Fuga em nome do amor escrita por Denise Reis


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Estão tão feliz que me entusiasmei e escrevi um capítulo enorme. Mas só leiam o capítulo se tiverem com tempo, porque... Sem querer ser chata, mas já sendo... rsrsrs Não aconselho saltar nenhuma linha, porque uma parte depende da outra... Ok??? Quem pular linha vai ficar sem entender depois...
Mil beijinhos
Venham. Vamos ler. Boa leitura.



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Naquele momento, Castle se sentou, afastando-se um pouco de Kate e, naturalmente, ela ficou meio confusa com aquela rápida mudança de atitude dele, então, ela também se sentou e, involuntariamente, puxou o edredom para cobrir seu corpo nu.

Olhou em volta e avistou sua camisola ao pé da cama e logo a pegou e a vestiu.

— O que houve, Rick? – Kate foi direta e queria mesmo saber o que estava acontecendo, pois ele ficara seco de um momento para o outro.

— Bem, há muitos anos quando estávamos em um caso... – ele fez um gesto com os dedos e com as mãos, ressaltando com o rosto, indicando que fora um caso antigo deles – Aquele caso do assassinato do motorista de taxi sírio em que quase morremos congelados no container frigorífico, lembra? – Kate fez que “sim” com a cabeça e ele prosseguiu falando – E que também quase morremos por conta daquela bomba que estava em um furgão, mas, que, graças a Deus eu a desarmei...

— Impossível esquecer daquele caso, Rick... – Kate fez uma expressão de alívio e soltou uma grande quantidade de ar pela boca ao se lembrar daquele caso estressante – Nós começamos a namorar no final daquele caso. Tantas coisas aconteceram...

— Pois é... Muitas coisas aconteceram mesmo... Naquela época eu já era completamente apaixonado por você, mas só que você namorava o doutor-garoto-da-moto, aquele entojo do Josh – Castle fez cara de nojo ao se referir ao médico e ex-namorado de Kate – e, em um momento de tensão eu aproveitei e me declarei para você e depois você confessou que também gostava de mim. Nós nos beijamos e trocamos lindas declarações de amor, no entanto, Kate, apesar de você ter aberto seu coração para mim, você continuou namorando o Josh e eu vi vocês dois juntos por duas vezes naquele dia, inclusive ele te abraçando. – Castle torceu a boca visivelmente enfurecido ao se recordar das cenas – Eu me lembro como se fosse hoje, Kate, que logo depois de eu ver essas cenas repugnantes, eu te perguntei se você queria continuar caminhando com ele ou iria querer caminhar comigo e você me deixou sem resposta. Fiquei no escuro, ou seja, você ficaria com ele... Entretanto à noite você telefonou para mim e me chamou para eu ir ao seu apartamento e lá me contou que havia terminado o namoro com o Josh e que queria, sim, caminhar comigo. – Castle concluiu a narrativa, no entanto, ele não sorria, como era de se esperar, já que o momento fora lindo e marcante para a vida deles e a falta do sorriso chamou a atenção de Kate.

— Mas o que é que isso tem a ver com o nosso momento agora, Castle? Eu...

Castle a interrompeu – Você está mesmo me perguntando o que é que tem que ver com a nossa situação agora, Kate? – ele repetiu a pergunta dela e ela fez um sinal afirmativo com a cabeça – Ah, Kate... Deixe-me ver... – ele ironizou – Será que é porque declaramos nosso amor novamente, um amor lindo e maravilhoso... acabamos de fazer amor... Mas você ainda é casada com o Nick? – Apesar do Castle saber que o Nick casara novamente por se julgar viúvo, ele estava chateado porque em nenhum momento Kate se preocupou em mencionar sua preocupação em se desvincular do novo marido, já que ela não sabia que ele havia se casado novamente.

