A escolha escrita por Maniper


Capítulo 3
Capítulo 03 - Eu quero a minha mulher de volta, dude


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem? Mais um capítulo pra vocês!
Pelo visto, vou conseguir atualizar entre sexta e domingo, toda semana.

Boa leitura!



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Lenon Scott

Eu nunca me imaginei em uma situação assim. Depois que a vi ontem a noite, saindo com outra pessoa e nem sei se eles tem alguma coisa, tudo me pareceu  tão estranho. Tão errado. Assim como agora me vejo com a Karen, sabendo que a Ashley está viva. A mulher com quem eu fiz planos de passar o resto da minha vida, que sabia exatamente como eu me sentia com apenas um olhar, querida pela minha família inteira e eu a amava. Simplesmente não sei o que fazer.

Não que tudo isso dependesse só de mim, pois teria que ser uma decisão dos dois se quiséssemos recomeçar. Mas que droga. Passei a noite em claro pensando em tudo isso. O que não passou despercebido pela minha mãe, pois saí sem avisar e voltei já tarde, e ela está prestes a fazer um questionário imenso pra mim ao julgar pela sua cara de brava.

— Lenon Scott. - eu não disse? Quando começa assim, vai longe.

— Mãe, por favor. São seis horas da manhã de uma terça-feira. - tentei fugir, mas sabia que não teria jeito.

— Você saiu sem dar satisfação e sabe que odeio isso. Não é só porque o seu pai não está mais aqui que você pode fazer o que bem entender. Eu me preocupo! - colocou a mão no coração, me fazendo suspirar.

Não estava sendo fácil superar a morte do meu pai. Ele partiu há um ano. Era o meu parceiro em tudo e definitivamente estaria muito feliz em ver a Ashley bem, ele adorava ela. Por que todos os meus pensamentos acabam nela?

— Eu sei, mãe. Realmente sinto muito por não ter avisado, só estou com a cabeça muito cheia. - eu teria que contar pra ela uma hora ou outra.

— Sabe que pode se abrir comigo. - ela se sentou no sofá e eu acompanhei. Respirei fundo antes de soltar a bomba.

— É complicado. - comecei a balançar a perna esquerda de nervoso. - Mãe, a Ashley. - ela não me deixou terminar.

— Deus! Ela se foi? - seus olhos se encheram de lágrimas e eu neguei com a cabeça, fazendo-a relaxar um pouco. - Então o que aconteceu com a minha pequena Ashley?

— A senhora nem vai acreditar. - comecei a rir. - Ela está viva e passa bem. Muito bem pelo que vi. Foi na aula ontem. - não pude deixar de fazer uma carranca ao lembrar daquele cara com ela. Que hipócrita, eu mesmo estava com outra pessoa. Do que poderia reclamar? Será que assim que ela se sentia? Merda. Eu nem sabia como ela se sentia em relação à isso.

— A minha Ashley está viva? Como assim, Lenon? E você só me fala agora? - minha mãe deu um pulo do sofá e foi em direção ao telefone.

— Mãe, pelo amor de Deus. Olha que horas são. Vai querer acordar a família dela? - perguntei incrédulo.

— Eu não me importo. Você vai trazer ela aqui pra eu vê-la, está me ouvindo? - mamãe radiava felicidade. - Espera, estava com ela ontem a noite?

— Não. Fui jantar com os pais da Karen e depois saí pra esfriar a cabeça, e daí dei de cara com a Ashley com outra pessoa. - respondi sem encará-la e pude ouvi-la suspirar.

— Filho. - ela queria me consolar, eu sabia, mas não merecia consolo.

— Tudo bem, mãe. Eu mereço isso. Pedi pra não me avisarem mais nada sobre ela depois de esperar dois anos para vê-la acordar. Eu parei a minha vida durante dois anos por ela. Não acha que sofri o bastante? - naquele momento o meu coração estava acelerado lembrando do quanto sofri, nós estávamos noivos há três meses quando aconteceu o acidente.

Me levantei tentando pegar mais ar antes de continuar, porque parecia que ia morrer falando aquilo.

— Mas é claro que ninguém deve ter dito isso pra ela, porque eu fui idiota demais para pedir isso. Senão teria vindo falar comigo, me chamado, qualquer coisa. Ela teria. Eu conheço a Ashley, não me deixaria sem notícias. Então, me diz, mãe. A vida gosta ou não de me ferrar? - e por fim soltei tudo o que estava entalado em mim. - Será que ela ao menos ainda gosta de mim? Porque sério, desde o momento em que a vi, só tenho vontade de tê-la nos meus braços e isso é uma droga, porque estou em outro relacionamento e a Karen não merece isso.

