Like Magic escrita por FunnyBelle


Capítulo 7
Atrasada


Notas iniciais do capítulo

I feel like I've been locked up tight
For a century of lonely nights
Waiting for someone
To release me

Genie in a Bottle
Christina Aguilera



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Hermione saiu do colégio pontualmente as 16:00 horas, pegou ônibus das 16:10 em direção ao bairro mais nobre da cidade, pois era lá aonde sua avó misteriosa mantia uma residência em seu nome. A garota achava que a tal senhora estaria muito melhor acomodada em quaisquer um dos hotéis de luxo da cidade, e que não tinha necessidade nenhuma de manter uma casa em Londres pois ela residia na França, mas sabe-se lá o que se passa na mente dessas pessoas mais velhas, de toda forma ela saiu com 25 minutos de antecedência, pois odiava se atrasar. Hermione desceu do ônibus no ponto final da rua faltando exatamente 10 minutos para o encontro.

De acordo com a numeração a casa de sua avó deveria ser umas das mais afastadas do lugar. Seguiu então subindo a leve colina que levava ao fim da rua que não tinha saída, no final do morro, no fim da rua, parou em frente ao número dourado. Ela mal podia acreditar no tamanho da casa, cercada por um muro alto de tijolos e com um exuberante portão de grades douradas erguia-se a maior casa que Hermione já vira na vida, seu exterior era cercado por grama verde e bem cuidada, o que diga-se de passagem é quase um milagre em Londres, uma grande fonte erguia-se em frente à casa que ostentava milhares de janelas e torrezinhas o que a fez lembrar de um castelo. Ela ficou alguns instantes olhando para a casa antes de finalmente juntar coragem e tocar a campainha próxima a guarita. Pelo vidro ela pode ver dois homens em impecáveis ternos pretos olhando para ela confusos. Um pequeno alto falante fez ressoar a voz grave do primeiro.

—Não estamos fazendo doações hoje.

Hermione olhou ainda mais confusa e clicou no botão do interfone e pôs-se logo a responder.

—Ah, na verdade eu vim para ver minha avó. Dolores Umbridge.

— Ah sim, bem-vinda Senhorita Granger. Ela está a sua espera.

Os jardins eram ainda mais amplos do que imaginara Hermione. Tão amplos que ela teve vontade de entrar por entre os arbustos e deitar na grama fofinha, mas descobriu logo que não poderia fazer aquilo pois assim que pôs o pé na beiradinha, só para sentir a fofura por assim dizer, um grito ecoou pelo jardim por autofalantes que ela não conseguiu encontrar.

­­_ Não pise na grama!!

Assustada com o barulho Hermione lançou-se para longe da grama e correu para a porta de entrada. Ao chegar lá um mordomo a aguardava com a porta aberta, assim como um segurança que começou a revistar sua bolsa, observando seus bottons do Greenpeace e seu chaveiro de coruja. Quando já tinha amassado tudo o que havia dentro da mochila, inclusive as barrinhas de granola que ela comprara mais cedo, o segurança deu-se por satisfeito e a liberou. Uma mulher de meia idade a aguardava sorridente com uma prancheta na mão.

— Senhorita Granger, que prazer finalmente conhece-la. Eu sou Mafalda Hopkirk, sou assistente pessoal de Madame Dolores. Siga-me por favor ela está a sua espera.

Hermione seguiu a mulher até uma ampla sala de chá, a sala era totalmente decorada em tons rosa, do rosa chá ao rosa choque, nas paredes que também eram de tons rosado, viam-se vários pratos de porcelana pintados à mão, todos eles com gatinhos.

A garota observava tudo atentamente ao seu redor, a casa apesar de parecer muito antiga, tinha um ar sofisticado e luxuoso, Hermione olhava atentamente cada objeto enquanto aguardava a avó que ainda não chegara. Olhou para o relógio e percebeu que a senhora estava 10 minutos atrasada.

— Não se preocupe, ela já vai chegar. – Mafalda disse sorrindo para ela como se estivesse lendo seus pensamentos. Ela havia marcado de se encontrar com Gina na casa da ruiva e sabia que talvez teria que chegar atrasada o que a deixava completamente desgostosa. Quarenta minutos depois ela finalmente ouviu passos no andar de cima e uma figura apareceu no alto das escadas, era baixinha e atarracada, a pele esticada talvez pelas inúmeras cirurgias plásticas e que dava a ela uma aparência de um sapo com um laço cor de rosa na cabeça.

— Senhorita Granger, é com prazer que apresento a você sua avó paterna, Dolores Jane Umbridge.

A mulher parou diante de Hermione avaliando-as com os olhos.

— Mas você é tão... jovem.

Hermione sorriu percebendo a falta de adjetivos dá avó para aplicar a si.

— E você é tão... legal.

