Yoonay escrita por stanoflove


Capítulo 15
Nouveaux amis.


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente! Como estão vocês? Espero que bem!

bom, eu não iria soltar esse capítulo agora, hoje muito menos, mas algumas razões me trouxera aqui, e uma delas é o fato de hoje ser o aniversário da "prism love", então sim, pode considerar esse capítulo como o seu presente ^^! ♥

sem mais delongas, espero que gostem! ♥



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Segunda-feira, 12 de junho de 2017.

Naquela alva frienta e pacata, Noah caminhava encolhido pelas ruas de Melbourne, sentindo o vento cortante passar pelos tecidos que revestiam seu corpo e serpentear entre seus cabelos, que naquela manhã se encontravam presos pela metade.

─ Maldito dia em que não peguei mais um casaco! ─ ele murmurou, enterrando as mãos nos bolsos do sobretudo preto, apertando ainda mais seus passos.

Quando cruzou em frente a uma doceria que muito gostava, decidiu parar para comprar algumas coisas para Seung.

E logo quando entrou, além de ser recepcionado pela temperatura morna e o cheirinho de uma calda de geleia que havia sido preparada há poucos minutos, Noah também foi recepcionado por uma mulher baixinha que estava envolvida num avental azul céu.

─ Ei, grande bebê! ─ ela disse animada, quando o circundou num abraço apertado, seguido de muitos beijinhos nas bochechas, nariz e testa.

Noah acabou soltando uma risada rouca, quando por fim deixou, também, um beijinho no alto de sua cabeça, e disse: ─ Bom dia, tia Eliz. Como a senhora está?

─ Estou bem, sim! ─ ela respondeu animada, sentindo os dedinhos finos de sua destra ser entrelaçados a canhota de Noah, que já caminhava ao seu lado na direção dos balcões ocupados por uma variedade deliciosa de doces. ─ E você, Lena, seus irmãos? ─ Eliz acrescentou, mas deixando, dessa vez, um tom mais tristonho acompanhar sua voz.

─ Ah tia, estamos todos bem.

─ O Leon nasceu, né? ─ ela indagou com um sorriso acanhado, vendo-o assentir. ─ Eu vi a foto que postou no instagram, ele é tão lindo.

─ Eu iria passar aqui para te dar a notícia, mas essas últimas semanas vêm sendo tão corridas lá na galeria que acabei não tendo tempo.

─ Eu sei que iria meu anjinho, mas poderia ter ligado, né?

─ É, me desculpa. ─ o loiro sussurrou, abaixando a cabeça enquanto escutava um estalar de língua negativo de sua tia, que logo depois lhe fez um carinho na cabeleira loira e levantou seu rosto pelo queixo.

─ Mas me diz. Você citou a galeria, e como andam as coisas lá? Está gostando?

─ Ah sim! ─ Noah exclamou com um sorrisão, fazendo sua tia até dar um pulinho de susto, enquanto soltava uma breve risada. ─ Mas sério, eu estou gostando muito, muito! Meu chefe é incrível e a recepcionista é outra pessoa maravilhosa, é sério!, lá é incrível tia.

─ Ah, é tão bom escutar isso, meu filho. Eu sempre tive muito medo de você acabar se metendo em coisas que não gostava só para sei lá, satisfazer as vontades da sociedade, mas graças ao nosso bom Deus e, a você, com essa sua mente engenhosa, não foi por essas partes. ─ risonha, ela confessou, sentindo como que se um peso fosse tirado de suas costas.

Toda a família materna, do loiro, tinha essa essência fleumática. Bem como, todos eles viam que vocação de verdade era aquilo que lhe trazia paz, sossego, e não o que lhe arrancava todas essas coisas.

Eliz, assim como sua irmã Lena, nunca foi a favor de forçar na vida de seus filhos, gostos que eles não almejavam.

É claro que achavam incrível, por exemplo, a ideia de uma formação superior. Porém, viam que mais do que incrível você ter em mãos o diploma de uma boa faculdade, era você ter o seus estados psicológicos, mentais e emocionais completamente salvos.

E após Noah positivar animado, ele continuou, dizendo: ─ Meu chefe vai estar realizando uma exposição em breve.

─ Oh! Sério? ─ indagou, levando sua destra até a boca, que se encontrava entreaberta em animação. ─ Eu quero!

─ Calma, calma. Sedenta! ─ Noah brincou, dando-a um leve tapinha na testa. ─ Nós ainda não temos a data exata, mas vai ficar para o fim de julho ou início de agosto.