Nervosa, Kate se levantou e ficou andando de um lado para o outro do quarto, próximo à cama - Mas eu nunca o amei e ele sabe disso. Eu e o Nick ficamos juntos porque foi conveniente para nós dois... – Kate tentava explicar aquela situação que ela reconhecia ser mesmo constrangedora – Ah, Castle, como você mesmo teorizou, eu precisava fazer parte de um grupo para chamar de meu e precisava urgente de uma família e como o Nick disse que gostou de mim, me encheu de elogios, etc, e era interessante para mim naquele momento específico, então nos casamos, além do que, ele também era do FBI e era muito importante para minha ficha ter uma família. – Ela estava aflita e movimentava os braços ao tentar se explicar – Eu até perguntei para ele se depois ele não iria me culpar por tudo. Perguntei também se depois ele não iria alegar que eu o usei...  O Nick negou e disse que topava tudo e que gostava de mim e que queria ser parte da minha família. Mas agora, Rick, tudo mudou e ele vai entender. Eu juro. Naquela época eu era uma mulher que fugia e se escondia para sobreviver, mas agora a situação é outra. Sim, por mais que o Nick tenha me estendido a mão quando eu mais precisei, a situação agora mudou. Então, quando eu propuser a ele o divórcio, ele não vai se opor. Talvez ele sinta falta do Flynn... Ele se apegou muito ao bebê, ainda mais agora que ficou um ano tomando conta dele... – ela ficou pensativa e emocionada ao mencionar o filho e sua voz ficou embargada – Mas está completamente fora de questão eu deixar o Flynn com ele. O Nick vai sofrer, eu sei, pois tenho certeza que ele ama o bebê. Mas eu nunca viveria sem o meu bebê... Deus do céu! Eu estou morrendo de saudade do Flynn e não vejo a hora de reencontrá-lo e enchê-lo de beijos e abraços... – ela começou a chorar – Não consigo pensar sequer na hipótese de viver sem o Flynn. Isso seria impossível, quando, na verdade...

— Kate! Kate! – Castle a interrompeu – Calma, porque eu não estou te entendendo... Você está misturando tudo e estou confuso... São muitas informações... Calma, por favor! Você está tensa e eu não estou te entendendo.

— Claro que eu estou tensa. Mas porque eu não ficaria tensa, eihm... – ela retrucou – afinal de contas, estou falando do Flynn e da minha intenção em pedir o divórcio ao Nick, um homem do bem, que me amou, que acreditou em mim, me respeitou e ficou comigo independente de qualquer coisa e que, segundo você mesmo me contou, cuidou do Flynn enquanto eu estive sequestrada. No entanto eu não posso ficar casada com ele somente por gratidão, pois não sinto amor por ele, até porque amor eu só sinto por você, o único homem que eu amei e com quem eu pretendo passar o resto dos meus dias. Não consigo ver minha vida sem você, Rick. Já foi bastante difícil ter que sair da sua vida uma vez, então não me peça para fazer isso novamente. – Kate estava trêmula e ansiosa.

— Kate, não era assim que eu queria te contar, mas você está agitada... – Kate arregalou os olhos.

— O que é que você quer tanto me contar? Fale, Castle! – Ela gelou e sentiu suas pernas dormentes – Deus do céu! O que foi que aconteceu com o Flynn?

— Nada, eu já te disse, o Flynn está ótimo! – Castle se apressou ao responder – Na verdade, os dois estão ótimos... Ótimos até demais... – Kate o olhou desconfiada e ele continuou – Bem, o que eu queria te dizer, mas não sabia por onde começar, é que o moço bonzinho, esse tal do Nick... – Castle falava com ironia – Ele não procurou você por muito tempo... O Nick reencontrou uma ex-namorada, Alice, e ele deu você como morta e se casou com ela e, juntos, estão criando o Flynn. Inclusive, ao que se sabe, a Alice adora o Flynn como se fosse filho dela.

