Everybody hates eggs escrita por Fluconheira


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Obrigada aos comentários positivos e elogios que eu recebi, fico muito honrada ♥
Obrigada ao @fanctions por existir e graças a James Potter que existe! Obrigada as minhas amigas por me ajudarem a desenvolver alguns pontos e a desenrolar a história. Obrigada a você também, que tá lendo EHE pela primeira vez e me deu uma chance te fazer rir um pouquinho!

Aviso: A fanfic a seguir pode causar altas crises de risos, leia com moderação.



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A professora Minerva entrou na sala de aula com um embrulho nos braços e o depositou em sua mesa. A turma ainda estava dispersa quando ela começou a distribuir caixinhas em número pares pelas carteiras.

— Atenção, turma! — pediu a professora batendo palmas, fazendo a atenção dos alunos se voltarem contra ela e as conversas cessaram — Vocês sabem me dizer o que é isto? — ela pegou uma bandeja de ovos e abriu, mostrando o conteúdo para a turma.

Tiberius Mclaggen ergueu o braço e a professora fez sinal para ele falar.

— Ovos? — perguntou Mclaggen num tom óbvio.

A professora Minerva deu um sorrisinho.

— Não, senhor McLaggen. Turma, a partir de hoje, eles serão seus filhos — ao ver a expressão de confusão dos alunos, ela continuou — Cuidar do ovo por uma semana como se fosse seu próprio filho e fazer uma redação narrando a experiência irá valer um quarto de suas notas nesse semestre. Rachar ou quebrar o ovo significa que sua nota será rebaixada automaticamente para zero. — e então, ela andou entre os alunos e depositando os ovos em suas caixinhas.

Sirius, que estava ao meu lado, se inclinou e sussurrou:

— Já tenho dois ovos, pra que vou querer outro? — e riu da própria piada. A risada que escapou dos meus lábios não foi nada discreta, o que fez a professora voltar sua atenção contra nós.

— Acha engraçado, não é, senhor Potter? — ela perguntou e aproximou-se de nós dois — Acha engraçado rir do seu próprio filho? — eu e Sirius nos entreolhamos — Vamos ver se ainda acha engraçado quando não puder recuperar sua nota — e colocou o ovo na caixinha do Remus, e dando as costas, voltou para sua mesa.

— Espere! — exclamei chamando sua atenção — e o meu ovo?

— O seu filho, senhor Potter, está com a mãe dele… — disse ela — Achei mais seguro.

Sirius reprimiu uma risada. Olhei para ele com a cara fechada.

— Do que você tá rindo? — perguntei irritado — Você também está sem seu filho.

— Nisso eu tenho que concordar com a Minnie — riu Sirius — conhecendo você, seria bem capaz de esquecer o seu filho no supermercado…

O olhei indignado, mas não deu para retrucar pois a professora voltou a falar.

— O trabalho será feito em par com o sexo oposto, eu mesma escolhi as duplas. — continuou a professora — e nem pensem em trocar os ovos! Eu mesma o carimbei com o nome da escola, então vou saber se vocês o quebraram ou perderem… Ah, senhor Black e senhor Lupin? Por falta de garotas na classe para os senhores fazerem dupla, irão cuidar juntos do seu filho.

Olhei para os meus melhores amigos e imaginei Sirius largado no sofá, bebendo uma cerveja e assistindo um jogo de futebol enquanto Remus cuidava da criança e reclamava da inutilidade de Sirius para com seu filho. Espantando aqueles pensamentos da minha cabeça, comecei a procurar minha suposta esposa. Meus olhos se fixaram em Lily, que lia um papel que havia retirado de sua caixinha, provavelmente escrito o nome da dupla que seria o pai do seu filho. Lily ergueu os olhos e seus olhos varreram pela sala, a procura do seu par.

Olhe para mim, olhe para mim, pensei com nós nos dedos. E seus olhos pararam de procurar quando cruzou com os meus. Lily crispou os lábios e voltou a prestar atenção na professora Minerva. Sorri comigo mesmo, na esperança de que eu seria o pai do pequeno James.

A sineta tocou anunciando o fim da aula, juntei meus materiais e ao sair da sala, Lily chama meu nome.

