Escolhas escrita por Lucca


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756561/chapter/1

Jane voltou pra casa por volta das 9 pm após o encontro com Avery. Durante todo o trajeto de volta, que ela fez a pé para ter mais algum tempo sozinha absorvendo cada detalhe daqueles momentos com a filha, a esperança de conseguir construir uma amizade com a garota foi crescendo.

Em frente ao prédio em que mora, Jane parou. Seu otimismo desapareceu dando lugar a um incômodo pelas coisas mal resolvidas com Kurt que, agora, pareciam ainda mais longe de qualquer tipo de resolução. Mesmo sem saber como reconstruir tudo que se quebrou, ela não queria mais deixá-lo, não desistiria dele.

Assim que ela entrou no apartamento, os cumprimentos foram casuais.  Os beijos, que tinham sido comuns naqueles momentos, agora pareciam pertencer a um passado longínquo. Kurt estava usando o notebook na mesa da sala. Foi ele quem deu início a conversa:

— Hei, como foi com Avery?

— Bem _ e Jane se esforçou em sorrir._ Acho que há uma luz no fim do túnel. Foi uma conversa agradável.

Ela não sabia dizer por que, mas não sentia qualquer vontade de dar seguimento ao diálogo. Mesmo assim, tentou encontrar um assunto:

— Ainda trabalhando?

— Bem, sim e não. Estou tentando organizar todas as informações que obtivemos hoje, especialmente nos momentos com Nas._ e ele abriu um sorriso largo _  É inacreditável como ela apareceu do nada, mexeu com todos nós e, no desfecho, ainda conseguiu seu passaporte de volta para a ASN. Ela é muito inteligente. Sempre serei grato pelo que ela fez à nós.

Jane balançou a cabeça num gesto que talvez demonstrasse concordância. A expressão do seu rosto seria classificada por Rich como “intimidadora”. Sem dizer nada, se virou e foi para o quarto.

Kurt se voltou novamente para o computador, mas a reação de Jane não saía da sua cabeça. Então decidiu ir atrás dela. Como ela já estava no banho, tudo que ele pode fazer foi esperar. Enquanto isso, se preparou para ir pra cama e aguardou.

Ela saiu vestida do banheiro e se sentou no seu lado da cama de costas pra ele parecendo incerta sobre deitar-se.

— Jane, foi realmente tudo bem com a Avery? Parece que algo está te incomodando...

Ela olhou para trás de forma resoluta e chegou a abrir a boca como quem tem algo muito importante a dizer.  Mas se conteve. Respirou.

— Tudo foi bem._ e se deitou muito próxima à beirada da cama mantendo uma distância entre os dois e ainda de costas pra ele.

Instantes depois, sentiu a mão dele pousar no seu ombro:

— Não, você não está bem. Quer conversar sobre o que está te incomodando?

Alguns segundos de silêncio se seguiram. Jane sentia uma vontade enorme de falar sobre tudo que a incomodava naquele dia, mas os ecos da conversa com Rich na festa ainda ecoavam em sua mente como um alerta para não fazê-lo.

— Está tudo bem, Kurt. Só estou cansada...

Ele retirou a mão de seu ombro.

— Ok. Mesmo assim, eu preciso falar com você. Nas me mandou informações sobre o pai de Avery.

Jane se virou para ele já se sentando na cama:

— O que ela disse?

— O pai de Avery estava envolvido em operações fundamentais nos negócios escusos de Crawford. Não dá pra alegar inocência.

Jane bufou visivelmente irritada:

— Conversei com Nas sobre Avery antes de sua saída do SIOC e ela não me disse nada!

— Ela deve ter achado melhor me usar como intermediário dessas informações.

— É, Nas é especialista nisso. Eu quero investigar todas essas informações antes de dizermos qualquer coisa a Avery. Não vou correr o risco de machucá-la sem ter certeza da veracidade de tudo antes.

— Jane, as informações vieram de Nas. São confiáveis.

— Avery é minha filha, Kurt. Eu não vou deixar informações de terceiros quebrarem a frágil confiança que eu estou lutando pra construir entre nós. Não vou deixar que se repita o que aconteceu com Roman.

Kurt tentou segurar a mão de Jane para confortá-la e demonstrar que estava ali para apoiá-la e enfrentar tudo o que fosse necessário. Ela correspondeu apertando firme de volta. Então ele disse:

— Tudo bem, Jane. Podemos fazer do seu jeito. Eu sei o quanto é difícil. Ainda bem que temos Nas para nos ajudar.

A reação de Jane foi imediata: soltou a mão de Kurt e se levantou da cama. Ela não podia mais se calar:

— É incrível como você nunca questiona quando o assunto é Nas.

— E porque eu deveria? Ela é nossa amiga.  Se sacrificou por nós.

— Kurt, ela não é nossa amiga. Ela é sua amiga.  Eu não passou de uma ex-terrorista em quem ela não confia sequer para passar informações sobre a minha própria filha!

Kurt respirou buscando as palavras adequadas para contornar aquela situação:

— Jane, eu sei que tudo que envolve Avery é muito delicado pra você. Mas não deixe isso te colocar contra as pessoas que só querem nos ajudar.  Nas veio até nós hoje porque confia em você também.

Jane esboçou um pequeno sorriso de incredulidade:

— Ela não veio até nós, Kurt. Ela veio até você. Quando ela bateu na nossa porta essa manhã, tudo que ela menos esperava era me encontrar aqui.

Kurt se levantou e, se aproximando de Jane, levou a mão até se braço num toque suave, mas firme para demonstrar sua posição:

— Você é minha esposa. Essa é a sua casa. Claro que você estaria aqui.

— Há duas noites nem mesmo nós dois teríamos essa certeza, Kurt._ e respirou se arrependendo de suas palavras _ Olha, eu estou cansada. Melhor tentar dormir._ e se desvencilhou dos braços dele, voltando para a cama.

Ele também voltou pra cama, refletindo como poderia ajudar Jane nessas questões com Avery. Infelizmente, Kurt não percebeu qual era o real problema ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escolhas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.