Ao ouvir a notícia, Kate se sentiu empalidecer, se sentou na cama e olhou para o Castle – Uaauuwww!! Essa foi pesada! Quer dizer que o meu filho está sendo criado por outra mulher...  – Rapidamente ela reagiu e a cor lhe voltou ao rosto de Kate – Bem, confesso que tomei um susto, mas, na verdade, pensando bem... Você sabe que eu penso rápido... Fui treinada para isso, então, não estou vendo problemas, só soluções e, como sempre, vou precisar de sua ajuda. Para começar, vou pedir para seu advogado providenciar a minha separação ou sei lá o que... Bem, não sei o nome da ação judicial... Talvez você tenha que pedir ao seu advogado para não me deixar ser presa por falsidade ideológica por eu ter assumido uma nova identidade. Posso provar que eu estava sendo ameaçada de morte e a única saída que eu tive foi sair do estado de Nova York e criar uma nova identidade. Hoje tenho provas suficientes de que não estou mentindo... E, como eu já te disse, como eu nunca amei o Nick, não estou nem um pouquinho chateada ou enciumada de ele ter se casado novamente. Fiquei triste, sim, de ele não ter continuado a me procurar... – Kate torceu a boca entristecida, mas logo abriu um sorriso e o olhou com amor – Ainda bem que você existe e que fez isso. – Ela manteve um olhar cheio de amor e, com cautela, se aproximou dele e falou, mostrando-se verdadeiramente apaixonada – Rick, eu te amo e quero ficar com você. Eu não me importo se você quiser que eu passe o resto dos meus dias te pedindo desculpas por ter ido embora, mas eu já te disse o motivo... Eu não queria te ver morto, porque eu te amo. E eu vou repetir quantas vezes você quiser: eu não casei com o Nick por amor. Ele é ótimo, um homem maravilhoso, não nego, um homem íntegro, mas eu não o amo. O único homem que eu amo é você.

— Kate, até aí eu entendi tudo. – Castle fez um carinho terno no rosto dela, mas, com delicadeza, logo se afastou – Entendi que você nunca amou o Nick e não se incomodou com o casamento dele. – Kate fez novamente o sinal afirmativo com a cabeça e ele continuou a falar – Você falou também que não vai deixar o Flynn... Mas só que isso não depende unicamente de você, Kate. Até onde eu sei, o pai da criança tem cinquenta por cento de chance de obter a guarda do filho... E pelo que me consta, ele é um ótimo pai, um ótimo cidadão, tem endereço fixo e um excelente emprego.

Aquelas palavras pegaram Kate desprevenida, deixando-a estarrecida e ela fechou os olhos bem apertados, pôs as mãos nas têmporas em sinal de desespero, como se sua cabeça estivesse a ponto de estourar – Hey, hey, hey... PARA! – Kate falou mais alto do que previu, pegando o Castle desprevenido, mas logo ela retornou ao tom de voz normal.

Kate reabriu os olhos e encarou o Castle, demonstrando estar apavorada – Para tudo, Castle! Para! Para tudo! Para tudo! Castle! Eu ouvi direito?

— Sim, Kate, eu disse que o Nick, como pai do Flynn...

— Não acredito nisso! – Kate o interrompeu e continuava abismada – Não estou acreditando no que estou ouvindo.

— O que é mesmo que você não está acreditando, Kate?

Ela estava visivelmente estarrecida – Castle, ontem, ainda lá no cativeiro, eu te perguntei se você já sabia do Flynn e você disse que “sim”...

— Sim, eu sei dele. E daí?

— E daí, Castle? – Kate o olhava como se o Castle fosse um extra-terrestre – Não acredito! – Ela estava pasma, mas logo arregalou os olhos e demonstrou que tinha pensado em algo interessante – Meu Deus! Como eu não percebi isso antes!? Agora que eu estou entendendo a sua frieza com relação ao bebê, logo você que adora crianças... Eu pensei que você estava agindo assim porque estava com raiva por eu ter partido, o que, aliás, nem combina com você, porque você saberia separar as coisas... Mas não... Você também não ficou nem um pouco curioso ou ansioso para vê-lo ontem... Claro que você não sabia... – ela falava com ele, mas era como se estivesse pensando alto – Castle, você sabe apenas da existência do Flynn e mais nada, correto? – Kate estava trêmula.

