Marlene estava meio bêbada quando girou a chave para entrar em seu apartamento na Londres trouxa, muito feliz pelo fato de que Dorcas voltaria da missão no final da semana e ela não se sentiria mais tão sozinha.

As cortinas estavam abertas e a luz da lua era suficiente para garantir uma mínima iluminação, apenas suficiente para que não tropeçasse nos móveis. Sorriu, prendendo o cabelo louro com um lápis e caminhando até a vitrola na estante, presente de Lilían, e escolheu o disco que ela e Dorcas sempre tocavam nas noites que arrastavam os móveis e transformavam a pequena sala numa pista de dança particular. O cansaço pesava em seus ombros, mas não o suficiente para apagar a chama de excitação. Ela jogou o casaco no sofá e largou as botas ao lado da estante, andando até a cozinha remexendo os quadris conforme a música soava.

Se Marlene estivesse menos bêbada, ou menos agitada, teria percebido as marcas lamacentas no tapete, ou talvez ouvido a respiração pesada que vinha do canto escuro da sala. Talvez, se tivesse aceitado o convite de Lily para que dormisse em sua casa, ou mantido a varinha em mãos ao invés de no bolso do casaco, nada daquilo teria acontecido.

A excitação de Marlene sempre a levava à distração

Voltou com um copo de água em mãos, os olhos voltados para os próprios pés, quando no canto da sala percebeu a movimentação estranha da cortina. Seus olhos verdes se arregalaram e ela virou o rosto imediatamente, tocando o bolso de trás e se percebendo sem a varinha. Abriu a boca para gritar, mas o som morreu na garganta quando o raio verde da maldição da morte cruzou a sala, atingindo seu peito. O copo se despedaçou no chão, empoçando a madeira com a água.

E assim, Marlene McKinnon morreu, com uísque de fogo e cerveja amanteigada correndo nas veias, os olhos arregalados, lábios semicerrados e o longo cabelo louro espalhado no tapete. Usando uma camiseta cortada, jeans de cintura alta e meias soquete, com Frankie Valli tocando na vitrola da sala.