Sangue Maldito escrita por Yue Chan


Capítulo 5
Eu sou o caçador e você minha presa, vampiro!


Notas iniciais do capítulo

Eu quero dedicar não somente este capítulo, como a fic como um todo a minha amada imouto Iza, que não me poupou de seus gritos e me reacendeu a vontade de terminar a trama o quanto antes. Iza, quer dizer, Littlefox, esse nenê é todo seu. Obrigada por ser essa pessoa maravilhosa que pousou na minha vida!



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A cada nova oportunidade perdida em se aproximar do namorado, Sakura sentia-se mais triste e desmotivada. Compreendia a nova condição dele, afinal Miguel tinha sido claro quanto a tudo, bem direto e específico. Todavia desejava poder ajudá-lo em sua recuperação, estar perto para lhe ajudar com as crises crente de que a sua presença seria um bálsamo que o ajudaria a se recompor.

Mas ela não poderia ajudar, pois ele não permitia que ela se aproximasse mais do que os malditos vinte passos, naquela maldita linha de contenção imaginária que tinha criado entre os dois. Será que ele realmente não cria que ela poderia sim ser de grande ajuda? Pelo visto não.

Desanimada, deixou-se ficar mais um tempo na escola, tinha que estudar um pouco mais e a biblioteca era um lugar reconfortante. Era uma ótima maneira de aliviar o stress que vinha sentindo e se entreter.

Quando terminou e resolveu deixar aquele maravilhoso e pacífico espaço já era noite. Mal pode acreditar que tinha passado tanto tempo enclausurada naquele lugar quando olhou para o céu salpicado de estrelas. O jeito era retornar sozinha para casa, uma vez que havia recusado educadamente a companhia de todos que se ofereceram para acompanhá-la, até mesmo de Naruto que parecia mais nervoso que o normal.

Recolheu os materiais e, após se despedir do segurança noturno com um breve aceno e sorriso, rumou para casa. O vento noturno a abraçava fazendo-a se encolher instintivamente. Caminhava tranquilamente, com a mente perdida novamente em seu namorado quando deu por conta de um fato curioso.

A rua estava quase deserta àquela hora. Raramente passavam pessoas ou carros ali, o que fazia Sakura pensar se devia ser grata por poder ficar a sós com seus pensamentos, ou assustada por estar sozinha.

O vento até então gélido chegou-lhe estranhamente morno, trazendo um ar sombrio ao lugar, como se um enorme cão invisível bufasse em sua direção.

Estava desatenta pensando em como fazer para ajudar Sasuke, quando a concentração foi interrompida pelo som de passos secos e cadenciados que ecoavam no asfalto. O coração acelerou em resposta ao medo que se agigantava em seu interior. Respirou fundo e olhou para trás percebendo aflita que um homem alto a seguia.

Aquela constatação fez um calafrio percorrer sua espinha. Não havia sido nem um pouco inteligente recusar a companhia dos amigos, mesmo a de Naruto que tinha insistido por mais de vinte minutos consecutivos antes de se dar por vencido.

Acelerou os passos, faltava pouco para chegar em casa e então estaria segura.

Os passos continuaram, ritmados, cada vez mais próximos, soando ameaçadores e fantasmagóricos aos seus ouvidos e suor brotou em seu rosto. Definitivamente agora ela se culpava por não ter dado ouvidos aos amigos. Era burrice voltar para casa sozinha no meio da noite e agora havia um sujeito atrás de si, e parecia caminhar em sua direção.

Percebeu apavora que por mais que tentasse aumentar a distâncias. O homem estava cada vez mais próximo.

Entregue ao pânico, Sakura começou a correr. Os passos continuaram ágeis, sem nunca vacilar ou falhar. Todavia, percebeu que o som estava se afastando o que indicava que ela estava conseguindo uma vantagem. Sentia-se um pouco esperançosa por estar tomando distância do homem quando tropeçou em uma pedra e caiu.