— Potter?

Me virei passando a mão no cabelo e engrossando a voz.

— Sim, Evans?

Lily aproximou-se e olhou em meus olhos.

— Você é o pai do meu filho. — informou erguendo o ovo em suas mãos.

Não evitei o grande sorriso que brotou em meus lábios, fazendo Lily rolar os olhos.

— Eu sempre soube que seria, Evans.

— Não seja ridículo, Potter! — ralhou ela — quando vai parar com essas suas piadinhas infames?

— Mas não era esse o seu sonho? — perguntei ainda sorrindo, mas fui ignorado completamente.

— Eu estava pensando em dividir os dias, um com você e o outro dia comigo. — explicou ela — o que acha?

— Acho genial. Eu posso começar. — voluntariei-me esticando para pegar a caixinha do ovo.

Lily me olhou com desconfiança, como se estivesse receosa de entregar seu filho nas mãos de uma babá sem confiança. Rolei os olhos.

— Evans, é o meu filho. Vou cuidar muito bem dele. — disse conseguindo tirar o ovo de suas mãos e o aninhando em meu braço.

— Acho bom mesmo. — disse Lily aproximando-se de mim — se eu sonhar que você perdeu esse ovo… Ah, Potter… não vai ser o único ovo que vai desaparecer. — a ruiva me lançou um olhar mortal e ameaçador, e passou por mim deixando seu doce perfume floral. Engolir a seco e acariciei meu saco.

— Calma meninos… papai vai proteger vocês. — disse para mim mesmo e sair da sala de aula, e indo para o meu armário no corredor movimentado da Hogwarts High School.

Peter, Remus e Sirius já estavam em seus armários e os dois últimos pareciam discutir.

— … e não vou deixar você passar as primeiras noites com o ovo! — exclamou Remus.

— Está insinuando que eu sou um pai irresponsável?! — perguntou Sirius, indignado.

— Eu não disse isso, mas se você se sentiu atingido é porque a carapuça serviu. — respondeu Remus guardando seu livro de álgebra e pegando o de inglês.

— Os cavalheiros vão parar de discutir na frente das crianças? — perguntei abrindo meu armário e apontando para meu ovo.

Sirius amarrou a cara e colocou seu ovo no armário.

— Ei! — reclamou Remus buscando a caixinha com ovo dentro e o aninhando em seu braço — Não ia deixar o seu filho preso dentro do armário, não é?

— Eu estava pensando em cozinhá-lo — Sirius deu de ombros — assim ele não quebraria.

— Cozinharia seu próprio filho? — perguntou Remus, o olhando horrorizado.

— Não soa tão cruel quando você convive com a minha mãe — disse Sirius sombrio e tive a certeza que, de jeito nenhum, iria deixar meu filho aos olhos de Walburga Black.

— Me sinto estranho — Peter quebrou o curto período de silêncio que se abateu sob o grupo — nunca me imaginei sendo pai na minha vida!

— É um progresso, já que nunca imaginamos que você teria algum tipo de relacionamento na vida — disse Sirius me fazendo explodir em uma gargalhada. Peter nos mostrou o dedo do meio e tivemos que nos separar, pois as aulas que fazíamos não eram as mesmas.

Remus, que também iria para a aula de inglês comigo, suspirou ao entrar na sala.

— Ter Walburga como avó do meu filho? Vai ser uma longa semana.

— Aquela mulher, meu amigo, é um dragão. — dei um tapinha nas costas do meu melhor amigo e sentei na carteira — E você, é o São Jorge.

***

Mais tarde, ao chegar em casa, andei cantarolando até a cozinha, onde minha mãe cozinhava.

— Oi mãe — cumprimentei ela lhe dando um beijo na bochecha.

— Oi filho, como foi a aula? — perguntou ela experimentando a sopa.

— Normal. — respondi dando de ombros e abri a geladeira, onde coloquei o meu ovo junto aos outros.

— O que é isso? — indagou ela apontando para o meu ovo.

