Herança escrita por xHasashi


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Nunca diga: Dessa água não bebereis, porque você vai bebereis tanto que quase vai se afogar.

Eu dizia que jamais faria crossover entre minhas duas categorias principais, e adivinha o que eu fiz de especial para o dia da mulher?

É ninja que vocês quer, @? Então toma aqui.

Sou completamente apaixonada por todas as coisas que li sobre o conceito ninja, mas aquele extremamente regrado que fala sobre honra, disciplina e lealdade. Aprendi isso em Mortal Kombat, e trouxe até Naruto para esse dia da mulher.

Na verdade, ela não se passa em um mundo do MK; porém, não consegui deixar de homenagear aos meus dois amores, Sub Zero e Scorpion nessa fanfic. Por isso o ''crossover''. Além disso, quis usar um pouco do conceito de clãs ninjas do jogo para o Naruto.

Já adianto que não é nada demais ou que vá dificultar a leitura, são apenas homenagens que quis fazer e que se encaixaram nessa questão.

Espero que gostem :)



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Japão Feudal, Século XV.

Honra, disciplina, lealdade.

Palavras que ouvia de meu pai desde criança. Nascer mulher em uma época de desigualdade e desvalorização em meio a uma guerra quase sem sentido era quase uma maldição, meu destino estava fadado em ser apenas mais uma desonra para a minha família, afinal eu não era um homem.

Diziam que eu não tinha a força suficiente para segurar uma espada ou lançar uma kunai a uma distância considerável sem perder o equilíbrio. Provavelmente eu seria jurada para um filho de algum mestre dos clãs aliados ao nosso; minha vida seria baseada em cuidar do lar e esperar que meu marido não fosse morto, afinal se isso ocorresse me tornaria uma pobre viúva sem direito a nada. 

Entretanto, meu progenitor teve uma visão diferente.

Aos seis anos de idade comecei a estudar sobre o Clã Hyuuga. Aprendi o significado de honra e disciplina com pequenas coisas, como exemplo cuidar do que era meu e devolver e não ultrapassar o do outro. Respeitar meus superiores e dar minha vida ao que acreditava ser correto. Com onze passei a aprender artes marciais, já conseguia dar alguns golpes com uma katana que era maior que eu. A partir dos treze anos, meu treinamento passou a ser aperfeiçoado.

Minhas mãos não eram mais consideradas femininas, haviam calos, machucados e eram ásperas. Deixei de usar os vestidos longos destinados as acompanhantes dos ninjas, dando lugar a uma roupa que me fizesse passar despercebida. Eu tinha mais cicatrizes do que poderia contar, e me orgulhava de cada uma delas.

Agora eu me encontrava sozinha no pátio do templo, treinava arduamente a técnica de meu avô, Hanzo. Ouvia histórias do impiedoso Scorpion, de como suas correntes eram temidas apenas por seu barulho. A kunai era tão afiada que jamais alguém ousou se quer dizer que eram fracas ou inúteis. 

Ele matou mais inimigos que eu poderia contar em meus dedos. Me recordo das roupas amarelas e dos cabelos longos, o temperamento era difícil, ardente e intenso. Contudo, sua honra era algo que me fazia admirá-lo por tudo que praticou em vida. Nunca matou por banalidades, e era exatamente por isso que seus inimigos se desesperavam ao vê-lo.

Era como um demônio, me dizia quando criança que o fogo do inferno fazia parte de sua essência e isso não era algo que eu considerava ruim quando saia de sua boca, por mais incompreensível que soasse. Infelizmente, sentia o quanto de arrependimento por erros passados saiam de sua voz em meio aos pedidos para que jamais fosse como ele.

Por mais irônico que isso se pareça, gosto de pensar que ele é meu maior espelho.

Sentia o peso das correntes e de cada kunai encaixada sobre meus braços, era dolorido e pesado, mas eu não cederia. Jamais. A cada jogada dela, algo queimava em meu peito...como se fosse Hanzo ali comigo dizendo para não desistir.

O meu caminho era sem volta, iriam me subestimar por ser mulher, por parecer fraca e por isso sempre treinei muito. Iria surpreendê-los, mostrar que seu preconceito seria sua maior fraqueza; principalmente quando meu arpão encontrasse seu peito. 

Missão por missão, a cada sangue derramado me tornava ainda mais forte. Já não sentia mais pela perda de ninguém; Era uma guerra e eu não seria a última a cair.