Uma dor aguda rompeu no pé, indicando-lhe que tinha torcido o tornozeloe quando ela olhou percebeu que um tímido filete de sangue escorria de um minúsculo ferimento em sua canela.

Droga! Justo agora! Maldita fosse a hora em que tropeçou.

Encarou o homem que continuava caminhando mansamente em seu encalço, e não pode conter as lágrimas que brotaram de seus olhos assustados. Ele estava cada vez mais próximo e sorria de uma maneira doentia que lhe fez gritar de pânico.

Tentou levantar, mas a dor era tamanha que mal conseguiu se sustentar nas pernas por mais de alguns segundos. Caiu novamente, sentindo a torção vibrar incomoda. O estranho estava agora a poucos passos dela, e Sakura só conseguia chorar enquanto encarava os orbes perigosos presos em si, como um animal que caça sua presa.

Fincou os dedos no chão e usando o peso do corpo, começou a se arrastar. Com os olhos imersos em lágrimas, ela mal via o caminho a frente, porém seu instinto de sobrevivência gritava em seu peito para que não desistisse.  O homem agora estava tão perto, seus passos tão audíveis que jurava poder ouvir a respiração dele.

Mesmo assim não se deteve, e buscava se afastar. Não importava o que estava prestes a acontecer, ela sentia que não podia entregar, que tinha que ver Sasuke mais uma vez.

Precisava fugir.

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Sasuke caminhava com ambas as mãos nos bolsos da calça, perdido em pensamentos e sentimento de culpa. Quase atacara Tenten naquela tarde, havia chegado tão perto de se descontrolar que sentira as presas salientes. Miguel não estava errado, a maldita sede era realmente insuportável, tirava os sentidos, subjugava a força de vontade. Era impossível se manter no controle quando o estômago ardia e os sentidos mais primitivos afloravam e gritavam para que saciasse sua gana de sangue. Mesmo que quisesse, agora ele tinha certeza de que não seria capaz de se manter são enquanto estivesse naquela condição, por isso se isolaria do mundo até estar recuperado daquela maldita nova condição.

No entanto não podia negar que haviam certas sensações daquele novo estilo de vida do qual sentiria falta, e caminhar após o crepúsculo era uma delas.

Desde que se tornara um meio-vampiro a noite tinha se tornado agradável, convidativa e amiga. Caminhar em meio as trevas era prazeroso. Os sons, cheiros e imagens eram captados de uma maneira quase sublime, e por vezes lhe trazia arrepios. Havia um sexto sentido que informava quando o sol iria se levantar, como um relógio interno e podia ver até os lugares mais escuros com clareza se quisesse, o que tornava difícil ser emboscado por algum meliante durante seus passeios.

Mas ele não podia se dar ao luxo de andar a noite no seu estado, correndo o risco de atacar e sangrar algum transeunte, pois a sede nunca cedia, apenas arrefecia por breves instantes. Se alimentar de sangue humano era um risco que não se atreveria a correr.

Começava a rumar para casa quando um cheiro despertou sua atenção. Um aroma familiar que lhe atiçava todos os sentidos de proteção, ao mesmo tempo que fazia seu estômago contrair ao perceber o toque ferruginoso que o acompanhava.

Cheiro de Sakura.

De sangue.

Do sangue da Sakura!

Desperto pelo reconhecimento, Sasuke correu com toda a velocidade que tinha em direção ao lugar de onde o cheiro vinha, sabendo que, certamente, a namorada devia estar ferida. Seu coração bateria acelerado pelo temor se não estivesse semi congelado devido a sua nova condição.

Nesse momento, Sasuke só pensava em estar com ela, protegê-la de qualquer ameaça, sem se dar conta de que, com sua sede a ponto de romper as barreiras da sua sanidade, ele poderia representar um perigo ainda maior.

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Naruto descarregou mais um pente de balas, sentindo cada coice forçar seu braço a ceder, algo que não aconteceria, pois estava mais do que costumado a força que aquelas explosões exerciam.

Felizmente o silenciador ajudava a descrição, e ele jamais o esquecia em casa.

