Loveholic escrita por luxxluna


Capítulo 1
Im a Loveholic


Notas iniciais do capítulo

Eu fiz essa oneshot para o dia dos namorados, riri.
Espero que gostem de ler assim como eu gostei de escrever.
Vamos adocicar o dia dos namorados de quem esta sozinho (a), ok? sz



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                                                                    I 'm a loveholic

I don't want this moment to ever end... Where everything is nothing without you... I'll wait here forever just to, to see you smile … 'Cause it's true, I am nothing without you (…) “

Não sei ao certo o porque de estar fazendo isso, admito. Acho na verdade que tenho a necessidade de registrar tudo que acontece em minha vida para acreditar que realmente aconteceu. Apesar de lembrar de cada segundo dos fatos, eles ainda pareciam completamente fora de alcance e inconcebíveis. Era surreal acreditar que ele realmente existe e realmente é meu.

Bem primeiro de tudo meu nome é Aimee, Park Aimee. Sim pelo que podem perceber tenho nome coreano apesar de na verdade ser mestiça. Sou coreana apenas por parte de pai, sendo que minha mãe apesar de filha de russos é brasileira. Tenho vinte e dois anos e até pouco tempo morava em São Paulo, Brasil.

Tudo mudou com uma ligação de meu pai. Foi quando ele me fez a proposta da minha vida. Meu sonho era fazer faculdade de música. Sejamos realistas, música não é algo que levado muito a sério no Brasil. Bem, na Coréia isso é bem diferente. Veja bem, meu pai é um dos sócios executivos da empresa SM Entertainment. Fora isso, meu pai já foi professor de música, ele dava aulas de violoncelo antes de assumir o cargo de meu avô na SM.

Ele e minha mãe se conheceram por causa disso, minha mãe era violinista da filarmônica do Brasil e durante uma apresentação em Seoul, eles se conheceram. Alguns meses depois meu pai veio ao Brasil e aqui ficou. Só retornou a Coréia a pedido de meu avô para assumir sua posição na empresa, o que causou a separação dos meus pais.

Desde então eu tenho vivido de um país para outro, não me lembro de um final de ano que passei no Brasil desde a separação deles. Todas as minhas férias sempre foram com meu pai em Seoul. Eu já estava acostumada com a sua vida agitada de nunca estar em casa e realmente não ligava muito, ele era um ótimo pai, só tinha pouco tempo e uma filha que adorava ficar sozinha.

Mas nós dois últimos anos, não pude ir vê-lo porque fiquei aqui estudando, apesar de saber que no Brasil isso não vai me levar muito longe. Já havia desabafado sobre isso com ele inúmeras vezes até que ele me fez à proposta.

Filha, quer vir morar comigo? Sabe... Aqui você pode cursar Música na SNU, sabe que talento você tem, só precisa do lugar certo para estudar... “

Meu coração palpitou, pulo, acelerou. Não sei descrever qual foi a reação, era completamente inexplicável. Parecia com a primeira vez que eu havia entregado um chocolate de dia dos namorados, uma sensação estranha de formigamento nos dedos e borboletas no estomago.

Sim, eu sabia que ele tinha razão e sabia também que a SNU (Seoul National University) era uma das melhores Universidades da Coréia do Sul e que era muito concorrida. Não que a disputa me deixasse nervosa, o que me deixava aflita era deixar minha mãe para trás. Quando finalmente compartilhei meu medo com ela, ela sorriu e me abraçou dizendo:

Meu amor, você não pode viver presa aqui por minha causa, você tem que viver sua vida. Errar, acertar, aprender com tudo que você vivenciar, não deixe uma proposta tão boa e feita com tanto carinho pelo seu pai esvair por seus dedos, talvez não aja uma segunda chance... “

E ela estava certa, foi a melhor decisão de toda a minha vida ter aceitado ir para Seoul – pelo menos eu acho que sim – e nesse momento estamos fazendo o nosso check-in e logo embarcaremos. Sim nós. Meu pai ficou tão feliz com a notícia que veio para o Brasil só para me acompanhar na viagem. Eu achei isso tão fofo e eu estava com tantas saudades que poderia ficar agarrada a sua cintura por horas igual a uma criança. Acho que estava tão feliz que nem havia percebido que a fila havia começado a andar, agora era só passar pela revista e embarcar.

Mas havia algo que me estava me deixando inquieta... Uma sensação que algo estava para acontecer, eu só não sabia o que era... Ainda.

.x.

 

Talvez não fizesse nem três horas que havíamos levantado vôo quando eu peguei no sono. O que foi bom, porque não consegui dormir na noite anterior por conta de um incontrolável nervosismo. Talvez fosse a ansiedade de voltar para casa. Acordei em nossa primeira escala na Suíça, nós descemos, eu comprei vários chocolates e doces. – O que? Eu tinha que aproveitar né?

Então decidimos comer dentro do aeroporto mesmo, pois como era de praxe estava nevando e quase intransitável do lado de fora. Eu fiquei toda boba olhando pela janela. Patético eu sei. Mas era incontrolável, a neve me fascina.

Meu pai se retirou da mesa por um momento para fazer uma ligação do trabalho. Eu disse que não havia problema, que ainda iria demorar mais um pouco para terminar e ele poderia fazer a ligação sem se preocupar. Alguns minutos mais tarde ele voltou à mesa com um grande sorriso. “ O que será que ele aprontou? “ Foi a primeira coisa que passou pela minha mente quando ele se sentou ainda sorrindo.

-        Filha você ainda ouve os artistas da minha empresa? - Eu fiz uma cara de “WTF” e respirei fundo. Silly question daddy. Foi a primeira coisa que eu pensei.

-        Sim, você viu meus poster's em uma das malas. - Eu falei enquanto dava a última garfada no ravióli que havia pedido.

-        Ah sim é verdade... Havia me esquecido, – disse ele calmamente – bem de qualquer modo, você conhece o grupo Super Júnior? - Perguntou ele. Eu estava levando um o copo a boca, mas parei na metade quase o derrubando no chão e o fitei incrédula, ele realmente estava perguntando isso?

-        Pai, você realmente está perguntando isso? - Foi mais forte que eu, então acabei falando.

-        Por quê? - Ele falou com um olhar inocente.

-        É um dos grupos mais conhecidos da Ásia, é a mesma coisa que perguntar se eu conheço a BoA ou o TVfXQ. - Falei antes de finalmente dar meu último gole na fanta. Ele começou a rir.

-        É verdade... Havia esquecido que eles estavam tão famosos... – quando ele falou isso, eu arregalei os olhos e comecei a rir, ele me olhou assustado – Do que esta rindo filha?

-        Como você “esqueceu” que eles eram tão famosos assim, até a mamãe conhece eles! - Eu falei rindo ainda, logo ele estava rindo igualmente.

-        Força do hábito, eu não os vejo como artistas e sim como meus dongsaengs. - Ele falou simplesmente e eu parei de rir aos poucos.

-        Ok, ok é aceitável... Mas não é plausível. - Eu falei rindo de escárnio.

-        E por que não? - Ele quis saber.

-        Porque se eles são seus dongsaengs, trabalham para você e você trabalha para que eles tenham reconhecimento. Então certamente é meio ilógico que você esqueça que eles são famosos, afinal são famosos porque você os fez famosos... Ou pelo menos deu o ponta-pé inicial... De qualquer modo, é irracional. - Ele sorriu com um ar vitorioso e eu não entendi.

-        Que foi? - Eu falei tombando o rosto para o lado.

-        Você fala como uma verdadeira executiva sabia? - Ele ainda tinha esperanças de eu me interessar pelo trabalho dele. Apesar de amar música não me via trabalhando com ela do modo que ele trabalhava.

-        Sério? - Eu falei sorrindo e ele concordou com um aceno, então ouvimos a mulher anunciar nosso vôo nos alto-falantes.

Vôo 472 com escala em Tóquio com destino à Seoul, partindo em dez minutos ”

-        Bem, somos nós. - Disse ele se levantando e indo pagar a conta, eu o aguardei na porta do estabelecimento.

-        Vamos? - Perguntou ele me oferecendo o braço, eu o agarrei e sorri.

-        Vamos!

Voltar para o avião da segunda vez era tão chato quanto da primeira. Coloquei meu headfone e abri o notebook, escrever me faria bem e ajudaria a passar o tempo. Foi quando me lembrei que meu pai não havia concluído a nossa conversa no restaurante, então me virei abaixando o fone até o pescoço e ajeitando meus óculos.

-        Papai? - Falei o indagando. Ele sorriu gentilmente ao desviar os olhos do livro que lia e me fitar.

-        Sim?

-        O que você ia me contar sobre o Super Junior enquanto comíamos? - Perguntei, ele abriu um fino sorriso de canto antes de falar. Ele estava aprontando comigo. Eu tenho certeza absoluta disso.

-        Não é nada demais minha filha. - Falou como se realmente não fosse, mas eu não engoli.

-        Papai... - Eu falei com a voz baixa, quase como uma ameaça. Ele riu.

-        Ok, ok você venceu. Quando eu liguei para a empresa, me perguntaram em que vôo eu estava para mandar meu carro ao aeroporto, sabe? E quando eu informei o vôo, minha secretária me perguntou se era um vôo que fazia escala no Japão e eu disse que sim, porque realmente faz. Então ela falou: “ Ah sim, é que pelos meus dados esse é o vôo que o meninos do Super Junior iram pegar, creio que vá ver seus dongsaengs antes de voltar a trabalhar, sunbaemin. “ - Ele começou a imitar a voz da secretaria e eu comecei a rir, mas quando ele terminou de falar que ficha caiu.

