Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 2
Capítulo 1 - Um pingo de felicidade no meio do caos.




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Nikollay caminhava junto ao seu povo com passos lentos pela floresta. Tentavam empurrar algumas carroças para pela trila, junto com os pertences das pessoas. Quanto mais fundo eles adentravam a mata mais difícil ficava. Aqueles que tinham algum treinamento em combate estavam divididos, metade estava na frente junto com Alphonse e a outra metade estava na parte de trás protegendo a retaguarda do Clã junto a Nikollay. Depois de algumas horas tornou-se impossível empurrar as carroças para dentro da floresta. Então Alphonse ordenou uma pausa para que pudessem descansar e pensar no que fazer. Afinal, havia muitos idosos e muitas crianças no meio daquela caravana e eles pareciam cansados.

Nikollay sentou-se em uma pedra e suspirou, ele ainda estava com raiva por terem sido expulsos. Mas também estava triste, pois ele não sabia se conseguiria ver Amber novamente. Ele conseguia se lembrar da primeira vez que a tinha visto, como se aquilo tivesse acabado de acontecer.

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3 anos antes.

Elena e Nikollay estavam passeando pelo nível 2, na área comercial. Ele ainda não entendia porque sua mãe não havia pedido para alguém ir fazer as compras e muito menos o porque o tinha arrastado. Ele tinha que treinar, estudar e estar junto ao seu pai cumprindo a sua obrigação como aprendiz. Seu treinamento para se o Alfa e o líder do Clã já havia começado, ele não queria perder tempo passeando pelo mercado.

— Veja querido que flores lindas! — Exclamou Elena com um sorriso nos lábios.

E começou a se dirigia para a porta de uma floricultura. A loja era mediana em seu tamanho, suas portas e janelas de vidro permitiam que os clientes contemplassem a beleza das flores mesmo estando do lado de fora. Elena não pensou duas vezes antes de sair arrastando Nikollay para dentro da loja, aquilo fez o rapaz bufar. Era um jovem de 23 anos, não estava interessado em flores.

— Mamãe, eu tenho mais o que fazer. Vamos embora logo. — Ele disse aquelas palavras de forma impaciente conforme era arrastado para dentro da loja.

O aroma de flores impregnava o lugar, aquilo fez que ele ficasse um pouco tonto por causa de seu olfato sensível. Elena era pequena, mas isso nunca impediu que sua presença fosse notada ou respeitada. Ela simplesmente deixou uma expressão séria se formar em seu rosto e o fito por alguns segundos. Isso fez com que Nikollay ficasse quieto, ele sabia muito bem que sua mãe não era sempre uma doce e gentil senhora.

— Vá perguntar a alguém no balcão se eles têm Crisântemo, pois não estou vendo aqui. Ande logo! — Ordenou a mulher.

 Elena havia ficado irritada com as reclamações de Nikollay. Ele percebeu aquilo e resolveu que era melhor se afastar. Com passos rápidos ele chegou até o balcão, mas não havia ninguém no local. Ele ergueu a sobrancelha estranhando aquilo. 

 Olá? Tem algum ai? Vocês têm Crisântemo? — O tom de voz dele tinha se elevado, já que ele tinha percebido uma porta entreaberta. Não demorou muito para uma jovem passar pela porta com um sorriso em seus lábios carregando um jarro cheio de flores.

— Temos sim, senhor. Tem alguma preferência de cor? — Disse uma voz feminina com doçura e suavidade.

 Nikollay simplesmente não conseguia se mexer ou responder. Ele fitou a moça com admiração, nunca tinha visto moça tão bela. Seus cabelos desciam em ondas largas até sua cintura, eles eram alaranjados como a chama de uma fogueira, brilhavam como se fossem o próprio sol. Os olhos dela pareciam duas esmeraldas recém-polidas e o corpo era belo e curvilíneo. O rapaz quase não percebeu que a encarava de forma descarada e em silêncio, só reparou que cometia tal gafe quando a jovem começou a ficar com o rosto avermelhado. Foi então que Nikollay percebeu o que estava fazendo e um pouco sem graça ele desviou o olhar e riu baixo logo em seguida. 

