Bon Appétit escrita por Akemihime, MidorimaNailss


Capítulo 2
White Day


Notas iniciais do capítulo

Mays: Esse capítulo é um carnaval que só - tem muito amor, muita fofura, muito casal e muuuuuuito chocolate (mas não se enganem, o casal principal é TodoMomo, em homenagem a minha linda e maravilhosa amiga Jubs).
OBS: claramente tem vínculo com o primeiro capítulo, então é importante vocês lerem ele, para sacar as referências e tudo.
OBS 2: uma ótima leitura a todos, mas principalmente para a dona desse mundo e desse presente, Jubs. Feliz aniversário ♡



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White Day

Os alunos do Colégio U.A. se encontravam em fim de período, de modo que a classe estava num estado de completo caos.

Ao olhar para o fundo da sala, via-se uma cabeleira ruiva e outra loira, indicando a presença de Kirishima e também de Bakugou. Os dois tinham combinado de estudarem juntos para os testes finais, haja vista a preocupação do primeiro em não tirar a nota esperada.

No entanto, por mais que tentassem se concentrar, o barulho que os outros alunos faziam lá na frente estava insuportável, despertando a ira do jovem Katsuki.

— Calem a boca! Estou tentando pensar, seus idiotas! — Aquela frase imediatamente despertou uma risada por parte de Sero.

— Bakugou raciocinando? Isso é novo para mim. — O loiro se levantou da cadeira com fúria, deixando-a cair com tudo no chão.

— Ah, é? Vou precisar te lembrar da sua nota, Sero? — Um sorriso maligno se apoderou do rosto dele, acompanhado de um olhar de desprezo. — Ou então que você não passou no teste prático? — Ao lado dele, ainda sentado, Kirishima tampava sua boca com a mão, a fim de disfarçar o riso que tentava se manifestar nele.

Para a sorte do ruivo, Mineta se intrometeu na conversa.

— Você roubou aquele momento de mim, Sero! — Lágrimas corriam por suas bochechas. — Nunca irei te perdoar! — Estava ajoelhado no chão, com as mãos esticadas para o vento, tentando alcançar um passado em que fosse ele deitado no colo da Midnight. 

Ou nem tanto. Afinal de contas, o baixinho havia sido ignorado, como de costume.

Em outro ponto da sala, próximo da porta, Kaminari e Ashido se abraçavam, aos prantos.

— Eu não quero reprovar! — Choramingava a menina, enquanto o loiro assentia, sem saber ao certo como consolá-la.

— Vocês dois me assustam. — Sussurrou Jirou, com um sentimento de incompreensão na voz. — De qualquer maneira, porque não pedem ajuda para a Momo? — Rapidamente o terror fora substituído por esperança. O rosto deles, antes ocupado por expressões de tristeza extrema, agora brilhava. Como poderiam ter esquecido?

No entanto, antes que pudessem pedir diretamente a ela, Yaoyorozu já estava de prontidão, fazendo uma breve continência para eles, ao mesmo tempo em que suas bochechas enrubesciam.

— E-Eu posso ajudar, se quiserem! — Agora, Kaminari e Ashido pulavam de alegria, sentiam-se verdadeiramente salvos. Haviam, obviamente, aceitado a proposta, permitindo que um sorriso de satisfação florescesse na face da morena.

Repetina e inesperadamente, uma cena despertou a atenção de todos (exceto do Bakugou, que ainda discutia com o Sero): Deku entrou na sala carregando uma sacola plástica transparente recheada de chocolates. A maioria deles em formato de coração.

Num primeiro momento, os alunos homens ficaram sem entender, mas as meninas já sabiam do que se tratava, inclusive, elas realmente estavam esperando que ninguém fosse se lembrar.

— Uraraka-chan! — Sussurrou Tsuyu. — Eu disse para você que ele faria algo! — A menina sapo lançou um sorriso angelical para a amiga. 

— Você não sabe se são para mim! — Ela já estava vermelha só com a possibilidade. Até que finalmente o viu parado em frente à sua carteira, colocando a sacola sobre ela (ou tentando, pois ele não parava de tremer – também estava envergonhado, ainda mais sabendo que a maioria das pessoas o observava).

 — S-São para você... Uraraka... — Ele tinha treinado essa cena milhares de vezes, mas saiu tudo completamente errado. Inicialmente, faria um discurso, agradecendo novamente pelos chocolates que ela deu. Depois, falaria que não sabe cozinhar direito, mas recebeu a ajuda da mãe dele e por isso achava que mesmo assim tinha ficado bom. E então, aí sim, entregaria os chocolates, sorrindo e completamente confiante.

