Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 27
Traçando um plano


Notas iniciais do capítulo

Oi, jovens!
Depois de um tempão sem postar capítulos por um monte de motivos na vida, resolvi retornar para minha fanfic aqui no Amino.
Espero manter a cadência semanal, então, lembrem-se:
Comentem se puderem, para incentivar a autora. Ajuda muito na moral saber que tem gente lendo.
Obrigada por virem e boa leitura.



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No que dizia a respeito sobre planos engenhosos, Harry nunca se considerou um especialista na área.

Era fato que já se safara de muitas situações que aparentavam não ter solução em seu mundo, incluindo evitar a morte certa nas mãos de Lord Voldemort — coisa que muitos bruxos consideravam impossível.

No entanto, tinha consciência que seus tais feitos não dependeram exclusivamente de suas habilidades. Na verdade, sempre tivera algum tipo de ajuda para sair vivo da maioria das encrencas em que se metia.

Era certo que enfrentara Quirrell sozinho pela pose da Pedra Filosofal, mas nunca teria chegado a última sala sem o auxílio de Rony e Hermione. No ano seguinte, fora Fawkes quem levara o Chapéu Seletor de onde Harry retirara a espada de Grifinória para matar o basilisco — logo depois da fênix tê-lo cegado. E quando precisou resgatar Sirius Black do alto da torre, não contou com a ajuda de Hermione e de Bicuço?

Poderia mesmo ter encontrado seu fim naquele cemitério, assim que Voldemort retornou, se os fantasmas de seus pais não tivessem aparecido para protegê-lo. Até Dumbledore surgira em seu socorro no momento exato em que estava encurralado no átrio do Ministério.

Quando pensava nestas coisas, Harry sentia que tivera muita sorte em ter sobrevivido até seus dezesseis anos de idade. E essa sorte dependia de estar no lugar certo, na hora certa, com a pessoa certa.

Enquanto ouvia os planos de Sirius, Morgan e os outros sobre libertar Tiago Parker, teve certeza que estava com as pessoas certas. Mas não tinha a mesma convicção sobre a hora e o lugar. A situação era demasiada complicada.

Falavam sobre veículos, horários de entrada e saída, pessoas que sabiam que trabalhavam no edifício. Havia o problema de entrar num prédio do governo altamente vigiado e repleto de guardas bem armados e o problema apenas aumentava quando a questão era como sair de dentro dele.

A cada ideia proposta, um furo gritante se destacava. Tudo parecia arriscado demais, falho demais.

Por fim, optaram pelo que soava menos lunático e prático.

— O jeito é esse: vamos ter de nos infiltrar.

— Certo, Sirius... Todos concordamos neste ponto, mas como faremos isto?

— Vamos ter que conseguir um carro oficial, uniformes, identificações e simplesmente entrar, Brooks.

Quê?... Isso é a melhor coisa que consegue pensar?

— Tem uma ideia melhor, Andy?

— Claro que tenho: Não nos entregarmos de bandeja!

— Mesmo se entramos lá, como faremos para não nos reconhecerem, Sirius?... Quer dizer, é um prédio de segurança, acho que todos sabem quem é quem. Podem checar quem somos...

— Está esquecendo do meu informante, Brooks? Ele já concordou em nos colocar lá dentro.

— E ele é confiável?

— Tão confiável quanto o nosso Morgan, aqui.

— Eu não sei não, Sirius... Isso não parece muito certo...

— Calma, Paulo. Vai dar certo. É só o tempo de saírmos com o Tiago... Assim que se derem conta do que aconteceu, será tarde demais.

— Mas tem tanta coisa que pode ir mal...

— Em um assalto assim, nada é totalmente garantido. Mesmo nos esquemas mais bem orquestrados podem surgir falhas. Mesmo se planejássemos por um ano inteiro, ainda haveria pontos que podem fugir do nosso controle...

— Justamente, Morgan! Por isso não dá para ficar perdendo muito tempo com suposições. Vamos nos programar o melhor que pudermos e ir com toda a força e coragem que tivermos!

— É isso aí, Sirius!

Harry ouvia tudo em silêncio, prestando atenção.

Sirius Grey era o mais agitado, quase que entusiasmado diante do perigo eminente. Lembrava muito o padrinho de Harry no ano anterior, preso em casa e ansioso para se sentir útil. Fora esse Sirius Black que correra para ajudar o afilhado quando soube que este estava acuado no Departamento de Mistérios. E fora este mesmo Sirius que rira vitorioso segundos antes de receber o Avada Kedavra de Belatriz Lestrange.