Trocou a municiador deixando a arma estalar recarregada. Dois corpos jaziam estendidos no chão. O primeiro imóvel, sem forças para reagir a prata que agora lhe queimava os músculos e pele. O segundo, mais forte e resistente, ainda conseguia virar debilmente os olhos, porém sua força terminava naquele gesto.

Naruto suspirou cansado e voltou para perto da mochila de onde retirou seu punhal. A noite tinha apenas começado e dera cabo de dois de uma só vez, sem saber definir se era um bom ou mal sinal.

Aproximou-se novamente os dois e decapitou-os, guardando as cabeças em um saco para mais tarde jogar no mar. Odiava aquela parte do trabalho. Na verdade, odiava o trabalho inteiro! Por vezes queria gritar para o mundo o quão estafado estava. Se pudesse voltar ao passado e dar um belo pontapé no traseiro do maldito antepassado Tobia que havia se prestado aquele serviço ele o faria sem dúvida.

Retornou a mochila e tentou ajeitar as duas cabeças ali dentro, agradecendo o fato deles não sangrarem muito por serem criaturas demoníacas, mas amaldiçoando a voz que ecoava gutural e sinistra do fundo do pescoço degolado de um dos malditos.

Maldisse o próprio infortúnio ao perceber que não caberiam no mesmo espaço e teriam que ser levadas na mão. Sorte que morava em uma cidade litorânea e que era discreto o suficiente para não chamar a atenção dos policiais. Imagina se o pegam andando de noite, a caminho da orla da praia, carregando um saco preto com cabeças dentro? Nunca que iam acreditar que eram vampiros.

Em dez minutos estava de frente para o mar, inspirando a maresia. Pegando impulso, girou o corpo e, com bastante força, conseguiu arremessar o saco com o conteúdo desgraçado para bem longe. Iemanjá, Netuno, ou até mesmo o aquaman que se preocupassem com aquilo agora.

Era certo que aqueles desgraçados estavam erradicados e não precisava lidar com mais algum naquela noite. Ajeitou a mochila  e os cabelos, e certificou-se mais uma vez de que a arma estava devidamente carregada e preparada no coldre para o possível azar de topar com mais algum maldito sanguessuga no meio do trajeto. Depois de verificar o arsenal suspirou acariciando as têmporas com a ponta dos dedos. Queria casa, sua cama, descanso daquela sina que sua linhagem lhe impusera a força.

Retomou o rumo em direção a casa, e estava a meio caminho quando algo o fez parar de súbito. Seu interior se remexeu violentamente em um aviso frenético, indicando-lhe que ainda tinha trabalho a fazer. Um caçador jamais deve ignorar seus instintos. Era o que rezava a bíblia dos Tobia, o manual mais completo de como caçar os monstros noturnos.

Resignado ele seguiu o coração e, ignorando seus desejos, rumou apressado pela estrada, tendo como guia aquela bussola interna que lhe apontava o caminho sem erro. Mesmo cansado ele jamais permitiria que algum inocente pagasse por sua omissão. Somente um Tobia podia dar cabo daquela criaturas noturnas, e como representante do maior caçador de vampiros da história ele faria jus ao seu legado, ainda que odiasse aquele maldito trabalho.

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Sakura chorava cada vez mais aterrorizada ao perceber o estranho homem cada vez mais próximo de si. Constatando com um grito que ele possuía os olhos vermelhos como os do demônio! Lembrou-se da fatídica noite após a formatura. Ele podia não era tão assustador quanto Inverno e Acordador, mas não deixava de passar medo.

Burra! Devia ter vindo com um dos amigos! Agora ia morrer. Repreendia-se mentalmente, sem forças para externar.

—Não tenha medo, bela senhorita. Logo vai acabar. - O homem abriu a boca deixando expostas as presas sobressalentes. Sakura gritou.