— Isso? Meu trabalho de escola — expliquei fechando a porta da geladeira — a professora Minerva nos passou um trabalho em que devemos cuidar de um ovo como se fosse nosso próprio filho e depois fazer uma redação explicando a experiência de ser pai — dei de ombros e lhe dei as costas, saindo da cozinha — Só tenho que mantê-lo na geladeira até chegar amanhã e entregar para a mãe, que é a Lily — acrescentei virando para minha mãe e lhe dando uma piscadela.

— Opa! Espera aí, garoto — chamou ela abrindo a geladeira e pegando meu ovo — Você não vai simplesmente deixar o seu filho largado na geladeira! — exclamou ela — Você acha que eu te criei te jogando no freezer para resolver os meus problemas? Não. Você vai cuidar dele como se fosse um bebê — e então, ela jogou o ovo para cima de mim, que peguei no ar com o coração acelerado.

— Mãe! — reclamei checando se o ovo não tinha rachado — Você não jogaria seu neto pelo ares dessa maneira, jogaria?

Mas ela me ignorou e voltou a dar atenção à sua sopa.

— Acho melhor você ir trocar a fralda… tô sentindo o mau cheiro daqui.

Suspirei e subi as escadas, indo para o meu quarto. Cuidar de um ovo nunca foi duro quanto eu imaginei! Pelo menos estava dividindo essa tarefa com a Lily, talvez até tirasse proveito disso…

Às 4h da madrugada, meu celular tocou ao som de Heathens, do Twenty One Pilots. Por um momento achei que fosse o despertador alarmando na hora errada, mas era uma ligação de um número desconhecido. Quem em sã consciência liga às 4h da manhã se não for para dar más notícias? Atendi já me preparando para receber a notícia de falecimento de alguma tia-avó minha.

— Alô? — atendi com a voz rouca.

— Potter? — era a voz de uma garota.

— Lily? Mas… o que aconteceu? — perguntei sentando na cama, preocupado.

— Eu já disse que pra você é Evans, Potter! E como assim o que aconteceu? Liguei para saber do nosso filho. Como ele está? — exigiu saber.

Meu olhos passearam pelo meu quarto e lembrei de onde o tinha deixado da última vez.

— Ah… ele tá bem. — disse esfregando os olhos e levantando da cama, e indo até o banheiro. Peguei o ovo, que estava em cima da pia e voltei para o quarto, sentando na cama.

— Está bem mesmo? Eu ouvir ele chorar. — a voz de Lily parecia preocupada.

— Chorar? — perguntei piscando — Mas que diabos, Lily? Ele é um ovo!

— Potter! O seu filho deve estar com a fralda molhada e isso está incomodando ele! — explicou ela e detectei impaciência em sua voz.

— Mas ele nem está usando fralda! — disse rolando os olhos.

— Você deixou ele pelado nesse frio?! Ele vai pegar uma pneumonia! — Lily praticamente gritou. Ela estava muito brava.

— Eu só estou um pouco despreparado. — disse e levantei-me da cama e procurei uma cueca na minha gaveta e enrolei o ovo desajeitadamente nela — Pronto! Ele está mais quentinho agora.

— Ótimo! — Lily bufou — espero de verdade que não o tenha jogado na lareira. Você é o pior pai do mundo, Potter. Só o que me faltava era você o ter posto na geladeira!

O silêncio que se abateu pareceu durar longos e torturantes minutos. Sentei na cama novamente e fiquei olhando meu ovo, que agora só tinha a ponta do lado de fora, pois o resto do “corpo” havia sido coberto pela cueca. Certo, isso não deveria ter ficado com duplo sentido.

— Você colocou o meu filho na geladeira, Potter? — a voz de Lily era ameaçadora.

— Foi só por vinte segundos! — justifiquei me encolhendo nos meus cobertores.

— Você… eu…. — Lily ficou em silêncio por um longo tempo — Tem sorte de não te denunciar para o juizado de menores, Potter. E é bom levar o nosso filho vivo pra escola amanhã — disse Lily dando ênfase à palavra “vivo”. Mas o que diabos ela queria dizer com vivo? Talvez seja “por favor, Potter, leve o ovo inteiro amanhã à escola”.

— Ei! Como conseguiu meu número? — perguntei franzindo o cenho — Não lembro de ter dado a você…

— Pedi ao Remus. Esqueci de pegar com você.