— Não sei. — Respondeu com sinceridade. 

— O senhor está bem? — Perguntou a jovem.  

Ela estava com as maçãs do rosto avermelhadas e um pequeno sorriso tímido em seus lábios rosados. O rapaz assentiu e engoliu a seco. Na aparência eles eram completamente diferentes, era um contraste interessante. Nikollay com seus cabelos negros que chegavam até seus ombros com ondulações largas e os seus olhos eram igualmente negros, como o céu em uma noite sem a lua ou as estrelas.

— Amber, meu anjo! Vejo que já conheceu o meu filho.— Disse Dona Elena surgindo ao lado do rapaz.

 Nikollay havia esquecido completamente que sua mãe estava ali, havia ficado tão perdido com a beleza daquela moça que provavelmente tinha esquecido até o próprio nome. Ele sabia que sua mãe era observadora demais para não perceber como aquela jovem o havia deixado embasbacado. Estava começando a desconfiar que não entraram ali por um simples acaso, Dona Elena era perspicaz demais para isso.

— Esse é Nikollay, meu filho mais velho. Acabou de voltar de uma longa viagem no exterior. — Disse a mulher mais uma vez.

Naquele momento Nikollay entendeu exatamente o porquê sua mãe o havia trago para as compras. Ela estava tentando convencê-lo a namorar e se casar havia mais de um ano e sempre apresentava moças que ela julgava boas o suficiente. Mas Nikollay não tinha interesse em firmar compromisso com ninguém e sempre recusava da melhor forma possível, é claro.  

  — Sra. Dever… Elena! Como é bom revê-la. — Disse Amber.  

Quando ela começou a chamar Elena de senhora a mesma amarrou a cara e ergueu a sobrancelha levemente. Parecia que elas se conheciam a bastante tempo e que sua mãe já havia dito para ela chamá-la pelo primeiro nome. A jovem saiu de trás do balcão e se aproximou de Elena. Que não demorou muito para dar um forte abraço na jovem. Aquilo fez Nikollay erguer a sobrancelha, sua mãe não costumava dar aquele tipo de liberdade a quem não fosse da família, ela realmente deveria gostar muito dessa moça.

— É um prazer conhecê-lo Sr. Deverpolt. — Disse a jovem se virando para Nik com um sorriso nos lábios. 

— Pelo amor, Sr. Deverpolt é meu pai, eu sou só o Nikollay. — Disse o rapaz em um tom descontraído.

Quando ela estendeu a mão para ele para cumprimentá-lo com um simples aperto de mão ele sorriu. Levou sua mão até a dela, mas resolveu fazer um pouco diferente. Ele a segurou de forma leve, até mesmo carinhosa e a ergueu até os seus lábios dando um pequeno beijo na parte de cima da mão da jovem. Isso fez com que as maçãs do rosto da jovem ficassem vermelhas novamente e Nikollay soltou uma baixa risada por conta daquilo achando bem divertido.

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— Está rindo de que? — Questionou Alphonse.

Quando ouviu a voz de seu pai ele voltou a realidade, Amber não estava ali e nem sabia se estaria um dia. Seu rosto se fechou, acabando com qualquer resquício de felicidade. Ergueu os olhos negros para o homem que estava de pé a sua frente com o cenho franzido. Um suspiro escapou dos lábios do rapaz enquanto se colocava de pé, deslizou as mãos sobre as calças retirando a poeira. 

— Estava lembrando da mamãe e da Amber. Ainda bem que mamãe não está aqui para ver essa desgraça. — Quando Alphonse ouviu aquilo a sua expressão havia se transformado em uma expressão de tristeza.

