Curse of the Flower escrita por Killer Queen


Capítulo 1
Prólogo




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O destino.... Infelizmente não é uma questão de sorte, e sim de escolhas. Gosto de ver o destino como um pequeno e frágil castelo feito com cartas de baralho. Sua base é tão simples de se construir, mas depois disso qualquer movimento errado pode destruir tudo que criou até tal momento. Mas o mais engraçado é que mesmo que você esteja focado em seu castelo, tudo esteja indo perfeitamente bem e você fazendo movimentos adequados para manter tudo em seu rumo uma mera corrente de vento ou um observador pode derruba-lo, assim mudando o curso de tudo. Sempre achei meio irônico tudo se entrelaçar no final. Ações sempre vão criar novas ações, mesmo que essa ação tenha ocorrido séculos atrás ela pode afetar o presente de uma forma assustadora, como a corrente de vento em seu castelo de cartas.

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—Senhor, não há mais nada aqui. -Comentava um homem de pele escura, seus olhos castanhos estavam focados a parede rochosa a sua frente, enquanto falava tais palavras passava canhota sobre sua testa no intuito de retirar o excesso de suor que havia na região. Um longo suspiro deixou seus lábios no segundo que viu o homem de meia idade se aproximar em passos lentos e assim dar outra olhada ao redor.

—Não perfuraram fundo o suficiente. -Resmungava o homem que tocava a parede com sua destra para então se afastar com uma expressão emburrada em sua face. -Não estou pagando vocês para ficarem parados! Continuem a cavar!

—Mas senhor... -não foi possível que o operário terminasse sua frase já que o homem se virou e golpeou a face alheia com as costas de sua mão esquerda. Podia causar estranheza ver um homem de negócios ter força e coragem o suficiente para golpear um operário quase duas vezes maior que ele, mas aquele homem em questão se tratava de Anna Wilburn Steen, não era um simples comerciante de carvão e minerais, se tratava de um grande contrabandista que já havia conseguido colocar seu nome como um dos mais importantes de Londres. À primeira vista era apenas um homem de meia idade, que sempre estava bem vestido e acompanhado de uma bela jovem, todo dia uma nova. Mas eram poucos aqueles que conheciam a verdade sobre Wilburn. Além do contrabando havia feito seu nome por ajudar a renomada família Stewart com o tráfico ilegal de ópio. Para Wilburn era algo fácil já que se tratava de um homem que já havia viajado para quase todas as partes do mundo. Porém era obvio que o motivo de seus operários temê-lo não era por seus esquemas de trafico ou contrabando de coisas insignificantes, qualquer um que passasse muito tempo ao lado do homem perceberia que se tratava de um homem sem escrúpulos, mataria a própria família para conseguir o que deseja, além de que todo operário que ousasse desafia-lo acabava por desaparecer.

—Continuem o trabalho. -Ordenava Wilburn que simplesmente dava de costas e seguia para fora da velha mina.

Todos que trabalhavam naquela mina tinham total certeza de que não passava de uma perda de tempo, o local já havia sido abandonado a anos pelos mineradores da cidade mais próxima, isso já dava uma certeza de que nada restava naquele lugar. Se ainda tivesse algo naquele lugar seria preciso de dúzias de explosivos. Só que Wilburn resolvera manter aquela escavação em segredo, tudo isso por conta de um menino do vilarejo mais perto que apareceu com um pedaço de rubi em suas mãos noite passada, por azar do menino, Wilburn o encontrou e assim roubou seu tesouro, além de ameaça-lo para manter a boca fechada. Com isso o homem preferia manter tudo em silencio para não atrair curiosos que quisesse roubar o que tinha naquele buraco.

Algumas horas se passaram e nada, todos ali já se encontravam completamente exauridos daquele trabalho pesado sem nenhuma finalidade, infelizmente todos ali sabiam que aquele inferno só teria fim quando fosse encontrado algo ou Wilburn finalmente se convencesse que não havia nada por ali, o que talvez demorasse para ocorrer.

—Senhor. -Chamou o operário que havia levado o tapa mais cedo. -Todos estão exaustos e podemos perceber que esse lugar está completamente vazio. Não há porque prosseguir.

Isso foi o suficiente para fazer Wilburn perder toda a paciência que o restava. Caminho em passos pesados na direção do homem e num gesto rápido o empurro para o lado bruscamente e agarrou a picareta que estava em sua mão.

—Vocês não servem para nada mesmo. Por isso que sua raça foi escravizada. -Rosnava o homem que sempre fazia questão de se provar superior que a ''raça inferior'' como ele costumava chamar aqueles que não tinham uma tonalidade clara de pele. -Saiam de minha frente!

Sem paciência e com uma arma em suas mãos, não foi preciso pedir duas vezes para todos aqueles que estavam em seu caminho se afastarem. Wilburn começou a golpear uma parede a sua frente, diferente de seus operários que davam golpes certeiros o homem a cada golpe acertava um ponto diferente da parede. Todos sabiam que ele nunca conseguiria nada com aquilo, mas para surpresa de todos um dos golpes consegui acertar uma pedra, que estava estrategicamente posicionada e ao ser derrubada consegui derrubar todas as outras.Pela empolgação do momento o mercenário não percebeu que a parede desabaria sobre si, porém um operário mais jovem percebeu, puxou seu chefe sem pensar duas vezes, o tirando de imediato daquela zona de perigo. 