— Sim, Kate. O que é que eu tenho que saber mais sobre o Flynn... – neste momento ele calou a boca e ficou pálido.

Kate percebeu a mudança da reação do Castle e ela arriscou um comentário – Vejo que agora você entendeu...

Desta vez foi o Castle quem ficou perplexo. Ele saiu da cama pelado e ao avistar sua calça de pijama no canto do quarto, ele a vestiu e passou a andar pelo quarto, de um lado para o outro até que foi até a poltrona junto à cama. Ele se sentou e falou de forma ríspida – Eu gosto de vídeo game, gosto de um monte de outros jogos, Kate, mas detesto joguinhos como este aqui. – Castle falou sério – Fale logo de uma vez, por favor. Não me faça imaginar uma coisa para depois não ser...

— De início, eu pensei que um dos motivos de você me procurar para me resgatar era também por causa do Flynn...

— NÃO, KATE! – Ele falou alto – Você está completamente enganada. Eu comecei a te procurar em 2016 mesmo contra sua vontade. Esposito, Ryan e Lanie me mostraram sua carta implorando para que eles não te procurassem. Bem, como a carta não foi endereçada para mim, eu nunca deixei de te procurar. E digo mais, mesmo se você tivesse deixado uma para mim, eu a desconsideraria, pois eu achei um pedido tão despropositado quanto o fato de você ter partido... Mas aí é outro assunto... Bem, quanto ao fato de eu nunca ter deixado de te procurar, eu, Alexis e Hayley éramos uma equipe incansável. Eu rodei o mundo todo te procurando e só te encontrei agora, em janeiro de 2019, só que as notícias indicavam que você estava morta. Claro que eu não me dei por satisfeito, então continuei a investigação até que descobri que não havia local de sepultamento ou nada do tipo, ou seja, sem corpo, não há morto. Então, formei a equipe que você viu ontem e juntos e fortemente armados te encontramos. Mas isso foi unicamente por você, por mais ninguém. O meu amor por você é que me fez te procurar pelo mundo e agora no final, até duvidar de qualquer notícia falsa sobre sua morte e ir em frente até finalmente te encontrar.

Kate chorava diante da narrativa dele – Quando você viu que eu tive um bebê, você não quis saber nada sobre ele, Castle?

— Para falar a verdade..., “não”, Kate. Eu apenas falei para minha mãe e para Alexis que se eu conseguisse te encontrar viva, eu te levaria para casa com o bebê e que o criaria como se fosse meu, porque, com exceção da Alexis e da Meredith, um bebê não deve ser separado da mãe, até porque você não o abandonou, você foi forçada a se afastar dele, por conta do sequestro. E sendo seu filho, seria muito fácil eu amá-lo, por ser parte de você.

Kate chorava desolada a cada palavra que ele falava – você não viu sequer o registro de nascimento dele, Castle? Não sabe nada sobre ele? Não sabe nem mesmo a data do nascimento dele?

— Não... – Castle estava emocionado e tinha um nó na garganta, pois já previa a notícia que Kate daria para ele – Fale você agora... Pare de ser prolixa, por favor! Isto está me matando!

— Bem, Castle, eu saí do loft em março de 2016 e o Flynn nasceu em dezembro do mesmo ano e nesse período eu não fiz sexo. Na minha cabeça e no meu coração não tinham espaço para outro homem, somente você, pois desde que eu comecei a namorar com você, você foi o único homem que era dono do meu coração e do meu corpo e o único com quem eu fiz amor.

— Oh meu Deus! – Castle chorava de emoção – Então o Flynn... O Flynn é meu filho!

— Sim, Castle. O Flynn é seu filho e ele é lindo! – Kate chorava muito e procurava se conter.