Mas lá estava ele, sem nem conseguir olhar diretamente para ela.

Midoriya sabia que os chocolates não precisavam significar nada demais, porém sabia também que, para ele, tinha um sentimento especial, até diferente envolvido, o que fazia com que ele se sentisse suspeito. Flagrado.

— Você lembrou! — Ela juntou as palmas da mão, demonstrando satisfação e surpresa com o presente. Fez isso também para despistar o nervosismo (infelizmente, a cor atual da sua pele já denunciava tudo). — Muito obrigada, Deku-kun! — Ela se levantou da cadeira e deu um abraço rápido e meio sem jeito nele.

— Midoriya! — Gritara Iida. — Como sempre, você sendo um ótimo aluno. —Estou orgulhoso de você, por ter dado tão duro por alguém que se importa! Mas, principalmente, por ter se lembrado do White Day! — Ofereceu um sinal de joinha para o jovem. — Quanto aos outros, eu tenho vergonha de vocês! As meninas deram tão duro por nós... E nenhum de vocês lembrou!

— Você também trouxe chocolate, Iida? — Perguntou Tokoyami, despretensiosamente.

— Não. — Ajeitou os óculos. — Mas eu também não recebi nenhum. — Sentou no chão, de costas para a classe, a fim de esconder o pesar que sentia no coração. Ao passo que Tokoyami estava sendo julgado por todos pela pergunta que tinha feito.

— E-Eu não sabia. — Ergueu os dois braços para o alto, sinalizando que não era a intenção dele.

“White Day...”, pensou o jovem Todoroki, que aproveitou todo o murmurinho para sair de fininho da sala de aula.

No corredor, deu um tapa de leve em sua testa, odiando-se por ter esquecido.

Ele sabia que estar ocupado não era uma justificativa plausível o suficiente. Afinal, Momo também estava cheia de tarefas quando não só preparou aquele presente inesperado, mas também se lembrou da data e dele. Droga. Não era para isso ter acontecido.

“Bom, pelo menos ainda está cedo, dá tempo de ver e fazer algo”, não só pensou nisso, como também se lembrou da conversa que ouviu entre ela, Kaminari e Ashido. Aparentemente, os três estudariam juntos hoje na casa da Yaoyorozu — talvez até mais pessoas fossem —, então ele poderia aproveitar e entregar o chocolate à noite, que foi o horário combinado.

Sim. Esse seria o plano. Certo.

Com o celular em mãos, mandou uma mensagem perguntando para Ashido se poderia participar, inclusive ajudar os dois também a estudar. Também pediu para que ela passasse a aula do dia depois, pois não poderia ir.

Rapidamente recebeu uma resposta:

“Com certeza! Vai ser ótimo!

OBS: a Momo adora chocolate branco, viu?

OBS 2: pode deixar, não vou contar para ela que você vai!

OBS 3: Tô de olho, viu... :) Byeee :)”

Todoroki corou imediatamente. Odiava quando alguém conseguia ver por trás da mente dele, por mais que, considerando a situação, estava tudo mais que óbvio mesmo.

— Hm. Kirishima? — O ruivo acenou alegremente para o colega de classe.

— Aparentemente, nenhum garoto vai para a aula hoje. Todos foram fazer algo para retribuir o que receberam no Dia dos Namorados. Acho que os únicos que ficaram na sala foram o Deku, por questões óbvias e também o Bakugou. — Ele pensou um pouco antes de prosseguir. — Acho que também é óbvia a razão dele ter ficado na sala, mas enfim. Ele não liga para essas coisas, sabe como é né? Disse algo como “foda-se o White Day, eu tenho coisa mais importante para fazer”.

Todoroki assentiu.

— Por acaso... você vai na casa da Momo? — Kirishima concordou.

— Eu e o Bakugou. Ele vai me ajudar lá, depois de eu ter insistido muito. Kaminari não queria ficar sozinho com a Momo e a Mina. Acho que até a Jirou vai. — Aquelas palavras fizeram o Todoroki ficar aliviado.

— Você quer ajuda? Eu vou olhar uns chocolates também. — Shouto sequer pensou duas vezes.

***

Todoroki e Kirishima já haviam resolvido todas as situações pendentes, de modo que cada um foi para a sua respectiva casa. Iriam tomar banho, trocar de roupa e se arrumar.  