—Me largue! – Ordenou, Wilburn agia como se não tivesse sido salvo por um negro, apenas empurrava o garoto de uma forma bruta para contemplar o grande trabalho que havia feito. -Viram só! Vocês são mesmo cães preguiçosos.

Wilburn podia ver um pequeno caminho surgir conforme a poeira baixava, porém estava tão escuro que se tornava impossível dizer para onde aquele caminho levava, uma iluminação resolveria tal problema, mas um calafrio percorreu todo o corpo do homem assim que um forte odor saiu do túnel e preencheu todo o espaço. Não seria nenhum pouco seguro para um homem de negócios seguir por aquele caminho, poderia ser algum gás vazando, as chances de uma explosão aumentavam, mas também poderia ter alguma criatura que o machucasse ou até o matasse, as chances de uma morte precoce eram tantas que o mercenário não pode deixar de ver a chance perfeita de restabelecer seu respeito diante de seus trabalhadores. Estendeu a mão na direção daquele homem que havia o desafiado mais cedo e em seus lábios o mais doce e amigável sorriso: 

—Deixarei que tome a frente, quando encontrar alguma coisa de valor o deixarei voltar. -Aquele tom calmo não combinava nenhum pouco com Wilburn e por isso chegava a ser assustador.

O homem hesitou um pouco em seguir tal ordem, mas não havia nada que pudesse fazer contra tudo aquilo, estava longe demais da superfície para fugir, na verdade sua única fuga era pelo elevador, mas infelizmente a única pessoa que tinha a chave para utiliza-lo era Wilburn.

—Eu mandei você ir agora! -Os gritos de Wilburn ecoaram pelos túneis e sem hesitar uma pistola foi retirada de sua cintura. Não era a primeira vez que esse recurso era utilizado contra seus operários, todos já estavam acostumados com o perigo constante de conviver com aquele homem sociopata.

O operário virou-se na direção do túnel, com um simples lamparina em sua canhota seguiu em direção aquele breu. O medo que aquele cheiro forte fosse algum tipo de gás deixava todos hesitantes.

Seus passos eram curtos, mas pelo menos não estava abandonado naquela escuridão assustadora, mas havia uma coisa que o incomodava, aquele odor. Era um cheiro podre que chegava a queimar as narinas de tão forte, o estomago se revirava e conseguia fazer os olhos lacrimejarem. A vontade de escapar era enorme, mas assim que tentasse tomar outro rumo um tiro em sua cabeça seria certo.

Outro suspiro deixou os lábios do homem que seguiu caminhando em meio tal escuridão. Sua destra estava fechada em punho, para assim tentar conter a ansiedade enquanto sua canhota segurava com toda sua forma sua pequena lamparina, a luz não era muito forte, mas estava sendo o bastante para guia-lo.

—Já encontrou alguma coisa? -A voz de Wilburn ecoava e isso acabou deixando o homem um tanto quanto apreensivo, estava fazendo seu melhor naquele momento para não criar nenhum som, não sabia o que se escondia na escuridão, mas seu plano foi totalmente destruído por conta daquele homem ambicioso que não parava de gritar até adquirir uma resposta.

—Não, senhor! -Respondeu num tom apreensivo e assim voltou a sua sombria caminhada.

A escuridão era tanto que era difícil dizer o quão longe estava dos outros e isso fora uma surpresa enorme, não podia acreditar que aquele túnel seria tão fundo, na verdade era bem difícil acreditar que os últimos mineiros haviam deixado passar um túnel tão fundo quanto aquele. Todavia existiam sinais bem claros de um desmoronamento, talvez seja por conta disso que a mina fora abandonada, tinha riscos de desmoronamentos e para completar estava completamente vazia de pedras raras ou qualquer coisa. Era apenas um buraco no meio da terra sem nenhuma utilidade. O homem rezava para que Wilburn se tocasse disso antes que um novo desmoronamento ocorresse.

—Ainda nada?

—Não, acho que não há nada aqu... -antes de terminar sua frase o homem pode sentir seu pé esquerdo ficar preso em alguma coisa e acabou por cair de cara no chão. Fechou seus olhos por um breve momento, devido à queda, mas logo os abriu e percebeu que não enxergava nada devido a sua fonte de luz ter caído um tanto quanto distante. Ele precisou esticar seu braço para recupera-la e assim iluminar o que havia prendido seu pé.

—O que encontrou, seu cão? – Em contraponto do grito de Wilburn um grito de puro terror ecoou pelas paredes da mina assim sendo seguido por passos acelerados, haviam alguém correndo naqueles corredores enquanto gritava por socorro. Todos os homens deram um passo para trás, assim com Wilburn.