Elisadora Brooks, por sua vez, estava muito mais atenta. Normalmente, era bastante divertida e fazia muitas piadas, mas desde que começaram a discutir os detalhes do resgate, a moça ficara perceptivelmente mais séria e era óbvio que desejava que tudo terminasse bem.

Enquanto isso, Paulo Pritchett mostrava-se muito desconfortável. Seu rosto redondo assumia uma coloração vermelha  sempre que citavam seu nome para alguma possível tarefa e ele estremecia dos pés a cabeça. Concordava com tudo o que Sirius dizia, mas era evidente que estava apavorado com o que teria de fazer.

Alastor Morgan era o mais proativo. Era ele quem fornecia as ideias e apontava os prós e os contras, antecipando o que e quando algo podia dar errado.

O garoto se lembrou de Sirius comentando que Morgan fora do exército por muito tempo. Harry ficou imaginou se aquele homem já tivera de invadir bases inimigas antes. Provavelmente sim, mas não como aquela que estavam visando.

A reunião avançou até muito tarde daquela noite e o garoto não chegou a descobrir a que horas fora dormir. Lembrava-se apenas de ter se deitado na mesma cama que lhe fora dada na primeira vez que estivera ali e apagado quase que instantaneamente.

Acordou na manhã seguinte com a impressão de que não havia descansado quase nada.

Ao virar-se para o lado, reconheceu a silhueta de Brooks deitada na cama de cima do outro beliche, do outro lado do quarto. Ela respirava de forma profunda e ritmada, como a de alguém que estava exausta. Na cama debaixo, os cobertores estavam intocados, indicando que o seu ocupante não chegara a dormir ali.

Harry se levantou e saiu do quarto. Deu de cara com Morgan ainda sentado no mesmo lugar, com os braços cruzados sobre a mesa e a cabeça escondida entre eles, sem emitir som algum. Paulo deitara-se no sofá e adormecera com a boca aberta, de onde um ronco baixo e constante saia.

Não havia sinal de André Russell e Sirius Grey por ali. Deviam ter saído em algum momento antes do amanhecer.

Lílian se encontrava na cozinha, tomando uma xícara de café preto sem açúcar e ofereceu um pouco a Harry quando este entrou. O garoto pegou uma xícara e tomou um golinho, quase cuspindo na pia quando sentiu o gosto da água meio amarga e quente.

Comiam algumas torradas feitas com pão velho, quando Morgan e Pritchett se juntaram à eles. Morgan e Lílian voltaram a falar de Tiago, mas Paulo tentou puxar assunto com Harry.

Queria saber se a história que Sirius lhe contara era real.

— Você foi mesmo encontrado por Lílian e Tiago no meio do nada, na neve, ao norte?

— Fui.

— Nossa, mas... Mas como você chegou ali? Quer dizer... Ouvi uma história fantástica! Você tem de convir que é meio difícil de acreditar. Eu talvez não acreditasse, se não tivesse visto seu rosto em todos os jornais. Sabe, o Ministério em peso está procurando você, meu rapaz! Seria sensato imaginar que você fez alguma coisa grave ou tem alguma coisa que eles querem... Mas não esperava nada parecido com aquilo que Sirius me contou. Confesso que não fiquei muito convencido. Veja bem, magia é... bem...

E encolheu os ombros como se a palavra já explicasse tudo.

— E tinha mesmo uma pedra mágica?

Harry continuou mastigando sua torrada.

— Sirius disse que ela transportou você — Pritchett deu um sorrisinho, como se aquilo que acabara de dizer fosse uma loucura. — Desculpe, é que parece tão impossível, não acha?

— Humm...

— E não é? — continuou o homenzinho, em tom baixo e agudo. — Como isto seria possível? Vir de outro mundo?

O garoto não disse nada. Paulo ergueu as sobrancelhas.

— Mas o Sirius disse que Alfonso Dumberton recebeu você e entregou-lhe um livro. E o Ministério está muito interessado em você... Prenderam o Tiago e estão te caçando por toda a parte.

Lílian e Morgan continuavam a comentar sobre o resgate. Harry ouvia a conversa deles ao fundo e os dois também deviam estar escutando a sua. Contudo, não estranharam Paulo querer ouvir a história da própria boca do garoto. Se ela era inacreditável mesmo.

Harry, por sua vez, mantinha-se reservado. Não confiava nada em Paulo e quanto menos ele soubesse melhor.

— Então?

— Então, o quê?

— Você é de outro mundo? — insistiu Paulo.