-        O QUE?

-        ELES VÃO PEGAR ESSE VÔO?

-        ESSE QUE NÓS ESTAMOS AGORA? - Eu falei quase gritando e ele começou a rir descontrolado. A nossa sorte é que só havia mais três passageiros na classe executiva e todos estavam com os fones de ouvido e dormiam, mas a aeromoça me lançou um olhar maligno. Eu me sentei vermelha de vergonha.

-        Você ta brincando né? - Eu falei para ele com os olhos implorando para que ele dissesse que sim.

-        Não! - Disse ele sorrindo e eu quase desmoronei ali mesmo. Foi quando ele pareceu se preocupar.

-        Tudo bem filha? - Disse ele assustado, eu apenas fitava o chão em choque.

-        N-não. - Eu falei.

-        Mas porque? Pensei que você gostasse deles! - Disse ele aturdido.

-        É esse justamente o problema. - Minha voz estava inexpressiva.

-        Não entendi.

-        Olha o meu estado – eu olhei para a minha roupa, calça jeans rasgada, um globe preto, uma regata branca e uma blusa de moletom preta – e eu irei vê-los... Se eu soubesse antes teria me arrumado... - Antes de eu terminar ele começou a rir.

-        Primeiro de tudo, é impossível fazer a viagem que estamos fazendo arrumados. Segundo, você vai vê-los inúmeras vezes, não se esqueça que trabalho com eles. Terceiro você esta linda filha é sério. - Ele realmente estava falando sério, eu apenas engoli seco.

-        Sabe pai eu sei que isso ta parecendo fútil e que não é nada a ver comigo mas é que quando você vai ver alguém que admira, você quer estar na sua melhor aparência sabe...  - Ele sorriu e me abraçou.

-        Não preocupe com isso, ok? - O seu abraço era muito aconchegante, eu apenas me acomodei e concordei com um aceno, logo estava pegando no sono.

Fazia realmente anos em que eu não dormia nos braços do meu pai, era uma sensação muito gostosa, era uma certeza de que pelo menos uma pessoa realmente me amava, sem drama sabe? Não sei quanto tempo se passou, quando me remexi um pouco na poltrona grande e espaçosa que percebi não estar mais rodeada em seus braços. Com o maior esforço do mundo tentei acordar e lentamente comecei a ouvir vozes que conversavam animadamente à minha volta.

Abri os olhos esfregando-os igual a uma criança, tinha certeza que meu cabelo estava completamente bagunçado. A primeira coisa que procurei foi meu pai, mas percebi para meu pesar que realmente seu acento estava vazio. Passei uma das mãos pelo cabelo tentando arrumá-lo. Isso era o bom de cabelo liso, algumas escovadas com as mãos e pronto, perfeito.

Procurei meus óculos que deveriam estar em algum lugar, então os vi sob o acento vago de meu pai desaparecido, por momento pensei em escrever em um papel “Procura-se um pai perdido” e sair andando pelo avião mas seria exagero, eu sei ok. Comecei a rir da idéia maluca e suspirei.

Foi quando me dei conta que a conversa que rolava solta enquanto eu acordava havia parado. Olhei para frente vi vários rapazes sérios e me fitando com uma expressão confusa, não... Aquilo não estava acontecendo. Eu simplesmente não acredito nisso! Foi a primeira coisa que eu pensei.

Eu havia dormido demais. Eles já haviam embarcado.

E bem na minha frente – sem ter como eu me esconder ou cavar um buraco no chão para me jogar lá dentro – estava Dong Hae. O meu Dong Hae como eu costumava falar com minhas amigas quando era mais nova. Ele era o que me fitava mais curioso, eu só não sabia o motivo. Será que ainda estava descabelada? Impossível, eu havia acabado de arrumar o cabelo, mas por segurança abaixei o olhar e fitei os fios repicados que caiam por ombro e iam até abaixo de meus seios. Estavam impecavelmente lisos.

Olhei para cima novamente e suspirei, porque todos eles olhavam para mim? Então como se tivesse lido a minha mente Lee Teuk apareceu na minha frente sorrindo e apoiando no acento vazio outrora ocupado por meu pai.

-        Você é a filha do Taeil Hee Hyung, não é? - Ele falou todo simpático em inglês, eu não contive e esbocei um fino sorriso antes de responder... Em coreano é claro.

-        Sim, Park Taeil Hee é meu pai. - Falei simplesmente, afinal eu não sabia o que falar, eu tava nervosa ok? E todos eles me olhando não estava ajudando, quem manda eles serem tantos assim?!

-        Seu coreano é muito bom! Bem, muito prazer sou Lee Teuk, líder do Super Junior. - Ele falava com um grande sorriso e todos os meninos começaram a rir.

-        Exibido! - Ouvi alguém falar mas não consegui ver quem era, pela voz tinha minhas suspeitas de Sung Min. Então as risadas se intensificaram e Lee Teuk rolou os olhos.

-        Ignore, são todos mal-educados. - Sua voz era tranqüila mas soava forte.

-        Hey hey hey, não sou mal educado! – Sung Min se levantou e me fitou sorrindo – Olá, eu sou Sung Min, muito prazer em conhecê-la. - Disse ele se inclinando e eu sorri retribuindo.

-        Muito prazer, eu sou Park Aimee. Mas pode me chamar apenas de Aimee, dispenso formalidades. - Todos abriram um grande sorriso e começaram a se apresentar. A cena era cômica, eles falavam como se eu não soubesse quem era cada um deles.

-        Bem, eu sou Kyu Hyun e esse ser mal-educado que ta sentado aqui – ele puxou Dong Hae pela mão – é o Dong Hae. - Eu sorri refazendo minha reverência. Eles haviam sido os últimos a se apresentarem.

-        Muito prazer em conhecer à todos vocês. - Falei novamente.

-        Muito prazer. - Ouvi Dong Hae falar e se sentar novamente. Para a minha surpresa ele parecia acanhado?

-        Bem, vejo que não irei precisar fazer as apresentações.  - Ouvi a voz de meu pai entrar no recinto.

-        Agora você aparece? - Eu falei em português e ele começou a rir.

-        Eu estava no telefone minha filha. - Disse ele vindo se sentar.

-        Vejo que não perderam tempo em puxar papo com ela não é mesmo? - Papai falou sério com os meninos, eu quase ri. Acho que só eu ali sabia que ele estava brincado.

-        Hyung... É que ela acordou e se viu sozinha, parecia assustada... Só queríamos causar uma boa impressão. - Disse Lee Teuk com receio. Foi quando meu pai começou a rir.

-        Minha filha tem vinte e dois anos, já é crescida e sabe se cuidar muito bem, não preciso bancar o pai lunático Jung Su. - Naquele momento eu até senti orgulho de mim, só pelo modo como meu pai havia falado.

-        Vinte e dois anos? - Ouvi Dong Hae falar com os olhos arregalados.

-        Sim. - Eu falei franzindo o cenho, porque o susto? Pensei comigo.

-        Você parece bem mais nova. - Ouvi Kyu Hyun falar.

-        Isso é devido aos meus bons genes! - Meu pai falou e eu rolei os olhos, enquanto os meninos riram.

-        É papai é, menos vai menos. - Falei rindo.

-        Seria mais legal se você falasse em uma língua que nós possamos entender. - Sung Min falou e os meninos riram concordando. Eu corei ligeiramente e abaixei o olhar sempre esquecia disso, em casa não havia esse problema já que minha mãe era fluente em coreano e meu pai em portugues igualmente.

-        Desculpem-me. - Eu falei sem graça.

-        Filha os ignore, ok? – meu pai falou rindo – Ela fala comigo como bem entender, se quiser que você entenda Sung Min, ela falará em coreano, pode deixar. - Meu pai é bruto as vezes, os meninos começaram a rir, principalmente Dong Hae que ria descontrolado.

-        Ai Hyung, não precisa falar assim... - Sung Min disse fazendo um bico gigante.

-        Papai, não precisa falar assim. - Eu falei com um olhar de repreensão e meu pai sorriu.

-        Esta bem... Desculpe-me Sung Min. - O rapaz nos olhou com os olhos arregalados.

-        Como você fez isso? - Ouvi Lee Teuk falar rindo.

-        Fazer o que? - Falei confusa.

-        Ele pedir desculpas! - Kyu Hyun falou assustado.

-        Papai como é que você fala com eles? - Eu falei o fitando de olhos arregalados.

-        Ele é mal. Ele tem um chicote! - Ouvi Sung Min falar e comecei a rir.

-        É, eu bem imagino meu pai do tipo que escraviza. - Falei rindo e meu pai começou a rir em seguida.

-        É sério! Você pode ir trabalhar conosco amanhã? Assim ele fica bonzinho! - Lee Teuk falou e eu ri.

-        Não quero atrapalhar, mas eu prometo que ele vai ser bonzinho com vocês,  papai?! - Falei olhando de esguelha para ele e ele riu.

-        Não prometo nada sem a sua presença. - Ele estava me convidando para ir para o trabalho dele amanhã?

-        Isso é um convite, pai? - Falei cruzando os braços.

