A Princesinha nunca havia se considerado uma boa poetisa. Seu maior talento era contar histórias, mas não em forma de poema. Porém, em sua primeira noite naquele sótão escuro, imersa em uma tristeza profunda, alguns versos vieram à sua mente. E, juntos, eles formavam o poema da Última Boneca, o poema sobre o qual comentara com seu pai na última carta.

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A Última Boneca

Que meu pai comprou pra mim

Trouxe saudade e uma alegria

Que depois chegou ao fim

A Última Boneca

Não foi meu pai quem me comprou

E tudo o que eu tinha

A vida me roubou 

A Última Boneca

Marcou a transição

Não da infância à juventude

Mas da realidade à ilusão

A Última Boneca

Já não existe mais

Uma mendiga me tornei

E princesa não serei jamais

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Era verdade que não soava nem um pouco como Shakespeare. Era apenas um reflexo da realidade miserável da menininha naquele momento.