Contos Para Quem Já Amou escrita por Éden


Capítulo 2
Ervas Daninhas (2)


Notas iniciais do capítulo

Gênero: Romance,/Comédia/Fantasia

Baseado: Weeds (Marina and the Diamonds)

Sinopse: Dimitri leva tudo ao pé da letra. Quando os amigos disseram que o certo era "pegar e não se apegar" ele decidiu que não teria nenhuma relação que passasse de um dia... mas chega o carnaval e ele conhece Bruno, que semeia em seu coração sementes fortes e poderosas, que florescem em literais ervas floridas do amor. Esconder é a chave? Ou assumir é o correto?



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Era carnaval.

Dimitri era estagiário em um escritório de advocacia havia pouco tempo, mas conhecia bem o pessoal, alguns eram colegas de faculdade e outros eram pessoas que via eventualmente quando precisava fazer algum trabalho.

Os rapazes, seus amigos, mal podiam esperar pela folga de carnaval. Todos faziam seus planos que, por mais individuais que fossem, soavam sempre de modo uniforme: sair, dançar, beber, pegar e não se apegar. Dimitri nunca havia tido antes um programa desses — era quase virgem de boca —, outrossim, os amigos tanto insistiram para que ele fosse que ele aceitou. Nos dias que se passaram viviam dizendo a ele regras para levar para todo o evento, a principal era não se apaixonar. Segundo eles, ficadas de carnaval não deviam significar nada mais que isso — e ele aprendeu, ainda que confuso com essa relativa fragilidade de relações.

Todos os rapazes do escritório eram hétero, mas Dimitri nunca teve porque esconder deles sua sexualidade, pois, apesar do medo e da confusão no começo, eles aprenderam a lhe respeitar e entender. Cada um deles dizia conhecer um cara gay que lhe apresentariam no carnaval. Dimitri já começava a ficar ansioso — bem, não necessariamente por ele, mas sim por influência dos amigos.

As garotas do escritório, no entanto, sentiam-se demasiadas irritadas e ofendidas com os planos dos rapazes pois, segundo elas e bom senso geral, era uma prática extremamente machista a de sair, pegar e esquecer da existência da pessoa no dia seguinte. Era horrível. Amigas de Dimitri, tanto tentaram lhe falar para que não levasse a sério o que os rapazes diziam — mas duas coisas sobre o Dimitri que você precisa saber para continuar essa história: (1) ele leva tudo a sério e (2) ele não sabe se expressar diretamente sobre nada que lhe deixe ansioso.

Bem. Não sei se você vai levar essa história a sério, mas o Dimitri levaria. Foram bem nos dias de carnaval...

Por influência dos amigos, Dimitri, no segundo dia, já havia beijado dez pessoas diferentes, três conhecidos e sete desconhecidos, quatro meninos e seis meninas. Não sentia o apego, como as amigas disseram que devia haver, não sentia necessidade de amar ou qualquer idiotice dessas que os amigos tanto lhe advertiram contra. Queria beijar. E pronto. Não se lembrava, inclusive, dos nomes de todos os que havia beijado — e poderia ter beijado mais e não se lembrar, pois estava bem bêbado em certos momentos. Os amigos lhe afagavam as costas e parabenizavam a cada nova boca; as amigas ficavam longe, olhando incrédulas e irritadas.

Começava o terceiro e último dia de festa. Lucas, amigo de Dimitri, trouxe cerveja para todos. O garoto bebeu um pouco, ainda com o receio tão comum que nos cerca quando ainda não estamos bêbados e nos prometemos não exagerar naquela noite — mas acabamos sempre exagerando. Havia muita gente pulando e dançando ao som do bloco. Zaqueu e Janaína, amigos do escritório, se acertaram e foram para um cantinho se pegarem. Quando eles saíram os rapazes se puseram a rir.

— Esse foi fisgado — João Vicente, o rapaz de olhos castanhos e cabelos crespos, disse, em tom irônico.  Dimitri não entendeu. Fisgado? Como um peixe? Ele se perguntou, mas nada disse, apenas bebeu.

— Mais uma regra, Dimitri — Paulo Henrique, o garoto dos olhos de raposa, disse. Dimi prestou atenção como um bom aluno — Se a pegação passa de um dia não é pegação, é quase um relacionamento. E o que a gente sabe sobre relacionamentos? — questionou.