-        Sim, com certeza o que acha que ir comigo para o trabalho amanhã? - Os meninos que estava atrás de meu pai faziam sinal de positivo com os dedos, eu quase caí na gargalhada.

-        Hum... Mas eu vou lá fazer o que?  Não quero atrapalhar seu trabalho. - Falei sentindo minhas orelhas queimarem de constrangimento.

-        Não tenho nenhuma reunião amanhã, vou passar o dia vendo os ensaios, então seria bom ter a sua companhia e logicamente como musicista a sua opinião sobre os ensaios. - Disse ele de uma maneira que eu me senti importante, principalmente pela ênfase na palavra musicista.

-        Se você não acha que vou atrapalhar, com certeza eu vou. Deve ser muito interessante ver os ensaios de cada grupo. - Eu falei sorrindo.

-        Você é musicista? - Perguntou Dong Hae curioso olhando diretamente para mim, eu pude sentir minhas bochechas queimarem, mas tente ser o mais natural possível. Porque ele tinha que olhar desse modo? Tão... Tão... Tão Dong Hae?

-        Hã... Sim, bem pelo menos eu tento. - Falei coçando a nuca sem graça.

-        Pare de ser modesta Lilie... Ela é sim, toca piano e violino desde pequena. - Ele falou orgulhoso, eu quase comecei a rir.

-        Piano e violino é? Há quanto tempo mesmo? - Sua voz parecia surpresa.

-        U-hum... Bem piano eu toco desde os seis anos de idade e violino desde os oito. - Todos os meninos fizeram exclamações e arregalaram os olhos.

-        Você começou cedo... Tal pai ta filha, né? - Disse Lee Teuk, eu sorri.

-        Tais pais – falei com ênfase no plural – tal filha. - Meu pai riu.

-        A mãe de Aimee tocava violino na filarmônica do Brasil. - Meu pai falou de um modo carinhoso.

-        Tocava? - Falou Dong Hae.

-        Minha mãe se aposentou no ano passado. - Eu falei com um sorriso triste, eu adorava vê-la tocando.

-        Ah sim... - Ele volto sua atenção para o próprio I-Pod e ficou calado.

-        Bem, você agora vai conviver muito conosco, já que seu pai é nosso sunbaemin, então é melhor acostumar as mudanças radicais de humor de Dong Hae. - Disse Lee Teuk sorrindo.

-        É normal, eu sou bem bipolar também. - Todos riram.

-        É um perigo de mal-humor isso sim. - Ouvi meu pai falando e comecei a rir.

-        Papai vai assustá-los assim. - Eles riram mais ainda.

-        Depois de ver seu pai bravo, ninguém mais nos assusta, só o Dong Hae com fome. - Falou Kyu Hyun e todos riram, incluindo eu e meu pai.

-        Obrigado pelo aviso prévio! - Eu falei me sentando corretamente em meu acento, já que estava toda torta para conversar com eles e minhas costas começavam a reclamar.

-        Sem problemas, te deixarei de sobreaviso com todos quem deve tomar cuidado, assim não é pega de surpresa. - Eu ri.

-        Ok! Muito obrigado. - Todos mundo riu e eu me virei para meu notebook e coloquei meu headfone novamente, queria decorar um arranjo de Beethoven e precisava ouvi-lo constantemente. 

-        Ru-rum! - Ouvi Sung Min limpar a garganta e comecei a rir.

-        Porque o sunbae te chama de Lilie sendo que seu nome é Aimee? - Ele tinha expressão tão fofa de criança confusa, me segurei para não apertá-lo. Alguns dos meninos pareciam confusos com isso também.

-        Lilie é Lírio em inglês Sung Min, meu pai, minha mãe e meus amigos me chamam assim desde pequena, porque minha avó me chamava de 'Pequeno Lírio' desde que nasci. - Falei simpática ele sorriu mais depois pareceu confuso novamente.

-        Mas porque ela te chamava assim? - Ele falou e os meninos exclamaram. Shin Dong lhe deu uma cotovelada e Dong Hae o olhou torto.

-        Por causa da voz dela Sung Min. - Meu pai falou e eu corei desviando olhar.

-        Ela tem a voz tão delicada quanto a pétala de Lírio quando canta. - Ele falava sorrindo mais eu ainda estava muito vermelha.

-        Poderia canta para nós, Aimee-sshi! - Ryeo Wook e Sung Min falaram com um ar infantil, eu sorri ainda meio corada.

-        Tenho vergonha de cantar. - Falei baixo. Talvez tivessem percebido como fiquei tímida e todos se calaram.

Mesmo que cada um já tivesse voltado as suas conversas iniciais, era fácil ficar perto deles. O astral, a energia que emanava dali era positiva... Era contagiante. Foi pensando nisso que comecei a escrever, mas na segunda linha eu parei. Era impressão minha ou tinha alguém me observando? Quando olhei para os lados procurando o meu possível vigia, meus olhos se encontraram com os olhos de Dong Hae.

Ambos travamos por alguns instantes. Então eu engoli seco e desviei o olhar antes de fazer alguma besteira. Sim eu tenho a grande tendência de fazer besteira nervosa. Ele havia desviado em seguida, mas alguns segundos depois eu percebi que ele me fitava discretamente de esguelha... Será que ele não tinha gostado de mim? Era o que parecia... Ele estava incomumente sério.

Seria no mínimo perfeito que eu tivesse acabado de conhecer o grupo e o integrante que eu mais admirava simplesmente não tivesse ido com a minha cara. Suspirei com um bico e voltei a digitar, era melhor não pensar nisso, afinal se sentir desmotivada antes mesmo de chegar a Coréia era muito pessimismo.

O vôo seguiu tranqüilo já que o trajeto entre Japão e Coréia é curto. Logo estávamos apanhando nossos pertences para deixar o avião. Finalmente havíamos pousado em Seoul, meu coração martelava forte em meu peito de tanta saudade que eu sentia daquele lugar. Todos conversavam entre si animados, foi quando captei a essência da conversa entre eles.

-        (…) Não sei se ela realmente vai me entregar realmente um chocolate, ela não parece muito interessada em mim... - Ouvi Hyuk Jae conversar com Sung Min, Kyu Hyun e Dong Hae.

-        É que você não vê a situação como nos vemos. Aquela garota é louca por você! - Ouvi Sung Min dizer enquanto apoiava uma das mãos no ombro do rapaz. Chocolate? Pensei comigo, então Sung Min viu que prestava atenção neles e sorriu ao se postar ao meu lado.

-        Se quiser me dar um chocolate no domingo, eu fico muito agradecido Aimee-sshi. - Disse ele sorrindo sedutor e eu sorri sem entender do que falavam.

-        Chocolate...? - Eu falei ainda confusa.

-        Sim, chocolate de Dia dos Namorados... É nesse próximo domingo. - Ele sorriu confiante. Só então eu lembrei da tradição oriental de dia dos namorados e comecei a rir.

-        Porque acha que deveria te dar um chocolate? - Perguntei com um sorriso de lado.

-        Porque ele tem mania de achar que todas as garotas do mundo gostam dele. - Ouvi Kyu Hyun falar enquanto nos alcançava. A saída do avião estava demorada.

-        Bem, é ai que ele se enganou! - Eu falei abrindo um grande sorriso e todos eles me olharam curiosos. Incluindo Dong Hae.

-        Enganei-me como? - Disse Sung Min se aproximando. Muito pouca distância. Eu sorri de escárnio para não demonstrar que estava sem graça e ele me fitou meio incrédulo.

-        Enganou-se redondamente. Mas não vou dizer quem é meu preferido, se for algum de vocês eu entregarei meu chocolate pessoalmente. - Eu sorri suavemente e Kyu Hyun começou a rir.

-        Já falei que eu adorei te conhecer? Porque eu realmente adorei! - Disse rindo e abraçando meu ombro, logo estávamos lado de meu pai conversando. E deixando os outros três nos olhando com expressão pasma.

Não preciso dizer que o aeroporto foi um inferno né? Que bom. As ELF's são tão escandalosas quando as Cassiopéias, gente pra que gritar tanto? Não preciso dizer que eu havia adorado conhecer o Kyu Hyun certo? Ele era uma figura e muito engraçado, mas obviamente me separei dele ao passarmos por dentro do aeroporto. Mas o que mais havia impregnado em minha mente era a expressão de desconforto no rosto de Dong Hae quando Sung Min ficou tão próximo de mim. Quais eram os motivos de ele se incomodar com aquilo? Pior de tudo, porque eu estava preocupada com isso?

Fui para casa pensando nisso mas não consegui achar nenhum motivo plausível como resposta, é claro. Porque aquela reação simplesmente não tinha cabimento, de todos os integrantes do Super Junior, ele era o que menos havia falado comigo. Quando meu pai estacionou na garagem do condomínio onde morava que eu percebi que estava em casa.

Entramos no elevador subindo até o último andar – meu pai havia comprado aquele apartamento por causa da vista, que dava para ver quase toda Seoul dali – e logo estávamos dentro de casa. Eu sorri para o espaçoso apartamento que não via à alguns anos.  Não tinha mudado muito... O sofá branco agora era preto e de couro e havia um piano cor de mogno perto da porta da varanda. Olhei para meu pai sorrindo.

-        Você comprou um piano? - Eu falei com os olhos brilhando. Ele sorriu

-        Achei que gostaria de praticar dentro de casa... Afinal apesar de poder trazer seu violino, o piano você não teria como trazer. - Eu sorri e o abracei. Demorei alguns minutos até raciocinar.

