar sozinha de Portland até Kingsley? Ela era louca?

— Isso não importa, Elliot. Vim aqui porque quero que olhe nos meus olhos e diga que não me ama.

— O quê?

— Faça isso, Elliot. Faça isso e eu juro que nunca mais vou te incomodar.

— Olly…

— Você pediu para eu me afastar e só vou fazer isso depois que garantir que nada daquilo foi real. Que as coisas que me falou foram inventadas. Diga, Elliot.

— Não posso...

Ela estava desesperada. Nem percebeu quando começou a falar, e agora não conseguia mais parar. E o olhar inexpressivo de Elliot apenas a incentivou.

— Você é tão egoísta. A única pessoa em quem pensou foi em si mesmo. Eu também tenho problemas, Elliot. Muitos problemas. Sabe por que estou viva ainda? Provavelmente não, porque eu também não sei. Eu perdi muitas pessoas durante a minha vida, e até os amigos que eu tenho estão cansando de mim. Eu cansei de mim mesma. Nada que eu planejo dá certo, e meus sonhos não se realizam. Eu sou um erro do universo, Elliot. Você tem problemas, mas consegue fugir deles, nem que seja por pouco tempo, enquanto bebe e fuma e se droga; eu não. Enquanto você fica chapado e esquece até o seu nome, eu fico me martirizando e me depreciando, esperando o dia em que vou finalmente morrer. Tudo isso acontece comigo e a única coisa que eu quero é ajudar você. Quero que se sinta amado e perceba que o mundo não é formado só por coisas ruins. Quero ser o suficiente pra você, para que não precise mais usar essas porcarias para tentar atravessar mais um dia. Eu amo você, Elliot. Eu amo você e estar sem você me machuca mais do que estar com você, não entende? Mas se você olhar dentro dos meus olhos e dizer que não me ama, eu vou embora e não nos falamos mais. É isso o que você quer, não é? Então eu volto para Portland e você pode usar o que quiser e transar com a garota que desejar.

Olive respirou fundo, tentando recuperar o fôlego. Estava chorando, percebeu. E Elliot permanecia em silêncio, a olhando.

Quando finalmente teve certeza de que ela não diria mais nada, ele suspirou e se aproximou um passo dela.

— Acabou? — falou, finalmente. Ela assentiu. — Olive, precisa voltar para casa.

Ela baixou a cabeça. As lágrimas caiam com mais velocidade, agora.

— Foi muito perigoso o que você fez, e eu não posso nem imaginar…

— Cale-se.

— ...Como seus pais devem estar preocupados com você…

— Elliot, cale-se.

— Olly…

— Eu viajei duas horas até aqui, e rodei essa cidade inteira atrás de você, Elliot. Não vou embora.

— Eu não pedi que fizesse isso.

Ela sentiu como se tivesse levado um tapa. Ele não podia estar falando sério.

Olive o encarou como se ele tivesse acabado de dizer que os mortos ressuscitaram. Elliot não parecia nem um pouco arrependido, o que a deixou enfurecida. Então, sem pensar antes, avançou na direção do garoto e estendeu a mão para acertá-lo. Queria que ele sentisse dor, assim como ela estava sentindo. Queria que eles sofresse tanto quanto ela. E foi isso que estava pensando quando girou a mão para estapeá-lo no rosto. Mas seu braço foi impedido de continuar, pois Elliot o segurou no ar.

Olive tentou se soltar, mas o rapaz apenas a puxou para si e, sem nenhuma hesitação, a beijou.

Por um momento, Olive não entendeu nada. Queria empurrá-lo e bater nele, mas não tinha forças. Então apenas se rendeu e o beijou de volta. E não havia mais ódio ou dor, só ele e seus lábios nos dela e o desespero com que ele a beijava.

Parecendo mais relaxado, Elliot se separou dela e olhou em seus olhos.

— Não sabe como queria fazer isso. — sussurrou.

Olly apenas inclinou a cabeça para trás, esperando outro beijo.

Não se importava com o gosto do baseado em sua boca, que ele provavelmente havia fumado antes dela chegar. Queria sentir o que ele sentia, e se isso significa ficar entorpecida também, quem liga?

E então Elliot a beijou novamente, dessa vez com mais desejo, e logo eles se tornaram um emaranhado de braços e pernas e corpos no chão. Ambos totalmente fora de controle.