— Não fique assim meu filho. A outras moças, tem muitas moças bonitas no nosso clã. Logo você vai esquecê-la. — Exclamou o homem mais velho.

 Ao ouvir aquilo Nikollay o encarou sério por alguns seguidos e depois soltou uma gargalhada carregada de ironia. Ele percebeu que algumas cabeças se viraram para observar o que estava acontecendo ali, mas ele não se importava nem um pouco com aquilo. Nenhum deles tinha o direito de se meter na vida dele e muito menos se meter no que dizia respeito aos seus sentimentos.

— Esquecê-la? E quem disse que é isso que eu pretendo? Eu vou é buscá-la e mesmo que eu não consiga eu tenho certeza que na primeira oportunidade que ela tiver ela vai fugir e vai me encontrar. O senhor não a conhece, mas a mamãe a conhecia e nunca teria falado uma merda tão grande perto de mim. — Disse o rapaz visivelmente irritado.

Ele virou as costas e começou a caminhar rapidamente na direção da floresta, na direção oposta de onde estava o seu povo naquele momento. Inicialmente ele não estava indo na direção da cidade, pois ele sabia que se fosse seu pai mandaria homens atrás dele. Então ele seguiu para o norte, podia ouvir a voz de seu pai lhe chamando. Mas ele simplesmente ignorou os sons que saiam da boca do homem e resolveu apressar o seu passo. Nikollay sabia que eles não o ficariam esperando para irem até a clareira, mas como ele conhecia bem o caminho não iria precisar de um guia turístico.

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 — Você não vai a lugar nenhum, você vai ficar aqui entendeu. — A voz exaltada era do Sr. Stevens, sua mão apertava o braço de Amber conforme ela tentava se afastar. — Você não vai atrás dele, não vai desgraçar a sua vida por causa dele! 

A jovem estava com os cabelos ruivos presos em um coque desleixado, abaixo de seus olhos tinham linhas fundas de olheiras e lágrimas escorriam por sua face. Ela não estava acreditando que estavam fazendo aquilo com ela, eles sabiam de seus sentimentos por Nik e mesmo assim queriam mantê-los separados. Ela nunca seria feliz naquela cidade sem a presença de seu amado e ela ir atrás dele era algo que já estava decidindo, seus pais gostando ou não.

— O senhor não tem o direito de me prender aqui, eu sou maior de idade já posso tomar minhas próprias decisões e ele é o homem que eu amo. Então se ele for exilado eu também serei. — Gritou Amber com seus pais pela primeira vez.  

 Ela tentou argumentar com seu pai, sua mãe somente ficava chorando em silêncio e lhe lançava um olhar de suplica, observou ela segurando o bebê  e suspirou. Seus gritos e de seu pai começaram a incomodar seu irmão caçula, mas ela não iria desistir. O homem continuou a esbravejar dizendo que ela não iria a lugar nenhum, mas ela estava determinada a ir e ninguém a impediria. Ele então resolveu tomar medidas mais drásticas, ele a arrastou até o quarto que pertencia a Amber e a empurrou para dentro. Ele iria trancá-la ali, como se ela fosse uma prisioneira. 

— Você só vai sair dai quando tirar essa ideia idiota da cabeça. — Esbravejou do outro lado da porta.

Amber não contestou quando ele a empurrou para o quarto, pois, ela sabia muito bem como sair dali. Quando a porta se fechou ela não demorou meio segundo para escutar o barulho da chave rodando na fechadura, a porta só poderia ser aberta do lado de fora. Visto que seu pai havia levado a única chave da porta junto com ele. E com isso todos achavam que ela estava presa, mas ela sabia que não estava. Pegou uma bolsa grande e colocou algumas roupas e sapatos dentro, não pegou nenhum salto selecionou somente calçados baixos e confortáveis. Sabia que não iria precisar de saltos no meio da floresta, pelos boatos era para lá que os Deverpolt tinham se direcionado. Amber sabia que seria difícil viver exilada, mas ela estava disposta aquilo.