─ Uhum, mas logo quando sair a data, você me avisa. Vou aproveitar essa maré de calmaria do seu tio Conrad, e o chamarei para prestigiarmos seu chefe. É o Yoon né?

─ Isso, Yoon Seung! ─ ele afirmou, todo orgulhoso e no mesmo instante Eliz espremeu seus olhos na direção do seu sobrinho, deixando um sorriso quase que imperceptível constelar seus lábios.

Noah, que acabou percebendo, soltou um pigarro copioso e puxou sutilmente o ar por entre os dentes, virando-se para o balcão em seguida e dizendo: ─ Tia, eu vim comprar algumas besteirinhas. Estou com saudade dos seus doces e bolinhos, de verdade.

E com um sorriso formidável constelando seus lábios cheinhos, ele tamborilou os dedos pela vidraçaria do balcão, e aquilo não agradou nada a sua tia, que num movimento rápido, acertou as costas da mão de seu sobrinho com um pano de prato.

Noah, no susto, deu um pulo para trás e a encarou com os olhos arregalados, acariciando as costas das mãos com veemência.

─ Eu não limpo os vidros para você vim e ficar batendo esse dedo igual uma criancinha. ─ ela disse numa resposta curta, vendo-o fazer um biquinho emburrado e suspirar, assentindo para logo dizer:

─ Mas hein, sua chatinha. ─ Eliz, cerrando os cílios em sua direção, murmurou um “chata é a sua avó” e isso acabou gerando em Noah uma risada, breve e tosca, mas que não o impediu de continuar, dizendo: ─ Sabe aquele de chocolate branco com pimenta e creminho de limão? Tô com a maior vontade!

─ Gente, parece um bebê mesmo. ─ Eliz reforçou, pegando uma embalagem marrom de cima duma prateleira chanfrada no revestimento branco encontrado na parede larga e alta que ficava como primeira vista logo quando os clientes entravam. ─ E é claro que eu me referia a sua avó paterna. ─ ela disse risonha e tirou o plástico que revestia a embalagem de isopor fino, mas firme.

Com um pegador em mãos, caminhou para o extremo direito do balcão, arrastou a portinha e tirou de cima das bandejas quatro vistosos bolinhos, como Noah sempre pedia.

─ Tia, coloca mais quatro, por favor.

─ Nossa meu filho, você estava preso? ─ Eliz indagou, realizando o pedido e se levantando em seguida, para pegar outras embalagens.

─ É porque não será somente eu para comer, né? ─ depois de soltar um risinho bobo, Noah indagou como se fosse óbvio e, apontou para um folhado de amora e creamcheese. ─ Seis desse. E outra, vovó não era tão ruim assim.

Eliz girou seu pescoço na direção do sobrinho, e fez um bico achatado e exagerado, como se gritasse um ‘ata!’ só com o olhar, e Noah acabou não aguentando, e soltou uma estrondosa gargalhada, negativando com a cabeça enquanto se debruçava no balcão de vidro, sendo acompanhado por um riso mais controlado por parte de sua tia, que balançava a cabeça liturgicamente, enquanto os outros clientes o olhavam segurando também suas risadas.

Mas depois disso, Noah se recompôs e somente demorou mais alguns minutos para terminar de fazer seus pedidos. Após ter pago, despediu-se de sua tia com um abraço caloroso e saudoso, deixando também um beijo estalado em sua bochecha.

No entanto, logo quando deslocou-se para fora do estabelecimento, trouxe a memória uma coisa que para si era importante, então numa corridinha desajeitada, ele retornou à doceria, e, achegando-se ao balcão, acabando por não a encontrar, Noah gritou: ─ Tia Eliz!

A mulher, que estava na cozinha avaliando os seus donuts, franziu o cenho e saiu às pressas lá de dentro, encontrando um Noah afobado com o olhar animado em sua direção.

Confusa e com o semblante quase que fechado para o loiro, ela perguntou: ─ Mas o que foi menino? Que desespero, quer me matar, é?

─ Aparece lá em casa. ─ Noah soltou sem delongas, e Eliz exalou seu ar devagar, não acreditando que aquela afobação toda se dava por isso. ─ Vai ser legal. Leve o Tobey e o tio Conrad também, tenho saudades dele e das piadas cafonas. Mamãe sente saudades de vocês tia Eliz, de verdade.

E quando finalizou, espontâneo, ele tombou levemente a cabeça para o lado, moldando em seus lábios um biquinho tímido que regressou a memória de Eliz à infância do mais novo. Era sempre aquela feição de um bebê, nunca mudava!

