Com a aproximação do dia de são Valentim, Luffy esteve tão eufórico que superava até a animação de Sanji. Estava óbvio para todos o quanto ele esperava receber chocolates de Nami. No entanto, após os dois bolos, trinta pequenos bombons de chocolate, e quase um mês após o dia de são Valentim, Luffy ainda estava com a pilha toda.

O motivo era desconhecido aos seus companheiros, e nem mesmo a navegadora conseguia arrancar a verdade dele. Luffy mentia mal, mas era determinado, e por isso, até o momento, todos os demais tripulantes dos Chapéu de Palha estavam no escuro.

Luffy se balançava no mastro principal, olhando o horizonte.

Abaixo, no convés, Usopp e Chopper pescavam peixes aos montes, enquanto Brook os levava para Sanji, que faria o jantar. Ele estava bastante tentado A descer e se juntar aos amigos, porém, em algum momento, Usopp perguntaria novamente “Com o que você está tão animado, Luffy?” e dessa vez, talvez ele abrisse o bico.

Estava sendo difícil demais manter sua excitação, e ela parecia atrair a curiosidade do bando e Luffy já não aguentava mais manter-se calado.

Talvez, ele devesse dizer logo, mesmo que ainda faltassem alguns dias.

Deixou seu corpo cair para trás, esticando os braços que seguravam o mastro.

A movimentação entre as folhas das laranjeiras o atraiu, e os cabelos da mesma cor da fruta tomaram sua atenção.

Olhando rapidamente pelo convés, confirmando que ninguém estivesse ciente da presença de Nami na plantação de laranjas, Luffy esticou as pernas até o chão e correu para a cozinha, assustando Sanji que cortava os peixes.

“Sanji, preciso daquilo agora.” Falou rápido e animado.

Apesar do susto, Sanji respondeu calmamente.

“Está na geladeira, em um pote dentro da gaveta de verduras.”

Vendo Luffy correr para a geladeira e vasculha-la feito louco, perguntou:

“Achei que fosse tentar novamente já que ainda tem tempo.”

Ao localizar o embrulho branco desarrumado, Luffy fechou a geladeira e saiu da cozinha respondendo Sanji às pressas.

“Não, vai ser agora.”

Ouviu o grito de Sanji para não quebrar a geladeira, porém ignorou, se esticando para a plantação de laranjas.

Para sua sorte, Nami ainda estava nela, colhendo as frutas maduras.

“Nami!” Chamou-a sorridente.

A carranca que a ruiva fez deixou óbvio que planejava expulsá-lo do lugar, já que, com exceção de Robin, todos estavam proibidos de pisar na plantação, porém, seu rosto suavizou a ver o quão feliz Luffy parecia.

“O que aconteceu para você estar tão feliz? Pelo grito há pouco, roubou comida da cozinha, de novo.” Nami estava com cara de repreensão, mas não falou mais do que isso.

“Nada disso. Hoje foi uma coisa diferente.” Luffy falou, se gabando.

Nami não pôde não ficar surpresa.

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Luffy voltou a falar.

“Eu estava esperando o dia, mas tá sendo difícil demais esconder. Sanji também prometeu que me ajudaria a fazer outro melhor, mas não quero mais esperar.”

Nami ouviu tudo atentamente, porém confusa.

“Feliz White Day, Nami” Corando um pouco, e bastante sem jeito, Luffy retirou o embrulho de trás do corpo e estendeu para a navegadora.

Demorou um pouco para Nami assimilar tudo, e enfim, pegar o embrulho branco desajeitado. Desfez o laço e retirou o papel de embrulho, se deparando com um coração de chocolate com uma calda doce endurecida que cobria todo o doce.

“Era para ser ouro, mas é realmente difícil achar ouro, sabe? Aí pensei em comprar uma roupa, mas não entendo de moda, então, pedi para que Sanji me ensinasse a fazer chocolate em segredo.” Luffy sorriu com vergonha.

Nami ainda estava sem palavras quando levantou a cabeça e viu seu capitão coçando a nuca, com o olhar direcionado ao chão, por vergonha.

“Não é nada demais e talvez nem esteja tão bom, mas eu queria agradecer por tudo, não só pelos chocolates...” As palavras morreram na sua garganta com o vislumbre do sorriso de Nami.

“Obrigada, Luffy. Não precisa se preocupar com isso, tenho certeza que deve estar um delícia e saber que se esforçou tanto por mim. Estou sem palavras.”

Não era novidade para ninguém que Nami sabia fazer Luffy calar a boca e ficar vermelho, no entanto, até ela própria ficou surpresa com o rubor no rosto dele.

Luffy não ficava envergonhado fácil. Era até charmoso vê-la daquele jeito.

Sem mais o que dizer, Nami deu dois passos curtos e puxou Luffy pela camiseta, beijando-o.