— Não são nada bons pro bolso ou pro coração  — Dimitri disse exatamente aquilo que o amigo havia lhe dito. Eles riram em acordo. Rafaela, a garota de franja e lábios grossos, revirou os olhos, indignada.

— Que idiotice — ela afirmou, irritada — Não percebem que estão criando um monstro?

— Eu não sou um monstro, oitenta por cento das pessoas me acham bonito — Dimitri respondeu. Rafa riu e coçou os cabelos dele.

— Não foi isso que eu quis dizer, amigo — e sorriu, depois encarou Paulo e João Vicente com ódio.

— Deixa Rafa, esses idiotas não sabem apreciar o que é o amor. Bando de mal-amados — afirmou Melissa, a moça de cabelos trançados e pele ébano. — Vamo embora… Dimi quer vir com a gente? Vamos ver um pessoal bem legal que vai trabalhar com a gente no escritório.

— Quero — Dimitri respondeu.

— Ei, Romeu — João chamou Dimitri, mas ele não atendeu. — Dimitri… as vezes esqueço que você só atende pelo seu nome — Dimitri se virou e olhou, curioso — Se lembre: pegar e não se apegar. Enche seu coração de flores, cara, mas pode todas elas — Dimitri não entendia como poderia enfiar flores no coração ou mesmo como podia podá-las, mas, ao que parece, havia sido uma metáfora sobre o amor.  Ele assentiu e foi com suas amigas.

Chegaram a um barzinho do outro lado do bloco de carnaval. Rafa e Mel logo encontraram as meninas que entrariam para o escritório nesse semestre, estagiando como ele. Eram cinco garotas bem vestidas, mas quem chamou mesmo a atenção de Dimitri foi um garoto que as acompanhava. Usava óculos redondos como os de Harry Potter, tinha cabelos castanhos e raspados, sobre uma pele da cor do mais bonito mogno, vestia roupas com estampas divertidas e tinha um sorriso lindo e branco.

— Ah, Dimi, esse é o Bruno — apresentou Melissa, com um olhar que praticamente gritava "gostou né? Eu sei que gostou" — É meu primo. Vai trabalhar com a gente também — informou. Bruno sorriu e estendeu a mão, timidamente, para Dimitri, que a apertou com cuidado.

— Ei, oi — Bruno disse meio envergonhado. Dimitri sentiu-se corar, o que não havia acontecido antes, com qualquer um dos outros ficantes. — Mel falou muito de você. Ela disse que você gosta de Foxes, não é? — questionou. Dimi sorriu e assentiu, mas nada disse, envergonhado — Tenho umas músicas dela aqui, quer ouvir? — ele perguntou, mostrando o celular e os fones de ouvido. Dimi assentiu. Ambos sorriram.

Estavam sentados na grama da praça, sob a luz dos postes em formato oval. Cada um tinha um fone no ouvido. Ouviam todo o cd de Foxes, enquanto conversavam sobre coisas bobas da vida. Não haviam trocado sequer um selinho, mas se sentiam bem apenas por estarem um na presença do outro. Dimitri, no entanto, sentia-se nervoso, com medo de desapontar os amigos e acabar, bem, sendo fisgado. Bruno, por outro lado, parecia cada vez mais feliz com a companhia dele.

— Você gosta de quais filmes? — Bruno perguntou.

— A viagem de Chihiro e Ponyo, e você? — perguntou.

Bruno sorriu.

— Eu amo muito esses também, mas meu favorito do estúdio é Princesa Kaguya. É lindo e poético e filosófico — ele disse, sorridente. Dimitri achava o sorriso de Bruno o mais lindo de todos os que tinha visto no carnaval; achava seu perfume tão bom e doce que poderia sentir todos os dias; achava sua voz tão bonita que a ouviria todos os dias de vida e de morte. Mas não. Não podia. Não podia se apegar.  Era pegar e não se apegar. Era regra. O que os amigos iriam dizer se...

Então Bruno lhe beijou. Foram os segundos mais intensos de sua vida. O sabor de seus lábios era completamente diferente dos outros, era apaixonante, era único, era saboroso, era eletrizante, era o que ele precisava. Danem-se os amigos, aproveitou cada segundo… até que Bruno se afastou, com um olhar assustado.