─ Eu não sei meu anjo, eu não quero brigas. ─ ela iniciou, pondo um bico duvidoso em seu lábios gordinhos, como os de Noah. ─ E se Lena ainda estiver chateada?

─ Mamãe não está chateada, tia Eliz. ─ ele afirmou, aprumando sua postura e arrojando o casaco ao seu corpo, quando sentiu-se quase desconfortável. ─ Eu tenho certeza!

─ Está bem. ─ ela sussurrou, meio incerta, mas feliz por escutar aquelas palavras. ─ Está bem, nós iremos lá.

─ Sério? ─ Noah indagou, quase desacreditado, mas animado com a ideia.

 ─ Sim! ─ ela exclamou sorridente em resposta a reação do sobrinho. ─ Esse final de semana, pode ser?

─ Nossa! Sim, sim. É claro que pode. ─ ele finalizou animado, e depois de abraça-la novamente, ainda mais forte, se despediu, dessa vez de verdade.

Estava um tanto atrasado, e numa corrida necessária, Noah seguiu para a galeria que não ficava tão longe dali.

Parou num sinal, esperou que esse fechasse e logo voltou a correr.

─ Ele deve estar uma fera. ─ murmurou para si mesmo, subindo os degraus frontal. E como se tivesse todo o tempo do mundo, retirou a chave de seu bolso para logo depois enfia-la no buraco da fechadura, girar e por fim destravar a porta, soltando sutis assovios melodiosos.

Porém, quando deu o primeiro passo para adentrar a galeria, foi envolvido por uma atmosfera totalmente diferente do seu cotidiano. Era algo pesado, maçante, e aquilo certamente o fizera ficar encafifado.

Noah, invadido pela pressa e agonia, passou totalmente seu corpo para dentro e trancou a porta em seguida, encontrando uma Yuna o encarando com cara de poucos amigos, atrás do balcão envidraçado.

─ Bom dia? ─ ele disse meio sem jeito, com uma careta que seria cômica se não fosse pelo clima denso. ─ Eu estou atrasado, eu sei, me desculpa! Eu não fiz por querer.

─ Não estou assim por causa de você! ─ Yuna o cortou, sutilmente ríspida, e rolou os olhos em seguida, apoiando um pouco de seu peso no balcão enquanto o observava jogar os cabelos para trás. ─ Bom dia.

─ O que houve então? Alguém te machucou? ─ Noah indagou apressado, deixando suas sacolas sobre o balcão e a olhando com atenção, mais de perto.

A negra não se segurou, e deixou um sorrisinho escapar, negativando com a cabeça enquanto bagunçava a cabeleira loira de seu semelhante, parcialmente incrédula com aquele jeitinho.

─ Não, seu bobo. Ninguém me machucou.

─ Então porque você está tristinha? Está passando mal? ─ se apressou novamente, inclinando-se para tocar a testa de Yuna, que fez uma careta engraçada e soltou um riso soprado, enquanto ele afastava a mão.

─ Não para as duas perguntas, céus! Hoje você está inspirado. ─ resmungou, e cedeu ao observar o olhar expectador do loiro. ─ ‘Tá legal, é que hoje o dia começou nada bem.

─ Como assim? Seung está bem? ─ ele perguntou exasperado, e porém, quando terminou suas falas, visivelmente afobado e preocupado, um barulho ao fundo foi o que de fato chamou sua atenção.

A porta do elevador se abriu e de lá saiu uma senhora baixinha, mas que só com sua postura ereta e prepotente conseguia intimidar os outros ao seu redor.

Sua fisionomia, fechada numa dura carranca, passava nada menos que o bruto ódio. Bem como quanto mais se aproximava, sem tirar os olhos da figura de Yuna e Noah, ao qual foi fisgado por último, mais o ambiente ficava tenso.

E quando já estava próxima o suficiente, sendo fitada por ambos duma maneira quase que caricata, ela ordenou, áspera e seca: ─ Abra essa porta! ─ Yuna continuou parada, olhando de modo desafiador para a mulher, que já se afogava no próprio ódio.

Noah, porém, se assustando com aquela situação, pegou o molho de chaves sobre o tampo de vidro, totalmente desastrado, deixando-a até cair no chão em seu descuido, mas realizou a ordem no instante seguinte.

A senhora, em sua total falta de educação, passou como um foguete pelo loiro, saindo da galeria com uma necessidade palpável.