Por mais que a vida toda a Beckett demonstrasse ser controlada, ela sempre se emocionava quando o assunto era de natureza pessoal e nestes últimos anos, ela ficara muito fragilizada principalmente porque tivera que abandonar o amor da sua vida e depois disso, fora privada do convício com seu filho ainda um bebê que tinha acabado de completar um aninho – Ele é a sua cara e tem os olhos azuis iguais aos seus. – Kate comentou entre soluços.

Castle estava sentado com os cotovelos sobre os joelhos e segurava a cabeça como se ela fosse explodir.

Ao ouvir aquele comentário ele levantou a cabeça, enxugou as lágrimas que continuavam a cair e com muita mágoa no olhar, encarou Kate – Como você foi capaz de fazer isso comigo, eihm?

— Castle...

Ele a interrompeu – Kate, em março de 2016 eu quase morri de desgosto quando acordei e descobri que você havia saído de casa do modo como fez... E agora você vem me dizer que estava grávida...

— Castle... – ela tentou explicar, mas, mais uma vez ele a interrompeu.

— Como você foi capaz de fazer isso comigo, eihm? – ele repetiu – Porque você não me avisou? Porque? Porque? Deus do céu! Eu tinha o direito de saber que tinha um filho e caberia a mim resolver se eu queria ou não queria conhece-lo... Quer dizer se eu não tivesse te encontrado, eu nunca saberia dele, é isso, Katherine Beckett? E amanhã ou depois eu cruzaria com ele pela rua e ele seria uma pessoa a mais para mim e eu seria um ninguém, para ele...

— Eu só descobri a gravidez algum tempo depois, aqui em Boston... Sinto muito, Castle...

— Ah, Kate, poupe meus ouvidos destas suas desculpas! Para você tudo se resolve com um “Sinto muito, Castle!” – ele alfinetou –, mas a situação aqui é muito mais complexa do que um relacionamento amoroso, pois a relação de pai e filho é muito mais sólida do que o relacionamento entre um homem de uma mulher... Sabe porque, Kate, porque pai e filho é para sempre.

Fez-se um silêncio e ele voltou a falar ainda muito irritado – Você sequer pensou em me avisar... Eu poderia ter inventado milhões de disfarces para ir te encontrar. Você me conhece muito bem e sabe que eu seria capaz de fazer loucura para ir ver você sozinha, quanto mais para conhecer o meu filho, Kate.

— Mas justamente por isso é que eu não podia te falar nada, Castle, pois se eu saí de Nova York para te proteger, como é que eu iria continuar te pondo em risco e pior ainda, pondo nosso filho em risco. O LokSat seria capaz de matar você e o Flynn.

— Mas por ironia do destino, você se deparou com ele aqui em Boston...

— Mas aqui em Boston ele agiu mais rápido e não me deu tempo de pensar, muito menos agir, como ele fez em Nova York. Lá ele me deu opções para salvar minha família e aqui, não. E eu tenho a impressão de que ele não fez nada contra o Nick e com o Flynn porque ele e a corja dele sabiam que o Nick não trabalhava no caso comigo e percebeu que eu não falara nada com ele, porque se eu tivesse falado, seria lógico que o Nick ficasse comigo nas diligências, como você fazia comigo. – Kate estava aflita – Castle, acredite em mim, quando eu me deparei com o caso do LokSat e vi tanta gente conhecida envolvida eu fiquei desesperada... Todos aquelas pessoas me assombrando novamente... Milhões de coisas passaram pela minha cabeça. Eu vasculhava a internet atrás de notícias suas não só para te ver, mas também para saber que você estava bem. Eu morria de medo do LokSat se enfurecer. Eu não podia vacilar. Eu não poderia mencionar nada sobre ele para o Nick, muito menos para você, quanto mais te chamar para apresentar o Flynn. Isso seria o mesmo que uma sentença de morte para você e para o nosso filho.

Apesar de estar desnorteado com tantas informações e justificativas de uma vez só, Castle ouviu tudo, se levantou e andou sem rumo pela suíte. Foi até a janela da sala e olhou para a vista, mas sem realmente prestar atenção a nada, pois só o que via era tristeza.