De maneira afoita, ele partiu para cima dela, e Sakura o encarou incapaz de desviar os olhos do estranho que lhe traria a morte. No entanto, antes que pudesse sequer tocá-la, o homem foi arremessado para longe por alguém que se chocara contra seu corpo.

As costas bateram contra um muro, mas a dor era mínima. Como vampiro, tinha um corpo mais resistente, dezenas de vezes mais forte.

Sasuke se levantou, os olhos brilhavam carmesins, furiosos, os caninos maiores, intimidadores e visíveis pelos lábios entreabertos enquanto arfava. Olhava com ódio para o Vampiro que se erguia sem esboçar uma única careta de dor ou dificuldade, colocando-se em posição de luta.

Vai caçar outra presa, porque essa eu vi primeiro, moleque! — o homem rosnou em um aviso rouco que fez Sakura congelar.

Não vai tocar um dedo na Sakura, vampiro idiota.

—Então conhece a garota, hein?

—Isso não te interessa! Suma daqui antes que eu te arrebente.

Desculpa garoto. Mas não vai dar. Estou com sede, há dias não tomo nenhum sangue por causa daquele maldito caçador que anda matando vampiros a torto e a direito. Preciso estar forte quando encontrar com ele.

—Vai tomar sangue de outro, porque não vai encostar um dedo na minha namorada!

Nervosinho.— o homem já estava de pé- A quanto tempo é um vampiro, garoto? Um dia? Dois? Uma semana? O que te faz pensar que pode lutar contra mim?

—Já enfrentei bastardos mais fortes que você, vampiro. Não tenho medo.

—Pois deveria ter. Nunca te ensinaram que os vampiros mais fortes são os mais velhos?

O homem desapareceu como que por mágica, movendo-se rápido demais para os olhos acompanharem. Sasuke mal teve tempo de se preparar quando foi atingido pelas costas por um potente golpe. A sensação era a mesma de ser atropelado por um caminhão. Arfou sentindo o ar faltar aos pulmões e caiu desnorteado. As vistas escureceram perigosamente, estava fraco.

 —Sente falta de ar? Isso quer dizer que ainda não tomou sangue de nenhum outro. Seu coração ainda bate, mesmo que fraco. Um meio-vampiro. Não poderia me derrotar nem em um milhão de anos.

O Uchiha bem tentou captar os movimentos dele quando o homem tornou a desaparecer, concentrando-se ao máximo, mas parecia ser uma tarefa inútil. Antes que pudesse se pôr de pé novamente foi atingido pelas garras do vampiro que atravessaram seu peito, rasgando sua carne de maneira inclemente e selvagem. A dor foi descomunal, gritante, excruciante! Tão potente que quase perdeu os sentidos. Ia segurar a mão do vampiro quando recebeu outro golpe, dessa vez na região do abdômen. As garras dele o atravessavam como navalhas afiadas. Era como ter as tripas arrancadas, cozidas e fervidas em ácido.

Sorrindo, o monstro o soltou sem cuidado algum e Sasuke caiu no chão segurando o corpo convulsionava a ardia pela violência e profundidade dos golpes. Se ele fosse um vampiro completo a dor iria sucumbir aos poucos, até se tornar formigamento, usando a capacidade avançada de regeneração vampírica como Inverno, e em questão se segundos estaria regenerado e pronto para mais uma rodada.

 Mas ele não era um vampiro completo.

Como meio vampiro, sentia a ferida fechar duas vezes mais devagar consumindo a pouca energia que tinha no processo, tornando sua sede mais descontrolada. O estômago ardeu, exigindo que ele se alimentasse e repusesse o poder que estava a se esvair com a lutar e cicatrizações, então a sede uivou descontrolada pedindo sangue para completar o serviço de regeneração.

Balançou a cabeça de maneira veemente. Não se permitiria cair a esse ponto, se o fizesse estaria abrindo mão de sua humanidade, e se tornaria de uma vez um maldito vampiro. Gritou quando a carne fisgou, lentamente se unindo, pulsando enlouquecida, retraindo-se e se esticando em puxões desagradáveis. Estava cada vez mais próximo de perder a sanidade, sentindo a loucura da sede vampírica a lhe roubar a capacidade de pensar.