─ Aish! ─ antes mesmo dele fechar a porta, Noah escutou Yuna resmungar, e enquanto empurrava a porta, ele a encarou com os olhos esbugalhados e os lábios espremidos numa linha. ─ Por que você abriu? ─ ela continuou sua fala totalmente incrédula, o olhando com uma sutil irritação. ─ Deixasse ela fazer isso! Aqui não somos escravos de ninguém, Noah.

─ Céus! ─ ele exclamou de volta, finalmente fechando a porta. ─ Mas o que é isso? Por que todo esse nervosismo, Yuna? E se eu abri, eu abri porque queria vê-la longe o mais rápido possível.

Yuna, em uma meia-resposta, acabou bufando e, no processo, massageou levemente suas têmporas, se pronunciando logo após, com um tom de voz manhoso: ─ Eu só queria um doce.

Noah, vendo essa como uma boa oportunidade para melhorar o humor de sua colega de trabalho, balançou as sacolinhas no balcão e disse: ─ Olha só, eu tô achando que hoje é seu dia de sorte.

─ Sorte? É de comer? ─ ela rebateu, irônica e, logo depois, olhou para as sacolas que eram remexidas por Noah. ─ O que você tem de bom aí?

─ Eu passei na doceria da minha tia e comprei várias coisinhas gostosas para nós comermos. ─ ele comentou simplista, enquanto retirava quatro embalagens que havia pedido separado para Yuna, já que ela ficaria só no andar de baixo. ─ Espero que goste, foram feitos com muito amor.

─ Aw, que fofinho você!

─ Comprei também um milk-shake de baunilha com morango. Você gosta?

─ Não é o meu preferido, mas eu não poderia ficar mais feliz, garoto. ─ ele abriu um sorrisão quando sentiu suas bochechas serem apertadas, e assentiu, pegando as outras sacolas. ─ Obrigada, ‘tá bom?

─ Ah que isso, mas na próxima você que paga! ─ ele soltou, brincalhão, e já se afastando na direção das escadas. ─ Mas me deixe subir porque senão eu posso ser morto.

Yuna aspirou o ar de modo meticuloso e, antes de vê-lo volver-se para as escadas, falou alto o suficiente para que pudesse ser escutada: ─ Só não o irrite hoje, por favor.

Noah não entendeu muito bem, mas assentiu, e subiu todos os degraus até chegar ao seu andar. Caminhou para a sala e quando calmamente abriu a porta, o encontrou sentado na cadeira, de frente para a larga janela.

Noah o observou de perfil, com os dois cotovelos apoiados em suas coxas, enquanto suas mãos entrelaçadas sustentavam o peso de sua cabeça, pelo queixo.

Notoriamente o mais velho se encontrava tenso, e Noah, não querendo incomodar ainda mais, tentou encostar a porta enquanto dava passadas pequenas e leves para trás, absolutamente taciturno.

No entanto, posto que se encontrava totalmente concentrado, Seung percebeu e no mesmo instante enrijeceu sua postura, passando rapidamente a mão larga sobre o rosto de traços, naquela manhã, cansados.

E, antes que pudesse escutar a porta ser fechada, olhou o relógio em seu pulso por breves segundos, e se pronunciou dizendo: ─ Você está atrasado, rapaz.

O loiro, parado por ter sido pego no ato, engoliu em seco e entrou na sala, fechando a porta atrás de suas costas em poucos segundos.

─ Trinta minutos. ─ completou.

─ Sim, eu sei. Me desculpa! ─ Noah pediu baixinho, logo após sentir o tom tão rijo de Seung recair sobre si.

O moreno, em contrapartida, nada disse.

E, um tanto receoso, já prendendo a respiração, Noah caminhou na direção de sua cadeira e puxou-a, logo assentando-se e repousando as sacolas de papel em seu colo.

Após isso, Seung levantou-se, empurrou sua cadeira de volta ao lugar atrás da mesa e, também, se sentou, deixando um suspiro pesado e prolongado escapar por seus lábios antes de perguntar: ─ Teve algum problema?

─ Não na verdade. ─ Noah respondeu, rapidamente, e umedeceu seus lábios em seguida, num ato de puro nervoso e desconforto. ─ Eu só passei numa doceria para comprar algumas coisas, acabei não notando o passar do tempo. Me desculpa, de verdade.

─ Você pede desculpa demais, rapaz. ─ retorquiu Seung, apático, e pesar disso, o moreno, no instante seguinte, massageou suas pálpebras num movimento copioso e suspirou pesadamente, sentindo-se um tolo ao notar como fora rude.

