Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 9
Um velho amigo


Notas iniciais do capítulo

Oi jovens leitores!
Aqui temos o capítulo 9! Ohhh!
Espero sinceramente que estejam gostando e que a leitura esteja sendo agradável. Para aqueles que estão seguindo, gostariam que deixassem comentários e criticas se possível, para que sempre possa melhorar o nível da história.
Bem, recado foi dado, então vamos a leitura.



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Multiverso é um termo para descrever um hipotético grupo de universos possíveis. A realidade em que vivemos pode ser apenas mais uma entre um infinito de variações.

Existem um número imensurável de versões de nós mesmos, algumas fazendo exatamente a mesma coisa que fazemos agora. Outras, vivem vidas completamente diferentes.

O que alguém pode encontrar quando atravessa a barreira entre os universos?

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Tiago Parker jamais gostara de Severo Statham em toda a sua vida.

Um sentimento de antipatia mútua surgiu entre eles no momento que se conheceram no primeiro dia no colégio, quando tinham apenas onze anos.

Severo era, então, um menino chato e metido à esperto. Mas a pior parte era que, naquela época, ele era o melhor amigo de Lílian. Ou pelo menos era o que a garota achava.

As intenções de Statham sempre foram bem claras para Tiago, desde o começo.

Ele se sentara perto de Lílian na classe na durante a primeira aula e a garota fora muito legal, emprestando-lhe um apontador de lápis. Lembrava-se muito bem porque tinha certeza que começara a gostar dela naquele momento. Lílian tinha os olhos mais verdes que ele já tinha visto e era muito engraçada. Fizera-o rir pelo menos três vezes em cinco minutos.

Statham que estava sentado próximo à eles tornou-se absolutamente hostil com Tiago depois disso.

Era óbvio que estava com ciúmes e não aturava competição. Como se aquilo fosse impedir Tiago de ser amigo de Lílian.

As coisas só pioraram com o passar dos anos escolares. Tiago não se interessava por outra garota, e sofreu boa parte da adolescência, com a impressão de que Lílian gostava de Severo.

Demorou um bom tempo para que ela aceitasse ser sua namorada.

Tiago achava que a conquistara com seu jeito engraçado, já que ela sempre ria quando estavam juntos. O romance deles suportou firmemente as intrigas de Severo.

Ah, como Tiago detestava aquele cara, que parecia viver apenas para envenenar Lílian contra ele!

Foi um alívio quando ruiva deu um fora naquele ranhoso desprezível de uma vez por todas e os dois nunca mais se falaram. Parker pode finalmente respirar tranquilo.

Até aquele dia terrível.

Se houve uma vez que Tiago Parker considerou que tudo estava perdido em sua vida foi durante o enterro de Henry.

Foi a pior dor que já sentira, pois enquanto o pequeno caixão descia, tomou consciência de que nunca mais veria seu filho de novo. Henry estava morto e nunca mais voltaria.

Ouvia a esposa soluçando em seus braços.

Lílian não falara com ele durante a preparação do corpo nem durante o velório. Tiago tinha certeza de que, no fundo, ela o culpava pela morte do filho. Era como se seu casamento estivesse por um fio.

E para piorar, do outro lado da cova estava Statham, com os olhos fixos em sua esposa, apenas esperando uma brecha para se aproximar dela novamente.

Aquilo para Tiago Parker era um martírio.

Ele deu graças aos céus quando Lílian aceitou que se mudassem para fora de Londres. Mas agora, quase quatro anos depois, estavam de volta à cidade e Severo ainda continuava cobiçando sua esposa. Era muito atrevimento!

No entanto, Lílian não parecia interessada no passado.

Assim que chegaram a estalagem, esgotados e mortos de fome, ela correu para o quarto e começou a adiantar a organização das malas, colocando tudo o que podia dentro delas antes do jantar. Parecia ter ficado mais aborrecida, sem mencionar assustada, diante do encontro com Severo do que o próprio Tiago.

Depois do jantar, ela logo terminou de fazer as malas, colocou um despertador ao lado da cama e fez Harry e o marido se recolherem cedo, para que pegassem a estrada logo após o café da manhã.

Entretanto, as coisas não saíram como programado.

— Tiago, acorde! TIAGO!

Ele despertou com a esposa chacoalhando-o. Achou que estavam sendo atacados e saltou da cama sem prótese, equilibrando-se numa perna só, assustado.

— O quê? O que foi? Os aviões estão vindo?!