— Desculpa. Preciso ir — e saiu correndo dali, após semear sua semente no jardim de Dimitri.

Dimi ficou ali sentado, pensativo. Talvez a ida de Bruno tivesse sido o melhor para ele, assim não se prenderia, assim ele não seria fisgado e não precisaria ter vergonha de falar com os amigos… mas por que ele se sentia tão triste por ter sido deixado? Perdera ele a essência de pegar e não se apegar? Por que ele sentia que algo crescia dentro de seu coração? Sentia um frio no músculo cardíaco semelhante ao que sentia, na barriga, quando tinha que se apresentar na frente de toda escola, ou quando teve que contar pros pais que era gostava tanto de garotos quanto de garotas. Era estranho, mas era bom.

Dimitri nunca entendeu porque diziam que haviam borboletas no estômago quando tudo não passava de reflexo da ansiedade reagindo de inúmeras maneiras químicas dentro do corpo humano. Mas, se seu coração tinha flores, talvez atraía as borboletas do estômago. Talvez era isso que sentia na manhã seguinte, quando acordou com algo com coçando sob a pele, na região do peito. Parecia que lhe faziam cócegas no músculo interno. Era agonizante não conseguir aliviar a coceira com as próprias mãos, então começou a alisar a região com os dedos, delicadamente.

Quando Melissa e Rafa o encontraram, sentado em sua escrivaninha, lendo alguns papeis, ainda estava com as mãos sob a blusa alisando a região do peito. Achava ele que a coceira diminuiria... pelo contrário, pareceu crescer e subir, indo para a garganta.

— E então? Como foi? — Rafa perguntou curiosa. Dimitri queria que ela fosse mais direta. Perguntas vazias o confundiam.

— Como foi com o Bruno, ela quis dizer — Melissa corrigiu. Ah… era previsível, para Dimitri, que elas questionariam sobre isso mais cedo ou mais tarde. Ele tentou parecer o mais natural possível.

— Foi legal — respondeu. Foi bem mais que legal, mas devia se lembrar: Pegar, não se apegar. As amigas pareceram desapontadas, ao passo que desconfiadas.

— Você sabe que não precisa levar o que os meninos dizem a sério, Dimi, eles são uns idiotas — Rafa afirmou.

— Eu sei — Dimitri mentiu. O que era evidente porque sempre que ele mentia piscava o olho esquerdo sem querer. Melissa percebeu.

— Eu realmente torcia por vocês dois — ela disse — Vocês combinam perfeitamente. Mas já não basta o Bruno, agora é você com essa idiotice… homens — ela pegou Rafa pelo braço e se foi.

Dimitri quis entender o que ela quis dizer ao insinuar que Bruno cometia uma idiotice, como ele, mas ignorou. Quando pensava no garoto do último dia do carnaval só conseguia lembrar de seu sorriso, o mais lindo que ele já tinha visto... Não pôde evitar. Acabou sorrindo com a lembrança. Foi quando sentiu algo preso à garganta, como quando se engasga com alguma comida volumosa ou algo que não devia estar dentro da sua boca. Tossiu. Tossiu.  Cuspiu.

Era uma folha. Uma folha em formato de coração. Verde e perfeita, como se tivesse acabado de ser arrancada de uma árvore. Estranhou, mas ignorou; talvez tivesse comido e não se lembrava.

Passou toda a tarde lembrando-se de Bruno, de seu jeito fofo e graciosamente interessante. Lembrou-se de como gostou das estampas divertidas e coloridas em suas roupas, lembrou-se da intensidade de seu toque, lembrou-se de seu beijo eletrizante… e a cada pensamento seu peito coçava cada vez mais e mais, mas ele se impediu de ficar cutucando, pois estava quase sempre na presença de alguém.

