Humanidade: A Queda escrita por Daniel A Soares


Capítulo 5
Capítulo 5 - Respostas


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho para vocês. Espero que se divirtam :*



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Capítulo 5 — Respostas

ANTES

Alguns meses atrás, antes da infecção explodir, os seres humanos já experimentavam o "início do fim". As doenças estavam se espalhando muito rápido, novos vírus e bactérias surgiam, cada vez mais fortes e nós não estávamos prontos para lidar com tudo isso, o que não significa que não iríamos tentar. Se existisse uma esperança iríamos apostar nela e prosseguir, esse era o nosso plano.

Infelizmente nem todos dentro da nossa organização partilhavam do mesmo pensamento, nunca fomos realmente capazes de trabalhar em conjunto e uma divisão silenciosa começou a ocorrer. Existia um campo de treinamento, um número bem pequeno de jovens tinha sido escolhido para fazer parte do nosso pequeno exército que protegeria e traria os imunes, nós criamos esse grupo de combate pois ouvimos dizer que uma outra organização se preparava para caçar e capturar os imunes, nós nunca imaginamos que essa organização estava dentro da nossa. Houve um ataque, os traidores abriram o jogo e revelaram que tinham soldados dentro do nosso exército, fomos desfalcados, vários dos nossos cientistas morreram e tivemos que recuar e nos esconder, mas jamais imaginaríamos o que viria a seguir, acho que nem os traidores previram aquilo, o início de um surto pior que todos, um surto mundial, que eu tive a infelicidade de descobrir no início.

Anônimo 1 (Médico)

°°°°

AGORA

Droga, merda! Ainda bem que meus pais não vão ler isso, mas caraca, eu bati com o carro num poste. Ainda bem que foi perto do shopping eu estava com o cinto e não me machuquei. A propósito, o doido do Luís estava me perseguindo a pé, mas ele parou de repente, espero que esteja tudo bem com Dani. Agora estou aqui dentro desse shopping, a batida tinha atraído a maioria para fora, mas alguns ainda se arrastavam aqui dentro.

Peguei um taco na Centauro e depois corri para a Cacau Show, com o facão cortei a perna da atendente que tinha virado zumbi, assim que ela ficou no meu nível eu atingi a cabeça dela com força. Entrei e sorri ao ver que os bombons não tinham sido babados e nem ensanguentados. Eu estava com sorte.

°°°°

Luís tinha corrido de volta para a casa onde tinha deixado Daniel, o grito poderia ter sido de algum sobrevivente na vizinhança, ele mesmo tinha encontrado 4 no mercado. Mas algo dizia que ele não deveria criar expectativas.

Ao chegar na casa olhou na frente dela um zumbi morto com o crânio partido. Viu sangue fresco no chão e na boca do cadáver, notou um rastro de sangue no chão indo em direção a rua, mas misteriosamente o rastro sumia onde marcas recentes de pneus podiam ser vistas indo na direção contrária à que a garota tinha tomado.

Alguém tinha sido atacado pelo zumbi e depois tinha sido levado em um carro, agora sim a caça ficaria complicada. Ele queria ter esperança de encontrar Daniel vivo, mas parecia cada vez mais difícil.

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ANTES

O que são imunes? Os imunes não são totalmente imunes como se acredita, a maioria suporta infecções com uma facilidade dificilmente vista nos seres humanos comuns. As vezes eles tem alguma doença que por consequência estimula muito o sistema imunológico, mas não cobre todos os tipos de doenças, pelo menos era o que acreditávamos, parecia absurda a existência de um ser humano que tivesse um sistema imunológico tão estimulado a ponto de suportar epidemias globais. Na prática os imunes ainda eram suscetíveis a algumas doenças, mas o sistema imunológico deles deveria ser exposto a um nível extremo de stress para que pudessem atingir o máximo de sua imunidade, a imunidade total era apenas uma resposta adaptativa ao ambiente que vivemos.

Nós estávamos monitorando as pessoas que não eram infectadas pelos vírus do Aedes em locais de alto risco, mas alguns de nós achavam que não era o suficiente, somente uma infecção forte e a nível mundial iria nos mostrar a nova face da evolução humana: os imunes.

°°°°

AGORA

Luís tinha encontrado uma moto, estava seguindo os rastros deixado pelos pneus de que tinham saído do local onde tinha visto Daniel pela última vez. Tinha que descer da moto e comparar marcas de pneus e sentir o calor recente das marcas para ter certeza do caminho, o céu em breve iria escurecer e ficaria difícil seguir um rastro com a escuridão. Ele precisava do imune, sua família precisava e Daniel tinha que ser o maldito imune, caso contrário Luís mataria ele com as próprias mãos por ter desperdiçado tempo e esforço.

°°°°

Estou dentro das Lojas Americanas, vim comer algumas besteiras e consegui uma chave para a área restrita dos funcionários. Bati na porta e ouvi um barulho de algo empurrando vindo de dentro, uma coisa que rosnava. Eu poderia tentar enfrentar o que estivesse lá dentro, mas eu não era tão forte e o zumbi poderia ser mais forte. Desisti de ir para a área dos funcionários, subi em umas prateleiras, derrubei algumas caixas de brinquedos, coloquei minha bolsa ali, depois desci peguei umas almofadas e me deitei na prateleira, eu infelizmente não trouxe meu ursinho comigo então dormir vai ser um pouco difícil.