Amber respirou fundo e foi até a janela do quarto, levou seus dedos até a mesma e a puxou para cima. Seu pai achava que ela estaria segura por estarem no terceiro andar. Mas ela sabia como descer e subir, já tinha feito isso várias vezes e já tinha visto Nikollay fazê-los centenas de vezes durante a noite. Primeiro ela sentou-se no parapeito da janela e suspirou, estava um pouco nervosa. 

— Vamos lá, você consegue é só ir com calma. — Ela sussurrou para si aquilo algumas vezes.

Disse aquilo mais algumas vezes, como se fosse um mantra. Um bem ao lado de sua janela havia uma enorme treliça trançada, estava coberta de flores. Aquilo facilitava a subida e a descida pela janela de seu quarto. Ela só precisava chegar com cuidado até aquela parte, colocando um pé de cada vez e se esticando agarrando bem com as mãos a madeira que havia ali ela começou a descer lentamente. Depois de alguns minutos ela já estava no chão, um sorriso cresceu em seus lábios e ela simplesmente correu para longe dali, em direção aos portões.

Ela andou rapidamente até a estação, ainda tinha algum dinheiro em seu bolso. Ao chegar lá apressadamente foi ao balcão comprar uma passagem. Seria muito mais fácil, rápido e seguro descer de trem do que ir andando. O trem passava ao redor de toda a cidade, era muito utilizado para os moradores transitarem e também para o transporte de cargas para os níveis superiores.

 — Um bilhete para o nível 4. — Pediu a jovem.

 O atendente a olhou com o cenho franzido, ela sabia que não se parecia com quem vivia no nível 4. Mas ela não se importava, quando ele finalmente lhe entregou o bilhete ela se afastou. Percebeu que ainda tinha 5 minutos antes da chegada do trem e resolveu comer alguma coisa, saiu de casa sem comer nada. Quando ela finalmente sentou-se dentro do trem ela suspirou aliviada, ela sabia que o encontraria e que ele estaria esperando por ela.

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 — Onde você pensa que está indo? — Uma voz conhecida soou aos ouvidos de Nik.

Ao ouvir aquela voz Nikollay revirou os olhos, ao se virar viu seu irmão do meio o encarar com um sorriso travesso. Assim como Nikollay ele tinha cabelos e olhos negros, mas os cabelos da Cameron eram um pouco acima da orelha e um pouco mais liso. Com passos rápidos ele se juntou a Nikollay e começou a caminhar junto com ele. Cameron colocou as mãos dentro dos bolsos de sua calça e começou a olhar ao redor, a grande espada e companheira de seu irmão estava presa a suas costas. 

— Vai buscá-la, não é? — Perguntou Cameron de forma retórica, afinal ele já sabia a resposta. 

— Vou. Vai vir junto ou vai voltar correndo para o papai? —  Nikollay riu quando falou aquilo.

 Mas ele conhecia Cam o suficiente para saber que qualquer loucura que ele inventasse o irmão o apoiaria e o seguiria, sem se importar muito com as consequências. Com um suspiro longo escapando dos lábios do mais novo eles continuaram caminhando, agora ele havia mudado a sua direção e estava voltando para a cidade. Não fazia ideia de como iria buscá-la, mas ele a faria.

— Claro que vou junto, mas temos que evitar os guardas. Papai mandou alguns para a fronteira da floresta com a cidade para impedi-lo, caso tentasse entrar na cidade novamente. E outros para te procurar e arrastar de volta, mas é claro que eu cheguei primeiro. Sou mais esperto que todos eles juntos.— Disse o mais jovem de forma descontraída.

Cameron então soltou uma gargalhada, que acabou contagiando Nikollay. Ele era extremamente parecido com a mãe deles no quesito personalidade, leve e descontraído pelo menos na maior parte do tempo. Isso era uma das coisas que Nikollay adorava em seu irmão, ele com um sorriso travesso em seus lábios disse. 