— E se eu for?

Pritchett arqueou ainda mais as sobrancelhas, depois seu rosto suavizou.

— Está bem — ele deu um sorrisinho, que se converteu uma pequena careta ao tomar um golinho do café. — E o que você fazia lá?

— Nada demais. Estudava.

— E lá tinha carros voadores?

— Quê?

— Eu perguntei se lá tinha carros voadores.

— Porque teriam carros voadores?

— Não sei — comentou Pritchett encolhendo os ombros. — Eu sempre imaginei um mundo onde os carros pudessem voar, sabe? Você entraria neles, eles flutuariam e alçariam voo — ele fez um movimento com a mão de algo cortando o ar em direção ao céu. — Não seria uma maravilha?

Ele olhou para Harry sorrindo, mas o garoto não retribuiu. O sorriso se tornou um esgar e se dissipou. Paulo hesitou um instante e continuou:

— Você tinha uma matéria favorita? Estava pensando em ter um emprego ou algo assim?

— Não.

Harry achava que ser Auror seria para ele uma profissão, uma vez que era muito bom em Defesa Contra as Artes das Trevas, mas não tinha a menor vontade de falar aquilo, até porque ninguém iria entender.

Era nítido que Pritchett estava procurando algum assunto para conversarem, só que antes que pudesse pensar em outra pergunta, Harry se levantou.

— Com licença — e saiu da cozinha.

Decididamente não gostava de Paulo. Achava-o enxerido e insistente.

Mais tarde naquele mesmo dia, Pritchett tornou a se sentar ao lado dele e puxar assunto. Por sorte Marisa havia descido ao búnquer e ficara para conversa.

Falara um pouco de sua família à Harry.

O pai morrera na guerra quando ela era criança, deixando-a sozinha com a mãe e quase nenhum dinheiro. As coisas ficaram piores quando a mãe faleceu anos depois. Marisa tivera de se virar sozinha no fim da adolescência, em Manchester, o que se mostrou muito complicado. Não conseguia emprego nem casa própria, vivia de aluguel e mal conseguia comprar comida. E o governo ainda parecia criar mais empecilhos do que oportunidades. Houve uns dias que chegou a pensar que estavam propositalmente tentando matá-la de fome. Foi quando conheceu Sirius e este lhe conseguiu um emprego.

— Se não fosse por ele, não sei o que teria feito.

— Sirius é um cara legal.

— É sim.

Havia tanto carinho na voz, que corou ao encarar o garoto.

— É melhor eu subir. Alguém tem de ficar lá em cima... Até depois...

E se levantou rápido do sofá.

De repente, Harry sentiu uma onda de afeto por ela. Talvez fosse empatia por saber dos problemas que enfrentara ou talvez fosse porque ela parecia gostar verdadeiramente de Sirius. O rapaz não sabia definir bem o motivo, mas com certeza apreciava cem vezes mais sua companhia do que a de Pritchett, que continuava ali por perto, observando-o.

Harry não contara a Lílian o motivo de não simpatizar com aquele homem e achou melhor que continuasse assim. Isso não impediu a ruiva de reparar que o garoto não dava qualquer brecha de aproximação para Pritchett.

A certa altura, ela chamara-o a um canto e perguntara se tinha algo errado. O rapaz respondeu que achava Pritchett um pouco curioso demais.

— É só porque você é idêntico ao Henry.

— E o que tem isso? Pelo que entendi, Sirius já explicou tudo à ele.

— Talvez, mas acho que ele ainda assim gostaria de te conhecer melhor, Harry. Sabe, Paulo se dava muito bem com o Henry.

— É sério? — Harry ficou um pouco surpreso com aquilo.

— Claro. Paulo é um pouco introspectivo, mas é porque ele sempre foi muito tímido — Lílian parou um instante, pensando se devia continuar. Acabou acrescentando — Bem, o Paulo nunca foi tão extrovertido como o Sirius, nem tão culto como o Rômulo era, mas isso não importava muito para o Henry.

— O que quer dizer?

— É que ele sentia que não precisava se esforçar demais para impressionar uma criança... Bastava ser agradável...

— Aah... — fez Harry, pensando consigo: "Então, perto do garoto, Pritchett se permitia ser medíocre o quanto quisesse?"

— Se conhecê-lo melhor, vai ver que é uma boa pessoa. Só precisa dar uma chance à ele.

Lílian concluiu a frase com uma nota de carinho na voz e deixou o garoto refletindo.