— Então… está livre no próximo fim de semana? — perguntei com um sorriso malicioso. Ninguém respondeu. Afastei o celular do rosto, e vi que ela havia desligado. Rolei os olhos e deixei o celular em cima da mesa de cabeceira.

— Sabe filho… sua mãe tem um gênio muito forte. — suspirei para o ovo que estava ao meu lado no travesseiro e deitei, voltando a dormir.

***

— Quem é o nenê da mamãe? Quem é? É você! É você, sim! — falou Lily para o nosso filho com a voz ridiculamente aguda.

Lily tomou o ovo de mim e o aninhou em seus braços. Olhando ela assim, até que ela parecia uma boa mãe, seria melhor que eu, acho.

— Viu, Evans? Nosso filho está “vivo” — falei fazendo aspas com os dedos. Lily rolou os olhos.

— Comprei uma mamadeira pra ele! Aliás, o que ele comeu hoje de manhã? — perguntou autoritária.

— Comeu? —  indaguei e arregalei os olhos — Opa.

— Você não o alimentou? — questionou Lily furiosa — Como você esquece de alimentar o seu próprio filho?! Não deveria estar surpresa por alguém que o deixou na geladeira — seu punho estava fechado e seu rosto lívido de raiva.

Agarrei meus cabelos e os puxei com força. Eu não aguento mais! É tão difícil ter um ovo como um filho e ainda mais ter que alimentá-lo e trocar fraldas quando ele não tem boca, nem ânus!

— É tanta pressão! Eu não aguento… — disse com os olhos fechados. Não podia continuar assim,tinha que me recompor. Vamos, James! Não é esse o exemplo que quer dar para o seu filho, certo? Respirei fundo e me recompus, abrir os olhos e vi Lily me olhando com pena. E esse é o só o primeiro dia...

— Sabia que não devia ter deixado você ficar com o primeiro dia. — disse ela suspirando — Vá descansar, James. Falo com você depois — e deu as costas indo sentar-se com suas amigas. Me virei e andei até minha carteira, ao lado de Peter.

— Cara, você tá horrível. — disse olhando Peter, que tinha grandes olheiras ao redor de seus olhos.

— Cara, você não acreditar. Amélia me forçou a ficar acordado a noite inteira balançando o Junior até ele dormir… — explicou Peter.

— Junior?

— É o nome do nosso filho.

— Ah. E como sabia que ele tinha dormido? — perguntei franzindo o cenho.

— Não sabia, por isso fiquei a noite toda acordado. — Peter descansou a cabeça na mão e fechou os olhos.

— Mas você não poderia ter tapeado ela um pouco? — ergui uma sobrancelha.

— Ficamos nos falando pelo Skype. Aquela garota parece um morcego… ficou gritando a todo momento — choramingou Peter — ela não me deixa em paz…

A história de Peter foi interrompida por Remus e Sirius, que entraram na sala de aula aos berros. Remus estava possesso, eu nunca o tinha visto daquela maneira antes. Seus cabelos cor de palha estavam arrepiados e ele estava lívido de raiva. Ao me ver, ele se aproximou rapidamente e praticamente esfregou o ovo na minha cara.

— OLHE ISSO! — berrou Remus — OLHE ELE! OLHE!

Ajeitei meus óculos e afastei a minha cabeça para longe do filho de Remus e Sirius para conseguir enxergar direito. Mordi a língua e me concentrei fortemente para manter minha pose de sério.

O ovo dos meus melhores amigos tinha sido riscado com um tipo de caneta preta permanente. Em seu “rosto” havia sido desenhado olhos, boca e sobrancelhas, e de sobra uns desenhos aleatórios que interpretei como tatuagem.

— O que é isso? — foi a primeira coisa que me veio a mente.

Remus se voltou contra Sirius, que rolou os olhos, parecendo exausto daquela conversa.

— É! O QUE ISSO, SIRIUS? O QUE É ISSO?

Agora tínhamos a atenção da sala inteira. Remus parecia que estava prestes a se transformar em um grande dragão e cuspir fogo em qualquer um que discordasse dele.