— Só temos que chegar primeiro que eles então? — Questionou Nikollay com o mesmo tom de descontração.

Os dois soltaram uma risada e começaram a correr, mas eles não corriam na mesma velocidade que humanos normais deveriam correr. Sua velocidade era muito maior do que a de um humano, a floresta começava a passar como um pequeno borrão pela vista deles. Aquela na verdade não era nem a velocidade máxima que eles podiam alcançar, afinal era dia e lua nova. Eles estavam correndo contra o tempo, pois ele duvidava que seu pai havia mandado guardas humanos atrás dele.

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Quando finalmente chegou ao nível 4 Amber sorriu, rapidamente ela se levantou do trem e foi caminhando com passos largos em direção ao portão. Ainda faltava algumas horas para o jantar, ela sabia que a sua família não iria notar a sua ausência por um tempo. Alguns minutos depois ela já estava no portão principal que dava para fora da cidade, seus olhos bateram em um grupo de guardas que patrulhavam aquele local e não demorou muito para um deles se aproximar.

— Está perdida? — Perguntou um dele com uma expressão confusa.

Geralmente a segurança só era rígida com quem queria entrar na cidade, com quem saia eles não costumavam se importar muito a menos que o alarme soasse. Então ela esperava não ter problema para sair dali. Ela realmente esperava que aquele homem não atrapalhasse os seus planos. Amber colocou o seu melhor sorriso nos lábios e negou com a cabeça com calma, precisava demonstrar confiança. Não poderia parecer suspeita ou isso estragaria tudo.

— Não, só vou até a beira da floresta pegar algumas flores que crescem por ali, logo estarei de volta. — Disse em um tom calmo e suave. O guarda franziu o cenho, mas deu ombro e disse. 

— Mas tome cuidado, aqueles monstros estão na floresta agora e eles podem lhe ferir. — Disse o homem que dava passagem para ela.

Ao ouvir aquelas palavras o sangue de Amber ferveu, ela sabia que nenhum deles jamais a machucaria, ela respirou fundo e só assentiu com um pequeno sorriso. Porque se ela resolvesse responder acabaria falando algo desagradável e ela não poderia correr o risco de ser presa. Com passos rápidos ela se dirigiu ao portão para sair da cidade, ela não podia perder tempo ali. Sabia que ele a encontraria e ela não tinha medo da floresta ou do povo dele. Já havia ido até a floresta várias vezes com Nikollay, em uma das vezes até eles foram a uma linda clareira e ele sempre dizia que aquele lugar era importante para a família dele. Amber tinha quase certeza de que ele estava indo para lá, era grande o suficiente para todos do clã se instalarem com conforto. Conforme ela se afastava dos portões e se aproximava da floresta seu coração pulsava em seu peito de forma acelerada, sua respiração havia começado a ofegar por conta da ansiedade para vê-lo.

 — EI VOCÊ AI, VOLTE AQUI! — Gritou um dos guardas.

Quando ela ouviu aquelas palavras, a jovem se virou um pouco e viu que o guarda com quem ela havia falado começou a caminhar na direção dela acompanhado de um outro guarda. Ela não pensou duas vezes, Amber começou a correr o mais rápido que podia em direção a floresta. Ela escutava os gritos de ordenando que ela parasse e ela simplesmente os ignorou. Será que seu pai já havia descoberto? Ela não sabia o porquê a estavam chamando, mas decidiu que não ficaria ali para descobrir. Assim que ela chegou nas primeiras árvores olhou para trás e viu que os guardas estavam parados discutindo se iriam atrás dela ou não. Ela soltou uma risada e voltou a correr, começou a correr na direção que sabia que a clareira ficava.  

Alguns minutos depois ela começou a se sentir mal, sua cabeça estava latejando e o mundo parecia que estava girando. Ela parou com a respiração ofegante, ela já não tinha mais certeza se estava na direção certa. Afinal, às vezes que ela tinha ido naquele lugar estava com Nikollay, na maioria das vezes estava mais concentrada em admirá-lo e não havia dado tanta atenção ao caminho. Naquele momento estava se arrependendo amargamente disso.