Minha mãe ficou sem falar nada por alguns minutos, abriu e fechou a boca várias vezes, talvez ponderando o que ia dizer, então finalmente soltaram as palavras que mais me fizeram feliz na vida toda, depois do "eu aceito" da Ashley.

— Lenni, se você acha que errou tanto assim, a vida é feita de erros e nós evoluímos com eles. E se está se sentindo tão errado quanto à sua namorada, o certo é terminar com ela, pois como você mesmo disse, a Karen não merece isso e tenho certeza que entende a situação. Tire um tempo pra você, chame a Ashley pra conversar, vocês precisam disso. E mais uma coisa, se ainda a ama, lute por ela. Temos prova de sobra pra mostrar que nunca desistiu dela. - mordi o lábio inferior e corri para abraçá-la.

— Você é a melhor mãe do mundo! - girei-a no ar e ficamos conversando mais um tempo antes de me arrumar pra aula. Ela me fez prometer que traria a Ashley para vê-la e eu não pude recusar. Seria uma ótima desculpa para ter a morena por perto, caso aceitasse o convite.

Quando estacionei na faculdade, percebi algumas pessoas me olhando. Então vi a Karen alguns metros na minha frente, tinha um sorriso triste nos lábios. Caminhei até ela.

— Bom dia, loirinha. - cumprimentei-a com um beijo na testa.

— Percebi que foi embora meio perturbado ontem. - ela começou e suspirei, já esperando o que tinha pra dizer. - Eu sei que você a ama, Lenni. E pra dizer a verdade, acho que merece reconquistá-la. Vi o tanto que sofreu por ela, e agora vai simplesmente deixá-la ir embora? - Deus, obrigado por me ajudar nessa também.

— Era sobre isso que eu queria falar com você. - Coloquei o braço por cima do ombro dela e puxei-a para de baixo de uma árvore. Ficamos de frente um para o outro. - Não é justo eu te deixar no meio disso tudo. Estou muito confuso com a volta dela. Não faço ideia do que irá acontecer, mas eu preciso falar com ela e tenho que estar livre pra isso. Eu sinto muito por magoar você assim, Karen. - ela chorava silenciosamente e quis morrer por isso. Adorava aquela loira.

— Não se sinta mal, eu faria o mesmo no seu lugar. E desejo toda a sorte do mundo pra vocês dois. Lembre-se, Lenni. Quando duas pessoas nasceram pra ficar juntas, não há nada nesse mundo que possa impedi-las. Vocês são almas conectadas. Por favor, vá e conquiste aquela mulher de volta! - agora nós dois ríamos. - Sempre seremos bons amigos, eu prometo.

— Muito obrigado, Karen. Por tudo o que fez e o que tem feito por mim. Pode deixar, darei o meu melhor pra isso. - abracei-a e então ela me cutucou.

— Você pode começar agora. - acenou disfarçadamente com a cabeça em direção ao estacionamento. E lá estava ela com seu jeans rasgado e um tênis branco no pé. Mas percebi que não estava sozinha, conversava com uma outra garota.

Me despedi da Karen e fui andando até ela. O caminho parecia cada vez maior toda vez que eu dava um passo. Algumas pessoas começaram a cochichar quando me viram aproximar, o que não passou despercebido pela Ashley, que virou assim que notou a presença de alguém. Ela estava com o cabelo preso em um rabo de cavalo, o que deixava a mostra a cicatriz na lateral esquerda do pescoço, além da marca da traqueostomia, que eu nem tinha notado antes.

A garota ao lado dela começou a se afastar ao perceber que eu queria falar com a morena, que aparentava estar confusa com a minha aproximação.

— Scott. - cumprimentou com um sorriso no rosto. E que sorriso. Era o mais lindo de todos, me trazia paz.

— Bom dia, Zurken. Fiquei imaginando de longe quanto tempo gastaria pra chegar aqui. - comentei para puxar assunto.

— E como foi? - perguntou ainda sorrindo.

— Definitivamente mais rápido do que eu esperava. Não deu tempo de me acalmar. - falei fazendo-a dar risada. Eu senti falta daquele som e fiquei feliz por saber que ainda era capaz de ser o causador dele.

— É agora que você sai e me deixa falando sozinha ou estava delirando ontem? - arqueou a sobrancelha e aí foi a minha vez de rir.

— Me desculpe, eu estava em pânico. Não sabia que poderia te encontrar a qualquer momento. Tenho um coração agitado.

— Sobre isso, eu queria te ligar, te ver, mas me disseram que você pediu... - ela não terminou a frase.