-        Não teria como você ter comprado esse piano em tão pouco tempo. - Falei acusando-o. Ele sorriu sem graça.

-        É que... Eu o comprei quando tive a idéia de convidá-la para morar comigo. - Disse ele sem graça. Meu pai é o melhor.

-        Deveria ter me convidado antes, eu teria vindo à nado se fosse preciso. - Ele começou a rir.

-        E teria virado comida de tubarão na metade do caminho. - Nós rimos e nos jogamos no sofá espaçoso.

-        Pelo menos teria tentado ué. - Ele afagou meu cabelo carinhosamente.

-        Você tem cada idéia menina... - Eu ri e deitei em seu ombro.

-        Sou uma pessoa criativa, o que posso fazer? - Ele riu.

-        Então Sung Min quer um chocolate seu, é? - Ele falou de repente, eu corei desviando o olhar para a grande tevê que estava desligada.

-        Você ouviu isso é? - Eu falei baixo e ele continuou rindo.

-        Acho que todo mundo ouvi minha filha, mas creio que Dong Hae não tenha ficado muito contente. - Falou ele refletindo.

-        Como é? - Meu pai sorriu culpado.

-        De todos os meninos, Dong Hae é o único que já havia te visto. – cerrei meus olhos, ele continuou – Sabe os seus recitais que sua mãe gravava para me mandar? - Eu concordei com um aceno e ele continuou – Então, um dia ele foi a minha sala e eu estava assistindo a um deles. Ele ficou ali parado durante toda a sua apresentação, tão calado que só o notei quando me virei. Depois de explicar que você era minha filha ele me cumprimentou pelo talento que você possuía e perguntou se poderia ficar com uma copia do vídeo, porque ele havia gostado muito da melodia, obviamente eu não vi nenhum problema nisso e lhe fiz a copia. - Ele estava falando e eu estava em choque, tenho certeza que ele conseguia ver o choque em minha expressão. Mas ele continuou.

-        Por isso estranhei quando ele agiu como se não soubesse que você era musicista, afinal eu já até o havia flagrado tocando a música que você havia composto para o recital algumas vezes no piano da sala de treinamento. - Eu respirei fundo mas sem sucesso, meus pulmões simplesmente não filtravam o ar, o que é que estava acontecendo?

-        Eu acho que... Vou dormir. Boa noite papai e não esqueça de me acordar para que vá a SM com você amanhã de manhã. - Eu falei muito rápido, lhe dando um beijo no topo da cabeça e indo para o meu conhecido quarto. Não queria dar tempo para ele falar mais nada, eu preciso não pensar em mais nada.

Não pensar em nada foi um fracasso total, é claro. Assim como adormeci eu acordei com o pensamento de que Dong Hae havia tocado uma música minha no piano. Eu sei que isso é bobo ok? Mas era algo que eu havia composto especialmente pensando nele e saber que ele sabia da existência da música mesmo sem desconfiar que ele era a inspiração por trás dela, era algo... Que eu não conseguia achar palavras para descrever.

Como meu pai havia me instruído a usar roupas confortáveis, foi o que eu escolhi. Uma calça jeans escura. Um globe branco e rosa que eu amava. E por ultimo como estava frio vesti uma blusa de gola rulê listrada branca e rosa também e um casaco comprido preto. Prendi os fios longos e lisos bem no alto na cabeça e coloquei meu óculos. Não passei nenhuma maquiagem, era muito cedo e eu não queria impressionar ninguém. Era o que eu continuava a repetir a mim mesma a cada segundo.

Tomamos café em silêncio acalentado de sono e logo deixávamos a garagem do condomínio em direção a SM. Apesar de ter carta, com certeza teria que tira-la novamente, uma vez que a carta de motorista do Brasil não é válida aqui. E usar carros diferentes para ir ao mesmo lugar parecia ilógico. Chegamos ao prédio da SM Entertainment. Apesar de meu pai estar lá desde que eu era muito nova, aquela era a minha primeira vez no local. Um frio tomou conta do meu estomago. Mas afinal o que estava me deixando nervosa?

Ele me apresentou à todas as pessoas possíveis, daqui a pouco o prédio inteiro saberia o meu nome. Não demorou muito para me levar a uma das salas de ensaio e lá dentro estava o Super Junior que se aquecia para começar a ensaiar. Todos sorriram animado ao nos dar boa dia, todos menos Dong Hae que mal havia se mexido desde que havíamos adentrado o cômodo. Qual é a dele?

-        Bom dia Aimee-sshi! Como dormiu? Descansou bastante? - Lee Teuk foi o primeiro a vir me cumprimentar sorrindo. Seguido por Sung Min, Kyu Hyun e Kang In.

-        Dormi na medida do possível, o fuso-horário ainda é estranho. Mas estou descansada e pronta para ajudar no que puder! - Falei animada, todos sorriram logo todo o grupo estava ali.

-        Então vai ver nosso ensaio hoje? - Perguntou Sung Min sorrindo doce.

-        Sim, eu prometi e aqui estou eu. A defensora pessoal do SuJu contra a tirania do meu pai. - Eu levantei os braços imitando uma pose de super herói e todos começaram a rir.

-        Lilie, eu ainda estou aqui sabe. - Meu pai disse e eu ri ainda mais.

-        Ops! - Eu falei igual uma criança pega no flagra e Kyu Hyun veio ao meu lado.

-        Quando formos ensaiar voz, você podia tocar o piano para nos mostrar a sua habilidade Aimee-sshi, o que acha? - Eu sorri mas antes de responder meu pai falou.

-        O ensaio é de vocês, se quiserem vê-la tocando terão que esperar que ela perca a timidez perto de vocês. - Eu olhei assustada para meu pai, como ele sabia disso?

-        Ela toca mas tem vergonha sunbae? - Ouvi Kang In falar sorrindo e os outros rapazes concordarem com um aceno.

-        É que minha filha não é dada como você Kang In, agora vão ensaiar. - Ele falou fazendo com que os rapazes rirem e voltarem ao centro do local para se colocarem em posição. Quando os rapazes se afastaram eu me aproximei de meu pai.

-        Como sabe que eu tenho vergonha de tocar para as pessoas? - Falei interrogativa. Ele meramente sorriu de canto.

-        Você é minha filha, eu te conheço.  - Eu sorri, meu pai não havia esquecido absolutamente nada sobre a minha personalidade.

Já era quase duas e meia da tarde e ninguém havia ido almoçar ainda. Era só eu que sentia o estomago reclamar ali, é? Sentei em um canto da sala de espelhos enquanto via os meninos repassarem uma das coreografias pela enésima vez. Não percebi que tinha companhia até sentir um peso em meu ombro.

-        Sung Min-oppa, o que está fazendo aqui? - Ele me olhou com sorriso nos lábios mas o olhar não tinha o brilho infantil que eu havia visto antes. Seu olhar era sensual.

-        Vim te fazer companhia. - Disse ainda me olhando daquele modo. Mas logo voltou a deitar o rosto em meu ombro. Eu arqueei a sobrancelha.

-        Sung Min-oppa não quero ser rude mas porque esta tão concentrado na minha presença? Apostou com alguém que conseguiria um chocolate meu? - Eu falei rindo de escárnio. Ele levantou e me olhou de canto com o mesmo olhar, parecia ainda querer de algum modo me seduzir.

-        Não. Só te acho interessante. – antes que ele pudesse continuar alguém se aproximou – Aimee-sshi não está com fome? - Ouvi uma voz que se dirigindo a mim. Quando me virei para ver quem se aproximava falando, senti meu estomago encher de borboletas. Dong Hae já estava quase à nossa frente.

-        Sim estou faminta! - Eu falei abrindo um grande sorriso. Ele nos alcançou estendendo a mão para me ajudar a levantar. Percebi que ele e Sung Min trocaram olhares significativos mas logo ele se voltou à mim.

-        Também estou morrendo de fome, então vamos almoçar? - Disse ele extremamente simpático, parecendo que o Dong Hae do dia anterior no avião havia sido fruto da minha imaginação extremamente fértil.

-        É claro! - Logo alcançamos o corredor fora do estúdio então o silêncio se fez presente, sua indiferença parecia ter retornado, eu encarava as paredes claras sem jeito.

-        Me desculpe. - Ele finalmente quebrou o silêncio enquanto caminhávamos devagar.

-        Desculpar-lhe pelo quê? - Falei meio atônita.

-        Imagino que meu comportamento deva estar causando uma grande confusão em sua mente. - Ele falava sério mas fitava o horizonte ao invés de olhar para mim.

-        Não sei como isso poderia acontecer, sendo que eu o conheci ontem Dong Hae-sshi. - Não iria dar o braço a torcer tão fácil. Mesmo que meu coração palpitasse só por estar a centímetros de distância.

-        É que parece que nós conhecemos à anos... - O ouvi falar baixo, talvez não fosse para que eu escutasse, tive a certeza disso quando ele prosseguiu.

-        Você é a filha do meu sunbae... – ele disso ainda mais baixo – Sabe o sunbae tem sido um pai para todos nós desde que se tornou nosso novo manager, ele nos ajuda em tudo que pode... E quando perguntamos a ele o porquê ele sempre nos diz: “É o que minha filha acharia correto a se fazer!” Sabe Aimee-sshi fora o amor incondicional que ele sente por você, ele também nutre um respeito muito grande por sua personalidade e seu caráter. - Ele fala com um visível orgulho na voz e meus olhos começavam a arder.