 

— Sabe que isso não pode se repetir, não sabe? — o garoto sussurrou, enquanto afagava os cabelos encaracolados da menina em seus braços.

— Elliot, por favor, não estrague esse momento. — ela respondeu, tentando esquecer por alguns minutos o que estava para acontecer.

Mas era impossível. Talvez fosse a última vez que o via e estava à beira das lágrimas.

Era engraçado pensar isso, já que nem mesmo gostava dele quando começaram a namorar. Ela suspirou. Parecia uma vida atrás.

— Olly, promete que vai se manter afastada? — Elliot pediu, afastando-se um pouco para olhar a garota nos olhos.

— Ellis…

— Prometa, Olive.

— Não posso prometer isso, Ellis! — ela se sentou e cobriu o rosto com as mãos.

Por que ele estava sendo tão cruel? Por que tinham que se afastar mesmo depois do que acabou de acontecer? Olive não conseguia entender.

Elliot se levantou, também, e colocou as mãos nos ombros da garota. Olive não se moveu.

— Olly... — ele chamou, se aproximando mais dela e beijando suas costas nuas. — Olhe para mim.

O corpo de Olive reagiu imediatamente ao toque dos lábios de Elliot, mas ela tentou não ceder tão fácil. Porém ele continuou beijando e beijando, subindo das costas para os ombros e, depois, o pescoço, até que ela não teve outra opção a não ser se virar para ele.

Elliot não prosseguiu, entretanto. Outra coisa tinha chamado sua atenção. Olive estava chorando.

— Olive... — Ellis falou com carinho e beijou as duas bochechas de Olly, secando as lágrimas que haviam acabado de cair. — É por isso que não devemos mais ficar juntos. Você está chorando por minha causa de novo. — suspirou e segurou seu rosto. — Ouça, meu amor, precisa voltar para Portland e me esquecer completamente. Entende? Não pode continuar com seus sentimentos por mim, certo? Precisa me deixar.

Olive apenas baixou o olhar e se afastou novamente. Ele não entendia. Nunca entenderia. Ela suspirou, conformada. Ele nunca a amou.

Sem falar nada, Olive se levantou e recolheu suas roupas pela sala. Foi quando sentiu o cheiro pungente do tabaco queimando. Elliot estava fumando. Ele prometeu que pararia, mas estava fumando mesmo assim e na frente dela. Ela não fez nenhum comentário sobre isso, apenas se vestiu e saiu, batendo a porta com força.

Ir até lá tinha sido uma péssima ideia desde o começo. Vincentt estava certo.

Olive voltou para a rodoviária e comprou uma passagem para o próximo ônibus que ia para Portland. Enquanto esperava, pegou o celular e discou o número de Vincentt. Ele deveria estar dormindo, mas não se importava. Ele pediu para ligar, caso precisasse.

Levou o telefone até o ouvido e aguardou. Ao terceiro toque, ele atendeu.

— Oi Olly. — ele falou, com a voz rouca.

— Desculpe te acordar, Vince. É que eu preciso que me espere na rodoviária.

— Na rodoviária? Por quê? Pensei que estivesse em… — ele se calou ao perceber os suaves soluços do outro lado da linha. — Oh, Olive.

— Você tinha razão, Vince. Eu deveria tê-lo esquecido. — ela esclareceu, com a voz embargada.

— Olha, quando tiver chegando, me manda uma mensagem. Vou buscar você.

— Tudo bem.

— Tchau, Olive. E sinto muito.

Ela suspirou.

— Tchau.

Olive desligou e se sentou em um banco.

Enquanto esperava, analisou a sua situação: havia viajado de Portland até Kingsley para consertar as coisas com Elliot, e mesmo depois de terem se entregado um ao outro, ele a mandou embora. Mesmo depois dela ter aberto seu coração, Elliot não a quis.

Era o suficiente para ela. Ele claramente não a amava.

— Passageiros com destino à Portland, o ônibus sairá em dez minutos.

Era seu ônibus. Olive se levantou e seguiu a fila de pessoas que iam para o mesmo lugar que ela. Olhou para trás uma última vez. Nada. Suspirou e entrou no ônibus.


 

Meses depois…

Era mais um dia quente de verão. Olive voltava de um passeio com Vincentt e Mary, e ao passar por sua caixa de correios, percebeu que a alavanca estava levantada. Se direcionou até a caixa e abriu a portinhola; havia um envelope solitário, lá dentro.