— Estou curioso para saber o que te disseram. - cruzei os braços e ela riu pelo nariz. - Algumas pessoas devem ter feito a minha cruz.

— Nem todas. - deu de ombros. - Me disseram que você não queria saber mais nada sobre mim, nem que te avisasse, mesmo se eu morresse. - franziu o cenho parecendo incrédula. Eu ponderei sobre dizer a verdade ou não, mas assumi que era uma briga que não estava afim de me envolver, pelo menos não naquele momento. O meu foco era me reaproximar dela.

— Eu não queria dizer adeus. - assumi e a vi sorrir. - Mas eu disse, depois que avisaram que iam desligar os seus aparelhos e esperar pra ver o que iria acontecer. E logo depois o meu pai faleceu, então tudo ficou muito sombrio na minha vida. Pensei que também tivesse te perdido.

— Seu pai morreu? - os olhos dela começaram a transbordar algumas lágrimas. Ela gostava muito dele. - Meu Deus, eu sinto muito, Lenni. - ouvi-la me chamar assim me fez quase pular de felicidade.

— Obrigado, Ash. Já faz um tempo. - desviei o olhar para afastar as emoções.

— Não acredito que não tive tempo de me despedir dele. - ela limpava algumas lágrimas. - Foi uma das melhores pessoas que já conheci na vida. - as palavras dela me fizeram sorrir.

— Ele era incrível. - admiti e ela assentiu comigo. - Bom, na verdade vim conversar com você porque a minha mãe quer muito te ver. E pensei que talvez, não sei, quisesse ir vê-la qualquer dia desses.

— Está brincando? - ela riu. - Eu adoraria! Sua mãe é maravilhosa. Estou morrendo de saudades. - mordeu o lábio inferior e abaixou a cabeça, parecia tímida. Um sorriso se formou no meu rosto, será que ela estava com saudades de nós também?

— Sério? - Ashley assentiu. - Ótimo. Então a gente combina o dia que for melhor pra você.

— É claro.

 Antes que ela dissesse mais alguma coisa, o cara da noite anterior apareceu ao seu lado. Os dois se olharam e sorriram um para o outro, e ele depositou um breve beijo nos lábios dela. Então ela olhou pra mim, que mantive o rosto sem expressão por fora, mas por dentro estava destruído. Queria socar aquele cara só por chegar perto dela. Estava me roendo de ciúmes. Quem era ele?

— Scott, esse é o Michael. - ela nos apresentou. - E Mike, esse é o Scott.

— Ah, eu conheço ele. - o tal Michael disse, fazendo a Ashley dar risada.

— É um prazer. - estendi a mão para cumprimentá-lo. - É o seu namorado? - perguntei para a morena e ela deu um sorriso de lado. Eu deixei transparecer o meu ciúmes. Que merda.

— Ainda estamos nos conhecendo. - Michael respondeu por eles.

— Claro. - então eu tinha chances de conquistá-la. - Bom, preciso ir. Tenho aula agora. Até mais, Michael. - ele acenou pra mim. - E a gente combina o dia então, Zurken.

— Sim, combinamos. Tchau, Scott. - ela se virou para o tal Michael e eu caminhei para o prédio irritado. Eu precisava saber mais sobre ele.

Minhas aulas do período da manhã foram bem cansativas. Cheias de informações e eu mal conseguia manter os olhos abertos, pois não dormi nada a noite. Estava me sentindo exausto e ainda teria treino do futebol a tarde. Definitivamente, aquele não era o meu dia. E comprovei isso em muitos momentos.

Encontrei a Ashley com o Michael mais de cinco vezes, e eles nem estavam demonstrando contato físico, mas só de saber que se aproximavam, já era motivo para me deixar bem irritado, o que afetou o meu desempenho no treino de futebol, onde o sol estava quente demais, e eu errei muitas jogadas, tirando o treinador que não parava de gritar o meu nome, chamando a minha atenção. Depois que acabou o treino, ele veio conversar comigo.

— Scott, nem parecia que estava no campo hoje. Devo me preocupar com o jogo do final de semana? - é claro que viria tirar satisfação, eu era o capitão do time.

— Me desculpe, senhor. Eu só estou com muita coisa na cabeça. Não precisa se preocupar. - respondi enquanto passava a toalha no rosto.

— É bom que eu não precise, pois sabe que posso substituí-lo, não é mesmo? - me ameaçou e se fosse em outro momento, sentiria raiva. Mas eu só assenti. - Está vendo? Você não parece se incomodar com isso mais. Tem certeza que está bem? - Eu já nem estava mais prestando atenção nele, pois do outro lado do campo, o time de atletismo estava se aquecendo, e Ashley estava lá, fazendo alongamento.