Ele agarrou a prótese ao lado da cama e começo a colocá-la de qualquer jeito, batendo o ombro contra a parede para se escorar. Lílian segurou seu braço, fazendo-o olhar para ela.

— Não, não é um bombardeio! — exclamou. Estava pálida e sua voz era aflita. — É o Harry! Ele sumiu!

— Quê? Como sumiu?

Tiago olhou para a cama do menino. Estava vazia.

— Você já procurou na estalagem?

— Já... Ele não está em parte alguma. Marta disse que o viu sair de manhã, pouco antes de Ronald ir para o colégio.

Tiago fechou os olhos pesadamente e respirou fundo.

— Ele foi atrás de Dumberton.

— Eu sei! Precisamos trazê-lo de volta!

— Não.

Lílian encarou-o.

— Como assim "não"?

— Nós não vamos atrás dele — explicou Tiago pausadamente. — Ele disse que precisava ir até Dumberton e ele foi. Não podemos obrigá-lo a fazer nada ou mantê-lo preso conosco. Assim que ele terminar, ele vai voltar.

— E é só isso? — a mulher o mirava, incrédula. — Nós vamos só esperar? E se acontecer alguma coisa? Ele é só um garoto, devia estar sob nossa responsabilidade...

— Não, não devia — contrapôs Tiago. — O trouxemos até aqui apenas porque pareceu algo certo à se fazer. Mas não vamos interferir quando ele está tentando voltar para seja lá de onde veio. Você sabia que uma hora ele teria de ir...

— Não estou tentando impedi-lo...

— Sim, você está. Percebi a cara que fez quando ele mencionou que Dumberton podia ajudá-lo a partir. Você ficou nervosa...

— Claro que fiquei! Ele queria se arriscar por algo que talvez não dê em nada, como está fazendo agora...

— Ou talvez possa dar certo — disse Tiago. — E se der Lílian, terá de deixá-lo ir.

— Você quer que ele vá, não é? — ela ficara definitivamente com raiva. — Quer que ele vá embora porque faz você pensar no Henry! Droga, eu sei que não é o Henry e não preciso que ele seja! Você pode dizer a mesma coisa, Tiago?

Tiago Parker ficou branco. Ele olhou para a esposa por um longo momento, mas Lílian permaneceu firme. Estava com raiva e não iria se retratar.

Sem dizer nada, ele terminou de colocar a prótese na perna esquerda, trocou a camisa e meteu um casaco por cima, antes de apanhar a bengala e sair do quarto.

Ele saiu pela porta da frente e deixou a estalagem, seguindo pela rua coberta de neve com passos decididos. Precisava respirar.

Andou por um bom tempo, antes de parar em um parque. Sentou-se e um banco frio e fechou os olhos por alguns minutos. Um tempo depois, levantou-se e caminhou até a cabine telefônica mais próxima. Tirou uma ficha do bolso e depositou-a no aparelho. Apanhou o fone e segundos depois ouviu uma voz do outro lado da linha:

— Alô?

— Oi. Sou eu. Estou na cidade. Pode me encontrar no lugar de sempre?

— Estou indo — foi a resposta, seguida pelo som do telefone desligando.

Tiago colocou fone no gancho e rumou para o metrô, que o levou para um outro bairro próximo ao centro. Ele desceu na estação e precisou andar apenas uns dez minutos até o velho bar que frequentava na juventude.

Entrou e sentou-se à mesa que era-lhe familiar, antes de pedir um gim. Aguardou apenas uns dez minutos, antes de ouvir uma a mesma voz masculina e rouca que ouvira no telefone:

— Tiago?

O homem olhou para cima e levantou-se ao ver o amigo. Eles se abraçaram fraternalmente.

— Sirius — cumprimentou quando se separaram. — Como é bom vê-lo.

— É bom ver você também. Já faz quanto tempo? Um ano?

— Quase isso, eu acho.

Sirius Grey sentou-se diante de Tiago e pediu um café.

— Você pediu gim? — observou ele, olhando o copo a frente do amigo. — A coisa deve estar feia. O que houve? O que trouxe você a Londres?

— Ah, é uma longa história. Quando terminar você vai entende porque precisei pedir gim.

— Então é melhor contar logo, pois estou curioso.

— Vou começar do início. Tem umas partes que nem eu sei explicar, mas você vai entender — Tiago tomou um gole de gim e continuou: — Aconteceu à uns dez dias, quando Lílian e eu voltamos para Windshill no meio da noite. Um garoto surgiu do nada na frente do carro e...

Tiago contou tudo à Sirius: Harry, os documentos falsos, a audiência, o encontro com Statham, o sumiço do menino e a discussão com Lílian.