Em contrapartida, a grande maioria já estava presente na casa da Momo — era sexta-feira, não teria aula no dia seguinte, então aproveitaram para se reunirem num lugar diferente do usual, ou seja, diferente dos dormitórios de cada um.

Assim, estavam todos prontos para começarem os estudos: encontravam-se sentados em círculo, com uma mesa localizada no centro deles. Em cima dela existiam vários livros espalhados, bem como alguns petiscos e bebidas para o caso de o pessoal sentir fome.

— Ah, a Uraraka-chan e a Tsuyu-chan tem tanta sorte. As duas receberam vários chocolates! — Resmungou Ashido, enquanto comia uma bolacha.

— Tsuyu? — Dissera Momo, completamente surpresa com a revelação.

— Sim. Do Tokoyami. Ela contou que ele esperou todo mundo ir embora. — Comentou Jirou, que olhou de canto para o Kaminari. Disfarçada e rapidamente.

— Isso é a cara dele. — Apontou o loiro, sem ter notado a ação da garota. — Mas comigo é diferente. Eu sou tipo o Deku. Ousado, sabe? — O comentário fez o Bakugou rir.

— Você nem chocolate entregou. E eu vou te dizer a razão! Sua memória é que nem a de um peixe. — Katsuki estava esperando que ele reagisse ao seu comentário, mas ao invés disso, o rapaz tirou um pequeno embrulho do casaco.

— É para você, Jirou. — Num primeiro momento, ela não soube como reagir, então apenas aceitou o presente, deixando um “oh” escapar de sua boca. — Desculpa. O Bakugou tem razão. Minha memória é horrível. Mas sou muito grato a você. Então...

Ela desembrulhou o presente, dando de cara com um chocolate de tamanho pequeno em formato de guitarra. Aquilo a deixou extremamente grata e feliz.

— Obrigada, Kaminari. — Ela fingiu que estava tocando música com a guitarra de chocolate, o que fez os dois rirem, tornando o ambiente descontraído de novo, pois até o presente momento, ambos estavam sem jeito.

O momento fora interrompido pelo toque da campainha, que revelou a chegada do Kirishima. Ele logo se enturmou e participou dos estudos, aproveitando uma pequena brecha para entregar o presente que havia comprado.

— Bakugou. — Sussurrou ele. — Para você. Obrigado. Por me ajudar nos estudos e também pelo chocolate naquele dia. — Entregou por de baixo da mesa, evitando que os outros pudessem ver. Não queria desconcentrar o pessoal e também não tinha coragem o suficiente para entregar na frente de todos.

O ruivo percebeu que Bakugou ficara bastante surpreso, além de contente. Ou seja, Kirishima havia cumprido a missão dele com perfeição. Assim, um sentimento de satisfação o preenchera por completo.

Após horas debatendo ideias, realizando exercícios e conversando sobre besteiras, o dia chegava ao fim, bem como o grupo de estudos, que já se arrumava para ir embora.

Kirishima e Ashido trocaram olhares entre si, sem saber ao certo o que tinha acontecido com Todoroki, mas preferiram não contar nada para Momo.

Enfim, todos haviam ido embora, deixando Yaoyorozu sozinha com seus próprios pensamentos.

Por um lado, ela estava feliz. A galera que ela convidou tinha ido até a sua casa por confiarem nos métodos dela de ensino, o que sempre a deixava muito realizada. Mas não só isso, eles também permitiram que ela tivesse um dia tranquilo e divertido, desviando qualquer pensamento que ela pudesse ter em relação ao White Day da sua mente.

Todavia, agora que estava completamente só, deixou uma pontada de tristeza se abater sobre ela. Sim, claramente esperava que fosse receber algo dele, mesmo sabendo o quanto ele era atarefado, existia um pontinho de esperança gritando dentro dela. Mesmo assim... não aconteceu.

“Tudo bem, isso poderia ocorrer... eu sabia disso...”, jogou-se em sua cama, preparando-se para dormir. Era o melhor e também a única coisa possível a se fazer agora. Preferia não pensar muito sobre a situação atual. Afinal, não queria dizer nada, não é? Eram somente chocolates.

Quando estava quase caindo no sono, a campainha tocou. Três vezes seguidas.

“Estranho”, pensou, “não estou esperando ninguém...”