-        Seu pai é uma pessoa maravilhosa! - Ele disse se virando em minha direção e ainda estava a centímetros, então paramos de andar. Perto demais.

-        Eu sei, eu tenho muito orgulho dele. - Proferi com um leve sorriso nos lábios. Foi quando percebi que seu olhar havia demorado um pouco no local.

-        Por isso estávamos todos ansiosos para te conhecer. Conhecer o motivo da bondade do nosso sunbae. Mas você é bem diferente do que eu imaginava... - Ele falou com o olhar fixo no meu. Era impressão minha ou ele havia se aproximado ainda mais?

-        Diferente como? - Eu falei confusa. Não conseguia desviar de seus olhos era como se estivesse magneticamente presa a eles.

-        De começo todos achávamos que você era uma criança, pelo modo como ele falava. Mas um tempo depois viemos a descobrir que sua idade era a semelhante a nossa, então todos nós tentamos imaginar como você seria. Como seria a sua personalidade, sua aparência... Tudo. - Ele falou a última parte de um modo incrivelmente sedutor.

-        E aí, algum desapontamento até agora? - Não consegui conter o sarcasmo. Ele sorriu de canto.

-        Nenhum. - Sua voz não passava de um sussurro. Porque nós parecíamos tão atraídos um pelo outro? Bem, eu sempre fui atraída por ele... Mas porque ele parecia se sentir assim?

-        Isso é bom? - Eu sorri de canto igualmente.

-        Bom e perigoso. - Finalmente senti seu hálito quente entrar em contato com a minha pele por causa de nossa distância, ou a falta dela no caso.

-        Perigoso? - Minha voz soou confusa.

-        Sim... Nunca imaginei que ficaria assim perto de você. - Ele falou e de repente pareceu se dar conta do que havia falado. Seus olhos arregalaram de medo.

-        Não precisa se preocupar, eu sei que você viu meu recital. - Eu falei apoiando as costas na parede do corredor despreocupada e ele arqueou uma sobrancelha.

-        Como? - Sua voz era um misto de vergonha e apreensão.

-        Meu pai me contou que gravou uma copia para você. - Não achei que precisava dizer todos os detalhes, o clima já estava estranho por si só.

-        Ah sim... Você não se incomoda? - De repente seus olhos demonstravam um medo inexplicável.

-        Porque me incomodaria?

-        Bem... Eu-.

-        Dong Hae se você quiser ter a possibilidade de comer nessa era, é melhor vir logo! - Nós ouvimos a voz de Hee Chul gritando da outra ponta do corredor.

-        Hum... Eu te conto uma outra hora... Vamos? - Ele me ofereceu um dos braços, eu aceitei sorrindo.

-        Eu vou cobrar... Mas vamos sim, não menti quando disse que estava com fome. - Ele começou a rir.

Ao chegarmos no dito refeitório da SM – que me lembrava de algum modo uma praça de alimentação de shopping – algumas pessoas observaram nossa proximidade, uma dessas pessoas foi Sung Min que apenas olhou torto por um momento. Outra foi Tiffany do SNSD que tinha uma expressão estarrecida no rosto e conversava muito rápido em inglês com Jéssica, em seguida ambas nos encaram com a expressão fechada.

-        Até suas fãgirls famosas me olham torto, isso porque apenas estou de braços dados com você Dong Hae-sshi. - Ele começou a rir enquanto apanhávamos um lanche e uma garrafa de suco e ele nos conduziu a uma mesa mais afastada de todos.

-        Fãgirls famosas? - Ele falou ironicamente. Eu apontei com o rosto na direção da mesa de Tiffany que não havia desviado o olhar.

-        Você se incomoda? - Ele perguntou calmamente. Eu sorri quase diabólica.

-        Nenhum um pouco. - Ele sorriu e então sua mão avançou pela mesa encontrando a minha. A expressão que ela tinha no rosto era digna de uma foto.

-        Porque eu sinto que você não gosta da Tiffany? - Ele perguntou rindo.

-        Oh não! Como você pode deduzir uma coisa dessas? - Eu falei com a voz carregada de sarcasmo, ele riu ainda mais.

-        Não sei, talvez seja apenas impressão ou intuição feminina. - Não tive como não rir dessa.

-        Pare de ser tonto. - Eu falei rindo e batendo de leve em sua mão.

-        Só se você parar de me chamar de Dong Hae-sshi, não quero formalidades entre nós. - Eu sorri.

-        Já que insiste Dong Hae. - Frisei bem seu nome e ele abriu um grande e lindo sorriso, senti meu sangue ferver nas veias.

-        Posso chamar-lhe de Aimee? - Perguntou ele docemente. Havia como negar algo com aqueles olhos brilhando para mim?

-        Sim é claro ou apenas me chame de Lilie. - Eu sorri abertamente. Foi quando suas bochechas corarem levemente.

-        Tem certeza que posso ser tão intimo assim? - Perguntou ele ligeiramente envergonhado.

-        Tenho certeza absoluta. - Por um momento senti sua mão segurar a minha com um pouco mais de força. Ele parecia nervoso.

-        Aimee-sshi poderia sentar-me aqui? - Disse Sung Min já se sentando a nossa mesa. Senti a mão de Dong Hae deixar a minha lentamente.

-        É claro Sung Min-sshi, é claro. - Eu simplesmente não sabia o que falar. Dong Hae me fitou magoado e se levantou deixando suas coisas na mesa rumando porta a fora. Eu apenas fiquei olhando sem piscar. O que eu tinha perdido ali?

-        Que rude o Dong Hae lhe deixando assim, eu nunca faria isso. - Disse ele com um sorriso doce nos lábios.

-        Não se preocupe Sung Min-sshi, logo ele volta. - Eu falei incerta. Então vi Tiffany rumar porta a fora. Alguma coisa naquela cena me incomodou imensamente.

-        Pode me chamar apenas de Sung Min, Aimee-sshi. Afinal você é filha do nosso sunbae vamos conviver muito daqui para a frente. - Mas antes que eu pudesse falar algo, duas sombras se formaram contra a luz.

-        Lee Teuk-Hyung! Hee Chul-Hyung! - Eu exclamei vendo-os com um olhar não muito amigável.

-        Sung Min levanta daqui que nós vamos lá fora conversar. - Hee Chul parecia muito sério.

-        Mas Hyung-...

-        Não tem mas, anda levanta! - Logo Lee Teuk o puxou pelo braço e saiu porta à fora também. Hee Chul debruçou na mesa e sorriu sem graça.

-        Desculpe-me por isso, juro que um dia eu te explico ok? - Ele sorriu se desculpando e seguiu o caminho de seu Hyung.

-        O que diabos está acontecendo aqui? - Eu falei baixo e respirei fundo. Ok, ficar parada não ia ajudar muita coisa. Eu levantei indo até a mesa que alguns outros membros do Super Junior ainda estavam sentados.

-        Com licença, mas vocês poderiam me ajudar? - Eu falei com carinha de cãozinho sem dono. Kang In estava conversando com Eun Hyuk, mas ambos se calaram e se viraram para mim.

-        Claro Aimee-sshi em que podemos ajudá-la? - Disse Eun Hyuk prestativo e atencioso.

-        Hum... o Dong Hae-sshi ficou nervoso e saiu quase correndo do refeitório e eu gosta-. - Eun Hyuk sorriu se levantando. E com um gesto pediu para que eu o seguisse, quando chegamos ao corredor ele se virou para mim.

-        Aimee-sshi, por favor, siga esse corredor até o final, lá tem uma escada suba até o andar seguinte e vá até o final novamente, lá é a sala de música onde o Hae costuma ir para compor. - Sorrindo docemente mais uma vez ele tocou meu ombro antes de entrar novamente no cômodo anterior.

Olhei o lanche e o suco de Dong Hae que eu havia apanhado da mesa e suspirei. Caminhei rapidamente, não queria demorar a achá-lo. Primeiro; porque não queria que ficasse sem comer, segundo; queria entender o que estava acontecendo e terceiro; tinha medo de pensar nele sozinho com a Tiffany. Então raciocinei. Não temos nada Aimee ACORDA! Vocês se conhecem à dois dias. Mesmo que você saiba da existência dele à anos, isso não muda nada.

Comecei a subir as escadas quase querendo voltar. Sabia que meus pensamentos estavam certos, essa sensação de que nós conhecíamos a muito tempo só se devia ao fato de que eu o admirava a muito tempo... Sabia dele à muito tempo... Era como se de algum modo sentisse que o conhecia por saber tanto de sua vida. Então quando finalmente estava vendo-o de perto, essa falsa sensação de conhecimento me invadia. Dando-me essa impressão que nós conhecíamos a eras.

Porque as coisas têm que ser tão complicadas? Pensei comigo suspirando alto ao alcançar o andar que Eun Hyuk havia me indicado. Assim que comecei a caminhar na direção indicada vi Tiffany sair da última porta do local com uma expressão homicida no rosto. Ela passou por mim sustentando aquele olhar e então foi embora.

Coitada, como se eu realmente fosse ter medo dela. Respirei fundo e olhei para frente. Tinha medo do que havia lá na frente. Logo meus passos alcançaram a porta desejada e só então que meus ouvidos perceberam a melodia que vinha da sala. Eu conhecia aquela melodia, era a minha música, mas estava diferente, as notas não vinham de um piano e sim dos acordes de um violão.