— Achei que fosse ficar legal. — disse Sirius se jogando na carteira ao lado da minha.

— “Achei que fosse ficar legal” — repetiu Remus imitando a voz de Sirius — NÓS NÃO PEGAMOS UM BEBÊ E FALAMOS: “tá aí, vou te fazer uma tatuagem” PESSOAS NÃO PODEM TATUAR BEBÊS, SIRIUS! ELE É SEU FILHO!

Sirius não parecia se importar com o sermão de Remus.

— Vamos perder nota por sua idéia brilhante, acéfalo. — com o ovo nos braços, Remus saiu da sala.

Sirius e eu nos entreolhamos.

— Você tatuou seu próprio filho? — perguntei balançando a cabeça negativamente.

— Você não está levando isso tão a sério quanto ele, está? — perguntou Sirius apontando para a porta.

— Não tanto, mas a Lily está. Mas é nosso filho, né?

***

Após pegar meu almoço no refeitório, andei até a mesa de Lily e suas amigas, e sentei ao seu lado.

— Como vai o nosso filho? — perguntei olhando o pequeno James por cima do ombros.

— Faminto — disse Lily me olhando de esquerda. — E desde quando você senta com a gente?

— Desde quando tivemos um filho. — disse dando de ombros.

Sirius colocou a bandeja ao lado da minha e sentou, sendo seguido por Remus.

— Já fizeram as pazes? — perguntei bebendo um pouco do refrigerante.

— Chegamos a um acordo de não brigar na frente das crianças… — explicou Remus fazendo cara feia para Sirius.

— Isso me faz lembrar… — disse virando para Lily — sabe, Evans… poderíamos fazer a mesma coisa. Não vai ser saudável para nosso filho ficar pra lá e pra cá… não vai ser legal.

— O que está tentando insinuar, Potter?

— Bem, você poderia dormir lá em casa essa semana e…

— Nem morta! — exclamou Lily me interrompendo — Quando eu digo que ele está se aproveitando da situação, vocês não acreditam — disse Lily para suas amigas.

— Ei! O que é isso? — indagou Sirius esticando o braço e tirando um negócio amarelo da cabeça do ovo de Marlene, mas recebeu um tapa na mão — ai.

— “Isso” é o cabelo de Judith! — respondeu Marlene voltando a colocar o peruca na cabeça da filha.

Sirius riu.

— Judith? Cabelo? Quando acho que não pode ficar pior, fica — e deu uma gargalhada.

Marlene amarrou a cara.

— Você não tem moral alguma para falar de peruca quando molestou o próprio filho! — Marlene apontou para o ovo que estava na bandeja de Remus — Seu monstro.

— Eu não molestei meu filho! Isso sai com água — disse Sirius rolando os olhos.

— Ah, Potter… — começou Lily — eu estava pensando em chamá-lo de Harold.

— Quem?

— Como assim “quem”? Nosso filho, é claro!

— Eu estava pensando em “PJ” — respondi dando de ombros.

— PJ? Que diabos de nome é esse? — perguntou Lily.

— Significa Pequeno James. — expliquei — PJ é só abreviação.

— Pequeno James não é nome do seu pau? — perguntou Sirius rindo.

— Não, esse é GJ, significa…

— Tá, chega! — Marlene me interrompeu — Você não vai continuar isso na frente das crianças!

— Bem lembrado. — emendou Remus com a boca cheia. De repente, ele levantou colocando a caixinha do ovo em frente à Sirius — Vou a biblioteca. Pode cuidar dele pra mim, não é?

— Claro! — respondeu Sirius pegando seu filho e colocando na própria bandeja.

Remus pegou sua mochila e saiu do refeitório apressado. Peter veio correndo até nós com seu ovo na mão, parecia desesperado.

— Me ajudem! — pediu sentando ao lado de Marlene — Meu filho rachou!

— Oh, não! — exclamou Lily pegando o Junior das mãos de Peter e o examinando — Como isso aconteceu?

— Eu havia o deixado na minha bandeja, e quando acabei de comer, esqueci que ele estava lá e o joguei no lixo. — explicou Peter choramingando.

— Jogou seu próprio filho no lixo? — perguntou Marlene horrorizada.

