Por trás daquela farsa escrita por calivillas


Capítulo 21
No limite




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Ramon limpou o sangue seco na cabeça e no rosto de Rafael, com uma toalha branca que ficou tingida de vermelho, e verificou que o pulso estava bom e a respiração normal, mas o homem continua inconsciente, enquanto Marcos observava de longe com uma expressão apavorada, com medo das consequências, algo assim poderia destruir sua carreira como professor, por isso de vez em quando, passava a mão nos cabelos, aflito. Nesse instante o telefone de Ramon tocou, que ficou reticente e irritado em atender, ao ver o nome na tela.

— Eu disse para não me ligar – reclama, impaciente.

— Eu precisava – Mark desabafa, soltando o ar com força. – Você não vai acreditar! Porque voltou.

— Quem voltou?

— Não quem, o quê. O dinheiro voltou todo para as nossas contas como um milagre – Mark estava exultante.

— Não pode ser! Você tem certeza disso?

— Sim, eu tenho, já verifiquei um monte de vezes, está todo lá! Pode ter sido um erro do banco.

— Não acredito nisso.

Sem falar mais nada, Ramon desligou, erguendo os olhos para encontrar o olhar acusador de Marcos.

 — Quem era, Ramon?

— Ninguém importante – desconversou, no entanto, Marcos permaneceu desconfiado.

— Você tem certeza? Olhe a confusão em que estamos!

— Por favor, confie em mim, meu amor. Vai ficar tudo bem, é só uma questão de tempo.

— Estou tentando – Marcos disse de modo seco. — E quanto a esse homem, o que faremos?

— Vamos esperar para ver.

Edward não aguentava mais ficar trancando naquele apartamento com aquela mulher, sem ter nenhuma definição, talvez fosse uma grande perda de tempo, Cynthia parecia ter muita força de vontade e não estava disposta a ceder, mantendo sua mentira.

— Cynthia, você não está vendo que não tem saída, não tem como fugir, todos a abandonaram a sua própria sorte, salve sua pele, pois cairá sozinha. Veja como está agora, sem parentes, sem namorada, sem amigos, se por acaso você desaparecesse, quem notaria sua falta? – falava, sem emoção, tentando minar a força de vontade dela.

— Você está me ameaçando, Edward? – Ela o desafiou, erguendo o queixo querendo bancar a corajosa, mas estava amedrontada, não enxergando nenhuma maneira de escapar das mãos do seu carcereiro.

—Se eu metesse uma bala na sua cabeça, que choraria por você? — Edward indagou de modo casual, com um sorrisinho cínico nos lábios.

Nesse momento, o telefone dela esquecido sobre a mesa tocou, os dois olham para o aparelho, sem se moverem, Cynthia esperava que fosse Julie, queria atender, porém estava receosa, erguendo os olhos para Edward, esperando uma aprovação, ele assentiu com a cabeça e ela avançou apressada, com medo que aparelho silenciasse de vez, felizmente, consegue alcançá-lo a tempo.

— Coloque no viva voz! – Edward ordenou e ela obedeceu.

— Cynthia? – Ramon a chamou, por breves segundos, ela não respondeu, receosa com o rumo da conversa, no entanto, seu algoz a fulminou com o olhar.

— Sim, sou eu — ela murmurou.

— Onde você estava?

— Tive alguns problemas, não pude comparecer em nosso compromisso.

— Então podemos remarcar – Ramon entendeu a mentira, imaginando que o tal homem ainda estivesse lá, com ela.

— Sendo assim, ligarei depois para combinarmos outra data.

— Ok. Até breve

— Até mais.

— Quem é esse? – Edward questionou, suspeitando daquela conversa sem sentido.

— Um amigo que me pediu ajuda em um trabalho – mentiu, dando de ombros.

— Então, Cynthia, você mudou de ideia e vai me entregar a grana? Você não tem saída.

Assim, que desligou, Ramon deve certeza que havia algo errado com Cynthia, queria saber o que ela estava fazendo com aquele homem. Voltou para sala, onde Marcos estava de olho em Rafael, que havia acordado e foi amarrado com pedaços de lençóis transformados em corda.

— Vocês não têm saída! Só precisam entregar o dinheiro para tudo isso terminar e todo mundo volta a sua vida normal, como se está história nunca houvesse acontecido – Rafael disse, Marcos encarou aquela figura deplorável com os cabelos grudados na cabeça e as roupas e rosto sujos de sangue.

— Cala boca! – Ramon gritou, Marcos o encarou, assustado.

— Do que ele está falando, Ramon?

— Do dinheiro, é claro – Rafael respondeu. – Quer dizer que seu namorado não sabe da tramoia em que está metido, Ramon? – indagou, com um sorrisinho cínico. Ramon teve vontade de esganá-lo, mas se conteve. – Do roubo do dinheiro de banco que eu represento?

— Ele está mentindo! – Ramon gritou. – Você não pode acreditar nele, Marcos!

— Um roubo de milhões de dólares retirados de contas de nossos clientes, um crime cibernético muito criativo. – Rafael continuou, Marcos ouvia tudo impassível e a expressão de Ramon era de puro desespero.

— Isso é verdade, Ramon? – Finalmente, Marcos perguntou, sem emoção na voz, Ramon não negou. – Você se arriscou, me arriscou e a tudo que temos, sem falar nada comigo? Você mentiu para mim?

— Não é nada disso. Eu nunca faria nada para magoar você, queria ter uma vida melhor, só que não esperava que tudo chegasse a esse ponto, nunca planejamos pegar tanto dinheiro – ele confessou, Marcos o fitou com os olhos frios e saiu do apartamento, batendo a porta atrás de si.

 Ramon ficou sozinho na sala com o outro homem, indefeso, encarando a porta fechada.

— Eu devia matar você! – Gritou na cara do homem imobilizado.

O rosto de Rafael permaneceu impassível.

— Mas, não vai. Isso só pioraria sua situação, seria preso e sabe o que acontece na prisão com caras como você? Nada de bom. E seu namorado? Ele perderia o emprego, nenhuma universidade o contrataria, por estar envolvido com um ladrão e assassino, acabaria por varrer chão de escolas. — Ramon deu um passo para trás chocado com a visão daquele futuro sombrio. — Mas, seria tão fácil resolver tudo isso. É só devolver o dinheiro e tudo voltará ao que era antes, terão sua vidinha de sempre outra vez.

Ramon encarou o homem, pensativo.

Julie já dirigia por um bom tempo, cansada, resolver parar para abastecer o carro alugado e comer algo. Sentada na mesa da lanchonete de beira de estrada, comendo um hambúrguer de gosto duvidoso, projetava sua vida futura, havia demorado muito tempo e deixado muitas coisas para trás para chegar até ali, mas valeu a pena, sua conta bancária estava bem recheada, estava bem perto de realizar seus sonhos de independência. A plaquinha na parede indicava que o lugar tinha wi-fi, por isso não resistiu queria dar uma última checada em toda aquela grana em seu nome. Entrou no site do banco, digitou a senha, aguardou por alguns segundos pronta para avistar os números que garantiriam o seu futuro, mas qual foi sua surpresa, a conta estava praticamente zerada. Devia haver algum engano tentou mais uma vez, o mesmo resultado, verificou a movimentação, assim como entrou o dinheiro saiu.

— Loretta! O que foi que você fez? – murmurou para si mesma.


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