Eu abri a porta lentamente para não chamar a atenção e vi uma ultima cena que eu nunca esperaria ver na minha vida. Dong Hae estava sentado com uma expressão triste e vaga no olhar fitando a grande janela em sua frente. Ele tocava a música com tanta vontade que parecia que iria estourar as cordas do pobre violão. Ele parecia... Transtornado.

Só que o que ele não sabia era que aquela composição continha uma letra, uma letra feita especialmente para ele. Eu ouvi mais alguns segundos da melodia e então fechei os olhos para lembrar qual parte da letra vinha naquele momento. Minha voz saiu sem que eu percebesse.

 

Thoughts read unspoken, forever in doubt

Pieces of memories fall to the ground

I know what I didn't have so, I won't let this go

'Cause it's true, I am nothing without you … “

 

Seus olhos se viraram na minha direção assustados mas de algum modo ele continuou tocando. Eu respirei fundo e continuei cantando, já que havia começado teria que terminar.

 

All the streets where I walked alone, with nowhere to go

I've come to an end”

 

Seus olhos pareciam presos aos meus, ele não esboçava nenhuma reação a não ser espanto mas suas mãos com vida própria continuavam a tocar. E minha voz igualmente com vida própria continuava a insistir em cantar. A vergonha começava a dissipar aos poucos.

 

I want you to know

With everything I won't let this go, these words are my heart and soul

I'll hold on to this moment you know, 'cause I'd bleed my heart out to show

And I won't let go”

 

Nós parecíamos conectados um ao outro com um fio imaginário. Lentamente eu comecei a me aproximar deixando seu almoço sob a mesa de centro e me sentei em sua frente mas a sua expressão estava ilegível e então resolvi encerrar a letra da música ali.

 

In front of your eyes, it falls from the skies

When you don't know what you're looking to find

In front of your eyes, it falls from the skies

When you just never know what you will find... what you will find

 

Eu sorri sem jeito e comecei a fitar o chão. Então finalmente ele pareceu entender que eu não continuaria cantando. A melodia do violão parou repentinamente e eu estava ali sem saber o que falar, eu só sabia que queria vê-lo bem. Mas antes que eu tivesse alguma atitude ele se aproximou de mim levantando meu rosto pelo queixo delicadamente com os dedos. Quando nossos olhares se cruzaram novamente, senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo, o que era aquela sensação?

Sem falar nada ele me ofereceu a outra mão. Eu a aceitei então em segundos senti meu corpo ser puxado para cima batendo suavemente contra o dele. Próximos demais. Novamente pude sentir seu hálito quente em minha pele e via a o quão próximos estavam aqueles belos olhos castanhos. O toque suave de sua mão em minha cintura arrepiava todo o meu corpo. Eu nunca havia me sentido daquela maneira com outro homem na minha vida.

Foi como se o tempo tivesse parado. Parado para que aquele momento durasse eternamente. Para que aqueles olhos nunca deixassem meus olhos, aqueles braços fortes que me faziam se sentir completamente segura nunca mais deixassem de envolver meu corpo. Então pude ver um fino sorriso brotar em seus lábios rosados antes de senti-los tocarem meus lábios com uma suavidade indescritível.

Era como sentir o toque de uma pétala delicada e aveludada sob meus lábios. A delicadeza e o carinho com que os lábios de Dong Hae começavam a se movimentar sob os meus era algo que eu nunca havia experimentado em toda a minha vida. Seu perfume que mesclava floral e amadeirado penetrou em minhas narinas e impregnou minha mente. Seria impossível esquecer aquela essência.

Suas mãos envolviam meu corpo de uma forma protetora e ao mesmo tempo sensual. Já que eu podia sentir cada milímetro de seu corpo contra o meu. Logo aquele beijo doce começava a ganhar uma sensualidade gigantesca. O toque quente de sua língua contra a minha fez com que meu coração disparasse como se eu estivesse correndo em uma maratona.

Seu beijo lembrava sua personalidade, era doce, sensível e aos poucos começava a te envolver... Começava a te seduzir. Aquele momento seria completamente inesquecível. O mundo poderia acabar agora, que eu morreria com um sorriso nos lábios.

Então cedo demais senti que ele diminuía a intensidade com que nossos lábios se encontravam, apesar de estar relutante quanto à isso, a única coisa que eu poderia fazer era segui-lo. Logo pude sentir seus lábios pousados sob os meus e um doce sorriso se formar. Quando abri os olhos novamente encontrei aqueles doces olhos castanhos me olhando com ternura. Meu coração falho quando sua acariciou suavemente meu rosto encostando sua testa na minha.

-        Se quiser pode me dar um tapa agora. - Ele falou sorrindo. Eu ri envergonhada. Foi a primeira vez que um homem me deixou tímida.

-        Porque eu faria isso agora? - Nossos lábios ainda estavam pousados um no outro e se roçavam levemente enquanto conversávamos entre sussurros. Seus olhos brilharam quando ouviu minha resposta.

-        Por causa disso. - Ele mordiscou e puxou suavemente meu lábio inferior. A sensualidade parecia exalar por seus poros. Meus olhos giraram nas órbitas. Deus, como ele podia ser tão... Tão... Tão Dong Hae?!

-        Ah sim... Eu estou bem incomodada com isso mesmo... Poderia, por favor, se afastar? - Eu falei rindo e fazendo exatamente o contrário do havia acabado de dizer, puxando seu corpo contra o meu e acariciando sua nuca levemente.

-        Não quero que pense isso sempre acontece... – ele indicou nossa situação com o rosto – Porque não é verdade. É que você é simplesmente irresistível. - Meu ego inflou consideravelmente com aquelas palavras. Esbocei meu melhor sorriso, apesar de sentir minhas pernas fraquejarem apenas pelo modo como ele me olhava. Com um desejo implícito.

-        Sou irresistível é? - Eu sorri de canto e ele concordou com um aceno.

-        Completamente. - Ele sussurrou entre nossos lábios antes me beijar novamente.

Mas antes que pudéssemos nos deixar levar com o nosso beijo vozes ecoaram pelo corredor. Parecia que havia pessoas nos procurando. Nós sorrimos culpados um para o outro e nos afastamos afinal ninguém precisava saber daquilo. Ainda. Nós já estávamos sentados ele novamente tinha o violão nas mãos quando Lee Teuk, Hee Chul, Kyu Hyun, Sung Min e Eun Hyuk entraram no estúdio. Pareceram surpresos ao nos ver apenas conversando como se nada tivesse acontecido.

-        Ahá! Achamos vocês! - Lee Teuk falou rindo e apontando para nós com o indicador. Dong Hae deu risada e deslizou os dedos por entre as cordas do violão. O que? Precisávamos uma situação plausível ok?

-        Estavam se escondendo de nós, é isso? - Falou Sung Min fazendo enorme bico. Eu comecei a rir.

-        Não, Dong Hae estava me mostrando uma música. - Eu falei calmamente com a maior sinceridade que pude. Dong Hae esboçou um suave sorriso no canto dos lábios, porém os únicos que pareciam ter visto eram Eun Hyuk e Hee Chul que riram de escárnio.

-        Sério? Que música ele estava te mostrando Aimee-sshi? - Perguntou Hee Chul com um sorriso de canto. Por um momento eu queria levantar e lhe um tapa no braço, ele podia ajudar né?

-        Essa. - Então seus dedos correram por entre as cordas e ele começou a tocar e cantar Nice and Slow. A música  que mais povoava meus sonhos com ele. Os meninos se entre olharam e riram de canto.

-        Isso é música para se tocar para uma garota? Olha a letra dela! - Sung Min falou se aproximando e tampando meus ouvidos com as mãos. Eu comecei a rir.

-        É Sung Min eu sou uma pobre criança inocente e completamente desprovida de experiências. A letra da música vai mesmo me tornar impura. - Todos os meninos começaram a rir incluindo Dong Hae que agora não parecia mais se incomodar com Sung Min.

-        É que você parece tão inocente. - Ele fazendo um bico maior ainda. Eu ri retirando suas mãos de Sung Min de meus ouvidos e levantando.

-        As aparências enganam.  - Eu falei sorrindo de escárnio e olhando por um momento para Dong Hae que sorriu safado e também levantou.

-        É melhor irmos certo? Vocês ainda precisam ensaiar... – então vi o almoço de Dong Hae sob a mesa – Ah Dong Hae, seu almoço. - Eu fui até a mesa para entregá-lo. Só naquele momento eles perceberam a intimidade com que eu chamava Dong Hae.

-        Ah sim, obrigada Lilie. Eu desço comendo. - Disse ele deixando o violão de lado e apanhando o lanche e o suco.

-        Está bem. Vamos? - Abri um grande sorriso e Sung Min veio ao meu lado me oferecendo um dos braços e logo estávamos deixando o local. Mas antes eu pude ouvir o começo da conversa entre Dong Hae, Hee Chul, Lee Teuk, Kyu Hyun e Eun Hyuk.

-        Lilie é? - Ouvi Hee Chul falar rindo.

-        Cala a boca Hyung. - Ouvi Dong Hae responder. Quase voltei apenas para ouvir, mas a companhia de Sung Min me impedia.

-        Vocês já parecem bem íntimos. - Ouvi Sung Min dizer enquanto caminhávamos até o elevador.