— NIKOLLAY! CAMERON! NIKOLLAY, ESTOU AQUI. — Ela começou a gritar com toda força que tinha.

  Continuou a andar pela trila indo cada vez mais fundo pela floresta e gritou por um bom tempo por seu amado, mas ninguém respondeu. Ela estava ficando cada vez mais tonta e mais cansada. O sol havia começado a se por indicando que era fim de tarde, o cansaço havia tomado conta de seu corpo. Caminhou até uma árvore e escorou seu corpo ali, aos poucos foi deslizando até o chão e sentou no chão, não se incomodou com à terra fria tocando seus dedos que agora estavam apoiados contra o chão. Ela viu algumas sombras se aproximarem, mas sua visão estava turva demais para identificar ao certo quem eram aquelas pessoas, a sua respiração estava mais ofegante por causa do esforço que fizera. O pânico se apossou dela quando pensou que poderiam ser os guardas de Borthen. Ela tentou se levantar para correr novamente, mas não conseguiu estava. Ela estava fraca demais para conseguir se mexer. Um deles se abaixou e a pegou no colo ela ainda tentou protestar e empurrá-lo, mas não tinha força para isso. Pequenas lágrimas de pavor escorriam por sua face, que estava suja com um pouco de terra.  

  — NÃO! Me solte, eu preciso achar o Nikollay, ele precisa saber que eu não o abandonei. Por favor. — Ela resmungava, mas não demorou muito para perder a consciência. 

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Quando Nikollay e Cameron finalmente chegaram a fronteira já havia passado pelo menos meia hora e eles perceberam que havia uma movimentação estranha. Muitos guardas estavam na frente do portão principal, alguns estavam mais abaixo perto da floresta e olhando para a mesma, como se procurassem algo. O que era estranho, será que eles estavam com medo do Deverpolt atacarem? Bom eles deveriam estar mesmo.

— Sr. Nikollay, Sr. Cameron! — Eles escutaram uma voz familiar.

Ao ouvir chamarem seus nomes eles xingaram baixo, eram dois guardas de seu pai. Se aproximaram rapidamente deles. Pelo visto eles tinham perdido tempo demais conversando assim que se encontraram, já que aqueles guardas acabaram chegando ali primeiro que os dois. Era a única explicação, afinal os dois irmãos eram os mais rápidos e fortes dentro do clã. Como eles não tinham mais como ir atrás de Amber por conta da alta movimentação nos portões, eles resolveram se aproximar dos guardas que pertenciam ao seu clã. Cameron era bastante curioso e decidiu tentar descobrir porque os guardas de Borthen estavam tão agitados.

 — Sabe o porquê os guardas estão tão agitados assim? — Perguntou Cameron a eles.

Um deles logo assentiu com a cabeça. Pareciam um pouco apreensivos e seus olhos estavam fixos em Nikollay. Ele estava perto de Alphonse quando eles discutiram mais cedo. Talvez estivesse com medo que o jovem saísse correndo e tentasse invadir Borthen com tantos guardas por ali. Nikollay era impulsivo, não estupido. Seria suicídio tentar entrar na cidade agora.  

— Sim, uma jovem fugiu da cidade, direto para floresta. Eles a deixaram passar porque ela disse que ia colher flores, mas quando eles a viram passar das flores tentaram vir atrás dela e ela correu para dentro da floresta. Nós a achamos semi consciente e tem mais uma coisa… — Disse o guarda que parecia ser mais velho.