O treinador acompanhou o meu olhar. Percebi ele ficar em choque e até senti vontade de rir, mas não o fiz.

— Aquela é a senhorita Zurken? - perguntou para mim, ainda chocado.

— A própria. - respondi com um sorriso no rosto.

— Por que não me disse antes que era por causa disso, oras? - o treinador deu um tapinha no meu ombro. - Fico feliz que a sua garota esteja de volta e bem. - eu sorri.

— Obrigado, treinador. - dei as costas e deixei-o lá.

Fui para o vestiário tomar um banho, pois estava pingando de tanto suor. Quando a água caiu sobre mim, senti os meus músculos relaxarem. Não demorei muito e saí de toalha, dando de cara com o Jason e o Travor, meus melhores amigos. Eles estavam sentados.

— Clube do bolinha? - perguntei fazendo-os rir.

— Vimos o treino hoje, e todo mundo estava lá jogando, menos você. É por causa da Ashley? - Jason perguntou com o maxilar travado.

— Você viu ela com aquele cara, não é? - Travor acertou em cheio. Assenti com uma carranca no rosto. - Ah cara, também soubemos que você e a Karen terminaram.

— Ela terminou comigo. - me defendi. - O que sabem sobre ele? - eu tinha que saber alguma coisa, qualquer coisa.

— Demos uma pesquisada. - Jason riu. - Ele cursa geologia, gosta de motos e automóveis de velocidade em geral, mas parece muito prudente, sem registros de acidentes. Não tem muitos amigos, porém, é do grupo de motoqueiros que a Ash frequentava no lago oeste.

— É um cara legal, Lenni. - Travor disse dando de ombros. - Não tem com o que se preocupar.

— Percebi que é um cara bom. Mas acha que estou preocupado só com isso? - dei uma risada incrédulo. - Eu quero a minha mulher de volta, dude.

— É sério? - Jay levantou de um salto. - Ah, cara! Eu sabia que você não ia deixar ela ir embora assim.

— Nós temos muito trabalho a fazer. - Travis também levantou e imaginei o que estaria tramando. - Já tem um plano? - eles tinham um sorriso no rosto.

— Não, não e não. - Nós rimos. - Vocês vão ficar fora disso, estão me ouvindo?

— Qual é, acha que vai conseguir sem a nossa ajuda? - Jason bufou.

— Eu não vou arriscar. Da última vez em que se meteram entre nós, ficamos sem nos falar mais de um mês. - lembrei-os.

— Era diferente, não queríamos que você ficasse com ela. Foi bem no começo. - Travor revirou os olhos. - Agora nós queremos te ver feliz, Lenni. Você merece isso. - fui mudando o olhar de um para o outro, e por fim me rendi.

— Tudo bem, mas vai ser do meu jeito. Já aviso.

— Demorou! - os dois disseram juntos, me fazendo rir. Eles eram os melhores amigos que alguém poderia ter.

Saímos da universidade já era noite e fomos comer antes de irmos para casa. Sentado ali com eles e suas namoradas, me fez entender o quanto eu precisava dela. É verdade,  nós não devemos depender de outras pessoas para sermos felizes, mas ela era a personificação da felicidade e não tinha uma pessoa que a conheceu que não se sentisse feliz. E eu queria estar com a Ashley, mais do que já quis algo na vida. Não seria fácil conquistá-la, ainda mais por pensar que cheguei a desistir dela, mas eu mostraria que nada nesse mundo seria capaz de nos separar. Não mais.

— Gente, eu preciso contar uma coisa. - chamei a atenção deles. - Ela não sabe da verdade sobre mim.

— O que?! - os quatro pareciam incrédulos.

— Não contou nada para ela? Sobre tê-la esperado? Não ter se envolvido com ninguém? Nada? - perguntou Hellen, a namorada do Jason.

— Não, ainda não é a hora. - respondi e eles pareciam concordar. - Muitas pessoas não queriam que ficássemos juntos, então independentemente do que disseram, eles também sabem da verdade. E uma hora ou outra, ela virá à tona.

— Você fez certo, Lenni. - Travor disse. - Não compensa fazê-la odiá-los. Vamos fazer isso do jeito mais limpo que pudermos. Logo vocês estarão juntos de novo. - brindamos com os nossos milk-shakes. E naquele momento eu tive a certeza de que não estava sozinho para conquistá-la, e não mediria esforços para isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Deixem seus comentários e até o próximo capítulo!

Tenham um ótimo final de semana!



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