-        Você acha? - Foi tudo o que consegui dizer. Não tinha que dar satisfações a ninguém. Ainda mais agora que estávamos dentro de um elevador com vários trainers da SM.

-        Sim... Como se já se conhecessem. - Sua voz soava acusadora?

-        Quem sabe nossas almas já se conheçam... - Foi tudo o que eu disse antes de sorrir para ele e descermos no nosso andar.

Os ensaios foram até quase dez horas da noite. Todos os meninos pareciam extremamente cansados e famintos. Meu pai também parecia cansado, porém continuava a sorrir. Durante todo o ensaio eu podia ver Dong Hae me observar pelo espelho e em alguns momentos até piscar para o próprio reflexo me fazendo rir. Era realmente como se nos conhecemos a vida inteira.

Quando o coreógrafo anunciou que por hoje bastava, ele apanhou uma toalha branca para se secar e uma garrafa d'água e logo veio se sentar ao meu lado. Um enorme sorriso estampado em seu rosto. O sorriso que o deixava ainda mais lindo.

-        O que você vai fazer domingo? - Ele perguntou de repente. Eu o fitei refletindo.

-        Até o momento nada. Por quê? - Ele abriu um grande sorriso.

-        Agora você vai. Quer dizer... Se quiser é claro. - Ele parecia acanhado novamente.

-        Faça-me a proposta e eu vejo se vale apena. - Eu disse sorrindo e piscando para ele.

-        Bem... É que eu vou ter folga esse domingo e... – ele respirou fundo – Gostaria de saber se não quer passar o dia comigo. - Meu coração acelerou o triplo da velocidade. Ele estava me chamando pra sair?

-        Pera aí... Domingo não é dia dos Namorados? - Eu falei lentamente. Então vi suas bochechas avermelharem um pouco.

-        É... Por isso eu disse só se você quiser. - Ele falou fitando o chão. OMG! Ele queria sair comigo NO DIA DOS NAMORADOS? O que eu falo? Pensa Aimee! Pensa! Tá primeiro de tudo respira. 

-        É claro... E-eu adoraria passar o domingo com você Dong Hae. - Eu falei baixinho tentando disfarçar que havia gaguejado. Pude sentir o sangue quente se acumular nas maçãs do meu rosto. De esguelha pude ver que ele sorria.

-        Então domingo eu vou te buscar as dez e meia da manhã, tudo bem? - Ele falou carinhoso e eu sorri tímida novamente. Ficar tão tímida assim estava começando a me irritar, porque ele faz isso comigo?

-        Ah... Não quero dormir até mais tarde? É seu dia de folga... - Falei preocupada com a sua saúde já que eu sabia que era frágil. Ele me olhava com um olhar misto entre susto e carinho.

-        Eu posso ir dormir cedo no sábado sem problemas, quer dormir até mais tarde no domingo? - Perguntou ele preocupado.

-        Não, não. Eu acordo cedo todos os dias para praticar. - Eu me virei para ele com um sorriso simples nos lábios.

-        Então domingo às dez e meia, ok? - Ele falou confirmando.

-        Sim, domingo às dez e meia. - Falei confirmando com um aceno. Então ouvi meu pai me chamando.

-        O sunbae esta te chamando, até domingo. - Ele se aproximou me dando um beijo no canto da boca. Eu arregalei os olhos surpresa e ele riu. Olhei para os lados mas ninguém parecia ter visto aquilo. Levantei-me e fui até meu pai que parecia precisado de comida e uma boa noite de sono.

-        Vamos minha filha?

-        Claro papai, vamos. - Nós caminhamos e silêncio pelo prédio e depois até o carro. Eu estava com a cabeça a um milhão pensando no domingo. E meu pai parecia cansado demais para conversar.

-        Filha eu vou precisar viajar amanhã para a Tailândia e só volto na segunda a noite, tudo bem? - Ele falou enquanto ligava a chave na ignição.

-        Tudo bem papai, não se preocupe.

-        Vou deixar o cartão de crédito com você e qualquer coisa é só me ligar, esta bem? - Eu assenti com um sorriso.

-        Esta bem.

Chegamos à nossa casa e resolvemos pedir uma pizza que acabou em quinze minutos. Sim, nós comemos muito, ok? Depois meu pai foi arrumar as malas e eu fui para o meu quarto tomar um banho e me preparar para dormir. Mesmo fazendo várias coisas o único pensamento que não deixava a minha mente era o toque dos lábios de Dong Hae... E saber que iria passar o domingo do dia dos namorados com ele... Sozinha.

Tomei meu banho e quando cheguei ao meu quarto vi que a tela do meu celular brilhava. Quando me aproximei ela mostrava que constava um novo text na caixa de entrada. Que estranho, não passei meu número para ninguém. Quando abri o novo text a surpresa invadiu meu rosto, como havia consegui meu número?

 “ Só queria lhe desejar boa noite. Queria que soubesse que essa noite irei adormecer com você em meus pensamentos. Tenha bons sonhos e nos veremos do domingo.

 

Dong Hae xxx “

Como ele havia conseguido meu número? Meu pai! Ok... Eu li, reli o pequeno text mais de dez vezes antes pensar em responder. Ele dizia que dormiria pensando em mim. Como se tivesse adivinhado o modo como eu iria dormir naquela noite. Então comecei a escrever a resposta.

 “ Também espero que tenha uma boa noite. E gostaria que soubesse que dormiremos então com os mesmo pensamentos em mente. Tenha doces sonhos e nos veremos no domingo.

Aimee xxx “

Eu li a resposta umas três vezes antes de mandá-la. Meu coração palpitava acelerado em meu peito. Porque tinha que ser tão fofo e perfeito assim? Por que tinha que ser o dono do melhor perfume o qual eu já havia sentido? Dos olhos mais intrigantes que já haviam cruzado com os meus? Dos lábios mais doces que eu já havia experimentado?

Todos esses pensamentos povoaram minha mente antes de eu apagar em meu sono. Minha noite havia sido muito boa. Meu humor estava incontestável. Obviamente mais uma vez ele havia sido o centro de meus sonhos. Mas dessa vez eu não precisei imaginar como seria um beijo nosso. Como seria ter seus olhos olhando nos meus. Pois tudo que eu havia sonhado já havia acontecido e tudo o que eu mais queria naquele momento era que continuasse acontecendo para sempre.

A semana passou voando. Não parei em casa um dia se quer. Fui fazer as compras da casa, fazer minha inscrição na faculdade e finalmente escolher uma roupa para usar no domingo. Já era sábado de manhã e eu não fazia a mínima idéia do que usar ou de que chocolate dar para ele. Se é que eu teria coragem de entregar.

Nós trocamos mensagens durante toda a semana. Ele confirmou que meu pai havia passado meu número para ele. Que Sung Min estava insuportável querendo saber onde e com quem ele iria sair no domingo. De acordo com ele “Amigos não escondem esse tipo de coisa”. Mas ele me confessou que suspeitava apenas que Sung Min queria a confirmação que nós sairíamos juntos.

Trocávamos mensagens o tempo todo. A cada momento que havia um brecha de tempo nós estávamos nos correspondendo. Então ele me contou que várias fãs havia lhe perguntado via Twitter o que ele iria fazer no Dia dos Namorados. Eu fiquei apreensiva só de pensar em sua resposta, mas foi quando eu mesma vi seu tweett.

 “ O que posso dizer é que esse será um Dia dos Namorados bem especial para mim, por favor me desejem boa sorte. “

Eu sorri boba com o aquilo e respondi que havia visto o mesmo naquela tarde. Estava respondendo sua mensagem quando passei por uma grande loja de doces. Era tão bonita e colorida, me encantei em segundos e logo estava lá dentro procurando algo que fosse bom o suficiente para ele.

Por um momento me senti uma adolescente apaixonada, mas é que a cada minuto que passava ele me encantava mais e mais. Olhando as prateleiras com cuidado percebi que a loja estava bem movimentada, várias garotas pareciam procurar a mesma coisa que eu. O chocolate perfeito para dar de presente. Como eu não podia perguntar qual era sua preferência teria que arriscar.

Foi quando encontrei no fundo da loja um que parecia perfeito. Era um ursinho que segurava um violão como se fosse fazer uma serenata. Chocolate preto e todos os detalhes do rosto até as orelhas com chocolate branco. Parecia perfeito, apanhei a caixa sorrindo e fui até o balcão. A moça elogiou meu gosto, dizendo que aquele era um chocolate de alta qualidade. Em minha mente eu torcia para ser queria que fosse algo que ele gostasse.

Quando deixei a loja decidi que apenas o chocolate não bastava então fui para casa deixar as compras que já havia feito. Logo estava no mercado próximo comprando ingredientes para fazer cookies, eu sei que não é muita coisa, mas gostaria de dar também algo que tivesse feito com minhas próprias mãos. Agora que com tudo pago só faltava colocar a mão na massa... Literalmente.

Passei o resto da tarde e o começo da noite preparando massa de cookies. Fazendo fornadas com gotas de chocolate branco, com gotas de chocolate preto e por último misturado. Quando terminei já passava das oito da noite. Pedi uma pizza pequena e sentei em frente a tevê, agora iria relaxar antes de dormir. Mas acabei cochilando no sofá e quando olhei no relógio já era meia noite e trinta e cinco.