Saiu da janela e foi até a cozinha e encheu dois copos com água e voltou para o quarto e ofereceu um dos copos à Kate. Ela agradeceu e deu um pequeno gole.

Castle bebeu toda a água e depositou o copo na mesinha ao lado.

Ele se sentou na poltrona e ficou de frente a Kate que naquele momento, estava sentada na cama.

Diante de todas as notícias bombásticas que recebera nos últimos minutos e também diante de todo o perigo que ele, Kate e o Flynn correram e diante do verdadeiro terror que a própria Kate passara no último ano ao ser sequestrada e torturada, Castle procurou ser o mais sensato possível – Kate, por mais que eu esteja sofrendo por você não ter me comunicado acerca do nascimento do meu filho, eu acredito em você com relação ao perigo que o LokSat representava para mim e para o Flynn e por isso ficou impossibilitada de me avisar. – Ele confessou.

— Você bem sabe o perigo que o LokSat representava, pois você esteve com ele nos últimos minutos de vida daquele maldito. – Kate respirou fundo para se acalmar – Eu ainda não entendo como você conseguiu me procurar por três anos sem chamar atenção do LokSat.

— É que antes de saber que você estava em Boston, eu rodei o mundo todo te procurando usando o lançamento dos meus livros como disfarce. E a Hayley ia junto comigo para me ajudar a procurar você, mas perante a imprensa, ela era minha Assistente e intérprete. Então, nunca levantamos suspeita. Teve até um tabloide sensacionalista da Europa que inventou uma fofoca dizendo que eu estava de caso com a Hayley, mas isso não rendeu e logo foi esquecido. E em janeiro deste ano quando finalmente descobrimos que você estava aqui, a busca foi silenciosa e quando viemos para cá, em fevereiro, fomos o mais discreto possível e deu no que deu, conseguimos capturar todos. Tudo muito bem planejado e executado.

Percebendo que já não havia raiva nos olhos do marido, Kate arriscou voltar a se justificar - Castle, quando eu falei “Sinto muito!”, não foi da boca para fora. – Ela falava baixo e lento, pois queria que ele entendesse o que estava na sua alma – Eu falei de coração, Rick. E apesar de você ter dito que eu quero resolver tudo com um simples “Sinto muito!”, você está enganado. Eu sei que talvez você nunca possa me perdoar pelo fato de eu não ter te revelado antes acerca do nascimento do seu filho, então, quando eu falei o “Sinto muito!”, foi para externar a dor que eu realmente sinto por não poder fazer nada quanto a este respeito. Eu não posso mudar isso. A única coisa que eu posso fazer é dizer, como eu disse, o quanto eu sofro por isso ter acontecido. Sem querer comparar ou medir o meu e o seu amor pelo nosso filho com o amor que eu sinto por você e o amor que eu tenho certeza que, apesar de todas estas dores, você ainda sente por mim, eu quero dizer, Castle, que você tem razão quando disse que a relação de pais e filhos é para sempre porque é a relação mais forte que existe, mas sei também, por experiência própria, que a relação de um homem e uma mulher que se amam, apesar de não ser tão sólida quanto a de pais e filhos, pode ser também tão resistente quanto e até eterna, desde que seja um amor puro e verdadeiro como eu acredito que seja o nosso.

Castle prestava atenção a cada palavra que Kate falava e a cada consideração e afirmação que ela fazia seu coração ficava mais apertado, pois via sinceridade em tudo.