— Tá vendo? — disse Sirius batendo na mesa — Quem é o monstro agora? — perguntou a Marlene, que o ignorou.

— Ah, não! Ele está sangrando! — exclamou Lily e apontou para a rachadura do ovo, onde escorria um pouco da clara.

— O que? — Peter deu um salto — Tenho que levá-lo para a enfermaria das galinhas curandeiras. Amélia não pode saber disso — e começou a roer as unhas.

— Galinhas curandeiras? — indaguei — onde raios vai achar isso?

— Pergunta na mesa ao lado — disse Marlene apontando para a mesa atrás de si, onde estava Roxanne Malfoy, Bertha Jorkins e outras garotas que eu não sabia o nome — elas devem saber…

Peter agarrou o ovo das mãos de Lily e saiu correndo quando viu Amélia Bones entrar no refeitório. Olhei para Sirius, que balançava a cabeça negativamente. Ele pegou a caixinha em que seu filho descansava e colocou ao lado de Judith, filha de Marlene. O ovo tombou para o lado, fazendo eles se chocarem. Sirius me deu um cutucão com o cotovelo.

— Esse é o meu garoto! — disse sorrindo e piscou para o ovo.

Marlene puxou a caixinha de sua filha para junto de si e fuzilou Sirius com o olhar.

— Que diabos você pensa que está fazendo? — perguntou se erguendo da mesa.

— O que? — Sirius piscou — Ele está na puberdade! É normal flertar com outras garotas — e rolou os olhos.

— Minha filha merece coisa melhor do que esse…

— Esse o que? — Sirius também se ergueu da mesa levantando levantando a voz.

— Galinha! — respondeu Marlene com uma sobrancelha erguida e desafiadora — Vamos, Judith. Não se misture com essa gentalha! — e se afastou com o nariz empinado.

— “Galinha” — Sirius fez uma péssima imitação de Marlene — Inveja mata — gritou para ela, que o ignorou e saiu do refeitório.

***

A noite foi tranquila. Sem bebês, sem choro imaginário e sem uma mãe tagarela me ligando de madrugada. Ao voltar para a escola, e entrar na sala de aula, tive a visão de Sirius e Fabian estavam tendo uma discussão.

— O que está acontecendo aqui? — perguntei me postando ao lado de Marlene que balançava Judith em seus braços, parecendo aflita.

Fabian se voltou contra mim.

— Marlene me contou que o filho desse aí — Fabian apontou para Sirius. — Estava arrastando asa pra cima da MINHA filha.

Vozes se misturaram agitadas e bufei impaciente.

— Calma, pessoal. — disse tentando restaurar a calma. — Fabian… eles são adolescentes! Você não esperava que Judith fosse ser a virgem Maria para sempre, né?

— Ele não esperava era que ela virasse a Madalena. — Emmeline entrou na conversa com um ar de superioridade.

Marlene olhou para Emmeline incrédula e esticou seu ovo para Lily. A peruca loira que Judith usava tombou para o lado ao se chocar contra o peito de Lily.

— Segura meu ovo. — disse Marlene para a ruiva e andou até Emmeline, onde ficou cara a cara. — Olha aqui, queridinha…

A professora Minerva entrou na sala, interrompendo a discussão que se alastrava pela sala. Todos nos sentamos e aula já havia começado quando Remus entrou atrasado na sala de aula com um suporte de colo para bebês da mamãe canguru em seu peito e sentou na carteira ao meu lado.

— Perdi o ônibus — explicou ofegante. — tive que vir correndo.

— Como vai nosso filho? — perguntou Sirius se inclinando sobre sua carteira para observar melhor.

— Menos tatuado. — respondeu Remus folheando seu livro.

Me inclinei sobre Remus para ver melhor o meu sobrinho que descansava na bolsa da mamãe canguru em miniatura do Remus.

— Onde conseguiu isso? — perguntei curioso.

— Eu mesmo fiz, achei que seria mais seguro pra ele. — respondeu Remus.

— Meu marido é um gênio. — Sirius piscou para mim. — E nosso filho vai ser o próprio Einstein quando se formar em Oxford enquanto o seu, James, vai precisar decorar a frase: “Posso anotar o seu pedido, senhor?”