Infelizmente, para Harry não era tão simples seguir o conselho de Lílian. Ele ainda imaginava que Pritchett podia ser um traidor e decidiu ficar de olho em qualquer atitude suspeita.

Esta era a parte mais fácil. Como o búnquer era um espaço compacto e trancado, Harry sabia o tempo inteiro onde cada um dos ocupantes estava.

O dia ficou mais animado apenas à tarde, quando Sirius retornou com notícias. Andy conseguira apressar as identificações para dentro de três dias e um colega de sua confiança conseguiria uniformes para se disfarçarem.

Morgan também teve sua cota de viagens a superfície. Deixou o esconderijo algumas horas depois de escurecer, falando alguma coisa sobre "armamento para uma guerra", o que deixou Harry meio apreensivo sobre se teriam de usar aquilo em algum momento.

Brooks quis ir com ele, mas foi aconselhada a ficar. Pritchett também manifestou a intenção de "esticar as pernas" já que ele não estava sendo muito útil. Sirius, no entanto, pediu para que ficasse ali, pois queria lhe repassar alguns detalhes do plano.

Ao fazer isso, olhou de relance para Harry, que concordou com a cabeça. Eles tinham concordado em não deixar Pritchett sair sem a supervisão direta de Sirius.

O dia seguinte transcorreu quase da mesma forma.

Morgan voltou pouco depois do amanhecer, juntando-se a Sirius, Lílian, Brooks, Marisa e Paulo na sala.

O grupo repassou todo o esquema mais uma vez e o que já tinham adiantado nos preparativos. Harry também se sentara ao lado deles, em silêncio, questionando vez ou outra algum ponto, o que deixava Alastor irritado.

— Pare de ser intrometido, moleque! Você não vai estar lá!

— Certo, certo... Eu sei, eu sei...

Ainda não conseguira convencê-los a deixar que os acompanhasse, mas como os documentos ficariam prontos somente dali há uns três dias, ainda tinha algum tempo. Precisava se interar de tudo para mostrar que poderiam precisar dele.

O plano consistia basicamente de roubar um camburão do Ministério, usar os uniformes e as identidades falsas para se passar por policiais, entrar na prisão e, com a ajuda do agente infiltrado, "transferir" Tiago para outro lugar "por ordens do Ministro".

Morgan insistia que poderiam sair de lá vivos pouco antes do carcereiros perceberem o erro. Além do mais, existiam mais pessoas competentes envolvidas na invasão, gente que entendia de falsificação e roubo. Poderiam conseguir o carro, as roupas e os documentos e depois se livrar deles. Se algo desse errado, teriam armas para se defenderem. Bastava ter coragem e...

—... mentir na cara dura! — afirmava com uma risada irônica.

Como a policia só conhecia os rostos de Harry e Lílian, o resto poderia se arriscar. Brooks ficaria no carro com Paulo — que tremia só de pensar — e Sirius entraria na prisão junto com Morgan, onde receberiam ajuda do informante.

Alastor Morgan falava com tanta convicção, que Harry imaginou que talvez tudo pudesse dar certo. Afinal, o garoto já elaborara sua cota de planos meio furados, que também tinham funcionado... ou quase. Lembrou-se novamente que contara com muita sorte e com a ajuda de Rony e Hermione.

Nem a garota nem o ruivo estavam ali, mas quem sabe a sorte aparecesse.

Sirius tornou a sair naquela tarde, desta vez para conseguir os tais uniformes.

— Vou com você — disse Pritchett, levantando-se da cadeira onde estava sentado.

— Não.

Paulo parou no meio da caminho, numa posição semi agachada, com uma expressão confusa.

— Por que não?

— Porque quero que fique e cuide das coisas.

— Mas o Morgan está aqui e a Elisadora também...

— Me chame de Brooks...

— ... e eles podem cuidar de tudo — continuou Paulo, erguendo-se enquanto ignorava a cara feia de Brooks. — E desde quando eu vou conseguir cuidar de tudo se algo der errado? A verdade é que... Bom, eu não estou fazendo nada, Sirius!

— É claro que está! Você vai nos ajudar no resgate!

— Mas eu podia estar ajudando agora! — protestou Paulo. — Por que está me dispensando? Acha que eu não sou capaz?

De súbito, Pritchett assumiu uma postura estranha.

Ao mesmo tempo que ele tinha a voz firme de quem quer realmente contribuir e se arriscar se for necessário, seu rosto ficou pálido e sua mão tremeu. Ele fechou o punho e cruzou os braços depressa, para disfarçar o tremor e encarou Sirius seriamente.