A cada palavra que Sirius escutava, suas sobrancelhas se erguiam mais e mais, e quando Tiago terminou, o amigo também pediu para si uma dose de gim.

— Isto tudo parece loucura — falou Grey, tomando um gole generoso do copo.

— Você acredita em mim?

— Claro que acredito! — afirmou, como se o amigo fosse idiota em perguntar. — Quer a minha ajuda? O que for preciso, eu farei.

— Queria apenas desabafar.

— Pois desabafe o quanto quiser — ele olhou para o amigo. — Não parece ter toma do café da manhã. Vou pedir uns ovos mexidos pra você. Ei, Marcos, traga ovos mexidos, por favor! —  ele gritou para o garçom. Depois se virou para Tiago. — Acha que Dumberton conhece o garoto?

— Harry falou como se nunca tivessem se encontrado.

— Mas ele talvez saiba de algum parente do garoto ou coisa assim. O que fará se o menino voltar apenas para se despedir?

— Vou deixá-lo ir — disse Tiago com um suspiro cansado.

— Está preparado para isso?

— Harry e eu já tivemos essa conversa — foi tudo o que pode dizer.

Os ovos mexidos chegaram e ele comeu sem muita vontade. Sirius ficou observando, até que quebrou o silêncio.

— Acha que Statham vai criar algum problema?

— Tenho quase certeza que sim.

— Se precisar se esconder — murmurou Sirius — tenho um lugar...

— Você tem? — indagou Tiago, interessado.

— Desde o sumiço de Rômulo, quis me precaver — sua voz era acima de um sussurro — Prometi a mim mesmo que, se um dia o Ministério vier atrás de mim ou um dos meus amigos novamente, eu estaria preparado.

Tiago olhou para o prato tristemente.

— Eles sempre acham as pessoas, Sirius.

— Eles acham somente quando gente demais sabe dos esconderijos. Acharam o Lewis apenas porque alguém dedurou  — Sirius tomou o resto do gim de uma vez. — Se eu um dia descobrir, juro que mato essa pessoa. Rômulo não tinha feito nada...

— Ele sabia que era ilegal ter todos aqueles livros. Devia tê-los entregado para a queima como o Ministério ordenou.

— Rômulo sabia que aquilo era o início do fim, Tiago. Primeiro os livros e depois a liberdade. Ele sabia que toda essa merda iria acontecer, a censura e tudo mais. Ele sabia no que o mundo iria se transformar...

— Esse mundo jamais foi bom, Sirius — disse Tiago em voz rouca. — Primeiro desapareceram com Rômulo por causa de livros. Depois as bombas tiraram meu filho. A guerra não nos dá nada, apenas tira.

— Se ao menos soubesse o que fizeram com Lewis, eu poderia dormir.

— Você sabe o que houve, Sirius  — Tiago olhou para a parede do outro lado do bar, sem realmente enxergá-la. Em sua mente surgiam imagens muito nítidas do que devia ter acontecido como seu amigo. — Eles o levaram no meio da noite. Fizeram ele confessar que contrabandeava livros. Mataram-no e depois sumiram com o corpo. Foi isso.

Sirius limpou os olhos.

— Eu tentei achar ele, Tiago, eu tentei.

— Eu sei, Sirius. Eu me lembro...

— Investiguei tudo o que pode, subornei todos que podia, fiz de tudo e nada adiantou. É como se ele nem tivesse existido... Devia ter insistido mais...

— Você quase foi mandado para prisão, Sirius. Estava fazendo perguntas demais. Eles teriam matado-o também.

— Pelo menos eu teria certeza do que houve com Rômulo Lewis.

Os dois ficaram em silêncio por um longo minuto.

— Deveríamos ir procurar Lílian. Ela deve estar preocupada com você.

— Ela vai gostar de vê-lo, Sirius.

Eles pagaram a conta e deixaram o bar, ambos cabisbaixos e muito quietos.


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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim.
É Harry vazou de repente. Vocês descobrirão no próximo capítulo onde ele foi parar.
Espero que tenham gostado de ver Sirius Cinza. Eu não consegui pensar em nome melhor, por queSirius é simplesmente Sirius. Desculpem.
Já devem ter adivinhado que o Rômulo Lewis é o Remo Lupin. E não, ele não vai aparecer nesta temporada porque ele está realmente morto!
Sim, eu matei o Lupin. Era a morte mais pesada que podia fazer, já que todo mundo ama ele, inclusive eu.
Deixem aí nos comentários suas opiniões.
Bye.



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