Os olhos de Nikollay estavam vidrados no guarda, ele não conseguia parar de pensar em Amber. Será que seria ela? Ela era capaz desse tipo de coisa, ela sempre enganava a família para se encontrar as escondidas com ele depois que a investigação contra o clã começou. Amber sempre disse que o seguiria aonde quer que ele fosse e ele sinceramente nunca duvidará da palavra de sua amada. Nikollay já estava impaciente com tanta enrolação da parte dos guardas, estava a ponto de socar o guarda e ver se assim ele desembuchava mais rápido.

— Fala de uma vez ! O que mais? — Perguntou o mais velho visivelmente irritado. 

— Ela tinha cabelos vermelhos como fogo e não parava de falar o seu nome, Sr. Nikollay. — Concluiu o guarda ainda apreensivo.

Cameron ficou observando Nikollay sair correndo em direção a clareira quando o guarda disse a cor dos cabelos da moça, ele não precisou de mais nada e para sair correndo com um sorriso nos lábios. Ele sabia que era ela e essa atitude fez Cameron soltou uma risada baixa ao ver a cara confusa dos guardas. 

— Vamos, ele vai sair correndo podemos tentar alcançá-lo ou irmos com calma. Mas eu quero ver a cara dele quando chegar lá, então tchau. — Disse o mais novo de forma descontraída.

Cameron soltou uma pequena risada antes de não se conter e começar a correr com toda velocidade que podia atrás do irmão mais velho. Nikollay era muito mais rápido e ainda estava na vantagem, sabia que ele não conseguiria chegar primeiro a menos que pegasse um atalho.

Nikollay já não se importava mais com nada naquele momento, só queria chegar até Amber. Ele não tinha a menor noção de tempo naquele momento, ele simplesmente corria para chegar até a sua amada. Percebeu que no céu os tons mais escuros já dominavam, a lua já estava no céu mostrando toda a sua majestade e isso só permitiu que ele aumentasse sua velocidade. Com Amber ao seu lado ele sabia que seria forte o suficiente para vingar o seu povo e protegê-los, sabia que não precisaria se preocupar em tentarem usar ela como arma para chantageá-lo. Todos sabiam que ela era sua única fraqueza e se ela realmente estava aqui, ele poderia queimar aquela cidade amaldiçoada sem nem pensar duas vezes. Quando ele finalmente começou a se aproximar do acampamento viu guardas se aproximando para falar com ele. 

— Onde ela está? Onde Amber está, me diga logo! — Gritou ele com os guardas assim que parou na frente deles.

— Está na tenda de vosso pai. — Um deles finalmente respondeu. 

Em poucos segundos ele já estava atravessando a clareira, sabia qual era a de seu pai. Era só procurar a maior e a que ficasse no final da clareira. Quando ele entrou na tenda sua respiração estava ofegante. Então ele a viu, um sorriso se formou em seus lábios e ele logo se aproximou de sua amada. Ela estava deitada sobe algumas almofadas e parecia estar dormindo, Alphonse estava ao lado dela com um olhar preocupado. Quando Nikollay se sentou e pegou a mão de Amber sentiu o toque de seu pai em seu ombro.

— Me desculpe pelo que falei antes. Você tinha razão ela não desistiu de você. Mas ela não tinha que ter se esforçado tanto, não no estado em que ela se encontra. — Exclamou Alphonse visivelmente arrependido de suas palavras anteriores.

O rapaz assentiu desculpando o pai, ele não entendia o amor que ele sentia por aquela jovem e por isso havia dito aquelas besteiras, Nikollay sabia disso. Mas ao prestar atenção nas palavras que ele lhe dissera depois, Nikollay se assustou e se virou para fitar o pai com um olhar confuso. Só então que ele viu que um dos médicos que tinha no Clã estava ali parado os observando os três. Se haviam chamado um médico devia ter algo errado com Amber e ele acabou entrando em pânico com aquele pensamento girando em sua mente.

— Estado? Que estado? O que ela tem é grave? Anda, fala de uma vez! — Nikollay estava visivelmente nervoso. 