Quando chegou em casa foi direto para o banheiro tomar um banho. Despiu-se, com olhos pesados de cansaço, entrou no boxe e deixou a água percorrer seu corpo; saiu, limpou o espelho embaçado de vapor e se olhou: estava com o cabelo maior e mais escuro, a pele continuava marcada pelas espinhas da adolescência, tinha um pouco de barba no rosto e pelo crescendo no peito…

Que pelo estranho, ele pensou, mas quando tocou viu que não era pelo… era… uma vinha? Sim, uma vinha: verde, maleável e com brotos de folhas surgindo ao redor. Se assustou e quis gritar, mas não gritou… não enquanto não tentou arrancar a planta e sentiu a excruciante dor de mil pelos sendo arrancados por cera quente, mas mesmo com toda a sua força ela não saiu. Achou que sonhava acordado, afinal, estava com tanto sono que era possível... sim, era a explicação mais plausível. Foi dormir.

Tinha sonhado com Bruno. Foi o melhor sonho que ele poderia ter. Sonhou com seu beijo, com seu cheiro, com seu toque, com sua voz… e quando acordou gritou de susto: a pequena vinha havia se tornado quase um cipó, com quase oito centímetros e com folhas bem germinadas arranhando sua pele. Sim. Ele havia enlouquecido.

— Pra quê essa blusa grossa nesse calor? — João Vicente perguntou, quando encontrou Dimitri sentado em sua escrivaninha.

— Ah, estou, hum, resfriado — mentiu. Queria apenas esconder o cipó que crescia sobre sua pele. João pareceu desconfiar, mas nada disse, deu de ombros.

— Está pronto para a próxima? — ele perguntou. Por que eles insistiam em ser tão evasivos nas perguntas? Perguntem diretamente, Dimitri suplicava por dentro. João revirou os olhos — Sabe, o carnaval foi só o começo... agora vem os barzinhos, festas e todo tipo de coisa para você pegar geral e se apegar zero — João sorriu. Dimitri fingiu alegria.

— Mal posso esperar — ele disse, mas não tinha vontade... havia se apegado a Bruno de uma maneira estranha… não queria sair e pegar e não se apegar, queria se apegar e muito, mas a ele… Não. Ele não podia. Devia seguir o mantra: pegar-não-se-apegar, repetiu por dentro... mas aí se lembrou do perfume e da voz dele, e sentiu um frio que coçava do estômago ao coração.

— Açúcar ou adoçante? — Dimitri perguntou à Rafaela, no dia seguinte, quando conversavam na sala de café.

— Açúcar — ela respondeu. Dimi pingou algumas cotas no café de Rafa e lhe entregou. — Então, eu e a Melissa percebemos…

— O que? — Dimi questionou confuso, sentando-se ao lado da amiga.

— Que você anda diferente, sabe? Mais aluado, pensativo, com o coração em outro lugar… talvez, bem, já umas duas salas daqui — insinuou e riu. Dimitri corou apenas com a ideia de que ela soubesse de Bruno — Vai, confessa.

— Não tenho o que confessar — afirmou — Vocês estão vendo coisa — Rafaela riu e bebeu do café. Bruno sentiu seu peito coçar descontroladamente.

— Sabe, você não precisa fingir para agradar alguns idiotas. Zaqueu percebeu isso e hoje está bem feliz com a Janaína — afirmou e piscou, depois deixou a sala de café e voltou para o escritório.

Dimitri foi até o banheiro de casa assim que chegou e arrancou a camisa com força. Diante do espelho observava as vinhas que chegavam até sua cintura, cheia de folhas verdes, algumas amareladas, e pequenos brotos vermelhinhos. Haviam três vinhas: uma subia pelo pescoço, outra rodeava as costas e a última descia até as nádegas. Era desesperador. Pegou uma tesoura e tentou cortar uma delas, mas sentiu uma dor enorme como se cortassem um dedo seu e mesmo assim não foi capaz de removê-la. Desistiu e foi dormir.

Sonhou com Bruno novamente. Quando acordou achou que ainda estava sonhando, pois podia sentir seu perfume pelo quarto… mas não sonhava. Quando se olhou no espelho viu que os brotos floresceram em lindas florezinhas vermelhas que emanavam o aroma doce do perfume de Bruno por todo canto. Ok. Dimitri gritou. E se lembrou da fala de João: "Enche seu coração de flores, cara, mas pode todas elas". Nem Dimi poderia ser tão literal assim. Colocou a blusa mais fechada que pôde e foi para o serviço.