Antes de sair do quarto, calçou suas pantufas e vestiu seu roupão vermelho. Quando encarou o olho mágico, não conseguiu ver direito quem era, então optou por abrir a porta mesmo assim, vagarosamente.

E então, para a sua surpresa, logo reconheceu os cabelos em questão: de um lado, a cor branca gélida predominava, do outro, um vermelho vivo como fogo.

O rapaz estava de cabeça baixa, em posição de reverência, por isso a dificuldade em reconhecê-lo inicialmente.

— Sinto muito! — Continuava abaixado. — Não era para eu ter esquecido. — Ela queria dizer alguma coisa, mas estava completamente confusa sobre a presença dele ali, naquela hora. Sentia um misto de ansiedade, felicidade e também preocupação.

— Todoroki-kun! Você está bem? — Finalmente ele olhou para ela. Os lábios formavam um pequeno e tímido sorriso.

Era linda. A forma que ele sorria.

Pensar nisso a deixou desconcertada, bem como alterou o ritmo do seu coração. Estava mais acelerado. Ela podia sentir.

— Eu só queria agradecer adequadamente. — Nas mãos dele havia uma caixa em formato de coração: a tampa era transparente, enquanto as bordas e os enfeites possuíam a cor vermelha. Tamanho mediano. Uns 25 bombons, no mínimo. Momo havia estado tão ocupada pensando nas feições dele, que não havia visto antes a caixa envolvida em seus braços. — E não tive coragem de fazer isso na frente de todos. — Pigarreou. — Acho que você sabe como é.

Ela assentiu.

— Bom. É para você... Yaoyorozu. — Ergueu um dos braços em sua direção, enquanto olhava fixamente para o rosto dela. — Mais uma vez, obrigado. Fiquei muito grato aquele dia. — A garota enrubesceu por completo, bem como ficou sem reação, de modo que a caixa ficara ali, estendida entre eles.

— Ah. Acho que não fiz direito. — Ele trouxe a caixa para perto dele novamente. Tirou a tampa e escolheu um dos doces: beijinho com recheio de leite ninho e nutella.

Feito isso, andou até ela.

E então, com uma das mãos, estando extremamente próximo da morena, que ainda se encontrava em transe, levou um dos docinhos até a frente da boca dela.

— Tudo bem assim? — Ele estava tão perto que, quando ela finalmente despertou, já não tinha mais outra escolha se não aceitar o presente.

Fechou os olhos.

Yaoyorozu Momo sabia que queria aquilo.

O chocolate. O presente.

Ele...

Mas não conseguia esconder o nervosismo.

Todoroki estava muito perto. De um jeito completamente diferente.

Perto demais...

— Yaoyorozu. — Ela abriu a boca, somente um pouco, somente o suficiente para experimentar o chocolate que ele estava oferecendo.

E então, algo inesperado aconteceu.

Ela sabia que não era chocolate. Pelas simples e seguintes razões:

1. Momo ouviu a caixa de bombons caindo no chão.

2. Não tinha gosto de chocolate.

3. Tinha um sabor único. E até melhor.

4. Era molhado.

5. E o Todoroki estava ainda mais próximo.

6. De um jeito ainda mais diferente.

7. Com as mãos apoiadas na cintura dela.

8. E Yaoyorozu não queria que acabasse.

— Kirishima! — Sussurrou Ashido, enquanto cutucava ele boquiaberta. — Você está vendo o que eu estou vendo?

— Ah, você também está vendo?! Então... é real? — Ashido balançou a cabeça freneticamente, afirmativamente.

— Inclusive, eu gravei. — Eijiro olhou para ela completamente incrédulo. — O que, eu não achei que isso fosse rolar. De qualquer maneira, é melhor a gente sair daqui. —  Os dois estavam escondidos perto da porta da casa dela, atrás das moitas, de modo que precisaram sair de fininho para não serem notados.

— Ah, você ouviu algo? — Dissera Momo, enquanto recuperava o fôlego e tentava compreender o que havia acabado de acontecer.

— Não... Não... Hã... É melhor eu ir, certo... — Dessa vez, era ele quem não olhava para a jovem a sua frente.

— Errado. — Dissera com um tom de voz um tanto quanto baixo, quase tímido. — Eu ainda não te agradeci. Adequadamente. — Entrou em casa, esperando que ele o seguisse. No entanto, continuou parado em frente à porta, sem saber o que fazer. — Você não vem?

E ele foi.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não deixem de comentar, aaaaaah.



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