Por trás daquela farsa escrita por calivillas


Capítulo 7
À flor da pele




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— Você deve estar apreensiva por estar longe do seu marido, por tanto tempo, Marion? – Roger perguntou, interessado, a mulher piscou duas vezes, pensando, rapidamente, em uma resposta condizente para aquela pergunta.

— Sim, mas sei que deve estar bem, porque rezo, todas as noites pela saúde dele. Essa é uma das vantagens em ter fé, meu rapaz, paz de espirito – Marion respondeu, provocando Roger.

— Pois, eu tenho muita fé – Bruno, que estava quieto em um canto, intrometeu-se na conversa – Acredito que tenha muita coisa nesse mundo, além do que podemos ver. Às vezes, posso até senti-las, como uma energia, algo esquisito, junto a mim, que chega me dar arrepios.

— E você sente alguma energia diferente nessa casa? – Marion indagou, ansiosa.

— Para falar a verdade, sinto. Há algo muito estranho nesse lugar, que não podemos ver – Bruno explicou, um arrepio percorreu a espinha de Marion, que tremeu e se abraçou como se quisesse se proteger.

— Tenho que confessar, que eu também, sinto o mesmo. Tem momentos, que parece que estão me observando – Marion revelou, em tom soturno.

— E estão mesmo – Roger disse, sobressaltado, com aquela conversa. – Tem um monte de câmeras vigiando a gente. Vocês esqueceram que estão sendo filmados e gravados o tempo todo, para o tal estudo comportamental?

— Mas, não é só isso. Eu sinto uma presença, uma energia muito estranha e forte nesse lugar, algo do passado – Bruno reafirmou, com um brilho meio insano no olhar.

 — Vocês estão impressionados com essa história maluca de fantasma e ficaram todos loucos. Isso é histeria coletiva, de repente, todos acreditaram em energia estranhas ou coisas parecidas – Roger quase gritou, irritado, levantando-se e indo para o outro lado da sala, ficou em pé, sozinho, olhando pela janela.

— Mas, é verdade! Eu vi a tal mulher! – Lisa exclamou, erguendo-se, rapidamente.

— Por favor, acalma-se, Lisa. Vamos parar com essa conversa, que só deixa todos nervosos. Como eu prometi, vou ficar de olho pela minha janela, hoje à noite, para tentar ver algo diferente – Sam quis acalmar os ânimos acirrados.

Naquela noite, Sam já não sabia por quando tempo estava ali parado, em pé, olhando através da janela, a noite escura lá fora, sentindo-se um completo idiota por ter feito essa promessa àquela mulher insana, sem que nada acontecesse, achando aquela história cada vez mais maluca e ele, infelizmente, entrou nela. Suas pernas começaram a formigar e seus olhos pesaram de cansaço, ele duvidava se alguém podia ver alguma coisa, naquele breu total do lado de fora. Foi quando bateram na sua porta, penso que poderia ser Lisa, querendo certificar-se de alguma novidade, ou melhor, Alicia para animar a sua noite. Quando, abriu a porta, viu que a segunda opção era a correta.

— Então, viu alguma coisa interessante aí, na escuridão? – ela perguntou se apoiando no batente, de modo sensual e provocante, com um sorrisinho zombeteiro nos lábios.

— Não, até esse momento – ele lhe respondeu, em tom lascivo, seus olhos brilharam.

— Sabe, essa história de fantasma está me deixando muito excitada, não consigo dormir – Alicia disse, se aproximou dele, seus corpos quase se tocando.

— Preciso ficar de olho na janela – ele considerou, demonstrando má vontade.

— Podemos ser bem rapidinhos, ou não, se você preferir. – Ela deu um passo à frente, sensual, seu corpo tocou no dele, seis seios roçaram no peito dele, suas bocas se encostaram, em um leve beijo. – Vamos, para o nosso esconderijo, Sam – sussurrou nos seus lábios, depois o puxou pela mão, assim Sam a seguiu, sem resistência.

Ao passar pelo umbral e a porta da despensa se fechou atrás deles, arrancaram as roupas, com pressa e sofreguidão, cheios de desejo. Eles transaram ali mesmo de pé, Alicia com o corpo contra a porta fechada. Até se afastarem, exauridos, nesse momento, Alicia ficou em alerta.

— Ouviu isso? – Ela aguçou os ouvidos, Sam tentou escutar, em vão. – Tem alguém no corredor – revelou, aflita, abriu uma fresta na porta para espiar.

