Underwing escrita por Blogbi


Capítulo 8
Saída




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A monstra se cala. Seu rosto empalideceu - se é que era possível por causa de seus pelos branquíssimos - e sua expressão endureceu, ela se levantou da cama, o rosto sombreado --- Preciso fazer algo. --- ela diz com a voz completamente sem emoção. Caminhou com passos apressados até a porta, nem sequer hesitou ou olhou para trás.

Frisk estava muito confusa, saiu de baixo das cobertas querendo seguir sua mãe, mas parou na porta. Olhou a mochila meio receosa, poderia atravessar a saída de novo, não poderia? Decidindo por pegá-la, correu pelas escadas e desceu para a parte de baixo de sua casa, sabia que era lá que Toriel estaria, não só por ser o único lugar que faria sentido ela ir, mas também por um estranho sentimento de que isso já ocorreu antes... muitas vezes.

Andou pelo corredor o mais rápido que pôde, mesmo assim este parecia mais longo que antes, lhe dando a impressão de que uma eternidade havia passado quando finalmente alcançou Toriel. Ela estava parada em frente a grande porta, rígida, encarando-a como se fosse o motivo de todos os problemas do mundo.

—-- Esta, como você já sabe, é a saída das Ruínas. Eu irei destruí-la, ninguém nunca mais irá morrer, não se eu puder evitar. --- ela disse, deixando o nó que se formava na cabeça de Frisk ainda maior, como assim "ninguém nunca mais vai morrer"? Caíram outras crianças antes dela? Por que Toriel nunca a contou? Antes que pudesse indagar qualquer uma de suas dúvidas em voz alta, uma das mãos da monstra se incendiou, ela não estava brincando, iria mesmo destruir a porta sem dó nem piedade. A garota assistia paralisada, poderia parecer pouca coisa ou drama de sua parte, mas depois de tanto tempo trancada no mesmo lugar pequeno, somada a sua curiosidade natural, a fez enxergar aquele lugar como algo mais pavoroso do que acolhedor, isso não a deixaria viver direito, enlouqueceria; antes que pudesse medir seus atos, se jogou em cima da monstra, que errou o alvo, levando a baixo outra das paredes daquela pequena sala.

—-- Não vou te deixar fazer isso! --- disse Frisk determinada. Aquilo feriu os sentimentos da guardiã, parecia que sua pequena já não estava tão pequena assim, e também queria a deixar. Não poderia mantê-la presa, seria injusto para as duas partes, mas não permitiria que fosse embora se não pudesse sobreviver do lado de fora, onde os monstros eram mais poderosos.

—-- Tudo bem, então poderá ir, contudo, você vai ter que se provar, prove para mim que você é forte o suficiente para sobreviver lá fora! --- disse se levantando e afastando a garota de si. Já essa olhava assustada, não era o que estava pensando, ela não estava pedindo para lutar, não é? --- Vá logo, me ataque ou fuja!

Então uma das bolas de fogo acertou Frisk, diminuindo pouco de seu HP, mas ainda assim doendo muito. Tentou olhar para sua mãe, não reconhecendo a monstra que a criara. Tudo que enxergou através da visão turva pelas lágrimas foi um manto de indiferença cobrindo um monstro qualquer. Ela pediu para atacar, como poderia recusar um pedido de mãe?

Sentindo algo que não conseguiu descrever, pegou a faquinha de brinquedo e a jogou, passando por entre as labaredas de fogo mágico e acertando em cheio no alvo. Pôde ouvir um engasgo e o pequeno impacto dos pingos de sangue chegando ao chão --- Você... realmente me odeia... tanto assim? --- pergunta com a voz falha e fraca. Frisk apenas sorriu amarelo, a franja cobrindo um dos lados do rosto de forma que a deixava mais sombria enquanto abria os olhos --- Agora eu vejo quem estava protegendo te mantendo aqui, não você, mas eles...

E, lentamente, o corpo da guardiã vira poeira, se espalhando por onde se podia ver. Seguiu a trilha que ia se formando com o olhar até encontrar o corredor, onde estava parado um Leah completamente horrorizado, a expressão contorcida em puro medo --- Quer ter o mesmo fim que ela? --- a voz de Frisk soa arrastada e ameaçadora. Leah balança a cabeça freneticamente em sinal negativo --- Então me siga, e nunca, nunca, ouse dizer que isso um dia aconteceu. Combinado?

—-- S-s-s-sim.

—-- Ah, que gracinha, por que está com tanto medo, afinal eu não sou a sua irmã? --- disse já se virando e atravessando o portal. Parou, uma manchinha amarela lhe chamando a atenção. Sabia o que era aquilo, e não estava com paciência para isso.

—-- Uau, não pensei que chegaria tão longe, talvez um monstro aqui e outro ali, mas foram todos! Você tem isso por dentro, não tem? --- a vozinha fina da planta foi seguida de uma irritante risada.

—--D-d-do que i-isso está f-falando, Frisk?

—-- Oras, pare de gaguejar, não é como se eu fosse te atacar a qualquer momento. --- ela responde com os últimos resquícios de sua paciência escapando pelas palavras --- Foi só o que você acabou de ver.

—-- ... todos os monstros das Ruínas... foi você?!

—-- Ah, não aja como se já não tivesse percebido ou vou começar a achar que você é meio atrasado, garoto!

—-- Oi? --- a pequena flor diz interrompendo a conversa dos dois --- Eu ainda estou aqui, se não sabem!

Frisk apenas sorriu --- Não pense que tem algum direito aqui, Flowey. --- ela diz em um falso tom doce, se agachando tentando ficar próxima da altura da planta, que se tremia de medo --- Não pense, também, que esqueci o que fez comigo alguns anos atrás. Mas agora, eu sou o cara mau e- --- ela se interrompe ao sentir algo escorrer por seu rosto, enquanto a careta de pavor dos ouvintes só piorava --- VAZA JÁ DAQUI!

O grito encheu a sala, ecoando pelas paredes e indo embora junto de Flowey, para as profundezas da terra. A menina levou a mão inconscientemente ao rosto, e quando a tirou havia um liquido preto com um leve brilho vermelho. Não tinha a menor ideia do que seria aquilo, mas algo lhe dizia só uma palavra: D E T E R M I N A Ç Ã O.


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