Mas Alphonse começou a rir de forma descontraída e o jovem não entendeu absolutamente nada. Se ela estava doente por que diabos o seu pai estaria rindo daquela forma? Por que o velho estava parecendo feliz e estava achando graça da reação do filho? O médico se aproximou e fez menção de que iria falar algo, mas Alphonse ergueu a mão para que o médico se calasse e apontou para Amber com um sorriso nos lábios.

— É melhor ela mesmo te contar. — Disse com diversão em sua voz.

Nikollay se virou e então percebeu que ela havia acordado. Amber tentou se sentar, mas cambaleou um pouco. Percebendo que ela ainda estava um pouco tonta resolveu ajudá-la. Levou uma de suas mãos as costas dela para lhe dar apoio e ergueu a parte de cima do corpo dela com facilidade. Logo ele a puxou para si com delicadeza, deixando ela apoiar o pequeno corpo contra o peitoral dele, envolveu seus braços ao redor dela a abraçando e a prendendo a si. Inclinou seu rosto e afundou o mesmo em meio as madeixas ruivas da jovem, respirou fundo sentindo aquele cheiro floral que ele tanto amava.

— Fiquei com medo de não te ver novamente.— Disse a jovem ainda um pouco fraca.

Ela ergueu a cabeça e abriu um lindo sorriso, isso fez com que Nikollay automaticamente fizesse a mesma coisa. Ele a apertou um pouco mais contra si e deu um pequeno beijo na testa dela, era tão bom tê-la em seus braços novamente, era ali o lugar dela. Ele então lembrou do que seu pai disse sobre o estado dela e afastou seu rosto dos cabelos dela somente para poder fita aquelas lindas esmeraldas. Sua expressão havia se tornado séria, ele estava preocupado. 

— Disseram que não poderia ter feito isso em seu estado, que estado? Você está doente? — Perguntou assustado. Ele não queria e não podia perdê-la.

Amber direcionou seus olhos esverdeados para Alphonse e Nikollay fez o mesmo. Seu pai estava com um sorriso bobo nos lábios, aquilo só deixou o rapaz ainda mais confuso. Alphonse assentiu para Amber prosseguir. A jovem voltou a olhar para Nikollay, levou uma das mãos ao rosto dele e acariciou levemente, mas a outra mão ela pegou uma das mãos de Nikollay e puxou para ela. Ela colocou a mão dele sobre o próprio corpo, mas Nikollay não estava entendendo nada.

— Eu estou grávida. — Disse a jovem com um sorriso bobo nos lábios.

Foi então que ele olhou para baixo e viu que sua mão estava pousada sobre a barriga dela. Nikollay então começou a rir, levou suas mãos até a cintura de Amber e a puxou para si desferindo um beijo em seus lábios. Ele achava que estava feliz por Amber estar ali, mas saber que eles iam ter um filho. Uma criança gerada pelo amor deles, o deixava além da felicidade. Ele nunca imaginou que poderia se sentir daquela forma.

— Você deveria correr mais devagar é sério, não é justo. Pera, o que eu perdi? — Resmungou Cameron enquanto entrava na tenda.

  Cameron já entrou na tenda reclamando por perder a corrida, não que Nikollay estivesse apostando dessa vez, ele só queria chegar até Amber. Mas para seu irmão tudo era sempre uma disputa, às vezes isso irritava Nikollay, mas não hoje. Cameron encarou eles confuso ao perceber que todos estavam rindo e bastante felizes. Tudo bem que ele mesmo estava bastante feliz por sua cunhadia está ali, mas parecia não ser só esse o motivo da felicidade. Mas tinha e ele não estava entendendo absolutamente nada. Então Nikollay afastou os lábios dos de Amber e virou o rosto para o irmão e disse completamente eufórico.  

— Eu vou ser pai! — Exclamou Nikollay com um sorriso radiante em seus lábios. 


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Notas finais do capítulo

Oi gente! Me contem nos comentários o que vocês estão achando?! Não esqueçam de recomendar e de favoritar! Beijinhos!!



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