Sirius ficou surpreendido e pensou um pouco antes de responder:

— Você é muito capaz, Paulo. Se não fosse não o teria chamado — disse ele. — Sei que na hora que precisarmos, você vai estar lá. A verdade é que não quero que ninguém nos veja juntos... Somos amigos, mas não quero levantar suspeitas de nada...

— Que suspeitas poderíamos levantar?

— Faz tempo que não nos vemos e de repente estamos andando juntos por aí no meio da noite, logo depois de um amigo em comum ser preso... Sabe bem que só isso já é motivo para suspeitas...

Paulo abriu a boca para dizer alguma coisa, logo desistiu. Voltou a se sentar e permaneceu em silêncio enquanto Sirius desaparecia atrás da pesada porta de ferro.

— Não precisa ficar desanimado — comentou Brooks. — Eu também ainda não saí desde que cheguei.

Paulo não respondeu.

O restante da tarde passou com certa tranquilidade.

Marisa tornou a aparecer trazendo alguns acompanhamentos para o jantar e se juntou à eles. Sentados à mesa, desta vez sem esquemas ou rascunhos, diante de uma das refeições mais fartas que tiveram em muito tempo, eles quase teriam esquecido que estavam à muitos metros no subsolo se não fosse pela falta de janelas.

Eles chegaram mesmo até a se divertir com algumas histórias engraçadas de Brooks. Teriam se divertido ainda mais se Morgan não tivesse inventado de contar uma das suas, sobre seus amigos nos tempos no exército. Foi bastante animada até a parte final em que metade deles morreu quando o carro em que estavam passou em cima de uma mina.

Como o clima havia esfriado, Marisa retornou a casa no nível superior e Morgan decidiu dormir mais cedo. Não demorou muito para que fosse seguido por Brooks e Pritchett, e logo depois por Harry e Lílian.

Quando entrou no quarto, viu que Morgan roncava sonoramente na cama debaixo, mas isso não atrapalhava o sono de Brooks no beliche acima. Harry notou que ela tinha encoberto os ouvidos com protetores de orelhas, abafando o som.

Pritchett já apagara em um outro beliche posicionado perpendicular ao seu e parecia não se incomodar com o ronco do colega de quarto. Ao se deitar, Harry também não tardou a se acostumar com o barulho — afinal, dividira o seu dormitório com Neville Longbottom por seis anos e já se acostumara.

Ele mal viu Lílian se acomodar no beliche de cima. Suas pálpebras ficaram cada vez mais pesadas e ele não teve consciência do momento em que adormeceu.

Mas à certa altura, um barulho o incomodou e ele abriu os olhos.

O quarto permanecia escuro e Morgan ainda roncava. Brooks nitidamente mudara de posição e Paulo virara-se de costas para ele, deixando apenas a silhueta escura de sua cabeça visível acima do travesseiro. Ele não soube quanto tempo havia transcorrido desde que se deitara. Harry piscou e voltou a adormecer.

O estrondo decididamente aconteceu horas depois.

Harry acordou desorientado e seu cérebro não pode processar de imediato o que tinha acontecido. As imagens na escuridão eram confusas. Ele apenas sabia que houvera um barulho tremendo, depois uma luz incidiu no seu rosto, deixando-o cego e quase no mesmo instante uma coisa o agarrou e o arrastou para fora dos cobertores. Ouviu gritos de mulheres e a voz de um homem praguejando.

A luz ofuscava sua visão e ele não conseguia ver nada. Sentia-se arrastado para longe. Tentou lutar para se livrar, mas somente quando sentiu a dor de algo batendo forte no topo de sua cabeça, fazendo-o desabar no chão, ele compreendeu.

Esforçando-se para enxergar apesar da luz intensa, ele vislumbrou um grupo de homens vestindo roupas iguais. Uniformes.

Haviam sido descobertos.


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Notas finais do capítulo

E este foi o fim do capítulo desta semana.
Mas então... Eis que nada saiu como o planejado para o Harry...
Oh, como assim? Bem... eu poderia ter descrito uma cena fantástica de resgate (E eu pensei em uma. Não fantástica, mas pensei kkkk). Mas eu achei que nestas circunstâncias seria muito mais provável que tudo desse errado. Só espero que o momento do errado tenha sido uma surpresa!
Comentem o que vocês acham que vai acontecer: Quem entregou o grupo ao Ministério? Harry escapara? O que vai acontecer com o Tiago agora?
Deixem suas opiniões!
E obrigada por lerem até aqui! Tchau!



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