Olhei em meu celular e havia três mensagens de Dong Hae o último me desejando uma boa noite e que eu descansasse para o próximo dia. Respirei fundo para não deixar o nervosismo tomar conta de mim e fui até a cozinha, preparei uma caixinha azul com uma fita branca para colocar o ursinho de chocolate e os cookies. Com tudo pronto me joguei em minha cama e acabei pegando no sono do jeito que estava.

.x.

Acordei com a luz que entrava pela janela que eu havia esquecido de fechar. Respirei fundo e me revirei na cama, estava com sono ainda, então a lembrança da data me fez levantar correndo da cama procurando um relógio. Era oito e quarenta e sete. Ok... Dava tempo de me arrumar. Olhei para a caixa azul sob minha mesa de estudos e sorri. Tomei um banho e sequei o cabelo mas rápido que já havia feito algum dia.

Optei por deixá-lo solto, o dia estava gostoso com um sol fraco brilhando no céu azul e limpo. Escolhi um vestido de pano leve lilás e apenas uma sapatilha, queria estar confortável. A maquiagem era bem leve afinal era dia, coloquei meu óculos e comecei a apanhar minhas coisas pelo quarto. Foi quando o som piano na sala. Meu coração palpitou, alguém teria invadido minha casa?

Havia falado com meu pai no dia anterior e ele confirmara que só voltaria na segunda-feira a noite. Sai do quarto com a respiração falhando. Ao alcançar a metade do corredor eu reconheci a música... Era uma das músicas de Dong Hae. Quando alcancei a sala o vi sentando no piano tocando uma das músicas que eu mais gostava.

 

You’re like complete and beautiful I just can’t be without you girl You’re like complete and beautiful I just can’t be without you girl

Cheoum boatdeon geu moseub kieok haeyo Sujubeun miso eosaehan malddu chagabdeon keu so Haru jongil geudaeui saenggakeuro Amugeotdo halsu ga eobseo (michigesseona)

Nuneul ddelsu jocha eobseo Geujeo babocheoreom nege bbajo deuleoga Pyeongsaengeul hamkeh balmachueo naga Naega jikyeojulke saranghaeyo oh love

Cuz you are so beautiful Nal sumsuiga haneun ne ibseul saranghandanmal oh-oh Cuz you are so beautiful Nae geoteman meomulreo… Keudae namanui…”

 

Meu coração parou. Ele tocava com muita sinceridade e sua voz começou a ecoar pela casa suavemente. Então ele me olhou e mesmo estando distantes um do outro, seu olhar se prendeu ao meu. Como ele podia ser tão perfeito?

 

My beautiful, my beautiful… Yeah!

Shigani heulreoddo naiga deuleodo Saranghae saranghae kamsahae kamsahae Ddaeroneun datugo Geudaeyege nunmuleuljugo ibeul machumeo

Stop, baby I'm sorry…

Cuz you are so beautiful Nal sumsuiga haneun ne ibseul saranghandanmal oh Cuz you are so beautiful Nae geoteman meomulreo (keudae namanui)

Namaneui geunyeo modeun geoljulge Yeongwonhui nan neoruel saranghae oh

Cuz you are so beautiful Keudae ibsureun naman baragi Cuz you are so beautiful Ddak jabeun duson itjianheulge oh”

 

Ele sorriu encerrando a música lentamente no piano e logo as teclas de marfim param de emitir sons. Meus pulmões haviam esquecido de como se filtrava o ar. A blusa larga listrada preta e cinza com gola em V, a regata branca que aparecia por baixo, a calça jeans branca e o coturno, ele estava simplesmente lindo. O chapéu igualmente preto e cinza com a estampa em xadrez colocado de lado havia dado um ar elegante e misterioso que só deixou ainda mais... Perfeito.

Ele se levantou sorrindo de um elegante e logo estávamos a centímetros de distância, palavras não foram precisas. Não naquele momento. Ele tomou meu rosto com delicadeza com uma das mãos e aproximou os lábios dos meus. Mais uma vez seu perfume me invadiu e senti minha cabeça girar.

-        Bom dia. - Ele sussurrou com os lábios roçando aos meus.

-        B-bom dia... - Eu não conseguia me cansar de olhar para ele.

-        Dormiu bem? - Porque ele precisava falar tão próximo assim?

-        Hum... U-hum e você? - Ele sorriu.

-        Muito bem... Pois sabia que hoje veria você. - Então antes que eu pudesse pelo menos ter um ataque histérico interno com a sua resposta ele tomou meus lábios para si.

Novamente nossos lábios se encontravam carinhosamente. Como se necessitassem um do outro... Como se quiséssemos expressar toda a saudade acumulada durante a semana apenas com aquele beijo. Nossas línguas se envolviam lenta e sedutoramente como se nosso beijo fosse um só... Como se nos completássemos com cada toque.

Então novamente cedo demais ele começou a diminuir o ritmo em que nossos lábios se encontravam. Ele não se afastou, terminou me dando selinhos seguidos e sorriu angelical. Ainda segurava meu rosto com uma das mãos. Então olhou nos meus olhos, o mundo parecia completo quando ele estava por perto. Então me lembrei que ele estava dentro do meu apartamento.

-        Hã... Dong Hae... Como voc-.

-        Como entrei? - Ele sorriu.

-        É... Isso. - Eu falei ainda meio atordoada olhando para ele.

-        O porteiro já me conhece... Como já havia lhe dito eu freqüento muito a casa de seu pai, então só pedi para que ele abrisse a porta, porque eu queria lhe fazer uma surpresa. Ele sorriu e concordou. - Eu comecei a rir.

-        Você é mesmo romântico não é? - Ele sorriu carinhoso tocando meus lábios suavemente com os dele.

-        Só quando a pessoa merece... E você merece isso e muito mais. - Eu sorri sentindo minhas bochechas corarem. Então me lembrei do presente.

-        Hã... Eu tenho uma coisa para você. - Eu falei insegura e ele me olhou confuso.

-        Para mim?

-        Sim... - Eu relutante me afastei dele e me dirigi ao sofá onde eu havia deixado meus pertences e apanhei a caixa azul. Ele abriu um sorriso de canto.

-        Hã... É pra você... Feliz Dia dos Namorados. - Eu falei entregando a caixa e ele sorriu apanhando-a carinhosamente. Eu sabia que deveria estar muito corada, já que minha pele estava muito quente.

-        Chocolate do Dia dos Namorados? - Ele perguntou.

-        Sim... Bem o chocolate eu comprei... Espero que goste. Mas os cookies eu mesma fiz. - Eu falei desviando o olhar. Ele me deixava muito tímida e insegura.

Ele sorriu abrindo a caixa. Seus olhos brilharam igual aos de uma criança quando ele viu o ursinho de chocolate. Em seguida o sorriso que se formou em seus lábios era indescritível. E então ele apanhou um dos cookies levando-o até os lábios para experimentar. Meu coração acelerou. E se ele não gostasse? Mas logo seus olhos brilharam e ele terminou de mastigá-lo.

-        Você fez os cookies?

-        Sim... Eu gosto de cozinhar. - Eu sorri ainda acanhada e ele segurou a caixa com uma das mãos e com a outra segurou meu queixo.

-        Parabéns é muito gostoso... E obrigada esse é o melhor presente de dia dos namorados que eu já ganhei. - Eu corei de prazer. Ele colocou a caixa novamente sob o sofá e novamente senti suas mãos envolverem minha cintura. Mais uma vez eu me sentia segura.

-        Agora... Para oficializar esse dia eu preciso te fazer uma pergunta... – ele olhava fixamente em meus olhos e concordei com um aceno – Lilie... Minha doce Lilie, você aceita namorar comigo? - Não havia palavras para descrever o que eu senti quando ouvi aquelas palavras. Ele realmente estava me pedindo em namoro? Mas ele continuou.

-        Você pode achar estranho, mas você ganhou meu coração a dois anos atrás... Quando eu à vi tocando piano naquele vídeo. Você pode não acreditar mas você predomina meus sonhos e pensamentos desde aquele dia e tudo o que eu mais quero é que você seja minha. - Então tudo se encaixou com perfeição. Porque ele parecia tão tímido perto de mim no começo mas mesmo assim sentia ciúmes. O porquê de ele parecer me conhecer a muito tempo... Tudo fazia sentido. Durante dois anos em que eu vivia admirando a sua imagem em fotos, vídeos e dvd's... Ele admirava a minha no meu recital. Não havia outra resposta para aquela pergunta, com os olhos marejados eu sorri para ele como nunca havia sorrido em toda a minha vida.

-        Só se você me prometer que vai ser meu. - Eu sorri sentindo meus olhos marejarem ainda mais.

-        Não precisa me pedir isso... Eu já sou completamente seu a muito tempo.

Aquela frase... O sorriso que ele esboçou antes de me beijar novamente... Beijou-me como um carinho que eu nunca havia sentido. Seus braços super-protetores envolviam meu corpo, enquanto nossas almas se encontravam mais uma vez.

Eu nunca irei esquecer disso. Foi o começo da fase mais feliz de toda a minha vida. O homem mais perfeito do mundo existia e ele era meu. Esse foi o primeiro Dia dos Namorados perfeito de muitos outros que ainda viram. Dong Hae muito obrigada por dar um significado tão forte para esse dia... Obrigada por entrar na minha vida.

(…) I don't want this moment to ever end... Where everything is nothing without you (…) “


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Notas finais do capítulo

Betada :D