Pegar e não se apegar... pegar e não se apegar… — Dimitri repetiu para si mesmo, mentalmente, uma centelha de vezes, até que, finalmente, pareceu a maior idiotice do mundo.

 Estava na sua escrivaninha, conversando com Rafaela, Melissa, João e Paulo, quando Bruno chegou. Foi a primeira vez que o via desde a noite de carnaval, mesmo trabalhando no mesmo lugar. Ele abriu aquele sorriso, o mais lindo de todos, e disse oi com uma voz tímida, depois foi embora. Dimitri sentia suas vinhas crescerem, crescerem, crescerem, saírem pelas pernas da calça e coçarem seus calcanhares, sentia as flores desabrocharem e liberarem seu perfume, sentia as folhas caindo e novas surgindo, sentia as raízes subindo sua garganta e conturbando sua fala e foi aí, aí que ele percebeu que as flores só cresciam quando ele amava Bruno. Porque ele amava Bruno. Mas era uma daquelas coisas que não sabia se explicar e por isso inventavam alguma coisa bonita para falar, como borboletas no estômago e flores no coração.

— Vai lá — disse Melissa.

— É o melhor — encorajou Rafaela.

— Vai não — pediu João — Pegar e não...

E saiu antes que João Vicente pudesse terminar sua frase boboca. Todos foram atrás dele, curiosos.

Bruno estava conversando com uma amiga na sala de café.

— Bruno — Dimitri chamou. Quando sentiu os olhos dele repousarem sobre si sentiu todas as palavras fugirem da ponta da língua. Esse era o problema de Dimi: Não conseguia ser direto quando estava ansioso.

— Oi, Dimitri — Bruno disse meio envergonhado — Sobre aquele dia, eu...

— Não, espera. Quero te contar uma história  — Bruno assentiu. Dimitri sorriu, os amigos chegaram e se esconderam atrás dele para ouvir — Sabe, eu tinha um jardim, um jardim lindo… E meus amigos disseram que eu devia sair por aí e procurar sementes de várias flores e eu consegui, sabe? Enchi meu jardim de várias flores e tudo... aí eu conheci você e sabia, desde o primeiro momento, que sua flor era diferente das outras e não queria pegar ela, porque meus amigos diziam que eu devia podar todas as flores e eu podava e tudo, mas... — ele suspirou — mas eu peguei sua semente, plantei no meu jardim e ela germinou… só que toda vez que eu tentava podá-la, ela crescia mais e mais… as outras não: eu plantei e cortei facilmente; a sua foi quase uma hidra: eu cortava e ela crescia em dobro… — Dimitri sorriu — Sabe, você devia ter me avisado... avisado que em quanto todos distribuem flores, você distribuía ervas daninhas…

— Dimitri eu... que lindo… eu — Bruno tentou dizer.

— Seu amor é uma erva daninha que infestou todo o jardim do meu coração... e agora? Como vou respirar se elas já estão chegando ao pulmão? Você tira meu ar. — Dimitri disse. Sentiu todos os brotos desabrocharem e encherem a sala com o perfume de Bruno; sentiu as vinhas se enroscarem no pescoço, nos braços e nos calcanhares.

Bruno sorriu do modo mais lindo que ele podia.

— Preciso te mostrar uma coisa... — ele afirmou. Depois, começou a desabotoar a camisa estampada.

— Gente, tem criança aqui — Paulo disse. Melissa deu-lhe um tapa.

— Sabe… — Bruno disse, quando já desabotoava os últimos botões — Eu também tenho problemas com ervas daninhas… — e abriu a camisa: havia uma vinha crescendo do peito ao abdome, com flores lilases que liberavam o cheiro do perfume de Dimitri. Todos ao redor ficaram boquiabertos.

Bruno sorriu para Dimi. E Dimi sentiu suas borboletas do estômago querendo encontrar as flores de Bruno.

Quando viram já estavam abraçados; quando perceberam já trocavam o mais duradouro dos beijos; quando sentiram suas vinhas se irem, sentiram também sementes mais poderosas e floridas serem semeadas em seus corações; quando percebeu Dimitri, suas borboletas voavam pelo estomago e polinizavam as flores do coração de Dimitri.

— Se enraíza em mim, como uma erva daninha... — sussurrou, Bruno, no ouvido de Dimitri, que riu.


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