Outra maneira? escrita por donelena


Capítulo 14
Requiem: Lacrimosa


Notas iniciais do capítulo

eai meninessss
espero q gostem fiz com amor



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Quando voltaram para a casa, Raquel quis deitar-se na rede, porque estava cansada da viagem. Estava desgastada emocionalmente, de sentir seu peito explodindo, de pensar em cada palavra para dizer. Queria só relaxar sabendo que, quando acordasse, ele ainda estaria ali. Raquel deitou-se na rede enquanto Sergio buscou um livro na estante, sentando-se à mesa.

Era muito estranho para a mulher estar ali, naquela situação. Pensou em Paula, e no quanto ela adoraria estar ali naquela praia. Ela entraria no mar e ficaria até que seus dedos ficassem enrugados. Correria pela areia até cair de cansaço. Sentiu saudade e virou o rosto para ele.

— Já pensou em ter filhos?

Sergio travou. Como um computador que para de processar um programa. Uma engrenagem sem motor.

"Uma puta tela azul"

Aquela pergunta era dirigida a ele, sozinho, ou aos dois? Ela estaria, de alguma forma, perguntando se ele gostaria de…

— Bom, eu pensei nisso, mas… - ele gaguejou e arrumou os óculos, numa sequência que ela agora se habituava cada vez mais

Ela, percebendo seu desconforto, deu risada.

— Não estou falando para termos filhos, só perguntei se você algum dia teve vontade…

O Professor deu uma risada sem graça, ficando vermelho de vergonha.

— Ah, certo. Bom, eu… - respirou fundo - Eu pensei nisso, algumas vezes, mas não conseguia me imaginar sendo pai. Eu tinha outros planos; na verdade… Só um! - ele cruzou uma perna sobre a outra, olhando para ela.

Raquel o encarava tranquila, mas sua mente ainda vagava pelos lados da dúvida. 

— Ah, e me faltou um relacionamento duradouro, como sabe… - ele sorriu, ainda olhando para ela. Como ela parecia apenas estar absorvendo a informação, sem pretensão de fazer qualquer comentário, ele voltou-se para o livro. A mulher fechou os olhos, descansando na rede e sentindo uma leve brisa tocar-lhe o rosto. O livro que ele lia era sobre os EUA, ela sabia. Imperialismo. Isso, era disso que ele sabia. E ela? Conhecia alguns filmes, algumas músicas, mas… Não tinha nenhum conhecimento tão grande. Era inteligente, mas de um tipo que se aplicava somente ao trabalho que desenvolvera a vida toda. E agora não tinha nada.

Queria poder travar diálogos com ele, debater sobre as coisas mas, como o quê, se nada possuía? Ele tinha tudo e ela só estava perdida.

Levantou-se. Ele olhou para ela, mas não se moveu. Raquel entrou no quarto. Viu a escrivaninha dele, cheia de origamis. Alguns livros, soltos, já que todos os outros estavam perfeitamente alinhados na estante do outro lado do quarto. Encostado na parede, Raquel viu o teclado, tão limpo. Olhou para todas aquelas coisas que ele era e se sentiu diminuída, não porque ele a repreendia ou a empurrava para baixo, mas porque ele estava tão alto que ela julgou impossível alcançá-lo.

"Que estúpido" ela pensou, logo depois. Seus relacionamentos não podiam girar em torno da capacidade intelectual de ambos, não é? Aquilo era só um detalhe.

Um detalhe que a incomodava, como certas coisas que ainda pairavam em sua mente.

Foi até a cozinha e pegou um copo d'água. Andou devagar pela casa, a sala com um tapete, o quarto com aquela cama enorme, e só pensou que ter parado ali foi um efeito colateral imenso. Voltou para a varanda, onde ele estava lendo e o encarou, tão sereno em sua função. Sentiu-se aliviada quando ele a olhou de volta, sorrindo. Cheio de ternura e afeto, ele a observou deitar-se na rede novamente, fechando os olhos e esticando o corpo, arrumando-se para descansar. Ele tentou não olhar para ela, mas logo fechou o livro e pôs-se a passear os olhos pelo corpo que agora se banhava em Sol.

Sergio quis ser desenhista para poder retratar cada rabisco do corpo dela, cada curva e imperfeição. Queria desenhá-la para que ficasse registrada toda a beleza daquele momento. Quis ser fotógrafo para fazer centenas de fotos diferentes dela, e lotar uma parede com elas.

Quis gritar para o mundo que aquela mulher era dele, e quis fazer como que todos a admirassem.

“Prestem a atenção na beleza que passa nessa rua, vocês nunca viram a centelha do Paraíso pousando na Terra...”

Ela abriu os olhos e olhou para a mesa, em que ele lia o livro calmamente, enquanto disfarçava um sorriso nos lábios.

...

À noite, eles saíram. Ele a levou a um restaurante muito bom, cheio de turistas de todos os lugares do mundo. Sabia que não haviam espanhóis porque, senão, seriam facilmente reconhecidos. Ele usou um terno azul escuro. Ela usou um salto alto e um vestido justo, ambos pretos. Junto a isso, um casaco fino de cor azul, que era, inclusive, mais comprido que o próprio vestido. De brincos pequenos e cabelos soltos, Raquel se sentiu como numa lua de mel. Bebeu do vinho que ele pediu. E sorriu quando ele fez uma cara de desespero quando ela passou a perna na dele por baixo da mesa, provocando-o. Ele segurou a sua mão por cima da mesa. Sorriu.

— Raquel, eu… - ele disse, depois de beber todo o final da taça de vinho - Eu preciso confessar uma coisa.


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Notas finais do capítulo

o proximo vai ser dedo no cu e gritaria é so isso



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