Fechei a cara e encarei o meu “melhor amigo”, que tinha um sorriso cínico do rosto.

— É o que veremos.

Remus abaixou seu livro e fuzilou Sirius com o olhar.

— Ele não vai para Oxford. — disse Remus seco. — Cambridge é melhor.

— Oxford. — disse Sirius entredentes.

— Chega. — Remus fechou o livro. — Eu quero divórcio.

— O que? — Sirius piscou. — Não pode fazer isso.

— É o que veremos, Black. — Remus parecia mais perigoso do que nunca. — Vai ter que entrar na justiça para ter seus direitos. — e voltou a dar atenção ao seu livro.

Sirius ficou em silêncio por um longo momento.

— Não acredito nisso. — disse por fim.

— Nem eu. — respondi procurando a Lily, que conversava com Marlene animada.

***

— Nós não vamos nos casar, Potter. — Lily mordeu seu sanduíche.

— Mas ele pode sofrer com essas mudanças de casa… você sabe. Ele precisa dos pais, juntos.

Lily suspirou e me olhou nos olhos.

— Eu sei. Mas não vou me casar.

A causa já estava perdida. Mexi nas batatas fritas intocadas, entediado. Amanhã seria o dia em que iríamos entregar nosso filho de volta para a professora Minerva e sinceramente? Por mais trabalhoso que fosse, eu ia sentir falta do PJ. Meu único, e possivelmente, último filho que tive com a Lily.

 

***


Entrei na sala de aula com a redação pronta e dentro da minha mochila, e o PJ no braço, pronto para ser entregue de volta. Sentei em minha carteira e esperei a professora entrar na sala. Lily entrou na sala de aula e seus olhos se encontraram com os meus.

— Podemos conversar?

Pisquei e rapidamente, levantei, colocando o meu filho sentado na minha cadeira e andei até a Lily.

— Oi. — disse passando as mãos no cabelo.

— Então, Potter… você… você foi um bom pai.

Arregalei os olhos.

— Sério?

— Sim! Você não o deixou rachar e vi que era carinhoso e atencioso com ele. Isso me fez pensar que… talvez… — Lily mordeu os lábios, pensativa.

— Talvez…?

— Talvez poderíamos sair um dia desses…

Lily falou tão baixo que quase pedir para ela repetir. Meu sorriso se alargou que poderia mostrar todos os meus 32 dentes, que fez Lily rolar os olhos.

— Claro. Sim. Sempre. — respondi sentindo fogos de artifício explodir dentro de mim, e que poderia sair por aí dançando pelos corredores da escola.

— Certo… sábado a noite? — perguntou Lily com um sorrisinho tímido.

— Perfeito. — disse sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.

Lily deu as costas e andou até sua carteira. Acho que devo ter ficado parado meio século em pé, sorrindo abobado para a parede. A voz de Peter atrás de mim me fez despertar para a realidade.

— Cara, eu tô exausto…

Track.

Não precisei olhar para saber o que tinha acontecido, apenas fechei os olhos e rezei para que estivesse errado.

— Ah, não, James… — a voz de Peter soou aos meus ouvidos. — O seu ovo…

Nesse exato momento, a professora Minerva entrou na sala de aula e depositou suas pastas em cima da mesa e bateu palmas, chamando a atenção da turma.

— E o dia de entregar suas redações e seus filhos intactos chegou! — seus olhos atentos varreram a sala e pousaram em mim. — ah, senhor Potter, vamos começar com o senhor.

Inspirei profundamente e virei lentamente para Peter, que tinha uma expressão assustada e seu traseiro transbordando clara e gema do PJ.

— James me desculpe… — balbuciou Peter. — James? James o que está fazendo?

— Senhor Potter, abaixe essa cadeira imediatamente! — soou a voz da professora Minerva.

— James? James... NÃO! PROFESSORA! SOCORRO! JAMES, NÃO! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!


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Notas finais do capítulo

E então? Me digam o que acharam, sim? Foi muito divertido escrever ela, e espero que vocês tenham se divertido lendo também!

um beijinho carinho no coraçâozinho de vocês sz