Por um momento viu o choque passar pelo rosto da mulher provavelmente ela assim como todos, supôs que Hermione iria chama-la de velha. Geralmente ela era uma moça muito doce, mas quase não pode suprimir a risada com a cara de paisagem que todos faziam agora. Um silêncio constrangedor se estendeu depois disso e foi interrompido por um anuncio de Mafalda.

— O chá está servido.

Elas então se levantaram e se encaminharam para o jardim dos fundos. Se Hermione achava que o jardim da frente era magnifico ela com toda certeza não estava preparada para o que a aguardava aos fundos. Cada centímetro do local estava coberto de flores, mas eram as rosas que a fascinavam, brancas e rosa-chá e espalhavam perfume por toda extensão. Ela não pode evitar um suspiro fascinado enquanto arrastava a cadeira de uma mesa servida de forma que aos olhos dela podia alimentar um batalhão inteiro.

— Fascinante não acha? Rosas eram as flores preferidas do seu Pai...

Por um instante Hermione se solidarizou com a mulher a sua frente, mas esse sentimento de simpatia foi-se embora com o comentário seguinte.

— Mas flores para mim são uma perda de tempo, e o cheiro de rosas definitivamente me dá náuseas. Vamos ao que interessa então?

Dolores então cruzou os dedos por cima da mesa e cravou os olhos na sua neta.

— A anos nossa família tem uma representatividade muito grande dentro da sociedade europeia, temos status, sobrenome e o que mais importa, dinheiro.

Hermione começou a se sentir desconfortável. Será que a mulher a trouxera ali para humilhá-la pelo fato de ser uma filha bastarda? Hermione sabia que o Pai tinha dinheiro, a mensalidade em Hogwarts High School era uma das mais altas do país. E mesmo que ela fosse bolsista jamais iria ter dinheiro para bancar tais valores. A sua frente a mulher ainda a avaliava e agora soltava risinhos enquanto tomava golinhos de sua xicara de chá.

— Como anda sua Mãe, ainda fazendo aquelas loucuras que ela chamava de arte?

A garota que já estava irritada teve seu humor dez vezes piorado após o comentário maldoso sobre a Mãe.

— Sim senhora. Logo após meu nascimento ela terminou a faculdade de artes e se dedicou a profissão.

Interessante... E você Hermine?

— Hermione! – Ela corrigiu.

— Foi o que eu disse. O que pretende fazer de sua vida, seus sonhos?

Hermione parou e refletiu um pouco antes de responder, nunca havia parado para refletir sobre aquele aspecto de sua vida. Ela sabia que queria se formar no colegial e talvez um dia se casar por amor, mas aqueles eram sonhos apenas dela e não contaria a ninguém, muito menos para aquela sapa velha.

— Não sei. Acho que por enquanto me preocupo apenas com a escola.

Interessante. ­— Hermione se segurou para não revirar os olhos no ato. Se já não tivera uma boa primeira impressão sobre sua avó agora ela a considerava insuportável. A velha então se ajeitou na cadeira e olhou diretamente nos olhos de Hermione como se estivesse escolhendo as palavras que diria a seguir.

— Sei que você deve estar se perguntando porque eu a trouxe aqui. Afinal de contas até a ligação que fiz a sua Mãe você se quer sabia da minha existência não é verdade? Seu Pai já faleceu a alguns meses e creio eu que você já deve estar a par das divergências que existiam entre nossa família e sua Mãe, correto? Mas e se eu te disser que seu destino vai mudar a partir do momento em que pôr os pés fora dessa casa?

— Perdão? ­– Hermione disse pousando a xicara de chá no Pires fazendo um estrondo muito grande o que gerou olhares de reprovação tanto da avó quanto de quem a servia.

— Lembra-se do castelo de veraneio que passou as férias com seu Pai, na França?

A garota balançou a cabeça afirmativamente.

— Ele é nosso. Lembra-se daquela foto em que seu pai estava em frente a um grande cruzeiro. Acho que ele te enviou essa foto na sua festa de 12 anos de idade. Ele também é nosso. Ah sim aquele hotel que ele a levou para jantar quando você fez 14 anos e acredito que foi o último encontro de vocês? Sim, o hotel é nosso. E quando eu estava te falando de influência eu estava falando exatamente sobre isso. E você sabe quem é a única pessoa que tanto por nome quanto por sangue vai herdar tudo isso quando eu me for?

A garota balançou a cabeça de um lado para o outro, com certeza aquela mulher a trouxera ali para dizer que apenas o neto legítimo que ela tinha herdaria tudo aquilo e que ela como a bastarda que era não deveria nem mesmo crescer os olhos sobre aquilo. Sendo assim provavelmente ela perderia até mesmo os benefícios que ela recebia de seu pai.

— A única herdeira viva de todo nosso patrimônio é você.

De repente, Hermione já não sabia mais onde encontrar o ar para respirar.


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Notas finais do capítulo

Mais um! :)



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