— Hinata? – Minha irmã chamou, me fazendo segurar as correntes que estava prestes a lançar novamente.

— Sim, nee-chan? – Me virei, encarando a menina de agora dezessete anos me olhando com uma katana em mãos.

— Estou cansada, Hina. – Sentou no chão, largando a espada azul no canto. – Tenho tentado ser como o vovô Kuai Liang. -  Se referia ao pai da nossa mãe, Sub Zero. Um assassino tão impiedoso quanto Hanzo, porém, com uma personalidade completamente distinta. Era calmo, centrado e arrisco dizer calculista. Havia recebido esse nome por usar uma técnica única com gelo, minha mãe gostava de dizer que ele poderia congelar o inferno se quisesse.

— Você não deve ser como ele, Hana. – Me acomodei ao seu lado e passei a enrolar as correntes em meu braço. – Nós nunca seremos como eles, e sinto muito te dizer isso. – Ela ficou cabisbaixa, mas prossegui: – Não por habilidade, nós somos mulheres. – Minha voz saiu de certa forma amarga. – Teremos que treinar mais que eles, porque teoricamente temos desvantagem por sermos fracas. – Apertei a kunai em minhas mãos, sentindo o sangue escorrer sobre ela. – Porém, isso não impede de absolutamente nada. Somos ninjas, juramos ao Clã Hyuuga que morreríamos por ele se necessário.

— Às vezes gostaria de ter nascido um homem. – Seus olhos continham lágrimas, e assim eu percebi o quão difícil foi o entendimento que lhe caiu naquele momento. O mesmo que o meu, na mesma idade. – Eu percebo os olhares de deboche dos demais ninjas daqui, escuto as piadas sobre meu corpo e outras coisas maliciosas que me fazem ter vontade de mata-los quase a sangue frio.

— Escuta, Hana. – Respirei fundo, soltando o ar levemente por meu nariz. – Dói ser mulher na época que vivemos, e é ainda pior quando você treina muito mais que qualquer homem idiota e ainda é considerada fraca. – Segurei levemente em seu queixo e a fiz me olhar. – Mas ser mulher é resistência. É ser ainda mais digna de segurar uma kunai ou uma katana. É lutar todos os dias para provar a si mesma que não foi uma escolha errada vir ao mundo com nosso gênero. Por isso nós treinamos assim, sei que as dores ao final do dia são piores, principalmente as que envolvem sentimentos. Os olhares incrédulos sobre o que podemos fazer, o assédio diário...Mas isso não deve te fazer desistir, acreditaram em nós. E começa aqui, irmã. – Apontei para seu peito. -  A revolução dentro de você, o sentimento de mudança para que a futura geração não passe por nada disso. – Encaixei meu arpão em um suporte em meu braço. – Nunca pararei de lutar, farei o haraquiri se um dia precisar morrer...Mas eu te juro, minha querida...ninguém irá me matar e muito menos fará algo com você.

— Nós vamos treinar. – Hanabi se levantou, ajeitando a katana novamente em suas mãos. – E seremos melhor que eles.

Abri um pequeno sorriso para ela.

— Nós já somos. Afinal, somos mulheres.

— E ser mulher, é ter a resistência dentro da alma.

Dali para frente tudo continuaria sendo difícil, nós iriamos precisar provar algo para alguém. E eu sentia o fogo que meu avô dizia que queimaria meu peito, o inferno de ser uma ninja; por desejar todos os dias plantar uma pequena semente que tinha certeza que colheria os frutos no futuro.

Para que eu nunca mais visse nenhuma de nós chorando por ter sido limitada, abusada ou agredida.  Porque eu sou mulher, minha alma clama por revolução e eu nunca descansaria enquanto não alcançasse a liberdade que mereço.

Agora eu entendo, vovô. Entendo o inferno que vem de dentro... e ele se chama revolução.


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Notas finais do capítulo

Ps: Haraquiri é um ritual de suicídio que a classe guerreira do Japão fazia em forma de demonstrar honra, lealdade, coragem e caráter. Era muito mais digno morrer dessa forma que em combate e pelo inimigo, por exemplo.

As mulheres praticavam o jigai, porém a Hinata nessa fanfic é uma guerreira e obviamente não abaixaria a cabeça nem nesse momento. hahaha

Eu espero que tenham gostado =)

Beeijos!



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