Luar escrita por LoveCraft96


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic é meio que uma continuação de duas outras, que explora o relacionamento da d7 e da Rosa

Pt1 https://fanfiction.com.br/historia/731484/Petite/

Pt2 https://fanfiction.com.br/historia/750411/Na_escuridao/



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I

Sair da cama, pela manhã, nunca era fácil para Lynn. 

Desvencilhar-se do corpo quentinho de Rosalya, vestir a roupa e ir para a odiosa aula de Psicologia da Educação era uma tarefa hercúlea, mesmo que a estivesse executando durante quatro anos. Ás vezes, chegava a pensar que tinha sido uma má ideia dividir um dormitório de faculdade com a sua... Com o que quer que Rosa e ela fossem. 

Ela ouviu um resmungo, enquanto vestia o cardigã puído, torcendo para que a outra ainda não houvesse acordado. Desde que começara a cursar moda, Rosalya gostava de mantê-la sempre fashion.

—Nem pense que não vi você colocando essa atrocidade.

Lynn riu. Não havia como fugir dela.

—É só a aula, querida. 

Rosa sentou-se sobre a cama, revelando, de repente, seu torso maravilhosamente nu, com aquela sensualidade que as manhãs causam nas garotas mais belas. Sem nenhum pudor, Lynn encarou a pele leitosa de Rosalya e seus seios perfeitos e redondos. Cogitou seriamente matar aula.

—Nunca é "só aula". Você tem reunião com seu orientador da tese, com o grupo de estudos... As roupas fazem o monge, você sabe.

Lynn jogou a cabeça para trás, rindo. 

 —Sua agenda está errada. Não tenho nada disso hoje, só... Uma coisinha rápida a noite.

Todo o clima de romance evaporou. Ambas sabiam o que "coisinha", "compromisso" e "apontamento" significavam. 

Lysandre.

Para a grande decepção de Lynn, Rosa cobriu-se. 

—Hmm... Ok. Vamos nos encontrar para jantar? 

—Não, eu... Acho que não volto para casa hoje. Desculpa. Mas café amanhã de manhã, com certeza.

Sem esperar resposta, Lynn agarrou a mochila e saiu, deixando Rosalya triste e vulnerável. 

Elas deveriam ter resolvido aquela "situação" na formatura. Rosa tinha até preparado o que dizer para Leigh, mas no último minuto, se acovardaram. Seria mais fácil na faculdade, acreditaram, principalmente por que Lysandre faria Música com Castiel em Lyon e Leigh permaneceria na cidade, cuidando da loja, enquanto Rosa e Lynn iriam para Paris.

Deveria ter sido mais fácil, mas, ano após ano, nenhuma das duas tivera coragem, até a semana passada. Rosa, que Lynn acreditava estar em uma viagem de campo, tomara um trem expresso e terminara com Leigh. A formatura se aproximava, e Rosa queria... Queria algo a mais. Queria beijar Lynn a vontade, queria andar de mãos dadas e lhe dar beijinhos doces no inverno.

Rosalya esperou Lynn fazer a mesma coisa. 

E esperou.

E esperou.

Ela ainda ia para Lyon. Ainda beijava Lysandre, ainda dormia com ele. Rosalya não era egoísta, mas estava cansada de dividir. Deveria dar um ultimato a Lynn, talvez ligar para Lysandre e lhe revelar tudo.

Mas não o fez. Ao invés disso, Rosalya se encolheu e chorou.

II

—Dá pra acreditar que nunca mais voltaremos para esse quarto? Isso não te deixa triste? 

Lynn matraqueava alegremente. Rosa sabia que esse era o jeito dela de lidar com seu mau-humor. Estavam empacotando as coisas do dormitório, a formatura chegara e passara tão rapidamente... E agora ambas voltariam para a cidade, para uma festa em Sweet Amoris. 

Lysandre as esperava no carro. 

—Lynn... — Rosalya começou. A garota desviou o olhar da mala. Rosa estava séria, taciturna.

—Sim, doçura? 

—Eu estava pensando... A faculdade acabou. Somos adultas, não precisamos nos esconder... Leigh entendeu, tenho certeza que o Lys...

—Não.

A palavra foi absoluta, preenchendo o quarto. A expressão de Lynn era mortal.

—Rosa, Lys não vai entender, ele é... Ele não aguentaria perder nós duas. Esperamos quatro anos, podemos esperar mais um pouco. 

Foi como se mil facas rasgassem o coração de Rosa. Todos os beijos e carinhos divididos naqueles anos se apagaram, e só restou um gosto amargo na garganta de Rosalya.

—Sempre vai haver ele, não é? Sempre vão haver seus pais, Leigh, nossos amigos... Não sobra espaço para mim, sobra?

Lynn aproximou-se, pronta para abraça-la, mas Rosa estava longe de terminar.

—Eu não aguento me esconder, não aguento não poder te beijar, não aguento pensar nele dentro de você. Não quero só trepar com você escondida, Lynn, quero... quero... Quero que você seja minha, caramba! E se isso não vai acontecer... E se você não quer o mesmo...

—Rosa...

—... Então você não me ama. 

Lágrimas escorriam das duas faces. Tristeza, ressentimento e pesar.

—Rosalya. Eu te amo. Eu sempre te amei. 

As palavras soavam vazias até mesmo para Lynn.

—Mas não o suficiente. Nunca o suficiente. 

—Rosalya... Não é assim. Você sabe que...

—Não, não sei, Lynn. E, francamente, nunca saberei.

As malas estavam prontas. Rosalya apanhou a sua e deixou o quarto, Lynn sabia que não iria para o carro, e não a seguiu. 

"Então é assim que tudo acaba" 

Lynn repetiu a frase para si durante a viagem toda. Lysandre não perguntou muito sobre Rosa, e a conversa foi escassa. Ele cantarolava no caminho, e Lynn analisava seu perfil. A faculdade tinha feito bem a Lys. Seu rosto se tornara mais masculino, e, seu corpo, mais forte. 

Lysandre era fácil de amar. Era bom, gentil, gostava de animais e de crianças. Era seguro, com Lysandre, e, no entanto, sua pele e seu coração chamavam por Rosa. 

III

Ela se arrependia? Com certeza. 

A festa não estava muito cheia. Ambre estava em Londres, desfilando para uma marca de lingerie, Violette pintava em Nova Iorque, Pryia viajava ao redor do mundo e Peggy e Kim estavam trabalhando no jornal da cidade, e não poderiam sair.

A escola parecia tão pequena.

 Como aquela quadra tinha representado um desafio, um dia? E porque eles tinham tanto medo da professora Delanay? 

Tudo parecia pequeno e longe. 

Lynn escapuliu da escola. Lysandre e Castiel estavam ocupados, cantando, e ninguém mais sentiria sua falta. Talvez Ken ou Armin, se não estivessem bêbados.

Lynn Darcy passou pelas lojas escuras, pela lanchonete e pelo ponto de ônibus, admirando a beleza da cidade as escuras. Finalmente, atravessou os portões enferrujados do parque.

E ela estava lá.

Rosalya.

Rosto vermelho, olhos inchados, sua linda e doce Rosa selvagem, lhe esperando.

Sem dizer nada, sentou-se ao lado dela. Rosalya tomou sua mão e a apertou. 

Não importava. Nada importava. 

Seu amor era como uma valsa complicada, mas deliciosa.

E agora - depois de todo aquele tempo, todos os beijos, carícias, brigas e reconciliações - elas recomeçavam a mesma dança, sob a música única do luar. 

 

 

 

 

 


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