Óbvio que ela não teve como avisá-lo sobre o filho, pois os perigos existiam e o LokSat não era de brincadeira e a prova disso foi que ele sequestrou e torturou a Kate por um ano e se ela não fosse salva na sexta-feira, capaz de nem estar com ele naquele quarto de hotel naquele exato momento – Kate – ele não mais a encarava com raiva. Havia dor nos seus olhos, mas também havia carinho e amor – Eu não posso te dizer que vamos esquecer essa história porque não seria verdade e você sabe que eu detesto mentiras. Como também não posso te dizer que vou te perdoar por você ter me omitido sobre o Flynn, pois também seria uma grande mentira, porque, na verdade, eu não tenho como perdoar você por uma situação que fugia da sua alçada. Mesmo que eu não tivesse presenciado os últimos minutos de vida do Caleb Brown e do Mason Wood, eu seria capaz de afirmar que eles eram terríveis só em ver o estado em que você foi encontrada. – Ele se levantou da poltrona e se sentou na cama, do lado esquerdo dela e pegou a mão esquerda dela e segurou carinhosamente entre as suas e a levou aos lábios e a beijou, demonstrando carinho, amor, compreensão – Kate, sou eu agora que vou te dizer... “Sinto muito”, Kate! Mais ninguém é capaz de imaginar o que passamos ou o que estamos passando agora. Kate, então eu te peço do fundo do meu coração, “Sinto muito” por sua mãe ter sido brutalmente assassinada pelo grupo do LokSat. “Sinto muito” por você ter sofrido tanto tempo sozinha e ter corrido atrás de justiça, por conta deste crime atroz. “Sinto muito” por eu ter remexido o caso de sua mãe, quando você havia me pedido para não fazê-lo. “Sinto muito” por tantas e tantas outras situações que eu violei para te ajudar, quando você me dizia que não era para fazer por conta do perigo que era mexer com o Senador Bracken, que pertencia ao grupo do maldito LokSat. “Sinto muito” por eu ter sido tão cruel com você agora e ter te ofendido e ter duvidado das suas intenções em tentar me pedir desculpas... – ele estava emocionado e Kate chorava ao ouvir o múltiplo pedido de perdão dele – Mas a única coisa que eu não posso fazer, Kate, é dizer que que eu “Sinto muito” por ter movido céus e terra para te localizar e te salvar, porque eu estaria mentindo, já que te tirar daquele aquário ontem foi uma das atitudes mais importantes que eu fiz na minha vida e acho que nunca vou esquecer.

— Oh, Rick! – Kate o abraçou e ele a puxou para seu colo e a apertou nos braços carinhosamente – Não sei porque eu atraio tantos problemas... É como o Smith falou, né, eu sou uma bomba atômica ambulante... Sou radioativa... e sempre escolho o caminho mais difícil para resolver as coisas e aí complico mais ainda...

— Mas tudo isso é passado! LokSat e sua gangue fazem parte do passado! Agora é vida nova e já que por culpa dele, você se viu obrigada a me abandonar e, assim, eu fui impossibilitado de saber do meu filho e conviver com ele e com você, vamos tentar recuperar o tempo perdido. É como os sábios dizem..., Não podemos alterar o passado, mas podemos compreendê-lo por uma nova ótica com o propósito de facilitar a aceitação das coisas que aconteceram de ruim e, assim, partir em busca de um melhor futuro.

Apertada nos braços do Castle, Kate estava emocionada – Meu Deus, como eu te amo, Rick!

— Eu também te amo muito, Kate.

— Vamos sim, fazer o nosso futuro, Rick...

— Nosso futuro já começou, Kate... Os ponteiros do relógio estão andando... E temos que dar graças a Deus porque temos um ao outro e um grande amor nos unindo. Um amor puro e verdadeiro e um filho lindo que eu estou louco de vontade de conhecer.

Ficaram assim abraçados e em silêncio por um bom tempo, até que o Castle voltou ao assunto sobre o Nick, mas já sem raiva.

Castle apenas queria entender o que se passou.

— Amor, juro que estou com boas intenções... e não estou com raiva e muito menos quero brigar, mas apenas quero entender o que aconteceu...

— Então, pergunte, Castle. Pergunte tudo o que você quiser que eu juro que vou te explicar da melhor forma possível.

