Thanks to You escrita por theparrillock


Capítulo 3
Capítulo 3 - Insecurity.


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Desse vez demorei um pouquinho, me desculpem, mas é que fiquei doente, então esperei melhorar um pouquinho para conseguir escrever.
Agora, vamos finalmente saber o que se passa na cabecinha da nossa Emma, hahaha.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756160/chapter/3

Emma

Desde que aquela fisioterapeuta petulante, passou por aquela porta e me deixou aqui, sozinha, olhando para as paredes, não consegui me concentrar em nenhum outro pensamento que não fosse sobre todas as coisas que ela me disse.

Atrevida. Quem ela pensa que é? Porém, não vou negar, acho que foi exatamente por isso que algo naquela morena me chamou atenção. Gosto de gente como ela, que não têm medo de expor seu ponto de vista, que assim como aquela fisioterapeuta ousada, não se deixam intimidar por outras pessoas. Mas claro, isso também não justifica sua atitude. Ela não tinha o direito de chegar aqui na casa dos meus pais, sem nem me conhecer direito e ir logo me dando um sermão.

O fato é que não consigo parar de pensar nas coisas que ela me falou. Não só porque aquelas palavras me atingiram em cheio, mas acho que também pelo modo tão profundo e sincero em que ela me disse aquelas palavras. Aquele olhar castanho, tão intenso, no qual eu não consegui encarar por muito tempo, pois parecia que ela me dizia coisas com os olhos. Eu estava com medo de me perder neles.

Ela me disse palavras com uma sinceridade, parecia que conseguia enxergar todos os meus medos e aflições. Me passou confiança com cada frase dita. Não sei explicar, não sei o que isso significa, mas ela me passou inúmeras sensações diferentes. Me transmitiu um misto de confiança e agonia. Não sei mesmo, fico confusa, não sei se gosto ou a odeio. Ela me fez refletir, mas ao mesmo tempo me irrita muito com sua petulância.

Nunca imaginei que algum dia eu estaria nessa situação, sem o movimento das pernas. Sinto tanta falta dos meus treinos, dos meus patins... Da sensação de liberdade que é patinar, do vento batendo no rosto, da adrenalina das apresentações. Eu era tão livre, tão feliz. Agora, não tenho mais nada disso. Não sou livre, não posso fazer quase nada sozinha, sempre preciso de ajuda, sempre tem alguém fazendo as coisas por mim, ou me carregando no colo como se eu fosse um bebê. Me sinto tão presa sentada nessa cadeira de rodas, sem poder andar e fazer as coisas por mim mesma.

As consultas com o psicólogo são um saco, ele e meus pais sempre dizem a mesma coisa: “Emma, isso é temporário. Com paciência e muita força de vontade você voltará a andar.” Isso me frustra demais. Sabe, não ter nem ideia se você realmente poderá andar outra vez. Não saber se esse pesadelo irá terminar daqui um mês, dois, três, um ano, ou que vai durar a vida toda. É horrível toda essa incerteza. E se eu não conseguir? E se eu nunca mais poder andar? Como é que vai ser? Vou me iludir, me encher de falsas esperanças, pra quê? Pra depois ficar sofrendo mais ainda. Não! Muito obrigada! Mas não quero me iludir com algo totalmente incerto.

— Emma? - Ouvi batidas na porta.

— Oi, mãe.

— Filha, está tudo bem? - Disse enquanto se sentava ao meu lado. – A senhorita Mills foi embora, disse que você precisava de um tempo.

— Sim. Estou precisando ficar um pouco sozinha.

— Tudo bem. – Acariciou meu rosto, sorriu fraco e fui andando em direção à porta.

— Mãe?

— Oi. ­- Ela parou na metade do caminho.

— Você poderia pegar aquela caixa de fotos minhas que está ali dentro do armário, por favor?

— Claro, meu amor. - Foi sorrindo abrir o armário.

Pegou a caixa preta de tamanho médio e colocou no meu colo.

— Eu adoro essas fotos, você sempre foi tão linda, Emma.

— Obrigada.

Ela saiu do quarto, fechou a porta e eu passei a olhar todas as fotos tiradas durante minha infância, adolescência, e algumas até mais recente.

                                                   *****

 

— Como passou a noite, Emma? - Meu pai perguntou enquanto tomava seu café e lia notícias no jornal.

— Bem. – Respondi enquanto brincava com meu café da manhã.

— Você está tão pensativa, filha. Precisa de alguma coisa? – Minha mãe me olhava intrigada.

— Não mãe, eu estou bem. Obrigada.

Percebi ela e meu pai trocando olhares nada discretos, mas não dei muita importância. Decidi terminar meu café da manhã, pedi licença e fui novamente para o meu quarto, que antes ficava no andar de cima, mas agora com essa maldita cadeira de rodas, eles reformaram o quarto que tinha aqui em baixo mesmo, e ele passou a ser meu. O apartamento também passou por várias adaptações. Alargaram as portas, adicionaram corrimão no banheiro, e algumas outras mudanças.