Bem como acabou por se martirizar, pois não somente desaprovava, mas odiava momentos em que era grosseiro com o loiro.

─ Me desculpa, Noah.

─ Posso te pedir uma coisa? ─ o loiro soltou rápido, o cortando antes mesmo que pudesse dar continuidade a sua fala.

Seung o lançou um olhar firme, quase que desconfiado, mas assentiu, logo o incentivando a dizer: ─ Me chame de Ray, por favor. ─ Seung por uns instantes se tornou tenso, sentindo uma sensação estranha e sôfrega em seu estômago, porém, soltou o ar lentamente sem desprender seus olhos dos de Noah, e assentiu, deixando um sorriso duramente afetado constelar seus lábios.

─ Então, Ray. Me desculpa pela grosseria.

─ Mas você não foi grosso!

─ Mas fui rude, o que dá na mesma. ─ Seung acrescentou, o encarando quase que desafiador, franzindo sutilmente seu cenho. ─ Você gosta de revidar as palavras, né? Nunca vi pior.

─ Mas eu nem fiz nada. ─ Noah se defendeu, entreabrindo seus lábios numa clara feição de ofensa. ─ Eu só contesto em momentos que sei que não estou errado.

─ Então está dizendo que eu estou errado? ─ Seung indagou, voltando a encara-lo e sorriu, satisfeito, quando o percebeu engolir duramente um bolo de saliva. ─ Mas então, o que foi fazer numa doceria? Você sequer toma café da manhã.

─ Não tomava, né? ─ o loiro respondeu, rápido, encarando-o de modo sugestivo. ─ Certo alguém andou me influenciando com cafés lattes e extrafortes pela manhã.

E não encontrando alternativa, Seung deixou um meio sorriso escapar e ajeitou sua postura, repousando seus antebraços aos apoios laterais da cadeira enquanto observava o loiro empurrar as bordas das sacolas para baixo.

─ Uma tia minha, por parte de mãe, é doceira. E sabendo que você gosta de doces e semelhantes, eu resolvi passar lá, para não sei... você experimentar? ─ o loiro, na potência de um miado, finalizou, cessando também todos os seus movimentos.

Sentiu-se totalmente afetado pelo olhar amistoso e expectador proveniente de Seung, que havia entrelaçado os dedos afilados sobre a mesa e se curvado para frente, somente um tantinho a mais, não quebrando o contato visual por um centésimo sequer.

E o moreno, não pela primeira vez, pegou-se divagando sobre Noah e seus pequenos, mas surpreendentes, detalhes. Se dando conta de que isso a cada dia que passava vinha se tornando seu único e, particular, mantra. 

─ Olha! ─ Noah, quase enfiando sua cabeça dentro duma sacola que pegara para disfarçar o nervosismo, iniciou. ─ Tem um bolinho com pimenta e creminho de limão que é maravilhoso, de verdade. É também o meu preferido!

Em contrapartida, Seung franziu o cenho em aversão, mas também em curiosidade, dizendo logo em seguida: ─ Limão e pimenta?

─ É claro que sim! E tem chocolate branco com umas coisinhas crocantes, deve ser pimentinhas ressecadas, ah, é tão bom. ─ ele estendeu o bolinho na direção de Seung, que ainda relutou. ─ Vamos, pegue! Por favor.

Diante daquele tom manhoso e a feição de súplica, Seung fez somente assentir, e tomou o bolinho para sua destra.

Sentiu a textura fofinha em suas digitais e sorriu para Noah, mordendo um pedaço generoso em seguida, fechando os olhinhos para sentir o palato.

E Noah percebeu que era sempre assim quando o moreno comia algo que para ele, talvez, fosse uma novidade.

Ele abaixava sua pálpebras e, enquanto mastigava, movia a cabeça liturgicamente. Deixando um sorrisinho ladino, quando gostava, constelar seu lábios ou uma careta engraçada quando nem tanto.

E Noah achava aquilo um máximo, ao mesmo tempo que adorável.

E quando Seung deixou um sorriso incontido escapar, tanto pelo sabor diferente e delicioso quanto pelo rostinho ansioso de Noah, o loiro deu um pulinho em sua cadeira e bateu silenciosas palminhas, todo vibrante com aquele sorriso largo.

─ Ok, ─ o moreno se pronunciou, levando sua destra para tampar a boca cheia. ─ admito que apesar do sabor forte da pimenta, ele é muito bom. De verdade! Vem, come comigo.