No entanto ignorou todo as sensações dolorosas deixando-as de lado ao ver o homem se aproximar de Sakura que chorava encolhida, tentando se arrastar para longe enquanto tinha os olhos abertos em pavor a mirar seu algoz, como uma presa prestes a ser abatida. Gritou para que ele se afastasse, tentando em vão se levantar, sendo detido pela dor que novamente o colocou de joelhos.

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Sakura sentiu a mão do homem fechar pesadamente em sua traqueia obstruindo a passagem de ar enquanto a erguia e a olhava diretamente nos olhos, ignorando suas mãos que lutavam contra a prisão que seus dedos lhe impunham. Os olhos dele brilharam vermelhos e as presas brotaram animalescas. Podia ainda ver o namorado no chão, lutando contra os ferimentos que o impediam de se manter em pé, embora tentasse em desespero se levantar para ajudá-la. Aterrorizada fechou os olhos para não ver mais aquela cena e assim evitar encarar o fim eminente.

O homem estava a um passo de completar seu intento e saciar a sede que estava lhe atormentando. Nenhum meio-vampiro idiota iria impedi-lo de se fortalecer, e era bom que aquele jovem idiota tomasse aquilo como lição, afinal no mundo maldito dos vampiros apenas os mais aptos sobreviviam.

Abriu a boca mostrando as presas, rejubilando-se ao vislumbrar o terror estampado nos olhos verdes da mulher antes que ela os cerasse em resposta ao medo que a sobrepujava. As mãos frágeis dela tentavam desviar das mãos potentes, movendo-se desordenadamente pelo ar, mas é impossível fugir do bote de um vampiro depois que se é pego.

O sangue dela cheirava convidativo. Aproximou os dentes do pescoço dela, resvalando as presas afiadas, sentindo a pele ceder a pressão, e se extasiou ao sorver as primeiras gotas que brotaram da ainda tênue ferida, descendo quentes e agradáveis, revirando os olhos de prazer, quando algo explodiu no lado esquerdo de seu tórax tirando-lhe a sensação de torpor. Não houve barulho, nem nenhum indício que pudesse indicar perigo. A dor foi tamanha que, em resposta, ele soltou a mulher que caiu com um baque surdo no chão, automaticamente segurando o local da ferida. Seus olhos brilharam furiosos e ele tentou correr em direção ao atirador, recebendo uma rajada dolorosa de mais projeteis.

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Sasuke não entendeu ao ver o homem largar Sakura e cair. Tentou levantar e dessa vez conseguiu manter-se em pé. O corpo estava um pouco melhor, regenerado, apesar de ainda faltar muito para deixa-lo fora de risco, ainda podia sentir os músculos se retraindo dolorosamente.

O problema era a sede que estava mais selvagem depois daquela breve regeneração.

Então ele viu algo que o deixou estupefato.

Quase não acreditou ao ver Naruto empunhando uma arma semiautomática, equipada com silenciador enquanto descarregava a munição no homem que gemia de dor sendo sacudido pela incessante saraivada de balas que o atingia initerruptamente. Nunca imaginou que veria aqueles divertidos olhos azuis tão obstinados e concentrados, envoltos em uma frieza que lhe era incomum. Em nada lembrava o loiro brincalhão e idiota que só fazia rir.

O loiro deixou que o pente usado caísse e novamente recarregou a arma, com uma agilidade assombrosa. Sem dar tempo de revide ao vampiro, ele atirou mais algumas vezes fazendo-o urrar de dor.

—Desgraçado!- o homem bradou furioso com a voz entrecortada de dor, mostrando as presas em desafio.

Mande lembranças minhas ao inferno. Diga ao diabo, seu pai, que Naruto, descendente de Tobia, está mandando seus filhotes de volta. O parque de diversões acabou de fechar.

—Um dia será morto por um de nós, caçador Maldito.