— Você está louca? Não abra essa porta, estamos sem roupas! – Sam exclamou, aflito.

— Só um pouquinho, ninguém vai ver — ela afirmou, espiando através da fresta da porta, quando viu um vulto, passando rapidamente, pelo corredor, mas estava escuro, ela não pode ver quem era – fechando a porta, se voltou para Sam, assustada. – Tem alguém aí fora!

— Quem? – perguntou, em voz baixa para não serem ouvidos.

— Não sei, não deu para ver está muito escuro – Alicia respondeu, assim ele a afastou com delicadeza e abriu a porta bem devagar, olhou para fora, mas não havia ninguém ali.

— Não há ninguém – falou.

— Mas, eu vi, tenho certeza disso – Alicia reafirmou, com convicção, para não deixar dúvida.

— É melhor nos vestirmos e voltarmos para os nossos quartos – ele determinou, pegando suas roupas espalhadas pelo chão e as vestindo, Alicia fez o mesmo, depois saíram, sorrateiramente, de volta aos seus quartos.

Já no seu quarto, Sam já se preparava para se deitar, quando bateram na porta, imaginou que poderia ser Alicia outra vez, porque aquela garota era doida, talvez, quisesse um segundo round na despensa. Entretanto, ficou surpreso, ao encontrar Lisa, parada do outro lado no meio do corredor escuro, com um olhar desvairado, um jeito ensandecido, suas roupas estavam amarfanhadas e seus cabelos despenteados.

— Você viu? – Ela o interrompeu pelo seu quarto a dentro, assim que ele abriu a porta, como uma alucinada.

— Lisa, você não pode entrar aqui! – Sam a alertou, com a voz calma, não querendo piorar a situação.

— Você viu? – Lisa repetiu a pergunta, sem se importar com o aviso, só olhava para Sam, de um modo enlouquecido.

— Viu o quê? – Sam não estava entendendo.

— Você não viu! – Ela adivinhou, Sam passou a mão nos cabelos, querendo achar uma boa desculpa.

— Acho que cochilei – mentiu, dando de ombros.

— Mas, ela estava lá fora! A mulher! – Lisa gritava, apontando a janela, desesperada – Ela estava! Onde você estava?

— Calma, Lisa! – Sam pediu em um tom suave e a segurou pelos ombros, querendo tranquilizá-la – Volte para o seu quarto, durma um pouco, assim ficará melhor.

— Você não viu nada porque estava trepando com aquela vadia — ela berrou.

A porta do quarto de Alicia se abriu.

— Olha como fala, sua solteirona enrustida! — Alicia gritou em resposta, de onde estava.

— Vocês duas parem com isso! — Alicia bateu sua porta com força.  -Amanhã, tentaremos de novo, Lisa. Vamos dormir – Assim, ele falou com mais calma e a levou até a porta do quarto dela e voltou para o seu.

Antes de se deitar, Sam deu uma última olhada pela janela. Lá fora, a noite escura permanecia imutável, mas assim que fechou os olhos, começou a chover forte.

Lisa se viu sozinha dentro do quarto, olhou, novamente, através da janela, sabia muito bem, o que precisava fazer.

Lá fora a chuva caía forte, Alicia ainda estava acordada, deitada, na cama, sorria satisfeita, com os acontecimentos daquela noite.

Roger tinha acabado de acordar, assustado com a gritaria no corredor, o barulho da chuva contra a sua janela não o deixou voltar a dormir, aquela casa deixava os seus nervos à flor da pele, teve um sono agitado com pesadelos, precisa de um copo d‘água, para acalmar sua garganta seca.

No escuro, Bruno, ansioso, andava pelo quarto sem conseguir dormir, ouviu a briga lá fora, no entanto não quis se meter, eles que se entendesse. Sentia falta do seu namorado, pensava sem parar, no porquê Marcos não disse nada quando lhe comunicou sobre essa viagem, parecia tranquilo, seria um sinal que o estivesse traindo. Naquele momento, precisava de uma bebida para relaxar.

Deitada na cama, Marion tentou dormir, mas não conseguia, sentindo-se aflita com essa história sobrenatural, aqueles gritos no corredor a deixaram ainda mais nervosa, estava louca por um cigarro, mas sabia se fumasse ali dentro dispararia o detector de fumaça, fazendo o alarme tocar, causando uma grande confusão, precisaria em ir até lá fora, onde ninguém a veria.


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