Noah, ainda muito feliz, assentiu, tomando um bolinho em mãos.

E enquanto eles comiam, Seung não conseguia conter os inúmeros sorrisos que ocorriam após todas as vezes que Noah quase explodia, de satisfação, ao morder um pedaço do bolinho, assim como aqueles guinchares esquisitos que sua garganta produzia depois das mordidas.

Tudo isso resultava em um Seung deveras estonteante, e nada menos. Ao passo de que, em poucos minutos, Noah o deixou absurdamente alegre, e para ambos, isso contava muito.

─ Seung? ─ ele o chamou, levando até sua boca um pedaço duma torta de pêssego maravilhosa.

─ Sim?

─ Quem era aquela mulher? Alguma negociante? ─ indagou, ele, totalmente inocente, e em sua cadeira, murchou quando observou o semblante de seu chefe mudar por completo.

Viu, seu bocudo dos infernos. Curioso do cacete!, seu subconsciente gritou em resposta, deixando-o ainda mais desconfortável.

─ Não, deixe para lá. Quem precisa saber? ─ o próprio Noah apressou-se em dizer quando viu que o moreno iria se pronunciar. ─ Mas e a permissão para a exposição, quando vamos pegar?

─ Ah, eu estive pensando. Nós podemos ir agora, sim? E aproveitamos para passar naquela cafeteria e deixar o convite para o proprietário.

─ Uh, sim! É uma boa. ─ ele o respondeu animado, tomando um gole farto de seu milk-shake.

─ Só vou esperar você terminar de comer, e partimos. ─ Noah assentiu, e pendeu a cabeça para o lado, passando a mastigar um pouquinho mais rápido.

─ Me ajuda a comer, por favor. Eu não conseguir comer tudo sozinho!

─ Nós podemos dividir com a Yuna.

─ Eu comprei para ela também. ─ ele respondeu rápido, e Seung, com um olhar quase incrédulo, sorriu em seguida e o observou. ─ O que foi? E pode comer hein, estou de olho.

─ Você comprou para ela mesmo? ─ ele indagou, ainda com aquele sorrisinho amistoso no canto dos lábios, levando um pedaço duma tortinha de amora à boca.

─ Ué, claro que sim. Por que?

Porque você é um anjo, só por isso!, Seung pensou, mas somente negativou em resposta, mordendo mais um pedaço da torta e quase se engasgando com a quantidade.

─ E você já conversou com Sunhee sobre isso? ─ Noah indagou, amassando a embalagem e juntando todos os lixinhos numa única sacola.

─ Sobre o que?

─ Sobre alugarmos um lugar que já está completo? Até porque a ideia era alugar um galpão vazio, né? E acabamos alugando uma das arcades mais conhecida da Austrália. ─ Noah finalizou com um sorrisinho estampando seus lábios, enquanto esperava Seung terminar seu milk-shake.

Quando terminou, colocou o copo dentro da sacolinha também e, logo depois jogou no cesto de lixo ao pé de sua mesa.

─ Sim, já conversei com ela sim. ─ Seung esclareceu, após alguns segundos, enquanto simultaneamente desligava seu computador.

─ E o que ela disse?

─ Ah, nada. ─ ele respondeu, simplista, o olhando de modo engraçado, logo após, com o cenho franzido enquanto formulava curtas teorias. ─ Você ‘tá achando que ela ficou irritada com a notícia?

Noah nada disse, porém, seu silêncio foi o suficiente para fazer o moreno explodir em gargalhadas, desacreditado.

─ Não, seu doidinho. ─ ele disse entre uma risada. ─ Ela não ficou nervosa, chateada ou coisa parecida. Na verdade eu acho que ela ficou até mais aliviada, já que a temporada de junho a setembro é muito turbulenta e lá na construtora eles ficam sufocados de projetos.

─ Ufa, que alívio. ─ o loiro soltou, baixinho, e o encarou novamente. ─ Mas então, vamos? Nós podemos ir com calma e fazer tudo certinho, sem pressa.

Seung assentiu e, antes de colocar-se de pé, pegou na última gaveta de sua mesa uma pasta com vários documentos importantes que seriam solicitado.

Os dois deixaram a sala em seguida, depois de certificarem-se de que tudo estava desligado, e desceram pelas escadas.

─ Quando eu vou ver as suas obras, hein? ─ Noah indagou curioso, quando já chegavam a recepção.