— Bem, é que você falou que saiu do loft em março de 2016 e o Flynn nasceu em dezembro do mesmo ano e nesse meio tempo eu sei que você se casou com o Nick... No entanto, fiquei confuso porque você me falou que não fez sexo com ninguém além de mim... Mas e o Nick? Você se casou com ele... Que tipo de casamento foi esse?

Kate fez um gesto de desdém com a boca e balançou a cabeça negativamente – Ah, Castle... O Nick ficou sabendo que eu estava grávida antes de casar comigo... Aliás, ele sugeriu casar comigo para me apoiar porque soube que eu não tinha ninguém. Ele se propôs a ser um pai para o bebê. Casamos, contudo, mesmo casada com o Nick, todas as vezes que ele ia tentar fazer sexo comigo, eu não conseguia e aí eu dava a desculpa da gravidez. Inventava milhões de coisas... Eu dizia que estava enjoada, ou com azia... Dizia que estava com dor, dizia que o bebê estava se mexendo... E ele nunca insistia. Nunca foi violento ou fez grosseria comigo. Ele sempre foi um amor comigo. Muito carinhoso durante a gravidez e ele se sentia o próprio pai do bebê de tanta atenção e carinho que ele me dava e disse que entendia o que eu estava passando e me contava um monte de histórias de mulheres que passaram pelo que eu estava passando... Ou seja, ele acreditava mesmo que eu não podia fazer sexo. Não é que “eu não podia” fazer sexo, pois na verdade, “eu não queria” fazer sexo com ele... Depois eu pari e veio o período de lactação e eu também adiei o quanto eu pude, até que não teve jeito... – ela fez cara de piedade – Ele era tão bonzinho comigo, então, eu cedi, mas... – ela torceu a boca.

— Kate, sem detalhes, por favor... – ele estava com ciúmes.

— Ah, tá... Desculpe, amor... Pois é... Quando o Flynn nasceu, eu queria colocar o seu nome... Sim, eu o queria batizar de Richard, mas eu morria de medo do LokSat descobrir que ele era seu filho e mata-lo, então eu o registrei Flynn Alexander Rodgers, já que estes sobrenomes você não divulga.

— Jura? – Chorando, Castle a abraçou bem apertado.

— Juro. E tem mais...

Castle se afastou um pouco – Mais? Como assim? – Ele indagou.

— Não existe uma pessoa em Boston que não goste do Nick e como ele era muito bem relacionado em um Cartório da cidade e ele não tinha frescura e nunca se incomodava com o que os outros pudessem falar ou pensar, pois ele tem a auto estima muito elevada e sempre foi muito de bem com a vida e era muito na dele, etc, etc, etc..., ele deu um jeitinho e conseguiu registar o Flynn como sendo filho de Richard Alexander Rodgers.... Bem, fiquei com medo de colocar o seu nome completo por causa do LokSat, mas coloquei o seu nome de batismo.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

E aí,gostaram do capítulo??
Gente, preciso repetir uma coisa interessante: a vida não é uma ciência exata e o amor também não é.

Continuo amando escrever esta fic e isso se dá não só porque eu amo escrever sobre o amor puro e verdadeiro vivido por Kate Beckett e o Richard Castle, mas também porque tenho recebido manifestações de carinho e estímulo a mim, como pessoa e a minha forma de escrever, sempre com muita verdade, paixão e romantismo. Estou amando os comentários e respondo a todos, de forma individual com muita verdade, carinho e leveza.
Quero agora dar um agradecimento especial a “Rita Vieira” e “Glaucia”, duas leitoras que encheram meu coração de felicidade ao postaram maravilhosas RECOMENDAÇÕES. Obrigada!!!
Como eu, acho que todos vocês, leitores, morrem de saudade da série CASTLE, principalmente a nossa linda Kate Beckett e o nosso Bonitão, Richard Castle, por isso, eu tento revivê-los aqui nesta fic cheia de mistérios, romance, paixão, drama e amor.

Link da imagem: https://n1.picjoke.net/useroutputs/3324/2018-03-20/1-pt-8e5b13b605597a61cd2ca58597e79fd4.jpg



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