— Não vou reclamar se levar, pelo menos, vinte de vocês comigo.

Sem esperar por respostas, Naruto atirou mais uma vez na cabeça dele fazendo-o silenciar momentaneamente.

Com dificuldade, Sakura se arrastou para perto do namorado.

Sasuke sentia que os ferimentos não lhe doíam mais. Na verdade, nem mesmo havia ferimentos a esta altura, estavam curados. Em contrapartida sentia a pele palpitar aflita.

O estômago gritava. A sede dessa vez estava insuportável. Voraz como Gentil tinha dito. Forte demais para ser controlada.

No segundo seguinte não conseguia processar mais nada, apenas sentia a noite, os instintos apurados e as vísceras se contorcendo dolorosamente. Seus olhos estavam mais vermelhos do que nunca e sua mente gritava para que ele caçasse. O vento lhe trouxe um aroma que o deixou entorpecido e entregue.

Cheiro de sangue.

Ele precisava, estava a ponto de ter um colapso e já não era mais capaz de raciocinar. Em nome da autopreservação ele precisava agir e sua natureza vampírica lhe avisava que ali haviam duas fontes de alimentos, ao mesmo tempo que avisava que um deles, o loiro, era perigoso e seu sangue danoso.

Sakura o alcançou, e rapidamente abraçou o corpo do amado chorando de alívio e pavor. Estava atônita com todos os acontecimentos, e também se questionava sobre Naruto, porém sua necessidade de estar perto do namorado e certificar-se de que ele estava bem era mais urgente que sua curiosidade.

Resquícios de humanidade explodiram fracos na mente do Uchiha, resíduos tênues que por um segundo o fizeram hesitar e ceder ao contato apenas em busca de conforto.

Sasuke tinha perdido muita energia naquela regeneração, estava fraco e esgotado e seu corpo pedia, na verdade, exigia que ele se alimentasse para recuperar a força gasta na breve batalha. O cheiro do sangue dela subiu e lhe acariciou os sentidos, convidativo, impossível resistir. Ele necessitava tanto de um gole, não conseguiria mais resistir e não tinha consciência para se controlar. As presas brotaram, os olhos acenderam como duas brasas brilhando na escuridão.

Ele ia se alimentar. Não conseguia mais se controlar.

Então sentiu seu corpo ser sacudido violentamente por algo doloroso que se alojou profundamente na carne, um projétil extremamente potente e de alto calibre. A dor que irrompeu em sua mente e o fez gritar e segurar o braço ferido lhe trouxe a sanidade de volta, e como doía! Queimava como se estivesse em brasas! Era como se a carne estivesse sendo lentamente corroída! Os ferimentos anteriores, apesar de maiores em proporção e profundidade, nem se comparavam com aquele.

Instintivamente soltou Sakura empurrando-a para longe, e ao olhar para cima, com os dentes ainda trincados de dor, percebeu Naruto a sua frente empunhando a arma. Custou-lhe acreditar que havia sido alvejado pelo próprio melhor amigo, mas o olhar sério que o loiro mantinha tal qual o de um assassino profissional, destemido e implacável, não lhe deixavam dúvidas.

Eu queria que fosse mentira, Teme. Queria que toda essa merda fosse mentira, que os meus instintos estivessem errados. Pela primeira vez, eu desejei estar errado, mas era óbvio demais. Você se tornou um deles, e agora, infelizmente, vai ter que desaparecer.—Naruto deslizou o metal da arma deixando mais uma cápsula vazia voar. -Meu melhor amigo, um maldito vampiro. - deixou o dedo abraçar o gatilho.- Adeus, Sasuke. Diga ao Diabo que Tobia mandou lembranças.

Sem hesitar por um segundo que fosse, Naruto apertou o gatilho.


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Notas finais do capítulo

Pois é, eu sei que querem me matar, mas não sejam assim, uma hora todo mundo acaba morrendo rsrs
Podem destilar seu ódio por eu ter terminado o capítulo em um momento tenso nos comentários.



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