─ Yuna, eu e o Noah vamos resolver a situação do alvará e também a daquele café, então, nos cubra por um tempinho, está bem? ─ ignorando por completo a pergunta do Noah, Seung se pronunciou olhando a moça atrás do balcão.

Yuna, nada atenciosa, somente assentiu, voltando a mexer em algo em seu celular. Estava tão entretida que sequer os dera a devida atenção, fazendo-os até mesmo soltar um risinho soprado.

Noah abriu a porta e saiu sendo seguido por Seung, que a fechou.

Alguns segundos depois entraram no sedan luxuoso, e só depois de ver Noah com o cinto travado, que Seung deu partida.

─ Bom, posso te deixar na Cathedral e de lá vou na Prefeitura? ─ Seung sugeriu, vendo por sua periférica Noah assentir. ─ E respondendo à sua pergunta, você pode vê-las amanhã, pode ser? É bom que já começamos a seleciona-las.

─ Uh, ai eu gostei. ─ Noah concordou, todo bobinho, enquanto se inclinava para ligar o rádio do carro.

Ficou animado quando escutou a gostosa batidinha de Riptide, do Vance Joy, ecoar pelo carro, e logo cantarolou baixinho: ─ This cowboy's running from himself, she's been living on the highest shelf.

Seung arregalou os olhos, atordoado por alguns segundos quando escutou a serenidade que era a voz do loiro e, logo depois sorriu, pedindo feito uma criancinha: ─ Continua.

Noah o olhou de canto e, com o semblante ligeiramente assustado, negativou, deixando-o chateado.

─ Por favor, eu nunca te pedi nada. ─ novamente o loiro negou, dessa vez de modo audível, e virou-se para ele, perguntando:

─ Qual é o seu gênero de música favorita?

─ Hum... gosto bastante de música clássica.

─ Por que eu não estou surpreso? ─ Noah sussurrou, porém Seung acabou escutando, e deixou um risinho escapar. ─ Mas vai, continua!

─ Franz Schubert é um dos meus preferidos, já escutou suas produções ou ouviu falar dele? ─ o loiro somente negativou, prestando bastante atenção em seu rosto enquanto o escutava falar. ─ Pois escute, de verdade. Apesar de ter pego o fim da era clássica, o cara fez história.

─ Está bem, quando eu chegar em casa escutarei.

─ De verdade?

─ Sim. ─ o loiro garantiu, dizendo logo após: ─ E de qual mais você gosta?

─ Sabemos que entre o clássico e o rock não temos uma linha tênue, são dois extremos, mas... eu também curto um bom rock, internacional, clássico, gosto bastante. ─ Noah o olhou com os olhinhos espremidos e riu.

─ Sério?

─ Sim! De verdade mesmo, mas isso só se deu ao fato de eu ter vindo para a Austrália, quando me casei. Acabei fazendo alguns amigos, donos de bares e tudo mais. ─ ele comentou, com um feição nostálgica e um sorrisinho divertido nos lábios. ─ Eles me influenciaram pra caramba, infelizmente hoje já não temos muito contato.

─ Pareciam ser pessoas maravilhosas.

─ Pareciam não, são. Misericórdia Noah, eles ainda estão vivos. ─ Seung exclamou, o olhando com os olhos arregalados enquanto o escutava soltar aquela risada sem vergonha. ─ Eles são incríveis, caras bem generosos.

─ Legal, legal. ─ Noah sussurrou, balançando a cabeça em positiva com um sorrisinho ladino. ─ Você disse rock internacional, já escutou Legião Urbana?

─ Ah, com certeza sim. Não sei canta-las direitinho, mas gosto bastante deles. Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer? ─ ele cantarolou todo esforçado um trecho de “será”, e soltou uma risada envergonhada.

Não tinha o mesmo tom gostoso que o de Noah, mas havia tentado.

─ Ah, que fofo. ─ Noah soltou risonho, e o sentiu parar calmamente num sinal vermelho, o primeiro até agora. ─ Já foi em algum show deles?

─ Não na verdade, nasci alguns anos depois do fim. Quem me dera ter experimentado o som de perto. ─ sussurrou desejoso, dando para Noah a liberdade de ver seus olhinhos pretos brilharem. ─ Imagina escutar Tempo Perdido ao vivo? Céus, eu tenho arrepios só de imaginar.

Noah não conseguia falar muitas coisas, só o observava atento, com um sorriso bobo nos lábios e os olhinhos, também, brilhando perante aquele animação autêntica.

