Miranda saiu do caminho, ainda respirando com dificuldade. Como sempre, Andy seguiu suas ordens e andou até as portas do elevador. Ela pressionou o botão sem acreditar no que tinha acabado de acontecer. Ela se sentia tão feliz, pensando que agora ela tinha todas as respostas para suas questões mais íntimas. Não importava se a sociedade dizia que era errado e que era o pior dos pecados. Andy estava feliz e talvez Miranda se sentisse assim também. A porta do elevador abriu, mas ela se virou e voltou para o escritório, de volta para sua amada. Minha amada? Era isso que Miranda significava? Antes daquele beijo ela não podia admitir isso, no entanto tudo estava mais claro do que água. Ela queria Miranda, porque talvez hoje fosse seu último dia na Terra. Quando ela parou perto de Miranda outra vez, um nó se formou em sua garganta.

“Miranda…”, ela se sentia tímida, “Eu acho que não devíamos parar.”

A sobrancelha de Miranda arqueou e um pequeno sorriso se formou em seu rosto.

“Quer dizer…eu…não sei…”

“Andréa está gaguejando de novo.”

Andy abaixou os olhos.

“E os Marcianos? Eles não vão nos matar? Você estava tão preocupada com eles”, Miranda perguntou com certa ironia na voz.

Com vergonha, Andy só colocou a câmera na mesa.

“Venha comigo, eu quero te mostrar uma coisa”, Miranda falou.

Miranda pegou seu casaco de pele e a bolsa, enquanto que Andy desligou o rádio, que no momento transmitia uma entrevista com um homem falando sobre como não haveria comida depois do ataque dos Marcianos.

Elas ficaram em silêncio dentro do elevador e assim que chegaram ao térreo, Miranda ordenou ao porteiro:

“John, peça para o motorista deixar o meu carro pronto, eu vou dar uma volta até o próximo quarteirão e voltarei por volta de quinze minutos.”

“É pra já, Miranda. Boa noite Andy.”

“Boa noite John.”

Gentilmente, Miranda colocou a mão nas costas de Andréa para guiá-la.

“Vamos andando até o outro quarteirão. Está com frio?”

“Não, estou bem.”

O casaco de Andy

A editora notou que o casaco de Andy era bem fino. Mesmo que a caminhada fosse durar apenas alguns minutos, Miranda tirou suas luvas e as entregou para a moça mais jovem e colocou suas próprias mãos nos bolsos de seu casaco. As ruas estavam quase vazias, era uma noite fria de domingo. Andy olhou ao redor e não viu sinal nenhum de gases ou armas marcianas. As pessoas que ela viu pela rua estavam comumente calmas.

As duas chegaram ao prédio da CBS.*6

Parecia que todos os porteiros da cidade conheciam Miranda, pois assim que ela passou por ele, o homem fez um aceno com a cabeça. Aquele prédio era mais magnífico do que o prédio onde elas trabalhavam, Andy estava boquiaberta com a suntuosidade. Elas entraram no elevador e Miranda sorriu para ela.

“Tudo bem, querida?”

“Sim, claro, onde estamos indo?”

“Você vai ver.”

A porta se abriu no 22º andar e Miranda foi direto para a recepção perguntando pelo nome de um homem.

“E quem é você?”, a moça da recepção perguntou sem olhar para cima, já que estava lendo uma revista.

Andy tentou conter o riso. Miranda olhou para a recepcionista com as sobrancelhas arqueadas até quase a base do seu cabelo.

“Miranda Priestly”, ela falou quase sussurrando.

A pobre recepcionista deu um pulo. Em segundos, a moça levou as duas para dentro e no caminho Andy olhou para o relógio na parede que marcava oito e cinquenta da noite e no calendário que marcava: 30 de outubro de 1938.