Entrei no meu quarto e fui novamente até a grande janela de vidro que eu passo maior parte do meu dia em frente. Gosto de ficar observando as pessoas lá em baixo. Mas hoje, pensar muito e muito, acho que vou iniciar a fisioterapia.

Ontem eu me perdi olhando minhas fotos antigas, lembrei o quanto eu era feliz. Refleti muito, quase não dormi durante a noite, e acho que vou tomar uma decisão. Não é fácil voltar atrás, quando você é uma pessoa orgulhosa, mas nesse momento só consigo pensar nas palavras da senhorita Mills. Tenho total consciência de que provavelmente não voltarei a andar, mas estou disposta a tentar.

— MÃE! - Gritei do meu quarto.

Rapidamente surge minha mãe e meu pai ofegantes na porta do meu quarto.

— O que foi, filha? – Falaram em uníssono.

— Mãe, eu preciso que você ligue para a senhorita Mills, diz que ela poderá vir, para darmos inicio as sessões de fisioterapia. – Falei seria, e meus pais ficaram pasmos olhando para mim.

— É sério isso? – Meu pai perguntou com um sorriso de orelha a orelha no rosto.

— É sim, pai. – Eu disse sem demonstrar nenhuma emoção.

— Tudo bem, Emma. Vou ligar para ela imediatamente. – Minha mãe estava visivelmente feliz, porém continuava pasma.

Os dois saíram bem rápido do meu quarto. Acho que ficaram com medo de que eu mudasse de ideia e falasse que não queria mais. E eu continuei ali, talvez realmente começando a me arrepender de ter dito isso. Na verdade eu estou com medo, muito medo do que está por vir. Medo de não atingir minhas expectativas e as expectativas dos meus pais. Medo de me frustrar ainda mais com essas sessões de fisioterapia e acabar decepcionando não só a mim mesma, mas a eles também.

 

                                                            *****

Eu estava no meu quarto, lendo um dos meus livros favoritos após tomar meu café da manhã e fazer minha rotina da matinal com ajuda da minha mãe, quando a campainha toca.

Não passou muito tempo até minha mãe vir bater na porta.

— Filha? A senhorita Mills chegou.

Levantei meu olhar, e logo reparei na morena, toda vestida de branco, e os cabelos presos em um rabo de cavalo bagunçado.

— Olá, senhorita Swan. – Ela parecia um pouco tímida hoje e sorriu levemente.

— Olá. – Eu disse já fechando o livro enquanto minha mãe começava a preparar cadeira de rodas para que fossemos a uma sala que ficava vazia e meus pais a preparam para minha fisioterapia.

Minha mãe nos levou em silêncio até a sala onde tinha uma maca, colchonetes, bolas, exercitadores e vários equipamentos - Eu nem sabia que meus pais tinham comprado tudo aquilo. - E saiu logo em seguida, deixando eu e minha nova fisioterapeuta a sós.

Sem dizer nada, ela começou a preparar alguns equipamentos, enquanto eu apenas a observava.

— Senhorita Swan, nos vamos começar com alguns exercícios bem simples. Vou te colocar sentada ali na maca, tudo bem?

Apenas assenti e ela com bastante habilidade, me colocou rapidamente na maca.

— Está tudo bem? - Ela estava parada me em frente a mim.

— Sim.

— Pelo que percebi você é uma mulher de poucas palavras. – Pela primeira vez eu a vi sorrindo assim tão de perto. Não pude deixar de reparar o quanto ela é bonita. Usava uma maquiagem bem leve, apenas o básico e um batom da cor nude. Seus olhos são intensos, e seu sorriso é uma das coisas mais bonitas que já vi.

Não respondi nada, apenas a encarei e pude perceber ela ficar sem graça.

— Bom... Realmente, você não é muito de falar. – Ela forçou um leve sorriso. – Mas de qualquer forma, obrigada por confiar em mim e decidir iniciar a fisioterapia.

— Não vá pensando que aceitei só porque você disse todas aquelas coisas. Palavras bonitas não me convencem. – Ela continuava me encarando. ­– Eu aceitei pelos meus pais, pois estavam muito decepcionados. E também porque eu não aguentava mais todo mundo me enchendo o saco.

— Tudo bem então, senhorita Swan. Agora chega de conversinha e vamos ao que realmente interessa.

Lancei um olhar de reprovação a ela, que não se deixou intimidar. E começamos a fazer vários e vários exercícios.

— Por hoje é só, Swan. Você se saiu muito bem. – Ela disse enquanto me ajudava a sentar na maca.

— Obrigada. Me ajuda a sentar na cadeira, por favor?

— Claro, vou te lavar até a sala.

Ela me passou pra cadeira de rodas e seguimos até a sala.

— Eu já vou indo. Até amanhã, senhorita Swan. ­– Ela disse quando chegamos.

— Até. ­– Respondi e ela seguiu até a porta, fechando-a em seguida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hmm, é agora que as coisas começarão a ficar interessantes. Emma já está em conflito a respeito da nova fisioterapeuta, haha. Me contem o que estão achando! Adoro ler a opinião de vocês!
Beijos, e até a próxima att! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Thanks to You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.