A queda de Afrodite escrita por EuLirico99


Capítulo 1
Onde estou?




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Minha cabeça dói. Visão turva e passos rápidos estão a frente, com zumbidos e vozes atordoadas. Estou tão mal cheirosa que pareço nunca ter tomado banho. Minhas pernas estão dormentes, cabelo bagunçado, aparentemente, e um embrulho no estômago no qual jamais havia sentido. 

Então, onde estou? Como vim parar aqui? Quem sou? Sinceramente, eu não sei. 

Em um espaço de mais ou menos dois metros de largura e uns dez de comprimento, há pilhas de lixo e escadarias que sobem até o alto das paredes e uma rua com calçadas estreitas e seres que vão e vem esbarrando uns nos outros, com bolsas e gotas de suor que escorrem sobre seus rostos, sussurram por sossego. 

Tentei pedir ajuda, mas é como se não me ouvissem. Alguns até olhavam para mim, sorriam e fingiam que não existo. Outros paralisavam como eu fosse algo de outro mundo. Até que percebi algo. Minhas roupas. Um vestido curto e sensual que colava em meu corpo dando aparência de não ter roupa nenhuma e, uma bolsinha preta, a qual não tinha nada dentro, a não ser algumas moedas e umas notinhas verdes com o número um em todas elas, e um documento, talvez, que dizia que meu nome Megan With. Meu nome até que é legal, mas não vem a memória que meu nome seja esse. 

Do outro lado da rua há uma pequena caixinha feita de tijolos com portas de vidro, pessoas estranhas entram e saem dela, algumas delas estão com uns discos em suas mãos. Ao tentar chegar lá fui surpreendida várias vezes, um curto espaço-tempo, por máquinas que se deslocam em alta velocidade e emitem sons de buzinas raivecidas. Quase fui atinja por umas das máquinas. Todo mundo olhou para mim de forma contínua e concentrada em meus gestos assustados. 

Ao entrar no pequeno cubo de alvenaria, todos lançaram um olhar fantasmagórico em minha direção. Eram diferentes, vestiam roupas grandes e desajeitadas, tinham cabelos escuros e ouviam algo que parecia música, emitindo um som alto e com uma letra possessiva por sentimentos de dor e ao mesmo tempo de nostalgia. 

Não sabia o que dizer ou mesmo o que gesticular. Fui até uma bancada cheia de discos e em suas capas haviam imagens de pessoas como as que eu via ali. Umas das capas tinha um nome bem original, Led Zepplin e, abaixo outro nome, Stairway to Heaven - Escada para o céu - li. Céu? Naquele beco pude sentir como se tivesse caído do céu de tanta dor que sinto. 

Peguei o disco e saí. Logo atrás veio um homem gordo de pernas lentas que tentavam a todo custo me alcançar com seu braço pequeno e suado, dizendo ofegante:

— Moça, você não pode levar sem pagar... 

Ah, o dinheiro, as notas e as moedas. 

— Quantas moedas você quer pelo disco? — perguntei.

— Acho que muitas. O CD custa dez dólares. 

Tirei todo o dinheiro que tinha em minha bolsinha e dei ao homem, ele contou as notas e ficou com pelo menos dez delas e o resto me entregou de volta. Agradeceu e voltou para a casinha dos CDs. Então quer dizer que o nome desses discos que emitem sons, é CD? Droga, esqueci-me de perguntar a ele como se faz para o CD cantar a música dolorosa e nostálgica que representa meu estado atual.


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