Fiquei contando os dedos e cantando músicas dos desenhos que eu assistia na TV. Vi que alguns zumbis passeavam em frente a loja que estava com uma barreira de proteção que deve ter um pouco mais de 1 m, eu tive que pular, duvido muito que aquela coisa com um olho pendurado fora do rosto e com um toco no lugar do braço fosse capaz de entrar. Me virei para a parede, tentei pensar em coisas boas, passarinhos coloridos, personagens engraçados, unicórnios e sereias. Por fim, cantei a música do Jigglypuff e tentei dormir.

°°°°

Dentro de um carro um jovem rapaz dirigia apressadamente, atropelando zumbis, enquanto alguém resmungava no banco de trás.

— Droga! Espero que os antibióticos façam efeito. — O homem bateu no volante.

Dirigia apressado, mas virou um pouco o espelho retrovisor e pode ver seu passageiro deitado ali nos bancos de trás, suando muito, os olhos apertados e uma longa tira de pano que outrora fora branca, agora vermelha com o sangue que tinha saído do horrível ferimento provocado por uma mordida no braço direito. Parte do rosto e do outro braço continuam marcas vermelhas em relevo, algum tipo de reação alérgica.

O homem observou mais um pouco antes de finalmente falar algo para seu passageiro.

— Eita Daniel! Em que merda você se meteu?

°°°°

ANTES

Imunes são pessoas normais, nós adquirimos imunidade naturalmente ou pelas vacinas ao longo do tempo, todos somos imunes a algumas doenças, mas algumas pessoas possuem um sistema imunológico aparentemente defeituoso que trabalha mais intensamente que o nosso. O sistema imunológico dos super imunes que estudamos reconhecem muitas substâncias comuns como sendo nocivas e seu sistema libera anticorpos com uma facilidade muito grande, daí o fato de todos os super imunes serem alérgicos, em contrapartida nem todo alérgico é um super imune, acreditamos que talvez seja alguma mudança que esteja ocorrendo aos poucos no DNA.

Apesar de terem uma vantagem natural, os super imunes são tão mortais como qualquer pessoa comum, ainda não comprovei a existência de um super imune com resistência à todo microorganismo vivo, então eles ainda podem morrer por alguma doença rara, eles também são suscetíveis a hemorragias, dores e outras coisas as quais somos suscetíveis. Talvez no sangue dos imunes a gente encontre a cura para milhares de doenças, talvez contenha o segredo para mais um passo na evolução humana ou talvez seja a primeira base para a ruína de uma sociedade frágil e louca por poder e status.

°°°°

AGORA

 

Eu estava indo em direção a porta do shopping quando vi Dani e corri na direção dele, mas parei no meio do caminho quando vi Luís vindo logo atrás. Dani sorriu para mim sem perceber e quando fez menção de se mover os óculos de Luís caíram e eu vi os olhos brancos como de um zumbi. Só um pequeno movimento e ele derrubou Dani, deu uma mordida na bochecha enquanto meu amigo se debatia de dor, mais uma mordida e a pele foi puxada e eu ouvi o som do nariz quebrar.

— Corre. — Dani gemeu.

Ainda vi Luís morder dessa vez um pedaço do pescoço e mastigar como quem come um chiclete, embaixo dele Dani gritava, os últimos sons que ele emitiria.

Corri desesperadamente, mas as saídas estavam cercadas, subi para o telhado do shopping e quando me virei vi Luís, Dani sem metade do rosto, minha mãe sem metade do corpo e meu pai, todos com os olhos brancos me encarando junto de vários outros zumbis. Me aproximei da beirada do prédio chorando.

— Tu vai ser uma de nós também. — Luís falou e sorriu com a boca cheia de sangue.

— Eu não vou virar um zumbi. — gritei e me joguei para trás.

Fechei os olhos e senti o impacto em algo duro, levantei e vi que ainda estava na mesma prateleira que tinha dormido. Droga! Tinha sido só um pesadelo, mas a realidade não está numa situação melhor.

Escutei uma pancada vindo da porta dos funcionários e um rosnado vindo de uma seção mais ao fundo da loja. Levantei a cabeça e escutei novamente o rosnado, eu não estava sozinha e isso não me parece legal.

°°°°

ANTES

Existe uma teoria de que se alguém com tendência a ser imune tiver o sistema exposto a muitos vírus em conjunto ou ele morre ou seu sistema evolui e se adapta. Nunca testamos essa teoria e de qualquer forma isso é algo que vai contra a ética, se tivermos que estimular a imunidade algum dia não faremos dessa forma.

Uma outra teoria diz que podemos sintetizar cura para doenças incuráveis através do sangue de imunes, na teoria isso funciona, mas na prática não existe uma forma efetiva de produzir essa cura, nós precisaríamos de uma quantidade muito grande de sangue para produzir os remédios e não temos nenhum super imune total para que isso possa ser feito.