Os passos logo pararam e foi possível escutar o corpo do homem caindo no chão, seus gritos continuavam e agora se misturava com o som de seu corpo sendo arrastado de uma forma um tanto quanto violenta. Isso durou por quase dois minutos, até que finalmente os gritos se cessaram e o único som que se escutar era de algo rasgando a carne do homem junto com o som de mordidas, isso fora o bastante para fazer com que todos corressem na direção do pequeno elevador que os levaria de volta a superfície. Os empurrões e tapas impediam que eles adentrassem o elevador já que ficavam presos em sua porta, mas esse tumulto sumiu junto com um tiro que ecoou pela mina. 

—Saiam de minha frente! -Ordenava Wilburn, que já havia perdido toda sua postura. O pânico se encontrava estampado na face do homem que por sua vez não poupava suas balas para atirar em seus escravos, dois já se encontravam mortos devido ao tiro que acertara sua nuca. Infelizmente nem essa estratégia conseguiu ''acalmar'' seus homens, o caos continuava e assim se prolongou até o momento que uma grande quantidade de pessoas já se encontrava dentro do elevador, as portas se fecharam rapidamente deixando alguns infortunados para trás. Os gritos de protesto aos poucos foram virando para pedidos de socorro, felizmente o elevador já havia começado seu trajeto a superfície.

—O que tem lá embaixo? -Perguntou um dos homens.

Wilburn se mantinha em silêncio tentando entender o que havia ocorrido, realmente não fazia o menor sentido ter um animal selvagem no fundo de uma mina e seria impossível ele ter sobrevivido por tanto tempo sem comida e nem água.

—Acham que ele pode subir? -Questionava outro homem.

Wilburn se encontrava tão perdido em seus pensamentos que simplesmente não escutava o que era dito pelos homens, mas acabou voltando a realidade ao sentir uma parada brusca do elevador.

—Mas que porra? -Rosnou o homem que fazia de tudo para o elevador voltar a andar, mas não tinha nenhuma resposta.

—Não acredito! Vamos morrer aqui! -Gritou um dos homens.

—Eu não quero morrer assim... -antes que esse homem terminasse o que tinha para falar Wilburn acertou um tiro ao centro de sua testa. Ele simplesmente guardou sua pistola como se não tivesse feito nada, pretendia dizer alguma coisa, mas acabou se interrompendo devido um tremor que se podia sentir. Todos estavam a se perguntar o que acontecia agora, mas a resposta infelizmente era óbvia e apenas foi confirmada quando o elevador começou a despencar.

Nem deu tempo de gritar já que aquela pequena caixa de ferro se chocou contra o chão em alguns segundos, o impacto havia sido forte o bastante para matar diversas pessoas e junto com isso havia feito bastante poeira se erguer. Todas as luzes haviam sido quebradas e ver algo era impossível. O silêncio absoluto havia se estabelecido após a queda, que acabou sendo quebrado pela tosse de Wilburn. Seu corpo estava todo machucado e ainda tinham corpos que o impedia de se levantar. Um forte gosto metálico tomava conta de sua boca e no segundo que foi tentar se arrastar sentiu a forte pontada de dor em sua perna.

—Está muito machucado, velho. -Dizia uma voz família.

Wilburn se esforçava para enxergar naquela escuridão e se esforçava mais ainda para lembrar de qual de seus homens era aquela voz. Continuou forçando seus olhos em meio ao escuro a unica coisa que enxergava era assustador demais, pois a unica coisa que vi eram os olhos daquele homem que lhe dirigia a palavra, seus olhos brilhavam em uma tonalidade pura de azul.

—De qualquer forma, seu corpo se encontra bem melhor que esse. -Ao escutar essa frase Wilburn pode sentir seu pescoço ser agarrado com uma força sobre humana, seus olhos se arregalaram, pois tinha certeza que seria enforcado, e tudo piorou ao ter seu corpo suspenso. -Sabe, as pessoas abandonam lugares por diversos motivos. Se quer uma resposta, agora sei que essa mina ainda está cheia de pedras preciosas, mas você nunca chegaria nelas, se velho imundo. As pessoas abandonaram esse lugar por ser o lar de uma coisa que ninguém pode controlar e a melhor parte que quando você quebrou aquela maldita parede consegui liberta-lo... Bom, libertar a mim, devo agradece-lo muito por isso.

Antes que Wilburn pudesse tentar algo sentiu seus lábios serem selados aos daquele homem. Sua primeira reação foi tentar afastar-se, mas o homem era bem mais forte, queria fazer algo, mas acabou sentido seus lábios serem abertos pelo outro. Aquilo para Wilburn era algo tão repulsivo e não conseguia entender o proposito daquele beijo, mas logo percebeu que alguma coisa saia da boca do homem e deslizava para dentro de sua boca, conforme ia descendo sua garganta ia sentido uma dor enorme em todo seu corpo, era como se estivesse em chamas. Quando aquela criatura já havia se arrestado por completo para sua boca sentiu seu corpo ser solto, já que seu escravo havia caído sem vida a sua frente.

—Essa perna quebrada vai complicar nossa fuga. -Wilburn suspirou e assim caminhou na direção do elevador, sua visão estava perfeita, era como se uma luz estivesse acessa naquela mina. -De todo mal, tenho comida por um longo período de tempo.

 


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