Olive pegou o envelope e seu coração parou ao ver o remetente.

“Elliot Barnes”.

Ela fechou a portinha dos correios e entrou correndo em casa, subindo direto para seu quarto e fechando a porta. Ela se jogou na cama e abriu desesperada o envelope, retirando as duas folhas de papel escritas com uma grafia quase ilegível. A sorte de Olly era ser amiga de Vincentt desde a sétima série, e ter de decifrar sua letra mais de uma vez.

Respirou fundo e abriu as folhas. Já estava chorando desde este momento, como se soubesse exatamente o conteúdo da carta antes mesmo de lê-la.


“Oi Olly. Sou eu, Ellis.
Não sei quando vai receber esta carta, mas provavelmente já estarei morto até lá. Sinto muito por avisar isso assim, mas eu vou morrer. Ou melhor, eu estou morto. Overdose. Cheguei num momento da minha vida em que não consigo aguentar mais vivê-la, então, resolvi que vou injetar heroína no meu sangue por um dia inteiro, e aí, vou morrer. Simples, não é?
Mas eu não estou escrevendo isso para dar más notícias, então por favor, não se desespere nem se deprecie com a minha morte. Nós dois sabemos que isso aconteceria uma hora ou outra, então nem se preocupe. E não morra, Olive. Não se atreva a tentar contra a própria vida só porque a minha chegou ao fim, ou eu juro que vou te assombrar a noite.
Certo, brincadeiras à parte, estou entrando em contato para esclarecer tudo o que aconteceu aquele dia, quando foi à minha casa. Começando por quando eu te vi parada do lado de fora.
Olive, eu não consegui acreditar. Eu sonhei por tanto tempo com o dia em que nos veríamos pessoalmente, e eu te beijaria e nós iríamos a muitos lugares juntos. Seríamos felizes. Eu seria feliz finalmente. E quando a vi ali, às duas da manhã, com os olhos castanhos brilhando de raiva contida, eu simplesmente não tive como reagir. Pensei que fosse coisa da minha cabeça, que eu estava vendo uma miragem. Mas não. Era mesmo você e eu ia beijá-la naquele instante, mas você estava com raiva de mim, então preferi ouví-la antes.
Depois disso, teve aquela hora em que despejou tudo sobre mim. Todos os seus problemas, ou pelo menos parte deles, você falou em uma enxurrada de palavras constantes, e enquanto eu ouvia, queria te abraçar e te proteger de todas essas pessoas que te fizeram mal. E mesmo com tudo aquilo acontecendo, você só se importou comigo. Com esse pedaço de merda que eu sou. E eu não podia te olhar e dizer que não te amava, porque eu estaria mentindo. Eu amo você, Olive, como jamais pensei que amaria alguém. Eu nem sei como isso começou, ou em que momento, mas eu te amo.
Nunca quis que terminássemos, mas era preciso. Eu sou um amor tóxico para um coração puro e imaculado. Eu te destruiría, Olly. Destruiría seu sentimento aos poucos, assim como as drogas me destróem. Você se dedicou a mim, Olive. Me suportou, mesmo que tenha sido só pela Internet; e mesmo assim, eu consegui estragar tudo e te deixar decepcionada. Eu sinto tanto, tanto. Não queria que as coisas fossem assim.
Me desculpe por ter deixado você partir, mesmo depois de termos feito amor. À respeito disso, espero que eu não a tenha machucado, e que tenha sido bom. Para mim, foi. Não estava nos meus planos, e provavelmente não estava nos seus, mas estou feliz por isso ter acontecido. Descobri que te amo muito mais, depois daquilo.
Me desculpe por não ter forças para lutar por você. Eu só quero que seja feliz com alguém que realmente mereça o seu amor. Eu não mereço nem o seu amor, nem você e nem viver.
Queria que houvesse a possibilidade de ficarmos juntos e um consertar o outro, como um casal deve ser, mas não há. Talvez numa próxima encarnação, se isso existir.
Encontre alguém que a ame e o ame, também. Seja feliz e se esqueça de mim. Não quero que sofra. Por favor, esse é meu último pedido.
Eu te amo.
E. Barnes.”

FIM


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Notas finais do capítulo

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