°°°°

AGORA

Meu coração palpitava, meu peito doía, eu tossia demais, mas algo me impelia a ficar de pé. Eu sentia meu corpo queimar, era uma febre ainda pior que a anterior, não sabia se eu ainda iria sobreviver, eu precisava me matar, precisava enfiar uma bala na minha cabeça, eu não me transformaria em zumbi, de jeito nenhum.

Olhei para o meu braço já acinzentado na borda da mordida, meus olhos ardiam, meu nariz tinha um leve sangramento, o ursinho de pelúcia azul estava um pouco sujo de sangue, eu tive vontade de chorar, não poderia cumprir minha promessa a garota, que irmão bosta eu virei. Olhei bem para o ursinho e vi algo esquisito e uma luz vermelha piscou no olho esquerdo, no mesmo momento uma lembrança irrompeu, uma frase de Rebeca: "...Pi iria me proteger quando ele não tivesse perto."

°°°°

Estou com medo, dessa vez estou com medo de verdade, finalmente a realidade caiu sobre mim, estou sozinha na merda de um filme de terror com zumbis, meus pais provavelmente estão mortos, Dani não está aqui e até agora não chegou, estou presa nessa loja, tem zumbis lá fora e provavelmente tem zumbis aqui dentro, só tenho um facão e um taco e como vou me proteger? Merda, vão se f...o que foi isso? Droga, é o mesmo barulho. Poxa Deus, eu fui uma garota boa, não era teimosa, fui uma boa filha, eu ajudava velhinhos, eu fazia minhas lições, eu não maltratava ninguém. Isso não deveria estar acontecendo comigo.

Peguei o facão e fui investigar o barulho, vinha de umas prateleiras mais para o fundo da loja, na área de eletrônicos. Assim que me aproximei comecei a sentir o cheiro terrível de podridão, coloquei a mão no nariz e vi os pés de uma mulher, me aproximei com cuidado e vomitei com o que vi. Uma mulher se encontrava caída no chão, sua barriga tinha sido toda comida, os seios e o rosto também, vi um rastro de sangue e segui, quando me aproximei de uma geladeira vi algo que me deixou chocada. Um lindo bebê se encontrava caído no chão, quando me aproximei para ajudar o bebê virou e eu abafei um grito ao ver olhos brancos me encarando e uma boca pequena, com dentes de leite miúdos, encharcada de sangue. Ao me ver a criaturinha rosnou e começou a engatinhar em minha direção. Poxa! Isso é algum tipo de piada de mau gosto?

°°°°

Luís estava próximo de Daniel, ele sabia disso, o carro estava parado e ele pode ver que uma pessoa tinha saído andando do carro, havia sangue fresco na parte detrás o que indicava que outra pessoa tinha estado ali recentemente, usou sua palma e ao medir a pegada percebeu que ela não era de Daniel. Chegou a conclusão que era um homem, pois tinha força suficiente para carregar Daniel e provavelmente ainda estava com ele, só tinha um problema: porque alguém carregaria uma pessoa que estava prestes a se tornar um zumbi?

°°°°

Fechei os olhos pois a luz estava incomodando, senti meus braços e pernas amarrados, o que era até aceitável visto que eu tinha tentado me matar fazia pouco tempo. Meu braço coçava muito no lugar da mordida, mas fora isso eu só sentia uma irritante dor de cabeça, meu corpo ainda parecia fraco, mas isso era devido minha péssima alimentação e a perda de sangue. A minha vista estava doendo e eu precisava manter os olhos fechados.

— Daniel! Você precisa abrir os olhos e falar comigo. O doutor mandou eu te ajudar, mas eu preciso ter certeza que você está bem e que você é você. — tentei abrir os olhos, mas a luz parecia machucar. — Vou desligar a luz se ficar melhor para você.

Então eu finalmente abri os olhos, a minha frente um homem me encarava, não consegui ver muito através da escuridão e eu estava sem meus óculos o que fazia com que eu enxergasse ainda menos. Eu não conseguia reconhecer ele, minha mente parecia um pouco turva e eu estava confuso.

— Ainda bem Daniel. Seus olhos estão normais e isso é um ótimo sinal. Acho que o doutor estava certo, você é incrível Daniel — o estranho homem falou muito empolgado. — O doutor estava certo, meu Deus, você é a chave para o futuro da humanidade. Iremos salvar o mundo Daniel, o que os traidores fizeram no fim serviu para algo. Encontramos o imune.

— Daniel! — falei achando engraçado o modo como aquele nome soava, parecia familiar. — Quem é Daniel? — falei completamente intrigado, aquele era meu nome?


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Notas finais do capítulo

Não tenho muito a falar, acho que esqueci o que escrever aqui hahaha Mais problemas a vista para o Dani, a Rebeca tá encrencada no shopping. Onde vamos chegar? Leiam e digam o que estão achando. E sigam em frente que os zumbis estão se aproximando. Bjs :* Bye



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