─ Você não gostaria? ─ Seung indagou, dando partida novamente.

─ De que?

─ De dançar Tempo Perdido ao vivo?

─ Ah, sim! Seria incrível. ─ ele respondeu e jogou a cabeça para frente, depois para trás, somente uma vez, e sorriu arteiro.

Logo em seguida começou a mexer sua cabeça igual um desenfreado enquanto cantava, com a voz num tom rouco, a letra de Tempo Perdido, imitando um violão em seu braço.

Seung sorria igual um bobo, fazendo o barulho da guitarra e batucando, mesmo que inaudível, o volante de seu carro.

─ Aiai... ─ Noah sussurrou, jogando seu cabelo para trás uma última vez, suspirando pesado e olhando para o moreno com um sorriso satisfeito. ─ Seria muito doido, de verdade.

E depois dali, após mais uns quinze minutos, talvez, Seung o deixou em frente a Cathedral, prometendo que, quando estivesse de volta, o ligaria.

Noah subiu os degraus para dentro da arcade e, não pela primeira vez, deixou um sorrisinho bobo escapar, pensando em o quão bonito iria ficar a exposição naquele lugar.

Deu mais poucos passos até que finalmente entrou na cafeteria, sendo recebido por alguns olhares desinteressados, que logo o deixou.

Então, mais confortável, ele atravessou a porta e no mesmo instante viu uma moça bem nova se aproximar. Essa tinha uma feição tranquila e sorria receptiva em sua direção, devia ter seus quinze ou dezesseis anos.

─ Ei, bom dia. Posso anotar o seu pedido? ─ ela indagou toda fofa, com um bloquinho colorido e uma caneta, com um rabinho rosa e cheia de pelinhos, em mãos.

─ Sim, mas antes de anotar o meu pedido, eu posso te perguntar algo? ─ ela somente assentiu, o olhando com mais atenção. ─ O dono ou dona desse estabelecimento está aqui?

A princípio, ela o encarou desconfiada, e logo perguntou: ─ Te respondo dependendo de suas intenções.

Noah abaixou a cabeça e deixou um riso fraco escapar, dizendo em seguida: ─ Eu tenho uma proposta legal para fazer ao dono.

─ Que tipo de proposta? ─ ela soltou desenfreada e, de um jeito sutil, sem querer soar grosseiro, Noah respondeu:

─ É algo, até então, particular. ─ a moça suspirou e espremeu os cílios em sua direção, assentindo logo após.

─ Me chamo Rachel, e sou filha deles, a propósito. ─ ela disse com um sorriso divertido, e se retirou avisando que iria os chamar.

Noah sentou-se numa das poucas cadeiras que envolviam mesas de madeira escura e esperou por alguns segundos, até que a Rachel, acompanhada de um casal de senhores baixinhos e surpreendentes.

A senhora era uma negra de cabelos extremamente branquinhos, assim como o de seu esposo, um senhor um pouco mais baixo de pele branca e sardenta. Era um casal muito bonito.

─ Bom dia! ─ Noah se pronunciou ao se levantar e estender a destra para cumprimentar os dois senhores, que se identificaram como Mina e Theodore.

Após se sentarem, Noah foi direto e bem cuidadoso em apresentar sua proposta, mas antes pediu um café forte e sem açúcar, que chegou alguns minutos depois.

Mina e Theo ficaram animados com a ideia, e não perderam tempo em aceitar ao pedido com euforia, dando até um selinho na frente do loiro, que sorriu diante da cena.

─ Nossa! Isso vai ser muito bom para o café. ─ Mina sussurrou, entrelaçando a mão de seu amado e o vendo positivar com a cabeça.

Depois eles seguiram a conversa por um certo período, contando algumas curiosidades realmente importantes sobre a Arcade, até que Seung chegou e conversou com os donos também. Se apresentou como o responsável pelo projeto e interagiu mais com o casal, para pegar intimidade.

E após garantir que em um outro dia ele passaria para conversar melhor com eles e esclarecer algumas outras coisas, sem pressa, o Noah anotou o telefone do casal e do estabelecimento, e por fim eles se despediram dos três.

─ Fofinhos, né? ─ Noah disse logo quando entraram no carro. Seung concordou e depois de ambos terem travado o cinto, ele deu partida.

E Noah sentiu-se extremamente agradável naquele momento, pois era simplesmente incrível estar ao lado de uma pessoa que compartilhava aquela energia boa!


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Notas finais do capítulo

se tiverem alguma crítica a fazer, sintam-se à vontade.



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